Tinha acabado de tocar o sinal, e me dirigi à sala da diretoria para pegar meus horários, e conheci minha diretora, Elizabeth Colin, uma mulher de no máximo 35 anos, com corpo magro e perfeito de uma modelo, pele branca e bem cuidada, cabelos compridos e de cor chocolate com olhos negros. Mas mesmo sendo bonita descobri – só pelo tom de voz dela – que ela não é nem um pouco amigável.

Após pegar meu horário, descobri que eu e Chris tínhamos aula de ciências juntos, e isso me deixou muito feliz, mais logo murchei ao descobrir que ficaria a 2° e 3° aula sozinha e só voltaria a vê-lo na 4° aula em que tinha aula de Ed. Física com ele e Judy.

Esse colégio era diferente de meu anterior. Nesse ficávamos ate as 2hrs da tarde aqui e possuíamos 9 aulas – isso mesmo você não leu errado, ate eu achei estranho –, junto com isso tínhamos dois intervalos e ainda tinha um 4° ano que equivalia a um cursinho como o de minha irmã, só que mais pratico e vai te ajudar a escolher melhor uma faculdade – não é atoa que a mensalidade era tão alta. Todos os alunos eram praticamente forçados a participar de pelo menos um clube ou ficava reprovado em artes – e eu acho isso ridículo –, e também tinha que comprar meus livros – obrigado mãe por tê-los comprado quando vez minha matricula.

De acordo com as normas do colégio era proibido usar shorts curtos, ou blusas muito decotadas – aquelas que nem podem ser chamadas de blusas, pois nem cobre direito os seios – e somente cheerleaders podiam usar saias acima do joelho.

Eu e Chris fomos pra sala e nos sentamos numa bancada de duas pessoas, de acordo com ele podíamos mudar de dublas a hora que quisermos – menos durante um trabalho ou quando o professor se encontra na sala de aula – somente no meio do segundo mês de aula as dublas passariam a ser permanentes e se você trocasse pegaria uma detenção de um mês – ou seja, além de sair do colégio 2hrs ainda ficaria um mês saindo as 5hrs da tarde – e o professor da detenção era muito chato, de acordo com que Chris me disse você nem podia mascar um colégio perto dele que ele aumentava 15min a sua detenção – tá louco.

Enquanto o professor não chegava, eu e Chris observávamos o movimento na sala – que estava uma bagunça – e eu lhe vazia perguntas sobres meus colegas de classe.

— Aquela ali é Malia Evans. — Falou ele se referindo a uma garota de cabelos negros, sentada no fundo da sala.

— Porque ela esta sentada sozinha. — Perguntei me virando pra ele.

— Ninguém quer se sentar com ela, apenas que tenha prova em dupla ou trabalho em dupla. — Falou com divertidamente.

Alguns minutos depois entraram três loiras na sala, ambas andavam como se fossem modelos desfilando na passarela, todas usavam roupas em tom de azul, e parecia que algumas pessoas ali as temiam. A da frente tinha um sorriso no rosto que era marcado pelos lábios pintados de vermelho, a de seu lado esquerdo mexia no celular e a do lado direito – eu tinha quase certeza que seu loiro era falso – estava mais concentrada em mascar seu chiclete no que no mundo a sua volta.

— Quem são elas? — Perguntei a Chris assim que elas se sentaram algumas bancadas a frente, a que ficava na frente com Mike e as outras duas juntas.

— Elas são as rainhas dos populares, cherry. A da frente sentada com Mike é Eloise, mais você também vai a ouvir ser muito chamada de Elo por suas seguidoras, mais eu prefiro chamar de vadia. — Falou a ultima parte no meu ouvido e eu ri. — Ela manda em praticamente tudo aqui, pois o pai doa grande parte do dinheiro da escola. Temos tantos clubes nesse colégio que o dinheiro da mensalidade não da pra tudo. Então com medo de perder a “grana” extra a diretora faz tudo que ela mandar, é só ela estralar o dedo que a diretora lambe o chão que ela pisou. — Segurei a risada após ver a cara de Chris, parece que ele sentia nojo dela. — Ela também pode ser considerada a vadia preferida de Mike.

— Ela parece ser mimada. — Falei o olhando.

— Mimada? Mimada é pouco. Os brincos dela são de diamantes, valem mais que o aluguel da minha casa. Tem noção de quanto custa isso? A garota loira atrás dela é Tabatha sua prima por parte de pai, o loiro dela é mais falso que o colar da minha mãe de diamantes, ela é homossexual e pratica, Box e Caratê, por baixo daquela blusa jeans a mais músculos do que de todos os garotos normais dessa escola juntos. Ela é o braço direito de Eloise, se alguma garota relar um dedo em Eloise ela quebra os outros nove. E ao lado dela esta Teri. Ela é o braço esquerdo de Eloise mais nem muito importante.

Observei as por um tempo. E fiz questão de reparar bem em Eloise, e a mesma ao reparar que a olhava deu um beijo exagerado em Mike, como que quisesse marcar território. Melhor beija-lo do que urinar em cima dele, pensei.

Logo o professor entra na sala e separa o “casal”. Seu nome era Phillip e que professor, moreno, dos olhos azuis e pele bronzeada. Ele seria nosso professor de ciências ate o fim do ano.

Para minha felicidade ou infelicidade a aula passou rápido. E ao pensar que ficaria duas aulas, sozinha me dava um frio na barriga.

Caminhei lentamente ate a sala de Geografia. Sentei-me na ultima carteira não queria chamar muita atenção. Ninguém quer chamar atenção quando se é novato.

Sempre fui tímida, e mais na minha. Não era de ter milhares de amigos nas redes sócias, ou aquela que sempre ficava trocando mensagens com alguém. Não fazia muitos amigos, tinha poucos mais verdadeiros, e amigos que não trocaria por nada.

Prestei atenção no professor à aula toda, mas sentia algo errado. Alguém me observava e eu sentia isso. Sentia o olhar de alguém sobre mim. Não era alguém da frente, pois teria visto era alguém que sentava no fundo como eu mais não me atreveu a olhar para os lados e descobrir quem seria essa pessoa.

No final da aula guardei meus cadernos e fui ate meu armário. Estava um dia tão entediante. Fiz amizade rapidamente com Chris e Judy – por mais incrível que pareça – e nesse pouco tempo já avia me acostumado às brincadeiras de Chris e agora passar duas aulas nesse silencio parecia uma eternidade.

Fui ate a sala de Frances e me sentei novamente no fundo. E durante toda aula novamente aquela sensação de estar sendo observada. Não me contive e ao olhar para meu lado direito vejo Mike Mcall me olhando, o mesmo de eu um sorriso que ignorei. Nunca quis ser uma das bitches, desse tipo de garoto.

No final da aula ele tenta vir falar comigo, mas saio rápido junto com a multidão de alunos apresados.

Estamos no recreio – eu gosto de chamar de intervalo, mais eu descobri que intervalo aqui é durante as trocas de aulas – tínhamos dois recreios nessa escola que duravam 20min, o primeiro era logo após a 3° aula e o segundo após a 6°.

Vi na mesma mesa que estávamos antes, Chris e Judy e andei na direção de ambos. Mais esbarrei em algo, ou melhor, em alguém.

Ao olhar para a pessoa que avia derrubado sopa de tomate em minhas botas. Deparo-me com uma cabeleira loira e olhos verdes. Eloise.

— Desculpe não foi minha intenção. — Falou com um sorriso no rosto, achando graça da situação.

— Não, com certeza não foi. — Falei sarcástica. Eloise me olhou sem entender nada. Eu era a garota quieta e tímida, mais não guardava todos meus pensamentos pra mim mesma, alguns, não conseguia segurar e simplesmente escapavam. — Tenho certeza que seu alvo foi minha blusa. Mas você não contava que eu era maior que você mesmo usando salto. Diga-me logo o motivo para pretender fazer isso.

— Você é inteligente. Gostei de você. É meu alvo era sua blusa, soube que sopa de tomate mancha. — Falou divertidamente, mas logo após ficou seria e me encarou. — Fique longe do meu namorado. — Falou ameaçadoramente.

—What?! — Perguntei indignada.

— Não se finja de idiota. Soube que não parou de olhar pra ele no 2° e 3° período. Sei que Mike é lindo, por isso que namoro com ele. Mas ele já tem dona. Então tire seu time de campo ou sofra as consequências. — Falou e saiu andado com seus clones loiros.

Andei raivosamente ate a mesa e me sentei.

— Eu vi tudo! — Falou Chris. — Me conte os detalhes.

— O namorado da rainha do colégio não parou de olhar pra mim nos dois períodos, e alguém que já não gosta de mim no primeiro dia de aula, falou pra ela que quem estava o secando era eu. Porque eu iria ficar secando um garoto com namorada? Eu não sou esse tipo de garota!

— Hey, se acalme. — Falou Judy, pondo a mão em meu ombro esquerdo. — Tenho certeza que foi uma das fãs da Eloise que inventaram isso pra ela dar um, chega pra lá, na novata. Mais por enquanto só se acalme. A cantina toda esta olhando pra cá. — Falou a ultima parte baixo, mais pode escutar.

Passei rapidamente os olhos pela cantina e realmente todos olhavam, para a novata que bateu de frente com Eloise, pude ver em uma mesa ao centro, Eloise rindo com um bando de garotos e garotas populares enquanto olhavam em minha direção. E ao seu lado estava Mike, que também olhava pra mim, mas não ria. Somente me encarava sem demonstrar emoção. Desinteressado.

Ignorei o bando de curiosos que gostavam de falar as minhas costas, e puis a comer meu lanche – que foi somente um pequeno pacote de bolachas agua e sal e suco de pêssego já que me recusei a comer a sopa de tomate do colégio, chega de tomates por hoje – ao lado de Chris e Judy, que para me alegrarem depois de Eloise. Contaram-me todos os podres dela. Que foram desde a garota gordinha de cinco anos que era chamada de baleia, ate a ultima vez que Mike a traiu que foi em uma das festas durante as férias.

Assim que bateu o sinal, fui rapidamente ao banheiro e limpei minhas botas antes de me dirigir a quadra coberta.

E logo, assim que cheguei à treinadora me chamou para conversar comigo em um canto, enquanto alguns alunos se sentavam na arquibancada.

— Você deve ser a aluna nova, correto? Maribel Morgan. — Assenti. — Bem, eu sou a treinadora Giulia e dou aula de educação física junto com o outro professor de educação física George, que também é o treinador do time basquetebol do colégio. Eu quero deixar bem claro que conheço o condicionamento físico de todos que estão aqui presente, menos de você. Então não se espante se eu pegar mais duro com você nos três primeiros meses de aula. Agora eu queria que trouxesse de casa uma mochila com roupas de educação física, qualquer uma desde que de pra fazer atividades físicas com ela, uma troca de roupa reserva e uma garrafa d’agua, para usar durante e após as aulas. Pode deixa-la em seu armário dentro do vestiário que é o mesmo numero do seu armário dentro do colégio. Eu sou muito exigente com meus alunos, e na minha aula todos vão suar a camisa então não espere moleza, okay? — Assenti novamente. — Ótimo. Alisson Stiles! — Gritou a treinadora e uma garota morena do meu tamanho correu ate-nos. — Alisson empreste uma roupa de educação física, hoje para a Srta. Morgan, para que ela possa jogar vôlei.

Alisson assentiu e eu a segui ate o vestiário, onde em seguida algumas garotas começaram a entrar. Segui-a ate seu armário onde ela tirou do mesmo uma mochila rosa, e tirou em seguida um short legging verde, e uma regata laranja.

— Espero que caiba novata. — Falou me entregando as roupas a mim.

— Obrigado. — Falei tímida.

— Como parece que eu uso dois números a mais que você não poderei lhe emprestar meus tênis reserva, então terá que usar suas botas. — Falou pensativa.

— Tudo bem. — Falei me virando para o vestiário, quando escuto alguém chamar um, “novata”. Viro-me deparando com Alisson que vem ate mim.

— Creio que você sabe meu nome mais não sei o seu. Então vamos a uma apresentação formal. Prazer sou Alisson Stiles Robert. — Falou estendendo a mão.

— Prazer em conhecê-la, Alisson. — Falei apertando sua mão. — Sou Maribel Morgan, mais pode me chamar de Maby.

— Apelido legal. Mais da onde você é? Meu pai é delegado de uma das delegacias da cidade, então eu conheço quase todos dessa cidade.

— Sou de New York, mais morei os últimos anos em Sydney, Austrália. — Falei.

— Legal. Bem vou deixar você se trocar. Pode me entregar a roupa no final da aula e nos vemos por ai, Maby. — Falou sorrindo e saindo em seguida.

A aula passou rápido, garotos e garotas jogaram vôlei em times mistos. E assim como a aula de educação física as outras cinco também passaram, e pra minha sorte não tive mais nenhuma sala com Mike.

Na hora da saída Chris me ofereceu carona ate em casa e eu aceitei.

Ao chegar a casa, me deparou com minha mãe arrumando a cozinha do almoço, todos já devem ter almoçado e saído.

— Boa tarde filha, como foi o primeiro dia?

— Bem. — Falo deixando minha mochila em uma cadeira da mesa.

— Que bom. Deixei seu almoço no micro-ondas. Vou ao mercado comprar os ingredientes pra jantar. O chefe do seu pai vira jantar aqui hoje. Então esteja arrumada as 19hrs. — Falou minha mãe e saiu.

Peguei meu prato no micro-ondas. Tinha arroz, lasanha, purê de batata e bife, estava com tanta fome que comi tudo, indo em seguida para meu quarto e caindo no sono estava tão cansada.

✖✖✖

Acordei as 18hrs, olhei para a janela e já estava escuro do outro lado. Lembro-me do jantar e pulo da minha cama. Pego um conjunto de lingerie preta e vou ate o banheiro, tomo um banho relaxante na agua quente. Após o banho me seco com a toalha, ponho o conjunto e por cima meu roupão indo em direção ao quarto.

Abro meu guarda roupa a procura de uma roupa apresentável e confortável, opto por uma calça jeans de lavagem preta e uma blusa de lã cinza que deixava a mostra um pouco de minha barriga – e como aviam estalado o aquecedor hoje de manha não sentiria frio –, calço minhas botas pretas com salto, e tiro as lentes ficando só de óculos. Penteio meu cabelo que molhou um pouco no banho, mas conforme ia secando começava a ficar ondulado.

Coloquei meu colar, anel e pulseira do Batman, também tinha mais um anel, um par de brincos e uma blusa – eu adorava o Batman –, passei um perfume e passei uma mascara de cílios e um batom rosa claro.

Observei-me no espelho, parecia uma típica nerd de um típico filme americano. Meu ultimo e primeiro namorado Mark sempre falou que eu ficava linda de óculos, mas tinha vergonha de usa-los, tantas vezes eu vi garotos sendo chamados de quatro olhos que eu tive medo de um dia ser eu ali.

Mas depois de tanto tempo, acho que eu me sentia bonita assim, como eu estava. Como eu sou. Sem mascaras, sem rótulos. Era apenas eu ali, diante a um espelho, apreciando a beleza que todos diziam que eu possuía mais nunca acreditava. Será que isso se chamava baixo estima?

Ouvi a campainha tocar e minha mãe me chamar, o chefe do meu pai, o Dr. Thompson, deve ter chegado.

Olhei-me mais uma vez no espelho. Acho que minha roupa esta ótima vai ser somente um jantar com um homem velho e rico, com sua mulher velha e rica.

Desci as escadas e me deparei com uma cabeleira castanha e olhos da mesma cor.

Que garoto lindo!