Unconditionally escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 11
Final Feliz?


Notas iniciais do capítulo

É isso ai pessoal chegamos ao fim este é o final original da historia só não colocar em finalizada pois estarei publicando o final alternativo.
Desculpa a demora foi bem complicado escrever um final digno.

Boa Leitura!



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Os ventos não costumam soprar ao meu favor, eu deveria ter desconfiado que meus quinze minutos de alegria estavam por fio. Como todas as outras vezes as cores haviam desaparecido e somente ele brilhava em seu dourado radiante de pura beleza e foi assim que sua luz própria me cegou por completa. Sentimentos estavam à tona eu não podia suprimir, mas deveria afinal o atual cara da minha vida também estava ali parado me fitando com seus olhos em P&B assim como o resto da paisagem, George não era desprovido de inteligência e percebeu que algo estava errado, antes que pudesse entender algo mais me curvei tentando arrumar toda a bagunça doce grudada ao chão recentemente encerado.

—Perdoe me querido. -Pedi escondendo David de minha consciência- Vou preparar algo e peço para Geovana lhe trazer.

—Ana querida você está bem? —Perguntou George estranhando meu comportamento.

—Estou sim isso é culpa do meu adorável desastre. —Sorri.
Antes que minha língua arrebentasse a trava da sanidade e cuspisse todos os meus segredos peguei minha bandeja voltei para cozinha em prantos.
—Ana o que houve?

—Geovana por favor não me pergunte nada confie em mim como confiei em você na noite que conheci seu irmão eu preciso que faça todas essas coisas novamente e leve para George e o outro cara.

—Foi o George que te deixou assim?

—Não... E por favor não conte a ele que me encontrou assim, apenas confie em mim Okay?

—Okay.

—Vou para casa nos encontramos lá.
Deixei a escuridão engolir meus soluços perante a noite obscura onde meu coração bombeava chama ao invés de sangue, minha vontade era gritar, tapava minha boca com força agonizando em silencio.
Tomei as chaves de meu Chery Face preto presente exagerado de George que presava demais minha segurança, demorei cerca de três semanas para aceitar o presente que acabou me derretendo com seu designer inovador com interior em bege e preto. Maldito George sabia como me comprar. Imagino o som do pneu cantando sobre o solo áspero da garagem subterrânea, assim que a placa da cidade que havia sufocado Ana Banana reluzir em contato com o farol do meu carro senti uma imensa vontade de jogar meu amado carrinho no Corola grafite, apertei as mãos, encostei a testa no centro do volante, meus pulmões imploravam por ar, assim que me recompus engatei a primeira marcha e estercei o volante para esquerda e fugi em direção a minha casa, ou melhor dizendo a casa que dividia com George.
George e Geovana tinham uma bela casa no luxuoso condomínio na zona sul, poderiam ter quantos empregados quisessem, mas decidiram ter apenas Rosália e seu esposo Aphonso, um casal acima dos cinquenta, não precisei de muito tempo para entender que os empregados supriam a necessidade dos pais que nunca voltavam.
—Senhorita está tudo bem? —Perguntou me Aphonso assim que entrei sorrateira pela porta que liga a garagem ao interior da casa.

—Sim só estou um pouco cansada, avise Rosália que estou sem fome e pode postar o jantar para vocês quatro.

—Sim senhora.
Esperei Aphonso ignorar minha presença e corri para o quarto de George que agora também me pertencia e por um instante pensei não merecer tal aconchego. Joguei meu corpo sobre a cama e me desmanchei em lagrimas afundando o rosto sobre o travesseiro, os olhos de David não saiam de minha mente, seu cabelo bagunçado continuava perfeito, seu sorriso antes de me ver, só Deus sabe o quanto eu não queria sentir isso, eu deveria odiar David, mas eu o amava.
Presumo que George havia me esperado sair do banho durante um bom tempo sentado na cama, assim que nossos olhos se encontraram desviei o meu.

—Por que estava chorando? E não me diga que não estava, seus olhos estão vermelhos.

—Derrubei shampoo. —Menti.

—Tudo bem. —Suspirou ele revirando os olhos— Espero que não se incomode convidei David para jantar conosco. —Continuou ele me deixando visivelmente arrasada— Vamos Ana me conte logo qual é a história entre vocês.

—Eu não sei o que quer dizer.

—Pare de mentir, você é péssima nisso. —Continuou ele— Eu iria mesmo convidar ele para jantar aqui enquanto discutíamos seu sucesso, mas depois de ver seu estado eu não poderia, o pior foi como ele ficou tentando relutar a vontade de perguntar de você.

—George por favor pare.

—Não me deixe preso a fantasmas Ana me conte ou nunca iremos ser como antes.

—Se eu contar presumo que não seremos como antes.

—Se não me disser o que houve entre você e ele vamos nos tornar incompletos.

—Ele é a causa de eu estar aqui. —Comecei vencida.
Pensei em todas as coisas que George poderia ter me dito quando terminei de contar tudo a ele, mas fui surpreendida pelo "Sinto muito" seguido pelo abraço mais reconfortante da minha vida.

—Esquece isso, vamos jantar e apagar logo esse dia de nossas memorias.

—Obrigada por tudo George.
Assim como George havia mencionado, tentamos apagar David de nossas mentes, não tenho certeza se ele conseguiu, honestamente eu não, seu fantasma estava preso em todos os cantos, minhas pernas tremiam cada vez que George pedia café era como se eu o visse no mesmo lugar me encarando com seu olhar extremamente penetrante, as vezes feito uma louca pisava no freio com toda rispidez existente quando minha mente colocava o Corola estacionado a minha frente, fiquei como péssima motorista pelas câmeras de segurança.
—Como foi o dia Senhorita. —Saldou me Rosália.
—Bem obrigada, George já chegou?
—Sim ele está na mesa tentando falar com Geovana.
—Ela ainda não chegou?
—Não Senhora.
—Ai Deus hoje não dormiremos sem escândalo.

Quase todos os fins de semana Geovana desaparecia durante a noite chegando pela madrugada com indícios de embriaguez, George bebia mas nunca a ponto de ficar como Geovana, o irmão julgava o homem com quem Geovana namorava, nunca a deixou trazer para casa e ela sempre me dizia que era por ele ser mais velho o que não me convencia muito.
—Ela vai escutar hoje. —Começou George assim que o encontrei com sua garrava de Gin sobre a mesa.

—Ela não é criança George sabe o que faz.

—Ela está acabando com a vida dela Ana.

—Você não é pai dela George precisa deixar ela viver.

—Do que você está falando Ana, ela vai acabar com a reputação dela.

—Eu não acredito que uns anos a mais vá acabar com o nome da Geovana.

—Minha irmã foi ensinada a ter valores e agora fica aí como uma puta qualquer.

—George acho que bebeu demais. —Respondi pegando a garrafa de Gin.

—Pensando bem ela gosta dessa vida deveria trabalhar com isso.

—George pare com isso sua irmã não é nada disso, você deveria dar uma chance e conversar com o rapaz.

—Minha irmã é uma vadia e eu adoraria convidar ele para jantar conosco eu ficaria grato se ele trouxesse a mulher e os três filhos.
As palavras de George entraram em meus ouvidos como bala me deixando atordoada, afinal ele taxou a irmã de Vadia por estar se envolvendo com um homem casado então eu também entrava nesta descrição.

—Me perdoe Ana. —Pediu ele encontrando meus olhos marejando.

—Tudo bem você está certo.
Tornei a colocar o Gin sobre a mesa me dirigi ao nosso quarto onde me deitei logo após o banho pegando no sono vendo David sentado atrás de seu notebook próximo a janela deixando a luz iluminar seu rosto perfeito, assim que seu sorriso se abriu em uma simetria perfeita acordei, a luz cinza entrava pela janela, abri um pouco mais a cortina encontrando céu nublado.

—Precisamos conversar. —Alertou George no canto do quarto.

—Sobre o que?

—Primeiro quero me desculpar pelo que disse ontem eu nunca quis te magoar.

—Eu sei.

—Mas eu acho Ana que desde que você o viu ficamos indiferentes e se for pra ser assim não vamos dar certo, por esse motivo quero te propor uma coisa.

—Eu não estou entendendo.

—Ana ele ainda é um fantasma entre nós, eu preciso que você corte os laços.

—Como quer que eu faça isso? —Questionei incrédula.

—Você tem a casa dos seus pais lá alugue a ou venda e reencontre seus amigos e se despeça dele.

—George. —Forcei um sorriso.

—Se não conseguir eu te deixo seguir em frente sem mim, eu terei que aceitar. —Sorriu ele— Mesmo amando você.

—Não precisamos fazer isso.

—Eu preciso Ana.
Eu poderia discutir, mas sabia que seria em vão, George estava mesmo decidido e no fundo eu queria isso, queria revirar o lixo e encontrar a Ana banana novamente.
George não se despediu, foi em pleno domingo ao Book Caffé me deixando sozinha arrumando as malas.
A estrada estava tranquila, mas eu estava com medo por ser a primeira vez ao pegar a estrada no volante, duas horas depois George já estava quebrando o trato e me ligando em nosso meio tempo de separação.
—Você está bem? —Perguntou-me ele.

—Estou sim.

—Eu deixei o dinheiro pra você pegar o ônibus por que foi de carro? Vai se perder.

—Estou usando o GPS, achei que o dinheiro fosse pra eu comer.

—Consegue gastar tudo isso em comida? Me liga quando chegar olhe as placas o GPS as vezes se confunde.

—Vou desligar o celular vai tirar minha atenção te mando um SMS quando chegar.

—Deus acompanhe... e Ana... Eu te amo. —Sussurrou ele antes de desligar.
Demorei mais que o normal a cada parada para abastecer o estomago nas lanchonetes a beira da estrada sempre com o celular em mãos escrevendo meus passos para George que parecia ter mudado de ideia sobre minha chance de me reencontrar.
Nada havia mudado em minha cidade natal, a mesma monotonia no ar dos dias cinzas de cada morador, as ruas pouco movimentadas, lojas cheias de bisbilhoteiros sem ninguém que realmente quisesse comprar algo.
Na rua principal encontrei a Livraria de David, está se encontrava muito diferente, ele havia ganhado um bom dinheiro com o livro publicado já que o prédio do senhor Claudio havia sido demolido dando uma nova cara a biblioteca Êxodos, toda coberta por madeiramento repleta de grandes janelas impecavelmente limpas, a nova Biblioteca Êxodos parecia ter sido colocada no mapa como as casas que Geovana implantava em seu jogo de simulação de vida real, não combinava com o lugar tão pouco com David, mas certamente atraia todas as pessoas da cidade, pude ver algumas pessoas tomando café enquanto devoravam livros recentemente comprados, David certamente havia gastado horrores com tal ambiente sofisticado.
Voltei os olhos para a rua assim que o semáforo liberou minha passagem, virei a direita tentando ver até onde seguia a nova biblioteca que para deixar meu queixo ainda mais baixo mostrou ocupar metade do outro lado do quarteirão, segui quatro quadras encontrando a rua que me levava de frente a minha antiga casa, e lá estava ela amarelada pelo tempo, por um minuto imaginei minha falecida mãe abrir a porta ao meu encontro, entrei com meu carro na garagem nunca usada depois do acidente de meus pais.

Depois que fui embora eu depositava um dinheiro mensalmente a Luana para que sua prima limpasse a casa não habitada e ao entrar percebi que ela era muito caprichosa no serviço já que estava tudo tão perfeito quanto eu havia deixado como se nunca tivesse saído dali. Eu nem percebi como cheguei ao quarto do meu pequeno Davi, mas eu estava ali podia sentir o cheiro de bebe no cômodo fechado, realmente está jovem era muito cuidadosa.
Meu quarto, antes quarto dos meus pais, estava arrumado parecia estar à minha espera, a colcha parecia ser recentemente trocada, toda florida em lilás algo que agora me parecia cafona, meus hidratantes todos novos nada na casa era vencido, a casa parecia sentir minha presença e ter se arrumado para minha chegada só tomei noção da realidade quando senti meu celular vibrar em meu casaco.
—Chegou bem? —Perguntou me George assim que atendi.

—Sim. —Respondi levemente emocionada— Acabei de chegar em casa.

—Está tudo bem?

—Sim só é um pouco estranho estar aqui novamente.

—Eu sinto muito fazer te passar por isso.

—Não é culpa sua George eu precisava disso, eu preciso me desligar ou religar, não sei exatamente o que vai ser.

—Entendo. —Respondeu ele tristemente— Espero que se encontre Ana— finalizou ele antes de desligar.
George me encantou aos pouco com sua soberania, não que eu goste de ser submissa, jamais, mas ele era diferente não que ele seja mandão ele era apenas protetor e nesse tempo todo esperei alguém para cuidar de mim, ele era perfeito e eu tão imperfeita, não me esforçava em enxergar George, via nele traços de David e isso era errado ele não merecia isso e apenas por esse motivo eu decidi voltar, para cortar o laço.
Tomei uma ducha e descansei um pouco estranhando um pouco a cama dura, assim que acordei de um delicioso cochilo decidi visitar Luana, levantei me passei os dedos no cabelo levemente alaranjado, vesti meu vestido verde de mangas que Geovana havia me convencido a comprar dizendo que a saia rodada iria ressaltar meu quadril desprovido de volume.
Passear pelas ruas com um automóvel só me lembrou de um sonho antigo em terminar a faculdade comprar um carro e dar adeus aos pês feridos pelas sapatilhas desconfortáveis, sorrir nos dias de chuva, isso desenhou em meus lábios um sorriso nostálgico.
Ao entrar no ambiente onde já trabalhei senti um nó se formar em minha garganta, foi neste mesmo lugar em que conheci Luana e Marcos, cruzaram meu caminho no mesmo dia Senhor Luís e David e daquele dia em diante eu nunca mais fui como antes.

—Posso ajudar? —Perguntou me uma garota um pouco parecida comigo.

—Quero um Cappuccino com bastante chantilly e se possível gostaria que Luana viesse me trazer tudo bem?

—Sim Senhora, mais alguma coisa?

—Não, apenas um detalhe, vim especialmente para ver Luana então não deixe que me veja sou uma grande amiga.

—Sim Senhora! —Sorriu a garota.
Nunca havia visto os olhos de Luana brilharem tanto, nem mesmo no dia de seu casamento com Robson, assim que nossos olhos se encontraram Luana desmanchou em lagrimas, foi mais emocionante do que todos os meses sonhados.

—Você é chorona demais. —Sussurrei enquanto a recolhia em meus braços.

—Não esperava te ver como quer que eu fique.

—Tenho uma casa aqui lembra?

—Disse que jamais voltaria o que te traz aqui?

—Poderia ser a saudade?

—Poderia, mas não é!

—George quer que eu resolva minhas pontas soltas aqui, David acabou em uma sessão de autógrafos no Book Café e nosso comportamento entregou toda jogada.

—Que mundo louco, mas e você e George?

—Eu não sei, ele quer que eu apague tudo isso, que termine o que deixei pendente aqui, que me reencontre —Sorri embaraçada— Tenho medo de não gostar do que vou encontrar.

—Eu poderia te ajudar, mas minha avó costumava dizer que quando nos perdemos somos os únicos que temos o dom de percorrer passo por passo, mas se alguém acaba fazendo isso acompanhado acaba ainda mais perdido e leva consigo quem tentou ajudar.

—Sua avó era índia estou certa?

—Bingo!

—Gosto quando fala dela sempre vem com uma lição de moral.

—Isso e´ uma herança de família. —Sorriu ela.

—Passei apenas para tomar um delicioso Cappuccino e te dar um oi. —Respondi cortando o chantilly com a colher pequena prateada.

—Posso ir jantar na sua casa?

—Claro! Com tanto que me faça aquele Strognoff que amo. —Sorri.

—Não precisa nem pedir.

Eu tinha muita coisa para contar e perguntar a Luana, mas guardei para mais tarde.
Minha coragem havia me deixado no momento que estacionei em frente ˋa biblioteca de David, ali sentada ensaiei muitas outras aproximações, não sabia se conseguiria encara lo, suspirei.
Ao entrar na biblioteca percebi que o som familiar não ecoava mais, talvez com o fluxo de pessoas isso tenha se tornado irritante. O novo ambiente me parecia familiar, talvez se parecesse um pouco com o Book Café talvez isso tudo tivesse o dedo de George, sem dúvidas a mão toda e isso me fazia acreditar que David era muito mais que um famoso escritor convidado para uma simples exposição. Caminhei um pouco entre as prateleiras encontrando diversos livros com sobrenome de David me fazendo recordar que sua família pertencia a escrita, não demorou muito para meus olhos encontrarem o nome de sua avó, uma capa delicada com tom azul predominante.
Em minha cesta havia apenas um dos livros que vovó havia escrito, não estava à procura do famoso livro de David afinal uma das coisas que George me ensinou é que os livros em destaque estariam próximo ao caixa e era lá mesmo que eles estavam , com a capa alaranjada com uma garota de olhos verdes e cabelos esvoaçantes cor de fogo com o nome muito chamativo "Filha do Sol" , qual é David seu livro falava sobre mim isso estava explicito na capa.
—A fila não está tão comprida hoje. —Disse-me a jovem de cabelos azuis no caixa. —Deveria aproveitar.
Ela estava certa eu deveria aproveitar a pequena fila a minha esquerda, assim que a coragem foi inspirada me coloquei na fila onde havia um pequeno número de mulheres eufóricas. Meu coração parecia bater na garganta, a vontade de dar meia volta era grande, mas eu não poderia tinha que terminar tudo isso sem ao menos saber como, conforme o numero a minha frente diminuía tudo que eu havia ensaiado desaparecia.
Tudo desacelerou se apagando em tons de cinza quando os raios dourados começaram a me saldar entre as silhuetas de duas pessoas a minha frente, o cheiro familiar começava a me deixar desesperada. David estava ali a minha frente com a cabeça baixa fazendo todos os movimentos repetitivos como um robô passando a mim uma imagem um pouco infeliz.
Meu coração estava enlouquecido quase explodiu quando David tomou o livro em minha homenagem de minha mão, antes que pudesse olhar em meus olhos e ver o quão emocionada estava apenas por estar próxima ao homem a quem entreguei minha vida uma pequena criatura se aproximou.

—Papai. —Resmungou uma menina.

—Hanna querida. —Disse David muito amoroso enquanto beijava o topo da cabeça da loirinha.
Observei a pequena garotinha entregar ao pai um grande sorriso com seus dentinhos quadradinhos depois correu em direção a baba.

—Desculpa, assino pra quem? -Perguntou ele sem me olhar.

—Ana. -Sussurrei.
David olhou rapidamente em minha direção, seus olhos brilhavam com vida parecia estar emocionado com a minha presença.

—Ana! -Repetiu ele—Eu não...

—Eu sei não tinha planejado vir aqui, estou apenas de passagem —Respondi tornando olhar a menina de longe.

—Eu não sei bem o que escrever para você.

—Te deixo pensar passo buscar amanhã.

—Ótimo. —Sorriu ele.
Claro que isso pareceu uma desculpa para ver David no dia seguinte, mas a verdade é que eu não estava aguentando olhar a garotinha com nome parecido com o meu, ela estava ali me deixando sensível pelo fato que meu filho poderia estar ali brincando com ela.

—Poderíamos sair para conversar. —Chamou David.

—Não temos mais o que conversar David. —Respondi— Passo buscar meu livro amanhã.
Podia sentir o olhar de David me seguir até a porta onde um dia tilintou o sino avisando minha saída.
O choro veio assim que entrei no carro, eu tinha um proposito para estar ali, a verdade é que no fundo eu sabia que meu coração ainda batia pelo homem que deixou em mim uma cicatriz permanente e nem me refiro ao corte desenhado acima da sobrancelha, eu digo sobre a que ele deixou em meu coração.

—Você conversou com ele? —Perguntou Luana mexendo o molho na panela.

—Eu não consegui, a menina estava lá brincando atrás dele a irmã do meu filho.

—Ana eu não sei bem o que você veio fazer aqui, mas você tem que perdoar o David deve sofrer tanto quanto você.

—Isso jamais Luana, ele nem se importou.

—Como você sabe? Pelo que me lembro você nem deixou ele falar algo e não tiro sua razão você estava transtornada.

—Não sei se posso perdoar ele sobre isso, Davi era só meu mas no fundo sempre quis ele por perto.

—Ele não tinha como adivinhar Ana.

—Eu não quero falar sobre isso, não hoje, me conte o que eu perdi nesse pequeno espaço de tempo. —Sorri.

—Vejamos por onde começar Eduardo está casado com Monica com um filho ouvi boatos que ele tem como amante a própria empregada.

—Oh isso eu não imaginava.

—Até parece Ana até o açougueiro sabia que iriam acabar assim. —Sorriu ela.

—Por isso que decidi acabar tudo, afinal era eu a passar o que a Monica está passando, sempre soube quem era o verdadeiro Eduardo.

—Demorou um pouco até ter a coragem de deixa lo.

—Mais ou menos, mas não consigo pensar nisso agora fico com frio na barriga.

—Isso vai sair meio enrolado Ana já posso ver você decepcionada outra vez.

—Não diga isso, eu vim decidida Luana não posso deixar George vivendo na sombra do David isso não é certo.

—Você ama mesmo o George?

—Sim, com ele construí algo que jamais acreditei que sentiria novamente, o problema é que as vezes consigo ver David em seus olhos e agora ele sabe disso.
—Você veio fazer exatamente o que aqui Ana?

—Me encontrar, acabar com os laços que temos, quero poder deitar e dormir tranquila.

—Esse George é mesmo louco em deixar você voltar depois de tudo.

—Quando você o conhecer vai ver o quanto ele é confiante. —Sorri.

—Quem sabe eu não vou passar um tempo lá com vocês. —Disse Luana entristecida.

—Luana aconteceu algo?

—Estou enfrentando dificuldades Ana— Respondeu ela tentando sufocar o choro— O Robson está desempregado e eu estou cumprindo aviso logo não teremos mais renda.

—Por que não me disse nada Luana?

—Não queria te preocupar— Chorou ela— Não é a minha prima que limpa sua casa é a Camille.

Camille é a filha mais velha de Luana com apenas 12 anos e saber que ela estava trabalhando ao invés de estudar me deixou maluca.

—Me perdoe.

—Eu vou retribuir o que você fez por mim todos esses anos Luana. —Respondi pegando sua mão— Ainda não sei exatamente como mas vou ajudar.

Conversei com Luana até altas horas, ela me contou sobre o processo que foi aberto sobre o meu caso, não exatamente meu já que outras duas meninas passaram pelas mesmas humilhações que eu tendo fotos de seus corpos despidos expostos na Internet, alguém foi condenado, mas Luana nunca soube quem era. Assim que limpamos a cozinha a levei para casa deixando uma pequena quantia em dinheiro para ajudar nos dias em que eu estivesse na cidade. Chegando novamente a velha casa me banhei e adormeci.

Sonhar nunca foi fácil para mim ou eles eram sem sentido ou completamente não existiam, mas nesta noite me vi em uma praia que nunca estive antes, não havia mais ninguém lá, a agua azul me lembrava os olhos de George que se pareciam com os de David, comecei a caminhar em direção ao mar, a agua estava quente e aconchegante me deixando adentrar sobre ela, não percebi que já estava me afogando. Acordei desesperada, olhei ao redor não reconhecendo o quarto e só então recordei de ter voltado para casa dos meus pais.

—Você está bem? —Perguntou me Luana trazendo meu café.

—Sim, apenas tive um sonho ruim.

—Com o que sonhou?

—Sonhei que eu estava me afogando acordei desesperada tremendo como uma vara verde.

—Sonhos são avisos fique atenta.

—Não seja tola Luana foi apenas um sonho.

—Acredite depois ele fará sentido. —Alertou ela— Preciso ir.

Saboreei meu café lentamente, fazia muito tempo desde que abandonei tudo isso meus pensamentos sessaram quando David entrou café a dentro com sua roupa amarrotada, passando a mão sobre os emaranhados fios dourados, como de costume a cor predominava em seu poder. Meu corpo se arrepiou por completo ao encontro de nossos olhos, novamente me vi perdida no infinito, a cada passo em minha direção meu corpo se descontrolava.

—Bom dia. —Saldou ele.

—Bom dia. —Respondi tentando conter os sentimentos a flor da pele.

—Posso me sentar? —Pediu ele puxando o acento a minha frente.

—Claro. —Respondi— Já estou de saída.

Não dei lado para que David baixasse minha guarda sai em disparada para meu quarto em desespero precisava respirar e trazer cor as outras coisas ao meu redor.

Depois de andar meia hora sem destino estacionei o carro em frente ao antigo parque infantil, ainda com as mãos no volante respirei fundo.

“Que diabos estou fazendo aqui” —Pensei— “Eu deveria ter contrariado George e não ter feito o que fiz não era isso que esperou que eu fizesse, por isso estava tão nervoso ao telefone, minha teimosia em me encontrar me trouxe onde meu coração certamente seria engolido, a saudade e falsa esperança só faz com que meu coração diminua as batidas, uma alma suicida talvez”.

—Ana? —Aproximou se Eduardo— É você mesma!

Eduardo estava com um pequeno menino segurando sua mão com os olhinhos redondos e negros como duas jabuticabas exatamente iguais aos do pai.

—Olá. —Respondi sem a rispidez que imaginei que sairia.

—Está morando aqui?

—Não, estou apenas de passagem. —Respondi tocando as chaves para ligar o carro novamente.

—Espere por favor Ana eu gostaria de conversar com você pelo menos um pouco.

—Sua mulher ficaria chateada, se coloque um pouco no lugar dela.

—São apenas alguns minutos não vai me complicar em nada e te juro que é apenas uma conversa de velhos amigos.

Eduardo tinha todos os defeitos possíveis de um homem sem caráter, mas pela primeira vez desde a nossa infância eu pude ver sinceridade em seus olhos e foi por esse motivo que sentei me ao banco húmido da praça enquanto seu filho corria por todos os tubos do labirinto.

—Qual nome dele? —Perguntei olhando o pequeno menino deixando a mostra seus dentes de leite.

—Henrique.

—Como seu avô. —Sorri.

—Isso, assim como eu te disse meu filho teria o nome do meu Herói. —Sorriu ele— Ele é meu mundo em uma pessoa.

—Entendo.

—Seu filho era para ter quase a idade dele não era? —Disse ele me causando um soco no estomago.

—Sim. —Respondi sentindo um aperto no coração— Era para o meu Davi estar brincando com seu filho agora.

—Não era não.

—O que? —Olhei incrédula para as duras palavras de Eduardo.

—Se fosse para ser Ana Deus não o teria levado.

—Desculpe Eduardo, mas eu não consigo acreditar em uma força maior que fez isso tudo comigo.

—Você ainda não entendeu os propósitos que ele tem na sua vida.

—Que vida Eduardo? —Alterei-me— Quando se tornou tão carola?

—Não sou carola— Respondeu ele suavemente— Faz um mês que me encontrei com Deus.

—Qual é Eduardo um mês? E já está convertendo as pessoas?

—Não estou convertendo ninguém Ana, estou apenas te dizendo a verdade.

—Você está dizendo que o seu Deus matou meus pais quando eu era pequena me deixando sozinha, me tirou meu filho e me tirou a chance de construir uma família, me secou por dentro para que eu nunca possa vingar algo meu?

—Dos planos do Senhor apenas ele entende, mas no momento certo você vai entender também.

—Desculpe Eduardo, mas até onde eu sei quem comete adultério não entra no reino dos céus. —Debochei.

—Vejamos Ana, pode me julgar se quiser, mas eu gostaria de contar um pouco sobre as coisas que me aconteceram.

—Estou sem tempo.

—Não vou tomar muito mais do que já tomei do seu tempo até aqui.

—Seja breve. —Sentei me novamente.

—Há oito meses eu e Monica estranhamos o comportamento de Henrique e decidimos passar em um médico de confiança da família e descobrimos que o nosso pequeno sofre de Autismo, para mim foi um choque muito grande saber que meu filho seria especial, Monica se fechou não conversávamos mais, comecei a beber e a ter uma vida extraconjugal com uma de minhas empregadas, ela engravidou e reneguei esse filho já que estava apavorado em ter mais uma criança com problemas, ela o tirou, Monica não aguentou minha indiferença nos separamos, minha mãe faleceu dois meses depois, quando eu e Monica reatamos descobrimos que ela estava com câncer —Sessou ele para tomar um ar enquanto seus olhos marejavam— Eu me vi desesperado com medo de perder a única mulher que apesar dos meus erros sempre me perdoou, a imagem de criar um filho especial sozinho é intimidador, e somente nas horas da dor nos lembramos do Senhor e só para pedir, nunca nos lembramos de agradecer e por mais torto eu fosse ele me ouviu, a Monica está melhorando a cada dia depois que encontramos um doador e eu bem, meu filho é meu bem mais precioso e agora eu sei que ele veio com esse pequeno e desnecessário problema para me corrigir, então Ana quero que saiba que seu bebe não vingou por que não era pra ser e você vai entender o porquê.

—Eduardo não quero ser grossa, mas não me importo com nada disso, sinto muito pela sua mãe, pela Monica e o filho de vocês, agora preciso ir passar bem. —Respondi abandonando Eduardo no banco.

Ver Eduardo com pose de pastor me deixou enjoada, assim que fechei a porta do carro desabei assim como a chuva que começava a respingar do lado de fora.

A partida repentina de Davi havia causado em mim uma reação que não havia chance de superar, o filho que foi amado apenas por mim só me fazia lembrar do perdão que eu jamais daria a David, sim eu o amava e ao mesmo tempo o odiava tinha que saber com qual dos sentimentos permaneceria.

Assim que me recompus dirigi até o salão mais próximo, o tempo húmido acabou arrepiando todo meu cabelo. Já no salão deitada no lavatório consegui me tranquilizar enquanto a agua quente molhava meu cabelo, quando meus olhos se fecharam encontrei um fragmento perdido da Ana Banana, foi como vestígios de um sonho, lá estava eu em frente ao espelho cortando minha preciosa juba, mechas alaranjadas por toda pia branca, sim se eu queria reencontrar quem eu perdi teria que reconstruir meus passos, deveria reviver quem eu matei e me lembro plenamente de fazer isso com uma simples tesoura de costura. Horas mais tarde a emoção tomou conta de meu ser ao me olhar no espelho, um longo aplique no cabelo recém pintado, fios cor de cobre combinando com meu amado batom cor cereja, sem sombra de dúvidas eu havia retornado em mim mesma.

Ao entrar em meu carro parecia ser nosso primeiro contato, assim como o dia em que o ganhei dirigi contente apenas queimando gasolina sem querer estar em nenhum lugar, quando percebi que o sol começou a se por recordei-me do proposito de estar ali e em quinze minutos eu já estava em frente a Êxodos. Foram mais de cinco minutos para que a coragem me jogasse para fora do carro. Havia muitas pessoas no local assim como no dia anterior, caminhei em direção ao caixa.

—Posso ajudar? —Perguntou me a moça.

—Procuro o senhor David.

—Ele está fechando um negócio talvez demore um pouco.

—Tudo bem volto amanhã. —Respondi me virando.

—Espere— Chamou a moça— A senhorita se chama Ana?

—Sim, —Respondi.

—Ele pediu que a senhorita aguardasse na mesa dezessete já está reservada e o café é por conta da casa.

—Eu posso vir amanhã.

—Insisto que fique. —Cortou a voz de David sobre a atmosfera tornando tudo sem vida— Prometo não demorar.

“O- oh céus já estou sentada com café em mãos e minha atenção continua nele”

Lá estava David com uma manga longa preta, seu cabelo está mais comprido descendo suavemente pela nuca alguns fios desciam pelo pescoço chegando próximo ao peito, ao detalhar sua existência meu coração se desmancha, o suor gelado começa a correr, minhas mãos tremem.

“Eu não devia ter vindo”

A atmosfera transformou se quando nossos olhos se cruzaram e suas pernas seguiram em minha direção, por um instante perdi a consciência como se nunca tivesse saído do seu lado.

—Desculpe esqueci que tinha um contrato para fechar hoje.

—Sem problemas. —Respondi olhando a xicara sobre minha mesa.

—Você está linda. —Sussurrou ele fazendo com que minhas mãos se fechassem no vestido— Qual a causa de tamanha mudança?

—Nada mudou apenas voltei a ser o que era.

—Prefiro você assim igualzinha à do livro.

—Vim apenas busca-lo.

—Okay. —Respondeu ele lentamente— Venha comigo.

—Espero aqui.

—Não vou te atacar Ana. —Sorriu ele— Não sou mais assim.

Caminhei com David até a antiga casa da vovó que agora continha um novo designer, chegamos em uma sala onde permaneci enquanto ele foi para seu quarto pegar o livro.

Sim em cada pedaço da casa continha fragmentos da Ana Banana, sorrisos perdidos, historias já contadas, os filmes assistidos no sofá terminados em noites de amor no quarto, dias de uma felicidade que não poderia ser revivida, Ana Banana havia sido corrompida. Alguns passos e eu já estava na cozinha recolhendo meus pedaços, estremeci ao ver bolinha tão velha encolhida em um canto, chorei quando fui reconhecida, alinhei a pequena gata branca em meu peito voltando para sala passei reto até o corredor, havia quadros da família no fundo havia um retrato familiar, Vovó David e eu, passei por vários sorrisos de Hanna e Annelise, os ignorei não faziam parte do que eu queria recordar, virei a direita e me deparei com o passado no presente, David sentado na cama com meu livro em mãos, seus olhos permaneciam fixos em linha reta, coloquei bolinha ao chão e procurei o que o deixava tão triste, quebrei, encontrando um par de sapatinhos azuis, minha mão já estava nos lábios contendo o choro, em minha mente David nunca se importou com Davi, essa foi a forma de acabar com o que tínhamos, assim em nossas mentes cortamos os laços quando na verdade os mesmos nunca foram cortados já que David guardou os sapatinhos que perdi no acidente, David amava seu filho Davi e eu amava David.

Presa em meus pensamentos não percebi quando David caminhou em minha direção me abraçou em prantos.

—Me perdoe. —Chorou ele— Tudo foi culpa minha e repeti isso para mim mesmo desde aquele dia, eu prometi nunca mais te deixar sozinha e abri mão de você e indiretamente do nosso filho, é algo que eu não posso voltar a trás, mas não posso deixar você me odiar o resto da vida, se eu soubesse que seria assim nunca teria me envolvido com você te deixaria ter uma vida feliz e normal.

Eu estava em choque minha cabeça parecia estar prestes a girar, alguém havia reaberto a porta que tranquei todas as lembranças de Davi, a pressão em meu peito parecia se aliviar, e eu estava aliviada em ver o homem que me ajudou no café, que me beijou no beco, o primeiro a fazer amor comigo, ele estava bem ali com sua alma intacta e eu estava novamente em seus braços, sem perceber me deixei guiar pelo seu beijo, o mundo queimou e o laço se cortou.

David tinha uma família, uma esposa e uma linda filhinha, se eu estragasse família novamente isso teria consequências outra vez, eu me tornaria aos olhos de sua filha a mulher que roubou seu pai de sua mãe, Annelise continuaria a me odiar e sempre seriamos atormentados pelo peso da traição.

Eu ainda amava David e muito, mas eu o amava por haver um talvez em minha mente, a dúvida de como seria nossas vidas se eu tivesse contado formalmente a ele sobre Davi, tudo foi culpa minha se eu não tivesse corrido com uma barriga grande, Davi teria crescido com o peso de ser filho da amante de seu pai, tudo seria torto. Oh David meu amor por você é repleto de luxuria.

Segundos antes de abrir os olhos vi a cena de George entrando no ônibus para me salvar, logo já o vi em P&B em seu escritório com David, espere agora David perdeu a cor e George predomina com seus cabelos negros esvoaçante. O calor correu em meu corpo, ao abrir os olhos encontrei os olhos de David completamente cinza, o encanto havia acabado.

—Me desculpe foi por impulso. —Disse ele desconcertado.

—Está tudo bem. —Sorri enxugando as lagrimas— Isso foi importante para mim David me fez entender que temos uma vida longa pela frente, mas elas não se cruzam, cada um viverá a sua.

David não parecia decepcionado com o que eu havia acabado de lhe dizer seu sorriso se desenhou mais uma vez apenas para mim.

—Amigos? —Perguntou ele como a muito tempo atrás.

—Sim, apenas amigos. —Sorri— Preciso ir vou embora amanhã e ainda tenho muita coisa a arrumar.

—Deixe para ler a dedicatória quando estiver fora daqui.

—Assim farei.

—Adeus Ana.

—Até logo David.

Refiz o caminho até a livraria não imaginei que ao sair encontraria Hanna entrando com sua babá, ela parou no meio do caminho arregalou seus lindos olhinhos azuis como os do pai e sorriu.

—Tia linda. —Disse ela.

—Oi? —Questionei me curvando a sua altura.

—Mamãe disse que me chamo Hanna por causa da titia Ana de cabelos cor de laranja. —Respondeu ela tocando meus cachos— Quero ser linda assim como a senhora. —Terminou ela pegando uma das trancinhas loiras.

—Você é muito mais linda que eu. —Respondi em seguida me retirei do estabelecimento.

Não me recordo de ter estado tão bem desde antes de conhecer David, era como se um encosto tivesse me liberado, eu estava livre para viver com quem eu realmente amava, afinal David nunca me disse que me amava, agora George nunca economizou nos elogios.

Decidida a fazer uma grande proposta a Luana e Robson, passei uma mensagem pedindo que ela e o marido viessem jantar em minha casa. Depois que recebi a confirmação de Luana caminhei até o mercadinho da esquina comprar algumas coisas para o jantar.

—Ana. —Chamou me alguém.

Marcos estava com uma pequena cesta nas mãos, de todos que reencontrei ele foi o que mais mudou em tão pouco tempo, parecia ter envelhecido, talvez fosse culpa das bolsas escuras abaixo dos olhos ou a barba rala por fazer.

—Quando chegou? —Perguntou ele animado.

—Ontem, mas estou apenas de passagem vou para casa amanhã de manhã.

—Que pena —Sorriu ele— Sou quase um investigador agora já até trabalho na delegacia!

—Que irônico não, justo você que só cometia injustiça agora é um oficial da lei.

—Não seja maldosa eu mudei— Respondeu ele sem parecer abalado— Fechamos seu caso a pouco tempo e isso me motivou a continuar no caminho certo.

—Meu caso? —Assustei me.

—Ninguém te contou? —Perguntou ele parecendo surpreso— Você não sabe quem divulgou suas fotos na internet?

—Não claro que não. —Respondi sentindo o peito apertar ao mesmo tempo a vergonha me tomar— Eu não dei parte disso.

—Você não, mas as outras garotas sim.

—Outras garotas?

—Você não está sabendo nada mesmo. —Sussurrou ele— Depois que você se foi não demorou muito para outras garotas sem expostas daquela maneira ou até pior do que foi com você.

—Eu não fiquei sabendo de nada —Apontei— Tenho certeza que Luana quis me proteger.

—Você não se lembra de nada daquela noite?

—Me lembro de estar no bar e depois acordar em casa.

—Você estava fazendo besteira e quando finalmente desmaiou eu e Karina te levamos para casa.

—Você e Karina? —Questionei confusa tentando me lembrar de algo do passado.

—Assim como você todas as outras garotas tiveram contato comigo e por esse motivo eu fui preso.

—Você! —Acusei sentindo repulsa apenas por olhar nos olhos de Marcos.

—Eu nunca fiz nada disso Ana não demorou muito para essas coisas continuarem a acontecer. —Pausou ele tomando um ar— Annelise foi mais a fundo e descobriu que a pessoa que fazia isso tinha relação comigo— Assim que Marcos pronunciou o nome de Annelise senti me culpada— Eu gostava de você e tinha uma boa relação com todas as outras garotas e só então descobrimos que Karina cometia isso por ciúmes.

—Karina —Assustei me — Impossível ela era minha amiga me deu a maior força para ir embora.

—Ela queria você longe para que eu não me metesse na sua vida nunca mais, ela te adorava, mas me amava e isso era algo que eu não podia compreender.

—Ela não faria isso. —Respondi me recordando de como Karina usou duras palavras para me induzir a ir embora e começar tudo de novo apagando meu passado, cortando todos os contatos. —Ela não fez isso. —Chorei.

—Quando chegamos na sua casa te coloquei na sua cama e pedi a ela que te trocasse. —Continuou ele— Quando fiquei sabendo disso não imaginei que ela poderia ter feito isso, pensei que pudesse ser o próprio David te humilhando, acho que a esposa dele também pensou isso quando reabriu o caso, mas nesse tempo todo foi Karina e você foi apenas a primeira de outras oito.

—Eu não sei o que dizer. —Respondi.

—Só achei que deveria saber —Respondeu ele— Todas as fotos foram apagadas.

—Não acredito em você.

—Ela cumpre a pena em liberdade se quiser falar com ela.

—Eu quero —Respondi— Onde a encontro?

—Tome —Disse ele me entregando um papel com endereço de Karina em um garrancho azul— Foi bom te ver Ana.

Passei minha compra no caixa e guiei meu carro até a casa de Karina em prantos. Chegando no destino descrito no papel encontrei uma casa pequena apenas a luz da cozinha estava acesa.

—Quem é? —Perguntou ela assim que pressionei o botão do interfone— Ana! —Assustou se ela assim que abriu a porta depois de não ouvir som algum vindo do aparelho.

Tentei dizer algo a Karina, mas as palavras não saiam o nó em minha garganta era grande demais para que elas passassem.

—Me perdoe— Sussurrou ela adivinhando minha visita.

—Você tem noção do inferno que transformou minha vida? —Ataquei começando a chorar— Diga que é mentira tudo que ouvi ao seu respeito.

—Eu não sei o que deu em mim Ana, nunca quis realmente fazer isso eu estava com raiva com ciúmes não sei ao certo.

—Não justifica Karina— Respondi— Minha vida já estava uma merda e você conseguiu ferrar com tudo o resto.

—Eu sinto muito Ana. —Disse ela voltando a chorar enquanto se ajoelhava ao chão— Me perdoa por favor eu sei que o que fiz acabou com você eu entendo a gravidade disso só não imaginei que isso também me mataria por dentro, me perdoe.

Karina estava em prantos presa ao chão parecendo realmente arrependida do que havia feito, ver a garota que sempre admirei derrotada aos meus pés me decepcionou ainda mais do que saber que ela era a culpa de tudo o que eu havia passado.

—Eu queria morrer, eu estava pronta para cometer isso Karina, o que você fez me deixou com vergonha de mim mesma, se meus pais estivessem vivos não teriam suportado ver a filha exposta daquela maneira como se fosse uma vagabunda, você entregou meu nome aos porcos, mas aí você veio com a ajuda me dizendo que se fosse eu iria embora daqui as coisas mudaria, você me tinha em mãos e me jogou para longe de você e de Marcos.

—Me perdoe.

—Mas ao mesmo tempo você me salvou. —Agora Karina me olhava assustada— Encontrei um lugar que possa chamar de lar, alguém que eu possa chamar de meu somente meu, apesar de tudo que aconteceu eu nunca fui tão feliz quanto sou agora e por esse motivo Karina apenas por esse eu te perdoo.

Karina permaneceu chorando na varanda da casa pude ver pelo meu retrovisor enquanto partia novamente, ela chorando em sua casa e eu em meu carro.

Chegando em casa tomei um banho trancando tudo o que havia descoberto e como se nada tivesse acontecido fiz o jantar pouco antes de Luana e Robson chegarem.

—Estive pensando durante a noite. —Comecei —Os dois ficaram sem emprego em breve e tem crianças pequenas pra cuidar, a Camille tem que estudar e não trabalhar. —Continuei— Vocês vieram de fora para construir uma vida aqui do mesmo modo podem ir trabalhar com George no Book Caffé ele precisa de funcionários e você Luana sabe que é minha família e eu prefiro te ter por perto de mim.

—Ana não queremos ser um peso para ninguém. —Respondeu Robson.

—Podem ficar em minha casa no primeiro mês garanto que George vai adorar ele odeia a casa tão grande sem ninguém.

—Será? —Perguntou Luana olhando para o marido.

—Os dois teriam uma qualidade de vida melhor não custa nada tentar não tem nada a perder.

—Precisamos pensar. —Disse Robson.

—Amanhã estou voltando para casa conversarei com George e assim que Luana terminar de cumprir o aviso mando buscar sua família.

—Você é maluca. —Chorou Luana.

—Eu seria maluca se deixasse os dois aqui nessa situação.

—Obrigada Ana. —Agradeceu Robson.

—Agradeça sua esposa ela que me colocou no caminho certo —Sorri.

A noite nos fora agradável, Luana e Robson se despediram ainda cedo tinham que buscar as crianças na casa da vizinha que dormia cedo, me vi novamente sozinha, fiz as malas, em seguida preparei a cama para dormir olhei melhor e percebi que não conseguiria deitar ali sozinha. Não percebi o momento em que tomei a decisão de partir ainda de noite, as malas já estavam no carro junto com os presentes e uma garrafa de café recém passado, eu estava louca confesso tão pouco tempo com a CNH e decidir sair na estrada no meio da noite e foi isso que eu fiz.

Com o coração em mãos cheguei em minha nova cidade, muito mais rápido voltei do que parti talvez pelo pouco trafego ou pela ansiedade em estar ali evitando parar em qualquer lugar tomando apenas o café em minha pequena garrafa de mãos.

A casa já estava escura por conta do horário, apenas meu quarto estava aceso provavelmente George estava à espera de Geovana, sabendo que causaria surpresa coloquei meu carro rapidamente na garagem e entrei pela porta da garagem deixando todas as coisas no carro, já descalço subi degrau por degrau sem emitir som algum, assustei me quando senti uma mão agarrar meu braço me guiando pela escuridão.

—Isso são horas para chegar menina indecente. —Gritou ele me puxando em direção a luz enquanto eu segurava o riso— Chegando de fininho e mesmo eu estando no banho pude ouvir você bater à porta do carro.

—Eu bati? —Perguntei realmente decepcionada.

—Ana? —Assustou se ele.

—Parece surpreso. —Sorri enquanto minhas mãos subiam por seus braços até seu pescoço húmido o sufocando em um abraço.

—Ana! —Apertou me ele.

George parecia realmente não acreditar que eu estava ali seu abraço era para que eu nunca mais o deixasse eu podia sentir isso, no fundo George pensou que eu não voltaria mais e ele não precisou me dizer isso, o tremor em seu corpo me dizia tudo por si só.

—Eu voltei meu amor. —Sussurrei em seu ouvido.

—Você é louca de vir sozinha pela estrada nessas horas.

—Eu não queria ficar nem mais uma noite sem você. —Respondi começando a chorar— Desculpe estou muito sentimental hoje.

—Venha vamos para o quarto você precisa descansar. —Disse ele pegando minha mão.

Os olhos de George se arregalaram ao me encontrar na luz do quarto iluminado e somente neste momento percebi que toda cor do planeta havia se acabado apenas George tinha vida.

—Ficou tão ruim assim? —Perguntei passando a mão no cabelo bagunçado.

—Você está linda.

—Era assim que eu era. —Sorri— Não vai me amar mais?

—Não te amo pela sua aparência Ana claro que isso ajuda— Sorriu ele— Te amo pelo que você é simples assim, espontânea, amorosa, confiante e muitas vezes chata.

—Idiota. —Sorri.

George se aproximou um pouco mais cheirou meu pescoço e meu cabelo, subiu seu rosto até o meu onde ficamos nos olhando, eu estava me afogando em seus olhos assim como em meu sonho, agora George não viveria na sombra de ninguém e ele sabia disso, seus lábios se encostaram aos meus foi como se nunca tivessem se encontrado antes criando as famosas borboletas no estomago, nossos olhos se fecharam e o beijo aconteceu tão suave e delicado como seu eu não o conhecesse, nossos corpos ansiavam por se reconhecerem, aproveitando a baixa temperatura adentramos no chuveiro onde voltamos a nos amar de forma intensa, já na cama enquanto continuávamos o que já havia começado me recordava de nossos primeiros contatos, George era realmente admirável, meu corpo sentia muita falta do cara que conseguiu lhe dar vida, e naquela noite enquanto seu membro nos fundia e sua mão me explorava algo mais estava acontecendo, a cada toque um sentimento vinha à tona, seus beijos descendo por todo meu corpo era como se aquela fosse nossa primeira vez.

—Eu te amo. —Sussurrei em seu ouvido assim que acabamos.

—Eu te amo muito mais. —Sorriu ele— Casa comigo?

—Não brinca com isso assim eu vou acreditar.

—Ana casa comigo. —Insistiu ele.

Eu estava em choque imaginei que isso nunca aconteceria comigo ainda mais assim de forma tão perfeita com o cara dos sonhos deitado de frente para mim com o sorriso mais lindo que alguém poderia ter, George já havia me ganhado e não precisaria se casar comigo para me ter com ele o resto da vida e mesmo assim estava sendo sincero sobre a proposta.

—Seja minha esposa. —Continuou ele.

—Sim mil vezes sim! —Respondi começando a chorar.

—Espere aqui. —Pediu ele se levantando e perambulando pelo quarto completamente nu.

—O que está fazendo? —Perguntei ao ver o mesmo voltar com uma caixinha preta de veludo— Oh meu Deus George! —Exclamei ao encontrar um par de alianças douradas.

—Faz um pouco mais de um mês que as comprei. —Disse ele sorrindo ao colocar a menor em meu dedo encaixando se perfeitamente— Queria o momento certo para perguntar.

—Ei —Chamei forçando o a olhar para mim— Obrigada por tudo, eu te prometo que um dia teremos uma família mesmo que adotemos umas três crianças. —Sorri.

—Você já é minha família Ana o que vier depois será apenas um presente enviado por Deus.

—Amém. —Respondi tentando não desaponta lo.

George e eu ainda repetimos a dose e caímos no sono, acordei pela manhã fiquei alguns minutos apenas observando o meu noivo dormir como uma criança, seus traços gravados em minha mente, agora eu poderia ser feliz ao lado de alguém que realmente me amasse.

Desci a cozinha logo após o banho, estava decidida a fazer o melhor café da manhã para George e claro que falhei ele era muito melhor nisso que eu.

—Mudança radical —Disse Geovana abrindo os braços para mim.

—Decidi voltar a ser o que era.

—Onde esteve George surtou ontem eu tinha que ter gravado.

—Fui resolver umas pendencias pessoais, ele não disse nada?

—Não. Nos evitou profundamente, espere o que é isso? —Perguntou me Geovana pegando minha mão para observar melhor a linda aliança dourada.

—Então acho que vou me casar. —Sorri.

—O-Oh eu não acredito até que enfim! —Gritou ela— Garanto que ele nem pra fazer uma cena romântica prestou.

—Foi tudo perfeito. —Respondi.

—Poderia ser mais que perfeito se ele pedisse minha ajuda olhe só ainda ficou meia larga— Respondeu ela deslizando a aliança sobre meu dedo.

—Não seja tão chata pela manhã Geovana.

—Bom dia irmão.

—Bom dia meu amor. —Sorriu ele me dando um selinho.

—Você nem se vestiu não vai trabalhar hoje não? —Atacou Geovana.

—Não! —Respondeu ele me abraçando— Vou passar o dia com o meu amor.

—É melhor eu ir está doce demais o ambiente— Sorriu ela— Parabéns ao casal.

George e Geovana estavam mais pacientes um com o outro e isso me acalmava. Um mês depois de meu noivado Luana e Robson se mudaram para minha casa com as crianças, durante um mês e meio tudo se tornou uma bagunça até poderem se mudar, quinze dias com a casa vazia meus sogros decidiram nos fazer uma visita, ambos muito amorosos. George e eu marcamos nosso casamento para dezembro véspera de Natal restando apenas um mês para que ajeitássemos tudo como gostaríamos. A escolha de meu vestido de noiva foi turbulenta, Geovana e Luana só discutiam e minha cunhada sempre saia ganhando já que entendia de moda como ninguém, mas o vestido escolhido foi justo que nenhuma das duas se interessou e que me cegou, mangas de renda, bem cinturado com a saia cheia como um “bolo”. Faltando muito pouco para o grande dia eu já estava estressada, ficava doente toda hora e chorava sem motivo algum. Na última prova do vestido o susto.

—Como assim não está fechando? —Perguntei assustada.

—A senhorita engordou um pouquinho. —Disse me a costureira.

—Isso não é possível eu nem estou comendo direito que passo mal. —Respondi estranhando o olhar que minha sogra e Luana trocaram.

—Pensando bem você engordou um pouco mesmo Ana. —Disse Geovana.

—E agora? —Perguntei aflita empurrando a franja húmida para trás.

—Fique calma querida tenho certeza que dá para por um pouquinho de pano aí não dá? —Perguntou minha sogra.

—Claro. —Respondeu a costureira

—Ótimo. —Sorriu Geovana.

Ao sair do carro em frente ao Book Caffé quase cai ao chão uma tontura atacou minha cabeça.

—Ana o que foi? —Perguntou Geovana.

—Acho que é o calor deve ter baixado minha pressão. —Respondi tentando me colocar em pé.

—Geovana chame seu irmão e seu pai. —Gritou minha sogra.

—Eu estou bem é só uma tontura. —Respondi.

—Eu sei querida já passei por isso. —Respondeu a mulher de cabelos negros— Luana você vai comigo e meu esposo em meu carro.

—Claro senhora. —Respondeu Luana rindo estranhamente.

—Eles estão vindo. —Disse Geovana pálida como papel.

—Fique aqui e feche o Caffé nos espere em casa. —Ordenou minha sogra.

—Ana querida o que houve? —Perguntou me George desesperado.

—É só uma tontura já está passando. —Respondi.

—Filho vamos levá-la ao hospital.

—Hospital? —Perguntamos eu e George em um coro.

—Não questione. —Ordenou agora me sogro.

Ao entrar no carro comecei a sentir enjoo enquanto minha cabeça girava, ao chegarmos ao hospital enquanto me apoiava em George apaguei acordando na cama de hospital com todos ao meu lado.

—O que houve?

—Você desmaiou. —Respondeu George segurando minha mão— Já fizeram os exames só estamos aguardando.

Não demorou muito para uma mulher loira entrar com meu prontuário em mãos.

—A Senhora já pode ir para casa está tudo bem. —Disse a medica dando alivio a George que soltou um pouco minha mão— Parabéns a Senhora está gravida.

—Deve ser um engano. —Corrigi sentindo meu coração acelerar— Eu não posso ter filhos.

—Não é o que diz os exames você está de quatro meses.

—A Senhora tem certeza? —Perguntei começando a chorar.

—Tem como fazer um ultrassom eu pago tudo. —Pediu minha sogra.

—Claro só preciso que a Senhora beba bastante agua.

Eu não conseguia pensar em nada tinha certeza que os sorrisos nos lábios de todos se apagariam quando descobrissem que se tratava de um erro, o que me cortava o coração era ver George feliz por algo que nunca seria possível.

—Prontinho. —Disse a medica ligando o aparelho.

Meu coração disparava afinal eu já havia passado por isso antes, mas dessa vez não haveria um bebe na imagem e nenhum coraçãozinho bateria para eu começar a chorar. Assim que o gel gelado foi passado pela minha barriga foi colocado o aparelho e assim como pensei não vi nem ouvi nada, olhei novamente para a imagem no monitor e assim que o maravilhoso batimento começou me desmanchei enquanto aparecia a imagem do minúsculo ser em meu ventre.

—Aí está seu bebezinho ou melhor bebezinhos, parabéns são gêmeos. —Disse a doutora— Um casalzinho.

—Me disseram que eu não posso ter filhos. —Respondi a Doutora— Como pode?

—Dos planos de Deus só ele entende. —Respondeu-me ela sorrindo— Vou te escrever umas vitaminas eles ainda estão pequenos parece que não anda comendo bem.

—São dois meu amor. —Disse George beijando o topo de minha cabeça— Eu te amo.

“Obrigada Senhor” —Agradeci.

Os dias se passaram os presentes chegaram em dobro para Christopher e Caroline, a casa se encheu completando também os presentes de casamento.

No grande dia pedi a todos um momento para mim mesma, já vestida de noiva sentei me em minha escrivaninha de frente para janela faltando quinze minutos para minha entrada, abri a gaveta fuçando as coisas tentando me preparar e para minha surpresa encontrei o Livro de David, com tanta coisa que me aconteceu nem me lembrei de ler o que ele havia escrito, era uma página inteira escrita pela sua caligrafia perfeita, por um momento pensei ter sentido seu perfume.

“Querida Ana,

Eu ensaiei várias palavras para te escrever aqui e no fim ainda não sei ainda o que dizer então decidi apenas deixar fluir.

Primeiramente quero agradecer por tudo que você fez por mim, por me amar INCONDICIONALMENTE, infelizmente eu não tive a coragem que você tem de dar a cara a tapa.

Quero que saiba Ana que não há nenhuma outra mulher no mundo, além de minha filha claro, que eu ame tanto como te amo.

Infelizmente eu não tenho coragem de abandonar tudo para ficar com você hoje em dia eu tenho muito a perder e os filhos se tornam nosso bem mais precioso e oro todos os dias para que você saiba um dia como é ter filhos.

Quero me desculpar por todas as vezes em que você foi agredida e eu não pude fazer nada.

Ana minha Doce Ana só quero que você seja feliz, George te fará feliz!

Te Amo muito.

David

O que David havia deixado escrito deveria me fazer chorar, mas não fez apenas me deixou mais feliz do que eu já estava pois agora eu entendia ele nunca rejeitaria sua filha e eu jamais abriria mão de meu marido ou dos meus filhos.

O som para entrada da noiva soou assim que apareci na entrada do corredor do meu jardim, o sol das dez da manhã iluminava sua filha de cabelos de fogo, como de costume assim que meus olhos encontraram os de George tudo se apagou apenas nós dois tínhamos cor e eu brilhava ainda mais e só soube o porquê quando meus filhos nasceram, ambos vieram com os cabelos com os meus e para uma combinação rara completar vieram com os olhos azuis mais intensos quanto os do pai.


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