Unconditionally escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 10
Azuis?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores perdoe a minha eterna demora :(
Virei gente grande rs
Me casei a pouco tempo e a correria de mulher casada me pegou de um jeito inexplicável.
Bem comentando sobre o cap. preciso da ajuda de vocês surgiu um novo personagem o amável George que é uma peça muito importante desse jogo então gostaria de saber a opinião de vocês para o futuro de Ana.

Boa leitura!
Beijos Jeh ♥



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Pessoas depressivas sempre me causavam irritação, nunca consegui compreender tal universo tão inexistente, pessoas que não sentem fome, não tem animo para levantar da cama, pessoas sem ter sentido para prosseguir, mulheres se deixando levar por um amor passado. Esses sinais sempre foram julgados por mim como frescura, mas depois da formatura em que David me deixou para sempre arranquei meus satos na rua mesmo e desabei, o grito saiu de meu peito e o vazio tomou conta de mim depois me levantei e segui descalço até o bar onde alguns alunos estavam comemorando dentre eles encontrei os olhares de Karina e Marcos ignorei por completo todos eles apenas ergui a mão para o barman e pedi um copo da bebida que eu nunca havia colocado na boca, o primeiro copo desceu com muita dificuldade mesmo assim levei o copo gelado em meus lábios mais sete rodadas, enfim eu estava rindo enquanto um rosto desconhecido colocava a língua em minha boca, esse era Eduardo mas eu não sabia disso meus olhos mal se abriam eu só soube isso no dia seguinte quando Mônica me mandou mensagens estupidas sobre a traição de seu noivo comigo, minha cabeça rodava eu nem me lembrava de ter chegado em casa, a luz que entrava pela janela me causava um dor horrível minha cabeça girava meu corpo se jogou para trás me desequilibrando acertando o chão o sono me tomou ali mesmo.

Sim eu me tornei doente e nem percebi as coisas só começaram a mudar duas semanas e meia quando Luana me surpreendeu com sua visita cheia de mantimentos parecia adivinhar o estado de minha dispensa.

—Você está magra demais Ana!

—Estou comendo bem —Menti— Talvez seja efeito dos meus remédios.

—Deveria procurar um medico.

—Eu estou bem Luana.

—Não minta pra você mesma Ana, não quero que nada aconteça com você.

—Eu não sei o que você veio fazer aqui. —Explodi.

—Estão precisando de você no trabalho.

—Ótimo eu aceito! —Alegrei me.

—Aceita? —Surpreendeu se ela.

—Por que o susto?

—Não imaginei que você toparia.

—O Marcos não trabalha mais lá e eu preciso recomeçar. —Respondi.

Luana parecia não acreditar em minhas palavras, mas eu queria mesmo recomeçar, a sede de me sentir viva estava me matando e eu nem sabia por onde começar.

Assim que pisei novamente no Café percebi que eu ainda sabia respirar, respondi todos os pedidos com a mesma velocidade de antes, se eu nunca tivesse saído desse mesmo lugar eu não estaria tão debilitada, provavelmente eu estaria com um rapaz bacana que me amasse muito, estaríamos felizes em um namoro saldável e duradouro, ou eu estaria feliz em poder exercer minha profissão que não teria tido tanta dificuldade em conquistar.

Tudo estava correndo muito bem até o dia em que David entrou com sua filha nos braços e sorrindo para a mulher, eu estava ali e não podia demonstrar nada, Annelise me viu e ignorou minha presença sentou se e aguardou até meu atendimento, olhei para o socorro de Luana a mesma me olhava entristecida cercada pelos clientes não me restou outra alternativa a não ser pegar meu bloquinho e seguir até a família feliz.

—Posso anotar o seu pedido? —Perguntei sem tirar os olhos do papel e a letra tremula.

—Claro eu gostaria de um expresso sem Açúcar um pão de queijo e meu marido gostaria de um café preto da maquina com adoçante. —Respondeu Annelise dando enfase a palavra Marido.

"Que porra David você odeia café puro piorou ainda sem açúcar" —Pensei.

—Okay, então um expresso e um pão de queijo para a senhora e uma dose de café puro para o senhor? —Olhei para David seus olhos fizeram um brilho conhecido.

Preparei eu mesma o pedido da mesa quatro, Annelise recebeu o que pediu mas o café de David misturei ao leite e adocei com açúcar da maneira que ele gosta e tampei para que a esposa não visse, entreguei ao casal e voltei ao balcão e nesse momento algo havia preenchido um pedaço do vazio em mim, assim que David deu o primeiro gole olhou rapidamente para mim em seguida sorriu, meu coração se aqueceu por um instante antes de sentir algo acertar meu rosto com força, meu corpo estava debilitado não pude impedir que meu corpo alcançasse o chão.

—Vagabunda! —Gritou Mônica —Dormiu com seu patrão, virou amante do professor, se deitou com todos os caras do terceiro e agora está saindo com meu marido?

"Patrão? Professor? Sim isso era verdade afinal eram o mesmo homem, mas os rapazes isso nunca chegou perto de acontecer."

—Não entendi. —Resmunguei enquanto Luana me colocava em pé.

—Vadia! —Gritou Mônica mais uma vez provocando a curiosidade de muita gente.

—Esse tipo de funcionaria não poderia estar em um lugar familiar como este —Reclamou Annelise me provocando.

Não demorou muito para que meu patrão aparecesse tentando acalmar a população.

—Ana vá para a cozinha. —Ordenou ele segurando Mônica —E a senhora peço que se retire ou chamarei a policia.

—Você sabe quem é o meu pai?

—Seu Pai pode ser o presidente você vai sair do mesmo jeito!

Não permaneci no olho do furacão corri para cozinha em seguida para os fundos pegar minhas coisas. Eu estava tremendo demais acabei derrubando meu celular

que alertou um som de mensagem, algo muito ruim passou pela minha alma ao reparar milhares de mensagens, eram garotas me chingando, minhas redes sociais estavam infestadas, eu estava confusa eram fotos minhas com Eduardo no bar depois eram minhas em minha cama quase nua, eu não havia chegado em casa sozinha alguém havia me levado até ela e feito tudo isso, meu mundo desabou.

Vagabunda, vadia, cachorra, essas eram as palavras mais fracas, eu estava arruinada agora havia perdido de vez minha identidade, eu estava me levantando e alguém provavelmente o Eduardo me jogou novamente ao fundo.

—Ana eu sinto muito por tudo isso! —Disse Luana.

—Alguém tirou fotos minhas na minha cama, não pode ter sido o Eduardo ele não iria tão longe, meu Deus Luana estou arruinada o que vou fazer postaram na internet.

—Como assim? —Perguntou Luana assustada enquanto olhava meu celular —Meu Deus Ana temos que ir na policia.

—Eu não posso Luana.

—Como não isso é crime Ana!

—A mulher de David subiu de cargo semana passada, ela vai acabar ficando com meu caso isso é humilhante demais, quem fez isso sabia de tudo. —Chorei.

—Não perca a fé Ana Deus vai te ajudar.

—Que Deus Luana ele me abandonou já faz tempo!

—Não diga isso Ana.

—Se ele existe e está me vendo nesse sofrimento sem fim que me ajude a sair desse inferno eu estou cansada Luana, eu estou...

—O que houve Ana?

Eu nem reparei quanto tempo David estava ali, eu queria que ele se importasse, mas eu não podia querer mais nada, ele era um completo estranho para mim e no fundo tudo que eu estava passando era culpa dele, ele era o verdadeiro culpado de todo meu sofrimento e tudo isso fez com que nascesse algo diferente em mim talvez algo que eu jamais havia sentido com tanta força, algo que queimava em meu peito, se parecia com dor, era uma raiva sem controle tão intensa quanto o amor que eu ainda sentia e foi assim que aprendi a odiar, neste instante eu aprendi a te odiar David.

O loiro estava preocupado eu podia ver em seus olhos de cristais, mas sua expressão permanecia de gelo que combinava perfeitamente com seu terno gomado e seu cabelo mais curto e penteado de lado.

Quando dei por mim já estava com minha bolsa de lado correndo pela rua em prantos só parei quando minhas pernas amoleceram e meus pulmões clamaram piedade.

—Ana você está bem?

Me assustei ao ouvir a voz desconhecida chamar meu nome, meus olhos encontraram o senhor grisalho que havia sido humilhado por Marcos no café.

—Você está bem? —Tornou a perguntar.

Eu não sei exatamente o que aconteceu comigo, mas aquele homem parecia o avô que eu nunca tive e só tive certeza disso quando meus braços cercaram seu corpo e eu comecei a chorar desesperadamente. O Senhor deve ter se preocupado ainda mais me levou rapidamente para a lanchonete em que estava saindo quando me encontrou e me pagou um chocolate quente.

—Quase não te reconheci com esse visual novo. —Sorriu o Senhor.

—Me desculpe por tudo.

—Você não me fez nada. —Sorriu ele novamente— Mas me conte menina o que te deixou tão abalada.

Já sei você deve estar pensando que eu não contaria nada a esse Senhor não é mesmo, pois bem eu não tinha mais nada a perder tudo que acontecesse a partir daquele dia seria um ponto positivo, contei tudo desde o inicio que ele próprio havia presenciado com a chegada de David em minha vida até o momento em que nos encontramos novamente, não omiti nada nem ao menos a vida roubada de Davi, pensei que receberia ao menos um olhar de pena, mas não aquele Senhor parecia saber de tudo que eu havia acabado de chorar.

—Eu não me apresentei formalmente me chamo Luiz. —Disse o Senhor— Ana você não tem nada que te prenda aqui por que não da uma chance para a vida e não vai conhecer novos lugares?

—Como eu poderia Senhor Luiz, mal tenho grana para poder comer.

—Posso te fazer uma oferta? —Perguntou ele—Seu colega de serviço me humilhou e você me defendeu então estou em desvantagem com você, ele errou em me tratar daquela forma sou editor da revista Edem você a conhece?

Revista Edem quem não a conheceria é a revista mais popular sobre conhecimentos na culinária nela sempre estavam os melhores restaurantes do Pais.

—Claro. —Respondi.

—Com a minha indicação você pode entrar em grandes restaurantes e cafeterias eles não recusariam uma ótima profissional.

—Ótima profissional? —Gargalhei— Olha para mim estou acabada!

—Nada que novos ares e roupas não te ajudem. —Um convite como esse me assustaria, mas a verdade era tudo que eu precisava, precisava respirar— Tome esse é meu numero, eu vou voltar para a central amanhã se quiser é só me ligar que passo as dez na sua casa. —Continuou o homem me entregando um guardanapo com seu numero rabiscado em tinta azul enquanto se levantava— Isso deve pagar a conta. —Finalizou ele colocando uma boa quantia sobre a mesa.

Eu deveria ter me levantado e ido embora mas meu corpo estava pesado demais foi impossível não debruçar sobre a mesa e não cair no choro, talvez esse fosse a resposta de Deus para mim.

—Ana.

A voz de Karina era inconfundível, doce e melancólica.

—Karina. —Resmunguei limpando o rosto.

—Você está assim pelo que fizeram com você?

—Digamos que tudo cooperou para o mesmo fim.

—Ignore se você tentar defender algo só vai virar uma bola de neve.

—Sou uma vadia.

—Não! Eu te conheço e sei que não é!

—Se você recebesse a chance de mudar tudo de começar do zero o que faria?

—Se eu estivesse passando pelo que você está Ana eu não pensaria duas vezes antes de pegar essa chance mas eu apagaria qualquer rastro do passado que me deram, porque esse passado não é seu e sim o passado que criaram para você.

—Apagar meu passado?

—Sim Ana e não digo apenas as redes socias mas sim tudo consuma com tudo que te faz mal se desapegue de você mesma de visual você já mudou bastante confesso que amava seu cabelo longo mas escuro e curto te deixou uma mulher e tanto.

Karina não fazia a mínima ideia mas havia me deixado animada com o fato de ir embora.

—Talvez eu faça isso! —Admiti— Farei isso!

Me despedi de Karina paguei minha conta em seguida liguei para Luiz passando meu endereço para que passasse me buscar no dia seguinte. Chegando em casa escolhi apenas as roupas que ainda me serviam e separei para jogar fora tudo que David havia me presenteado, tudo menos as joias que sua Avó havia entregue para mim.

Um pouco antes de apagar minhas redes sociais percebi o quanto é doentio a vontade de saber o que as pessoas acham a nosso respeito, eu sabia que estariam todos contra mim e mesmo assim não resisti em dar uma ultima olhada, a esperança de ter alguém me defendendo era uma grande mentira, o fato é que ninguém gostava o suficiente de mim para se expor em defender uma vagabunda.

Soluçando e me afogando em meu próprio choro foi dessa maneira que peguei no sono, assim que o dia amanheceu senti uma positividade estranha eu estava mesmo animada.

Estranhei profundamente o carro que Luiz estacionou em frente de casa, o chofer se encarregou de pegar minhas malas, meu óculos escuro refletia a linda casa que meus pais havia deixado para mim.

—Diga adeus Ana. —Disse Luiz animado.

—Não gosto de despedidas! —Respondi entrando no carro.

Aquilo era mesmo o que eu precisava um recomeço e foi pensando dessa forma que me desapeguei de todos naquela cidade abandonada por mim.

Chegando na grande Cúpula do Edem me surpreendi com tudo até mesmo a entrada com um grande lustre sobre nossas cabeças tentei me manter fixa nas costas de Luiz isso foi tortuoso demais as pessoas estavam muito bem vestidas, em todos os cantos meus olhos eram atraídos por alguma coisa.

—Então Ana vamos montar uma ficha para você. —Chamou me Luiz assim que sentou se atras de uma grande mesa.

—Você já pegou meus dados durante a viagem. —Respondi apertando meus dedos contra meus joelhos assim que me sentei— Precisa exatamente do que?

—Ana. —Chamou novamente Luiz apos um suspiro forçando contato visual— Do que exatamente você está com medo?

—Estou assustada não sou apta a mudanças.

—Era o que você precisava não era?

—Sim.

—Então coragem filha, Deus nos manda o que precisamos e não o que pedimos.

—Faz algum tempo que não penso assim Luiz e prefiro não colocar o nome dele nisso.

—As coisas só funcionam quando o colocamos acima de tudo Ana, parece difícil o que está passando mais passa.

—Eu espero mesmo que passe.

—Deixa isso lá atras vamos começar do zero e fazer sua ficha vai te abrir uma porta por isso preciso saber um pouco mais de você.

—O que exatamente?

—Depois que saiu do trabalho do Caffé onde passou a trabalhar?

—Depois... —Suspirei lembrando me de David agora o odio havia dado lugar a dor— Trabalhei em uma livraria.

—Ótimo.

—Luiz eu gostaria de um trabalho tranquilo, digo sem muito envolvimento com o que não conheço.

—Você vai ficar no seu ramo mesmo querida na verdade eu conheço o lugar perfeito vou enviar seu perfil para meu amigo agora mesmo.

—Lugar perfeito?

—George tem o Book Caffé.

—O que é um Book Caffé?

—É uma grande livraria que expõe várias sessões de autógrafos aos grandes escritores mas o que chama mais atenção é que não é uma simples livraria e sim uma grande cafeteria.

—Isso soa mesmo perfeito. —Resmunguei com uma pontada de esperança.

—Pensei melhor vamos agora mesmo lá. —Empolgou se Luiz se levantando e pegando seu casaco grafite.

—Mas Senhor Luiz eu nem estou bem vestida.

—Do que está reclamando Ana? Você tem todos os requisitos.

—E quais são eles que não os encontro.

—Você é educada, inteligente, simples e muito bonita.

—Está sendo gentil.

—É modesta e muito corajosa.

—Okay já estou com muita vergonha. —Sorri.

—Se não quer ouvir mais então é melhor irmos pois a lista é grande.

Senhor Luiz me guiou novamente ao carro que chegamos o Chofer ainda estava lá parecia adivinhar nossa chegada.

—Alberto pode nos levar até George. —Ordenou Luiz.

A cidade onde agora eu pertencia era gigantesca sem sombra de duvidas eu teria que tirar carta em breve, a diferença de minha cidade anterior era que esta parecia muito mais viva com muita cor entre os diversos prédios radiantes nada era cinza me passava um ar de cidades futurísticas eu estava apaixonada sempre sonhei em morar em um lugar assim.

Depois de vinte minutos o lindo jaguar estacionou em frente a um prédio todo esculpido em algo que me lembrava madeira envernizada com grandes vitrines com diversos livros dando a visão do interior repleto de mesas e pessoas.a Assim que passamos pela porta um ar quente com um cheiro incrível soprou em nossas faces para Luiz parecia normal mas para mim foi fantástico impossível não sorrir.

—Senhor Luiz. —Gritou uma jovem vindo de dentro da cozinha.

—Senhorita Geovana como está?

—Vou bem e o Senhor veio tomar um café da tarde?

—Eu adoraria tomar um bom café enquanto conversamos sobre negócios.

—Claro por favor sentem se em uma das mesas vou providenciar umas guloseimas.

Enquanto Geovana caminhou delicadamente até a cozinha eu e Luiz nos sentamos próximos a uma pilha de livros.

—Ela trabalha aqui? —Perguntei sem perceber.

—Ela é a irmã de George enquanto os pais tocam um restaurante bem sucedido na França os irmãos preferem ficar aqui.

—Então ela é dona?

—Filha dos donos, mas como eles nunca fazem uma visita se quer nem ao menos conhecem o sucesso dos filhos então presumo que sim eles são os donos.

—Entendo.

Permaneci em silêncio apenas notando a volta da jovem de olhos verdes e cabelos longos e negros como a noite sendo seguida por duas garotas que traziam em uma bandeja prata três xicaras de porcelana decorada com flores azuis.

—Pois bem Senhor Luiz no que posso ser útil? —Perguntou Geovana assim que se sentou.

—Senhorita Geovana essa é Ana uma amiga que precisa muito de um trabalho e tenho certeza que não se arrependerão em dar uma chance a ela.

—Querida Ana não sei se eu posso ajudar meu irmão está no interior tentando marcar uma sessão de autógrafos com uma escritora e só vai voltar daqui umas duas semanas e meia eu não posso admitir ninguém sem que ele aprove.

—Entendo. —Respondi entristecida.

—Mas, eu sempre tenho um mas. —Sorriu ela— Pode me auxiliar enquanto ele não chega assim para sua avaliação estará pronta para preparar qualquer coisa que os cliente ou até mesmo ele pedir.

—Eu nem sei como agradecer Senhorita. —Respondi.

—Me chamando de Geovana já é um começo. —Sorriu ela novamente.

Luiz e Geovana acertaram todos os detalhes enquanto eu saboreava cada guloseima, não me recordava quando foi a última vez em que eu havia comido tanto e foi dessa maneira que o dia se despediu rapidamente.

—Ana você começa amanha. —Disse Geovana assim que nos levantamos.

—Claro qual horário?

—Duas horas.

—Estarei aqui.

—Nos vemos amanhã e Senhor Luiz eu adorei a visita venha mais vezes.

—Assim que me sobrar um tempo prometo aparecer senhorita Geovana.

Assim que sentei no banco do Jaguar foi impossível não suspirar.

—Está feliz?

—Como não estar Luiz eu ainda nem tenho um lugar para ficar mas já tenho um trabalho e isso é bom demais.

—Ontem mesmo já te encontrei um lugar para ficar. —Respondeu Luiz.

—Como fez isso se eu nem te dei a certeza de que viria. —Respondi.

—Você não tinha muita escolha se permanecesse naquele lugar morreria.

—Talvez você esteja certo. —Respondi sentindo meu peito apertar.

—Sua casa fica um pouco longe não imaginei que o Book Caffé combinaria tanto com você vou deixar um pouco de dinheiro para você pegar os ónibus.

—Não precisa eu peguei umas economias e posso me virar bem.

—Mas qualquer coisa que precisar Ana pode pedir considere apenas como empréstimos.

—Obrigada Luiz mas por enquanto eu estou bem.

O Senhor tentou me emprestar uma quantia em dinheiro mas eu continuei a recusar até que o mesmo se cansou e começou a me mostrar a cidade que começava a mostrar todas as luzes espantando o suave anoitecer.

—Veja esse é seu apartamento ele está todo mobiliado a sua espera e bem na esquina se encontra o ponto de ónibus se você vai trabalhar as duas o ideal é pegar o que passa as uma e quinze é o único com uma listra azul.

—Isso facilita muito. —Respondi— Acho que vou entrando descansar um pouco.

—Qualquer coisa é só me ligar. —Respondeu Luiz pegando uma caixa das mãos do motorista— Tome essas são suas chaves.

—Obrigada Luiz logo entrarei em contato para te contar as novidades. —Sorri enquanto abraçava o senhor. —Obrigada mesmo de verdade eu não sei o que seria de mim se continuasse lá.

—Não vamos pensar nisso minha querida essa é a sua nova vida.

Me despedi de Luiz e não imaginei que entraria em minha nova casa em prantos desesperada, tudo era diferente até mesmo o cheiro das coisas, nada realmente parecia meu.

O primeiro dia em que fui trabalhar foi tão difícil quanto minha primeira noite de sono , mas não demorei em pegar o jeito de fazer as coisas e entregar rapidamente os pedidos até mesmo ensinei Geovana a preparar algumas receitas que a Avó de David havia me ensinado e uma delas chamada de Lua De Mel havia sido integrada ao cardápio era um mini sonho recheado com chocolate ou creme passada em açúcar fino para confeitar ou em leite ninho.

E assim eu e Geovana nos tornamos muito próximas ela até me contou sobre o namorado secreto que seu irmão nem sonhava existir e que o descobrisse seria uma tragedia.

Depois de duas semanas em minha nova vida eu já havia preenchido meu coração com coisas alegres mesmo assim não havia se passado um dia sem que eu me recordasse do sorriso de David ou da maneira em que nos conhecemos e foi perdida em meus pensamentos que não reparei Geovana passar como um avião ao meu lado.

—Ana preciso de sua ajuda. —Chamou me ela novamente a realidade.

—Claro no que posso ajudar?

—Meu irmão chega hoje a noite.

—E por que esse desespero? Não era eu quem deveria estar assim?

—Meu namorado me encontraria em casa essa noite e eu não posso deixar ele dar de frente com George sairia morte na certa.

—Mas não é só ligar para ele?

—E você acha que eu já não tentei? Ele sempre esquece de carregar aquele museu.

—O que quer que eu faça? —Perguntei começando a ficar aflita ao ver os olhos verdes inundarem.

—Preciso que feche o Caffé para mim hoje pode ficar com as chaves peguei do quarto de George as minhas estão comigo por isso pode vir até mesmo mais tarde amanhã.

—Geovana não sei se isso é uma boa ideia por que não pede para uma das outras garotas?

—Ana elas não sabem sobre meu namoro se soubessem George também já saberia.

—Eu não sei se posso.

—Por favor Ana te imploro— Pediu ela começando a chorar.

—Tudo bem me de logo essa chave.

Geovana sorriu e me abraçou em seguida limpou qualquer vestígio de que havia chorado e tornou a controlar o caixa como se não estivesse acontecendo nada o que me deixou paralisada George havia chegado e pela forma em que a irmã o temia ele passou a me assustar também sem ao menos o conhecer, e desde que Geovana passou a me contar sobre ele montei uma figura em minha mente um senhor barrigudo com um bigode que faz voltinha completo por uma careca bem reluzente.

As nove da noite Geovana se despediu de mim me deixando as chaves, pelo movimento acreditei que eu poderia fechar as dez horas como todos os dias mas não foi como queria o horário se prolongou até onze e dezassete.

Assim que todos os funcionários haviam ido para casa apaguei todas as luzes e me dirigi para o fundo me certificar que a porta estava trancada assim que virei a maçaneta senti como se algo estivesse me observando.

—Onde está a Geovana? —Soou uma voz desconhecida em minhas costas.

Me virei rapidamente encontrando um rapaz alto de cabelos negros encostado no peitoral da porta branca destacando seu terno cinza risco de giz.

Se as coisas em mim estivessem certas eu pensaria em muitas coisas, mas meu corpo estava entorpecido eu não conseguiria nem lembrar do meu próprio nome se ele perguntasse, a paralisia tornou difícil até mesmo puxar o ar para os pulmões e tudo isso estava acontecendo por um par de olhos cor de infinito me encarando entre os fios da franja rebelde, dois lindos olhos azuis idênticos aos de David.

—Que foi o gato comeu sua língua? —Chamou o rapaz— Onde está Geovana? E por qual loucura ela te deu as chaves?

—Essas chaves são do irmão dela —Respirei— Ela foi atrás de você.

—Eu estava em casa esperando por ela.

—Ela ligou para você.

—Não tem chamada perdida aqui. —Respondeu ele mostrando a tela do celular.

—Foi o que ela me disse.

—Eu vou atras dela. —Disse ele se aproximando forçando contato visual enquanto abaixava até minha altura. —Você não está mentindo esta?

—Não tenho por que mentir. —Respondi irritada— Foi o que ela me disse que precisava te encontrar antes que você aparecesse na casa dela e desse de frente com o irmão dela.

—Desse de frente com irmão dela? Eu não entendi.

—Sinto muito mas ela ainda não pode te assumir o irmão dela deve ser um velho autoritário cheio de auto proteção.

—Agora eu entendo— Sorriu ele— Então é melhor você fechar essa coisa e ir embora e traga as chaves amanha de manhã tenho certeza que ela vai precisar.

—Ela me disse para vir no horário normal.

—Você não conhece o irmão dela ele é um velho rabugento vai reparar nas chaves que não estarão onde ele deixou isso se a barriga o deixar enxergar alguma coisa— Respondeu ele pegando um copo e despejando um pouco da bebida que pensei estar ali apenas por decoração— Tome faz frio lá fora um gole de gin pode ajudar a se aquecer.

—Eu agradeço, mas eu não bebo— Respondi pensando no evento que ocasionou as fotos.

—Não sabe o que está perdendo.

Esperei que o rapaz terminasse o copo enquanto o analisava discretamente cada traço perfeito do jovem. Era um rapaz magro da pele clara em tom rosado, tinha os ombros largos e pernas compridas o que lhe caia muito bem.

—É errado paquerar o namorado da sua patroa.

—Me desculpe eu não estava...

—Estou brincando. —Respondeu ele limpando o copo e tornando coloca-lo ao lado do Gin.

Assim que nos despedimos na porta do estabelecimento corri até o ponto de ónibus quase perdendo a linha que iria perto de casa, por ser tarde havia muitos lugares para me sentar, descansei meus pensamentos encostando a cabeça no vidro gelado sendo surpreendida pelo mesmo rapaz passar com seu carro luxuoso em direção contraria ao meu destino, desejei por algum motivo que ele me visse o que claro não aconteceu mas serviu para me deixar com um sorriso em meus lábios já fazia muito tempo desde que tal sensação havia deixado meu corpo.

Noutro dia levantei me pela manhã belisquei um pedaço de queijo que estava em minha geladeira e corri para meu trabalho lembrando sobre o que o namorado dela havia me dito "que ela precisaria das chaves pela manhã" ninguém à conheceria melhor do que ele.

Assim que meu reflexo me saldou na porta do Book Caffé percebi o quanto meu cabelo havia desbotado agora em um tom de castanho escuro quase medio, ajeitei os fios arrepiados pensando no patrão que eu não conhecia e queria causar uma boa impressão.

—Ana que bom que chegou meu irmão quer muito te conhecer falei muito bem de você. —Alegrou-se Geovana assim que entrei— Vamos de me as chaves ele já questionou o desaparecimento dela— Cochichou ela— Obrigada mesmo por ontem.

—Imagina eu não fiz nada demais. —Respondi entregando discretamente as chaves para jovem.

—Ele quer provar a Lua de Mel feita por você. —Sorriu ela— Isso soa estranho não é mesmo?

—Muito!

—Pois bem venha a cozinha já deixei tudo preparado para que faça o mais rápido possível e assim que estiver ao forno ele gosta de um bom café bem forte entendeu?

—Sim senhora.

Geovana havia deixado tudo no jeito para que eu não à atrapalhasse e foi por esse motivo que não perguntei o recheio do sonho apenas preparei dois um com cada sabor, antes que terminasse de assar passei o café de forma antiga, mas não fazia a mínima ideia se era para adoçar com adoçante ou açúcar decidi optar por colocar ambos sobre a bandeja de madeira, quando tudo estava em seu devido lugar o pequeno prato de porcelana com prata a xicara do mesmo jogo para combinar com o frasco de adoçante prata e o recipiente onde se encontrava os cubos de açúcar ao lado dos talheres prata. Retirei os pequenos sonhos do forno jogando os sobre o açúcar de confeiteiro onde os finalizei antes de colocar no prato sobre a bandeja.

—Ana querida já terminou? —Perguntou Geovana esticando o pescoço para cozinha.

—Sim senhora.

—Ótimo agora vá para o fundo da cozinha e com cuidado suba até o escritório.

Fiz o que me foi ordenado subindo cada degrau com muito cuidado, assim que entrei na sala coloquei a bandeja sobre a mesa enquanto o senhor conversava com alguém na sala ao lado, aproveitei a brecha para analisar meu novo patrão era um homem de aproximadamente cinquenta e oito anos sua barriga fazia uma montanha por cima da calça e o pouco cabelo já estava muito grisalho, ele era exatamente como eu imaginava meus pensamentos desapareceram quando a outra pessoa da conversa atravessou a porta, meus olhos se arregalaram ao ver o rapaz da noite passada, agora tudo fazia sentido Geovana não queria que seu irmão conhecesse o namorado por que na verdade ele trabalhava para eles o rapaz sorriu forçando em mim uma fuga pela porta poucos passos atrás de mim.

—Ana espere já terminamos por aqui. —Chamou o rapaz.

—Eu vou procurar mais um pouco e conversamos. —Respondeu o homem.

—Obrigado Paulo. —Agradeceu o rapaz sentando se na cadeira causando em mim um tremor interno enquanto o senhor passava por mim e se retirava fechando a porta— Bom dia Ana sente-se temos muito que conversar.

Senti meu estomago revirar quando percebi o estrago que havia feito em pensar que o rapaz era namorado de Geovana quando na verdade era o irmão.

Permaneci em pé com as mãos a frente ao corpo tentando não tremer tanto, não conseguia nem ao menos olhar o mesmo nos olhos eu estava aterrorizada.

—Me desculpe. —Pedi tentando parecer menos nervosa.

—Pelo que?

—Você não é o namorado da Geovana é?

—Desculpe desapontar você mas eu não curto incesto agora por favor sente-se. —Disse ele enquanto colocava dois cubos de açúcar no café— Me chamo George— Começou ele assim que me sentei— Fique calma por favor eu não disse nada para Geovana eu já sabia sobre esse namoro que vou estragar mas não quero você no meio disso.

—Eu não tive intenção.

—Fique tranquila se minha irmã confiou em deixar você com as chaves eu acredito que é uma pessoa digna de confiança. —Respondeu ele enquanto encostava a porcelana fria nos lábios perfeitamente desenhados— Deixe me provar sua Lua— Sorriu ele enquanto passava a pequena faca de prata dividindo os pequenos sonhos ao meio e levando à boca— Certo vou ser sincero a ideia é boa juntar o útil ao agradável mas a maça está prendendo nos dentes e isso é desagradável teremos que mudar.

Eu não conseguia pensar em nada do que George me dizia eu estava assustada não podia cometer erros assim somente a antiga Ana era tão descuidada aqui eu era outra pessoa não podia regredir dessa forma.

—Certo que tal descermos e refizemos a receita juntos— Sorri.

—É exatamente o que vamos fazer.

George era uma pessoa de personalidade forte ao contrario de David ele não podia ser persuadido em ocasiões como essa David deixaria meu desafio morrer no ar, mas George levantou se no mesmo minuto e caminhou em minha companhia até a cozinha onde pegou todos os ingredientes sem que eu os classificasse e acrescentou mais alguns, não conversamos muito ele estava atento no que fazia e eu estava aflita demais para puxar assunto precisava focar um pouco mais no que ele estava fazendo e foi assim que passamos o dia.

—Já limpei tudo George vou pra casa tenho faculdade. —Disse Geovana entrando na cozinha— Eu vou fechar tudo você vai ficar?

—Sim só vamos esperar essa ultima tentativa— Respondeu George sorrindo escondendo o fracasso de varias fornadas de Lua de Mel.

—Quer uma carona Ana? —Perguntou Geovana.

—Meu ónibus passa daqui a pouco.

—Se for esperar que George termine o que começou vai acabar passando a noite aqui.

—Se precisar eu dou uma carona para ela agora me deixe terminar isso.

—Certo. —Acenou Geovana antes de sair.

Assim que George colocou a nova fornada me joguei a cadeira ao meu lado tentando descansar meus pés doloridos. Permanecemos em silêncio o que parecia irritar George.

—O que foi? —Perguntou ele me encarando com seus olhos conhecidos— Por que me olha assim?

—Você me lembra alguém. —Deixei escapar.

—Quem?

—Alguém que não vale a pena lembrar.

—Vejo que teve uma decepção amorosa.

—Por que acha isso?

—Posso ver a dor nos seus olhos.

—Isto é besteira.

—Já causei muitos olhares assim.

—Então você é um idiota. —Soltei— Oh meu Deus me perdoe.

—Sim sou um idiota perdi uma grande garota por ser tão infantil.

—Devia tentar reatar. —Respondi tentando concertar o que havia feito.

—Não posso ela se casou semana passada.

—Só estou dando mancada não é mesmo. —Sorri.

—Não faz mal na verdade é muito bom jogar essas lembranças fora tem coisas que não vale a pena relembrar.

—Você tem razão.

—E você por que não tenta voltar atras?

—Nem se eu quisesse poderia.

—E quer?

—Não mais.

—Então vamos fazer um brinde. —Disse ele pegando a mesma garrafa de Gin.

—Desculpe eu não bebo.

—Não vou perguntar mais. —Sorriu ele.

Era impossível olhar para George e não pensar em David, ambos tão diferente em tudo e ao mesmo tempo me causavam a mesma sensação de estar me metendo em uma encrenca muito grande.

—Pare de me olhar desse jeito eu não sou ele.

—Eu não sei do que você está falando.

—Você disse que eu lembro ele.

—Mas eu não estou te olhando como olhava para ele.

—Tenho certeza que está. —Respondeu ele se encostando no balcão.

—Não haja como se me conhecesse. — Respondi corando.

—Não precisa se zangar.

—É melhor eu ir para casa o Gin já está subindo a sua cabeça.

—Eu bebo mas nunca me deixo levar Ana.

—Mesmo assim eu prefiro ir para casa.

—Okay vou pegar as chaves do carro.

—Tudo bem ainda posso pegar o último ónibus.

—Então me deixe te levar até o ponto.

—Não precisa é aqui perto.

—Eu faço questão.

Tentei discutir com George, porém tudo foi em vão e foi lado a lado que caminhamos duas quadras até o terminal onde insistiu por pagar minha passagem e certificou se de minha segurança então nos despedimos com os olhos enquanto minha respiração embaçava o vidro tão próximo ao meu rosto.

Essa foi nossa rotina por algum tempo, no começo eu e George fazíamos muitas receitas esquecidas fazendo com que o Book Caffé fosse o predileto por muitas pessoas que amavam saborear uma boa refeição sendo completa com uma boa leitura, passei a querer ter estudado psicologia ao invés de historia para tentar ajudar George a superar a raiva que sentia do namorado de Geovana que passou a me tratar com mais carinho desde minha aproximação de George.

Enfim a ferida havia cicatrizado e eu finalmente conseguia sentir a felicidade ao meu redor em apenas quatro meses fora daquele lugar.

—Você está muito diferente hoje. —Disse George me observando tirar uma fornada de Pão de Queijo.

—Hoje fazem quatro meses que estou aqui.

—Não sente falta de casa?

—Essa é minha casa. —Respondi encarando seu olhar doce entre fios da franja negra.

—E das pessoas deixadas para trás não sente falta de nenhuma delas?

—Apenas de uma. —Respondi recebendo como resposta um reflexo horrível nos olhos de George— Sinto falta da minha amiga Luana.

—Você não tem que se explicar sou apenas seu patrão.

—Eu sei é só que...

—Não precisa explicar. —Finalizou ele parecendo não acreditar na minha resposta— Acho melhor você ir pra casa.

—Podemos fazer um pudim antes de ir o que acha?

—Acho que deve ir para casa. —Respondeu ele friamente.

—Eu não preciso ir agora.

—Eu quero que vá. —Finalizou ele pegando um copo de sua bebida predileta.

Esperei alguns segundos pela companhia que não chegou, senti um nó se formar em minha garganta tentei segurar mas assim que sai sentindo o ar frio soprar meu rosto deixei com que ele se desfizesse.

Já percebeu como o caminho se torna longo quando você não quer seguir, meus pés já estavam exaustos quando o ónibus encostou, paguei minha entrada passei pela catraca e me sentei em dos lugares vagos pelo horário, tentei entender por que meu coração estava em extrema tristeza, meus pensamentos morreram quando um homem de aproximadamente quarenta anos se sentou ao meu lado com tantos lugares vagos ele preferiu a minha companhia, fiquei aflita ao ver que ele estava visivelmente descontrolado, tentei me levantar mas algo frio cutucou minha costela, ninguém olhava para nós no fim do ónibus.

O homem se aproximou tentando beijar minha orelha tentei me afastar quando senti a lamina furar minha pele e meu sangue quente escorrer pela lateral da cintura, meu coração quase saltou quando meu celular começou a tocar era George tentei recusar a chamada mas minhas mãos estavam tremulas.

—Atenda essa merda se disser qualquer coisa eu mato você antes do planejado.

—Ana me desculpa por tudo eu...

—Tudo bem. —Interrompi— A mamãe vai te esperar.

—O que? —Perguntou ele confuso— Ana sou eu George.

—Eu sei. —Continuei— Não vou poder ir encontrar com ela por isso quero que você vá busca-la.

—Ana você está em perigo?

—Isso mesmo não se esqueça ela vai estar na padaria Vicenza em quinze minutos próximo ao terminal oitenta e três.

—Okay Ana estou indo. —Respondeu ele antes de desligar.

Eu não fazia ideia de como conseguir passar as coordenadas para George tão rápido mas isso não me deixou menos aflita afinal como eu sairia em segurança do ónibus. Comecei a chorar em silêncio temendo minha vida que até então achei que não tinha valor.

—Por favor me deixe. —Implorei quase em um sussurro.

—Cala boca vadia.

—Oh meu Deus. —Clamei começando a chorar.

—Cala essa boca. —Disse ele mais uma vez apertando a faca em minha costela fazendo com que meus lábios se apertassem contra os dentes para segurar o grito— Seja boazinha e eu prometo não te deixar sofrendo.

As lagrimas cortavam minha pele como a arma branca que cortava minha pele e quanto mais perto do ato final mais elas caiam pelo meu rosto. Minhas esperanças estavam por um fio quando enfim aconteceu a parada, não demorou nem dois segundos até o rosto de George iluminar meus receios.

George fechou o rosto em uma expressão horrível enquanto caminhava em nossa direção, foi tudo muito rápido nem sei exatamente como George jogou o homem ao chão. houve literalmente uma luta eu mal conseguia respirar só consegui fazer um movimento rápido quando vi a lamina prateada ser levada em direção a George como eu estava próxima tentei segura-la sofrendo ferimentos nas mãos até enfim conseguir tomar posse dela, tudo realmente acabou quando policiais invadiram a cena algemando o homem.

Assim que George voltou os olhos para mim sua expressão era de dor eu queria agradecer mas fui surpreendida pelas suas mãos cercarem meu rosto e seus lábios se fundirem aos meus em um beijo digno ao titulo de Super Herói e isso era exatamente o que George era o meu Herói.

—Eu não quero ficar sozinha. —Pedi assim que George encostou em frente ao meu apartamento.

—Tudo bem eu posso ficar com você essa noite.

—Obrigada.

—Não precisa agradecer eu entendo o seu temor.

—Não George eu quero agradecer por ter salvo a minha vida eu nem sei se posso agradecer isso.

—E não precisa. —Respondeu ele se arcando e beijando meus lábios.

Naquela noite George dormiu ao meu lado apenas isso nada demais e demorou mais do que uma única noite para que nos envolvêssemos verdadeiramente, mas não foi tanto tempo assim para que ele me conquistasse com seu jeito amoroso e protetor aos poucos fui me apaixonando e quando menos notei já dividíamos a mesma casa eu ia com ele para vários lugares do País fechar negócios com grandes escritores eu estava feliz nada poderia mexer com meu interior até uma quinta feira qualquer quando George havia marcado a sessão de autógrafos com o escritor do momento o criador do livro "Ao por do Sol" o único escritor que não pude ir com George por conta da correria do Book Caffé o que naquela manhã de quinta feira estava muito maior por conta do escritor e sua fama o que não diminuiu durante o dia todo.

—Ana já fechamos por hoje— Alertou Geovana abanando o rosto com um guardanapo— Vou levar esses sonhos de Lua de Mel para o lindo rapaz você poderia levar um café ao leite pra ele?

—Claro já chego lá.

Preparei o café com todo cuidado e carinho que sempre preparo assim que a tonalidade ficou perfeita o embalei e levei até o escritório de George.

—Querida estamos aqui. —Chamou George da outra sala.

Assim que entrei na sala meu sorriso se apagou enquanto todo o mundo ao meu redor tornou se cinza menos a pele clara tatuada e as madeixas loiras, foi impossível impedir que minhas mãos soltassem a bandeja assim que os olhos azuis como o céu encontrou os meus. David parecia tão surpreso quanto eu seus olhos não conseguiam desviar causando um tremor em minha espinha.

—Ana. —Sussurrou ele fazendo com que brotassem lagrimas em meus olhos.


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