Bonnie POV

Quando acordei, não estava agindo por mim mesmo. Era só...

(Dor.)

(Eu tentei ser bom com você, Bonnie. Mas como não quis me escutar... acho que vai ter que me obedecer à força.)

Por sorte, Foxy não estava ali. Aquela coisa estava me controlando. Eu só pensava em...

(mata-lo.)

Mas afinal, o que você é? Porque tem que me odiar tanto?

(Eu não te odeio meu querido. Só faço isso porque sei que é o melhor pra você. Eu odeio quem te odeia. Só isso. Eu sou algo em você. Algo que você nunca vai conseguir esconder. Por mais que tente. Sou sangue do seu sangue. Por mais que agora eu esteja morto... você vai me manter forte. Só faço isso porque eu te amo. Por isso fiz aquilo com a sua...)

Não! Não pode ser... Pare!

Levantei-me. Caminhei até a cozinha. Ali não havia ninguém. A cada passo que dava mais aquilo ia me dominando. Abri uma gaveta e peguei uma faca. A mais afiada. Sabia o que (não) devia fazer. Oh, por favor... Eu lhe suplico. Não me deixe fazer isso... Afinal... Quem é você? Por que está aqui?

(Oh, meu querido. Sabia que me perguntaria isso algum dia. Sou a coisa que você mais detesta, mais menospreza... Consegue adivinhar?)

Não pode ser... Você é...

(O meu pai.)

(Por isso estou aqui. Sei que bem no fundo você gosta de mim, filho. As pessoas me fizeram mal onde eu estava. Mas agora eu já me sinto melhor. Porque você é quem está mantendo minha alma viva. Agora vamos... Faça tudo o que eu lhe mandar...)

Minha cabeça doía, não conseguia me mover por vontade própria. Havia me tornado um fantoche nas mãos dele. Andei mais um pouco e encontrei Foxy na sala do vigia. As portas estavam trancadas. Comecei a bater em uma delas, dizendo:

_Foxy... Sou eu... Por favor, abra. Não vou te fazer nenhum mal...

Então ele a abriu. Espantei-me quando o vi. Ele estava me encarando, os olhos vidrados.

Levantei a mão que segurava a faca, como que num impulso para golpeá-lo, mas... Eu paralisei. Consegui ficar “consciente”.

_Me desculpe Foxy... Não sou eu quem está fazendo isso. Por favor, acredite em mim. Só... Corra. Antes que...

Ele se levantou, abriu a outra porta e saiu correndo. Se trancou na Kids Cove.

(Vê? Pra onde ele foi fugir? Acredita em mim agora?).

Entrei. Mangle estava em sua frente, com os braços abertos. Ela disse:

_Não machuque Foxy senpai... Eu sei quem você é. Sei o que você fez, e o que te fizeram também. Consigo ver em seus olhos toda essa raiva. Mas foi por sua própria culpa. Tudo consequência dos seus atos. Pare de descontar isso nas pessoas que não tem nada a ver com isso._ Algo começou a escorrer pelos seus olhos._ Você não precisa disso. Você tem o perdão deles. De todos eles. Então... Pare com isso. Pare de ficar fazendo a cabeça de Bonnie com mentiras. Você não tem ideia sobre os sentimentos que Foxy tem por ele. Só o está fazendo sofrer. E pra quê? Você não vai ganhar nada com isso. Absolutamente nada.

(Bonnie... eu quero que você...)

(Mate-a)

Andei em sua direção. Por mais que eu não gostasse tanto de Mangle, nunca faria mal a ela. Mas...

Ela gritou alto. Dei a primeira facada em seu peito. Caiu logo em seguida. Ela ainda respirava, mas bem lentamente. De uma forma que mal se percebia. Me aproximei lentamente de Foxy e disse:

_Não vai doer...

Eu não conseguia controlar aquilo. Ergui a faca, mas... quando fui dar o golpe final, decidi que não precisava obedecê-lo . que podia dar um fim a isso sem ferir mais ninguém.

Cravei-a em mim mesmo.

(Como pôde?? Você não sabe o que acabou de fazer! Agora nós dois vamos...)

(Morrer)

Caí de joelhos, em seguida, senti tudo aquilo saindo de dentro de mim. Todas as coisas ruins. As que eu já tinha feito e as que eu fora forçado a fazer. Meu coração (ou qualquer outra coisa que me fazia permanecer “vivo”) batia mais devagar a cada momento. Estava fraco. Minhas pernas já estavam adormecidas. Meus olhos estavam quase se fechando. Logo ouvi a voz de Foxy:

_Bonnie!

Ele segurou minha cabeça, evitando que eu a batesse quando caí. Ele começou a chorar. Logo suas lágrimas começaram a cair a e escorrer pelo meu rosto. Ele soluçava.

_Bonnie, por favor... Não me deixe... Você é a pessoa mais importante pra mim e... eu não sei o que eu faria.

_Mangle está bem... Ela vai cuidar de você. Eu sei disso._ disse com a voz fraca.

_Mas...

_Shhh...

Ele trouxe seu rosto a poucos centímetros do meu e disse:

_Mas é você quem eu amo. Por favor... Fique comigo.

Foxy então me beijou. Fora o beijo mais verdadeiro que eu recebera em toda minha vida. Sabia que eu não podia abandoná-lo. Ele se separou lentamente. Sentia sua respiração. Estava um pouco ofegante. Ele tentava enxugar as lágrimas incessantes, porém era em vão. Ele segurou minha mão direita e apertou-a. Tentava dizer algo, mas não conseguia. Ele olhou para o meu ferimento.

_Queria que tudo voltasse a ser como era antes... Mas foi tudo culpa minha.

_Não, não foi...

Minha respiração estava cada vez pior. Mangle havia se arrastado até um dos cantos da Kids Cove, enquanto tentava manter-se funcionando.

_Bonnie... Posso dizer uma coisa?

_Claro.

_Olha... Lembra-se de quando eu disse que talvez você tivesse sido programado de forma errada?

_Lembro.

_Então. Eu estava errada. Acho que quem estava errada aqui era eu. Nunca vi ninguém fazer algo tão bom antes. Acho que Foxy senpai também faria tudo isso por você.

_Faria até mais, Mangle._ ele disse._ faria de tudo pra que ele não... Você sabe.

_Desativasse?

_É... Quase isso. Tenho medo de isso acontecer. Muito medo. Não quero... Perdê-lo.

_Nossa... Admiro muito o quanto vocês dois são amigos.

Ele sorriu, apesar de ainda estar chorando. Eu já estava prestes a... Acho que meus batimentos estavam mais lentos do que nunca. Estava complicado me manter de olhos abertos. Dei um suspiro (temia que fosse meu último).

No meu subconsciente, eu a vi. Minha mãe. Era o mesmo fundo branco. Ela estava sorrindo, de braços abertos, pronta para me dar um de seus calorosos abraços. Como sentia saudade... De sua voz, de tudo nela. Do nada, ele apareceu em meus pensamentos. Devia parar de me preocupar com isso. Ele está morto agora. Como sempre esteve. Andei em direção à ela. Segurei suas mãos e ela me disse:

_Olá meu querido. Você cresceu! Como está bonito!

(incrível como eu seria se ainda fosse... Vocês sabem).

A abracei. Bem forte.

_Filho, também senti sua falta. Nunca te esqueci. Juro. Sempre esteve aqui, no coração de sua mãe. Quando te perdi eu quase morri de tanto lhe procurar. Não desisti de você em nenhum momento da minha vida. Mas agora... Eu... Estou num lugar melhor... Não se preocupe... Nós vamos nos encontrar de novo um dia. Mas agora você deve continuar. Fique ao lado de quem te ama verdadeiramente. Claro que eu te amo, mas... Ainda não é sua hora.

Ela deu um beijo na cabeça. Céus... Por quê? Nunca mais poderei abraçá-la... Sequer saberei se ela arranjou alguém, ou como ela está, onde mora... Pelo menos sei que ela não me esqueceu. Pelo menos sei que ela ainda me ama. Agora ela está... Num lugar onde nunca mais terá o sofrimento que tinha aqui. E isso me faz sentir melhor. Apesar de tudo.

Abri meus olhos, ofegante. Olhei para os lados. Freddy e Chica estavam parados em pé na entrada da Kids Cove. Não diziam nada. Quando Foxy finalmente percebeu que eu não tinha... “Desativado” simplesmente sorriu e me abraçou.

_Meu Deus, obrigado! Nunca mais me assuste desse jeito, por favor! _ ele disse.

_Prometo._ respondi enquanto acariciava seu rosto. Ele desviou o olhar, corando. Ele não disse mais nada, apenas me beijou. Sentia um calor no peito.

_Bonnie... Você é a melhor coisa que já me aconteceu...

Continuei abraçando-o. Tudo estava bem. Sem problemas. Sobre Mangle? Acho que um dia será reconstruída. Devo isso a ela.

Enfim... Muitos chamariam isso de “Final feliz.”

Eu particularmente discordo.

Porque chamar isso de “Final”?

É apenas um novo começo.