Eu e Jade entramos no quarto de Sophie, sentando em sua cama, enquanto observávamos Peter e James ajeitarem os colchões no chão. Aquilo estava sendo muito hilário.

– Vocês sabem, que quem deveria fazer isso são vocês né? – James reclamou.

– E eu também sei que se nós fizermos isso, vocês não vão fazer nada, então... – falei e ele assentiu, cansado.

– Parem de reclamar, vocês já fizeram coisa pior... – Jade falou.

– Ate a Jade ta zuando vocês cara! – falei sorrindo, mas coloquei a mão em minha barriga, sentindo a sensação que vem me perseguindo pelos últimos dias. – De novo não... – levantei da cama, correndo pelo corredor ate a porta do banheiro. O gosto amargo subiu queimando a minha garganta. Mal consegui chegar ao banheiro. Joguei-me de joelhos no chão, levantei a tampa do vaso enquanto colocava tudo para fora. Senti alguém segurar meus cabelos enquanto acariciava as minhas costas, não precisava ver para saber que era meu namorado.

– Estou preocupado com você. Me deixa te levar no médico, por favor.

– Eu estou bem James. Devo ter comido alguma coisa estraga. Já tive isso antes, meu amor. Vou ficar bem. – falei enquanto me levantava, James passou o braço ao redor da minha cintura enquanto com o outro ele abaixou a tampa do vaso e deu a descarga.

– Um mês Camille. Você já tá assim há um mês!

– Eu sei! Vou ficar bem, eu prometo. – falei. – Pega a escova pra mim? Se eu continuar com esse gosto na boca, eu vou acabar vomitando, de novo.

Escovei meus dentes rapidamente, com os olhares de James sobre mim o tempo todo. Voltamos para o quarto, Peter havia terminado de arrumar as camas, Sophie já havia voltado com a comida e já havia trocado de roupa, colocando o seu pijama, assim como Jade.

– Eu juro que se Drake não chegar logo, eu vou matar ele. – Peter falou.

– Deviam ter deixado pra ele arrumar a cama dele! – Soph falou, enquanto ajeitava as coisas no chão.

– Você deveria parar de ser tão chata! – falei, me sentando aos pés da cama. Minha cabeça rodava.

– De novo? – me perguntou.

– De novo! – falei, encostando a cabeça em seu colchão.

– O que faremos com você? – Jade perguntou.

– Não faremos nada!

– James, Drake chegou! – Tia Alexandra gritou. Alguns segundos depois Drake ultrapassou a porta.

– Depois o enrolado sou eu! – Peter disse.

– Também te amo ta cara? – Drake falou, enquanto colocava a mochila no chão.

– Beleza. Qual vai ser o filme então? – James perguntou.

– Que tal... Velozes e Furiosos 7? – Sophie sugeriu e todo mundo acabou aceitando.

Nos ajeitamos em cada colchão: James e eu ficamos no meio, Peter e Jade a nossa direita e Drake deitou a nossa esquerda. Pegamos os potes de pipoca e bala, enquanto Sophie colocava o filme na televisão gigante de seu quarto. Logo depois ela se jogou na cama.

O filme era bom, os atores eram bons, os carros eram lindos, as corridas eram fodas... Não sei em que momento o filme passou de foda para tediante e eu acabei ficando cansada, meus olhos teimavam em querer fechar. James me ajeitou em seus braços, como sempre fazia todas as noites, e eu não aguentei, pegando no sono.

O que pareceu um eternidade acabou sendo interrompida por um movimento brusco. Abri meus olhos repentinamente. O quarto estava escuro, a televisão desligada e, ao contrario de antes, eu estava tapada. Entretanto James não estava mais deitado comigo.
Passado o momento de leseira pós sono, eu realmente percebi o que estava acontecendo: ninguém mais dormia, os meninos estávamos distraídos com a tarefa de segurar e tentar acordar Sophie, já que a mesma, ainda dormindo, se debatia e falava coisas desconexas.

– Peter segura o braço dela, Drake segura as pernas. Camille me ajude com a cabeça. – James falou. – Não deixem ela se machucar.

– Eu vou chamar seus pais! – Jade falou, James assentiu enquanto a mesma saia do quarto.

– Sophie, me escuta... Escute a minha voz Soph. É só um sonho! – James falou, mas não teve reação nenhuma aparente.

– James precisamos acorda-la... – Peter falou.

– Não! Se ela não acordar por conta própria, ela ficará com traumas permanentes! – falou e voltou sua atenção para a irmã. – Sophie, venha em direção a minha voz! Você precisa acordar!

– James... Me... Ajuda! – ela murmurou, sua voz era contida por dor. Seja lá o que ela estivesse vendo ou sentindo, a estava machucando. Sophie se debatia com toda a sua força, os meninos estavam fazendo de tudo para segura-la. Nesse momento, eu senti alguma coisa escorrer pelas minhas mãos. Quando observei melhor, percebi um liquido escuro saindo de seus ouvidos. Sangue.

– James! Os ouvidos... – falei e ele percebeu.

– Eu estou tentando Sophie! Nada disso é real. Nada é real Sophie. – ele falou e, de repente, ela parou. - Soph?! – Sua respiração era praticamente imperceptível, mas ainda estava ali. Entretanto não tivemos nenhuma resposta. Tia Alexandra e tio Steve chegaram nesse momento.

– O que aconteceu? – Alexandra perguntou.

– Ela viu alguma coisa! – James falou.

– O que você quer dizer com “ela viu alguma coisa” ? – Steve perguntou se sentando ao lado de Sophie, onde antes estava Peter.

– Do mesmo jeito que o soro do Super Soldado me transformou fisicamente, transformou ela... psiquicamente! Sophie pode ver atrás de um futuro próximo. – ele explicou.

– Isso é impossível! – Alexandra falou.

– Do mesmo jeito que meu pai não pode voar, do mesmo jeito que não existem monstros verdes ou deuses nórdicos ou homens que não podem morrer! Nós vivemos no mundo do impossível! – Drake falou.

– Tudo bem... Mas isso acontece todas as vezes? Ela fica nesse estado todas as vezes? – Steve perguntou.

– Não! Ela só ficou assim uma vez! Logo depois que vocês sumiram na missão... Ela viu uma batalha entre humanos e monstros alienígenas... Seja lá o que estiver pra acontecer... É igualmente grande e perturbador!