Innocence escrita por KatCat


Capítulo 2
Chapter One — The Wedding


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo xD
Então, minha gente, eu não postaria aqui tao cedo, mas uma coisa me fez voltar rapidinho: o comentário da Tauane Santos no capítulo passado. Ta, minha diva, você sempre me faz chorar com seus comentários, isso já tá até virando rotina! Por causa de você, minha flor, este capítulo está saindo ainda hoje, e dedicado a você.
Aproveitem!



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~Davina~

Passei as mãos pelo vestido tentando tirar amassados que não existiam. Era para ser um dia feliz, mas eu tinha lágrimas nos olhos, e elas beiravam a tristeza. Minhas mãos tremiam e minha garganta estava completamente seca, sendo que eu tinha bebido um copo cheio de água gelada a menos de cinco minutos. Fechei os olhos e respirei fundo. Se eu estragasse a maquiagem, Alina me mataria. Ela tinha passado três horas tentando tirar as olheiras profundas e quase pretas embaixo dos meus olhos. Abri os olhos e percorri o meu reflexo no espelho. O vestido cobria toda a minha perna, e tinha uma pequena cauda atrás, com um arranjo de flores brancas prendendo-o na minha cintura. Todo o meu pescoço e a clavícula estavam expostas pelo vestido ser tomara-que-caia, a não ser pela gargantilha dourada que rodeava meu pescoço, cobrindo a cicatriz branca. A parte de cima do vestido era toda coberta com lantejoulas pratas, que brilhavam quando luz refletia nelas.

Meu cabelo estava preso em um coque firme no topo da minha cabeça, e uma coroa de flores também brancas formavam uma tiara ao longo da minha cabeça. Duas mexas cacheadas do meu cabelo estavam caindo de cada lado do meu rosto. Meus olhos tinham um leve lápis preto os contornando e uma sombra dourada os destacando. Eles estavam de um verde esmeralda que tinham estado todas as vezes que eu estava prestes a chorar. Como agora. Saí da frente do espelho e fui até a janela, afastando a cortina bege, para poder enxergar o lado de fora.

A praia estava coberta de pessoas e cadeiras, e eu podia ver ao longe onde o altar seria. Todos conversavam entre si e sorriam, animados com tudo. Ao longe, o sol já começava a se pôr, anunciando que estava na minha hora. Uma batida leve na porta me despertou dos pensamentos.

— Está pronta? — Alina apareceu com o cabelo vermelho sangue completamente liso, contrariando seu cacheado normal. Voltei para a frente do espelho e mais uma vez passei as mãos na saia, assentindo levemente — Alguém quer te ver antes de tudo começar — avisou, sorrindo e deixando Hope passar correndo e vir até mim.

— Ei, meu amor — sorri, abaixando um pouco para ficar da sua altura. Eu me abaixei um pouco e peguei sua mãozinha, enquanto colocava uma mecha de seu cabelo mais preto que o céu da noite atrás da orelha — Você não devia estar lá na frente com a tia Alina?

— Eu queria te ver, mamãe — ela falou com sua voz doce, e eu sorri, as lágrimas esquecidas por um momento — Você ‘tá linda! Eu quero ser igual você quando crescer!

Ri baixinho e passei minha mão por sua bochecha pálida, mas levemente rosada — Você vai, meu anjo, você vai. Agora, vai lá com a tia Alina, que daqui a pouco mamãe vai estar com você, tudo bem?

Ela assentiu e saiu correndo novamente, passando por Alina na porta. Ela riu e me olhou com as sobrancelhas franzidas — Você está bem, Davina?

— Sim, claro — respondi rapidamente, focando meus olhos refletidos no espelho — Tudo vai ficar bem, eu só... preciso de mais dois minutos.

— Você tem certeza que quer fazer isso? — perguntou, a voz levemente preocupada.

— Tenho. Eu gostaria de alguns minutos sozinha agora, Alina — dei a indireta, e ela revirou os olhos e fechou a porta. Suspirei quando ouvi seus passos se afastarem. Hope estava fazendo quatro anos hoje. A data do casamento tinha sido escolhida especialmente para o dia de seu aniversário. Comemoraríamos os dois juntos. Suspirei e ajeitei a coroa de flores na minha cabeça.

No canto do espelho, eu via o piano de cauda, de um preto que até brilhava, colocado perto da parede. Respirei fundo e andei lentamente até ele, minhas mãos voltando a tremer.

Sentei na cadeira do piano e passei minhas mãos cobertas com as luvas lentamente pelas teclas, sem tocar nada, só sentindo a textura. A música veio como um baque na minha cabeça, e seu eu não tocasse ela essa última vez, eu nunca me perdoaria. Eu tinha ouvido essa música alguns dias depois que saí do hospital, e simplesmente não consegui não me relacionar com ela. Arrumei a cauda do vestido e me ajeitei na cadeira, colocando as mãos nas teclas e respirando fundo antes de começar.

Você e eu caminhamos por uma trilha frágil

Eu sabia o tempo todo

Mas, eu nunca pensei que viveria para vê-lo quebrar

Está ficando escuro e tudo quieto demais

E eu não posso confiar em nada agora

E está vindo em cima de você como se fosse tudo um grande erro

Oh, prendendo a respiração

Estou te perdendo

Você pode me ouvir gritar?

Venha, venha

Não me deixe assim

Eu pensei que tivesse entendido você

Alguma coisa deu terrivelmente errado

Você é tudo que eu procurava

Venha, venha

Não me deixe assim

Eu pensei que tivesse entendido você

Não consigo respirar quando eu sei que você se foi

Não dá pra voltar atrás agora

Estou assombrada

Sentei aqui e vi quebrar

Tudo o que tínhamos

Mas, eu ainda faço jus à cada palavra que eu disse a você

Ele vai tentar tirar a minha dor

E pode simplesmente me fazer sorrir

Mas, o tempo todo eu desejei que fosse você ao invés dele

Oh, prendendo a respiração

Estou te perdendo

Alguma coisa fica me segurando e eu penso

Venha, venha

Não me deixe assim

Eu pensei que tivesse entendido você

Alguma coisa deu terrivelmente errado

Você é tudo que eu procurava

Venha, venha

Não me deixe assim

Eu pensei que tivesse entendido você

Não consigo respirar quando eu sei que você se foi

Não dá pra voltar atrás agora

Estou assombrada

Eu sei, eu sei

Eu simplesmente sei

Você não se foi

Vamos lá, você não pode ter ido embora

Não

Venha, venha

Não me deixe assim

Eu pensei que tivesse entendido você

Alguma coisa deu terrivelmente errado

Você não vai terminar o que começou?

Venha, venha

Não me deixe assim

Eu pensei que tivesse entendido você

Não consigo respirar quando eu sei que você se foi

Não dá pra voltar atrás agora

Estou assombrada

Você e eu caminhamos por uma trilha frágil

Eu sabia o tempo todo

Mas, eu nunca pensei que viveria para vê-lo quebrar

Nunca pensei que eu veria

— Você realmente o ama, não é? – ouvi a voz de Alina atrás de mim e dei um pulo, fechando a capa do piano e levantando da cadeira rapidamente — Calma, eu não vou te matar não.

— Desculpe, eu não te ouvi entrar — resmunguei, arrumando novamente o vestido e andando até ela — Vamos?

— Você ainda não respondeu a minha pergunta — retrucou, cruzando os braços em cima do vestido vermelho sangue, combinando com o cabelo e as sobrancelhas. Suspirei e desviei meu olhar para o chão.

— Sim, Alina, eu o amo. Sempre vou amar. Mas isso não importa mais. Agora, bem, temos um casamento para começar e eu sei que é bonito a noiva se atrasar, mas não vamos extrapolar, não é? — apressei, a empurrando levemente para fora do meu quarto e o fechando atrás de mim. Ela suspirou irritada e entrelaçou seu braço no meu, enquanto descíamos as escadas da minha casa, antiga de Steve, que agora morava em um apartamento no centro de Nova York. Hope e eu morávamos ali, e agora Cameron ia se juntar a nós. Como meu marido.

Depois que eu acordei no hospital, descobri que estava grávida. Eu entrei em desespero. Até que Cam se dispôs a dizer a todos que o filho era dele, e eu concordei sem pensar duas vezes. Se alguém sequer imaginasse de quem realmente era esse filho, eu estava mais que ferrada. Para a minha surpresa, todos acreditaram no que dissemos, e os únicos que sabiam a verdade era Cam, Alina e Steve. Sim, o Rogers sabia. Eu tinha contado para ele quando Hope nasceu, num momento de fraqueza. E bem... Alina tem sido mais que minha melhor amiga desde que finalmente terminei a faculdade de teatro, ela tem sido praticamente uma irmã para mim. A morte verdadeira de Devin ainda assombrava minhas noites, e eu sabia que o sangue dela estava nas minhas mãos, mas eu aprendi a ignorar isso. Era ela ou ele. Mesmo ele sendo quem ele era, e mesmo ela sendo minha gêmea, eu fiz o que tinha que fazer, o que era certo. Eu tinha que cumprir minha promessa. Pelo menos era isso que eu dizia a mim mesma.

Na minha formatura da faculdade, Cameron me pediu em casamento. Depois de ficar olhando para ele sem saber se eu chorava ou se batia nele por estar me quase me fazendo chorar, eu disse sim. E, aqui estou eu, descendo as escadas com minha melhor amiga para me casar com a pessoa que eu não amo. Não do jeito que todos acham, pelo menos. Pois a que eu amo, mesmo me odiando e odiando-o por isso também, está em outro mundo, preso dentro de uma cela. E não havia nada que eu podia fazer para mudar isso, a não ser seguir minha vida com Hope, e esperar que nem ela, nem ninguém, descubra sua verdadeira origem.

À medida que Hope foi crescendo, eu fui ficando com mais medo de descobrirem. Ela podia ter a aparência dele, mas definitivamente a personalidade tinha puxado a mim. Pelo menos a maior parte. Ela era traiçoeira. Sempre quebrando alguma coisa, jogando suas bonecas pela janela em seus pequenos ataques de raiva, e sempre com um sorriso divertido no rostinho. Um sorriso que eu conhecia muito bem. Seu cabelo era liso igual o dele, e tão preto quanto. Tentei fazê-lo ficar ao menos ondulado, mas ele sempre voltava ao super liso em no máximo uma hora. Seus olhos eram um tom mais escuro de verde que o meu. Os olhos dele. Só eu percebia isso, é claro, por ter passado tantas horas e dias encarando aqueles olhos, seria impossível esquecer. Esquecer como um pequeno contorno azulado circulava sua íris, dando um tom azulado para seus olhos no pôr-do-sol. Esquecer como seus olhos brilhavam quando eu fazia alguma coisa de acordo com seus planos. Esquecer das vezes que ele foi o máximo de "legal" que conseguia ser, comigo. Esquecer do jeito que ele me olhou pela última vez.

— Wow, calma ai, querida — Alina reclamou ao meu lado, e eu nem percebi que estava apertando o braço dela com tanta força que já estava ficando vermelho. Engoli em seco e o soltei — Obrigada.

— Desculpe — resmunguei, novamente arrumando amassados invisíveis no vestido. Eu nunca tinha perdido essa mania, e acho que nunca perderia. Tinha ela a tempo demais. Respirei profundamente quando vi Steve parado na sala. Ele sorriu orgulhoso quando me viu.

— Você está linda, Davina — elogiou, e eu sorri sem graça.

— Obrigada, Rogers — agradeci, sorrindo fraco. Ele me estendeu o braço e eu suspirei, indo para seu lado e enlaçando seu braço ao meu. Eu tinha pedido para ele fazer isso. Era uma das únicas pessoas que eu realmente confiava agora. E como eu não tinha mais meu pai... Bem, teria que ser ele, afinal, Steve era agora, além de Hope, a coisa mais próxima que eu tinha de “família”. Meu pai estava morto. Minha mãe tinha desaparecido da face da Terra, e eu pretendia manter isso desse jeito. Eles não tinham nem irmãos, nem irmãs, e meus avós também já haviam morrido. Eu não tinha ninguém, a não ser eles.

— Pronta? — a voz de Steve me tirou dos meus pensamentos. Olhei para ele, e depois voltei a olhar para a porta, a única coisa que me separava do meu futuro. Se eu ultrapassasse aquela porta, eu não poderia voltar atrás — Você sabe que ninguém está obrigando a te fazer nada, não é? Ainda dá tempo de desistir.

— Não — balancei a cabeça negando, lágrimas tomando meus olhos novamente e embaçando minha visão, enquanto um bolo se formava na minha garganta — Se eu não fizer isso, alguém vai começar a ligar os pontos, e você sabe o que acontece depois — falei com a voz tremula, trincando os dentes para não derramar nenhuma lágrima. Eu jurei para mim mesma que nunca mais choraria por causa de Loki, e pretendo manter minha promessa.

— Davina... — ele tentou, mas eu o cortei.

Estou pronta — afirmei, e antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, eu dei um passo à frente e girei a maçaneta.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Please?
A música usada foi Haunted, da Taylor Swift.

Até quando der



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