Acordei um pouco mais cedo do que o esperado, considerando os acontecimentos da noite anterior. A verdade é que eu mal consegui pregar os olhos com tudo o que passava na minha cabeça. Senti o coração de Peter embaixo de minha mão direita, apoiada em seu peito. Olhei para ela e vi pontos verdes em meus dedos. 'Agora não', pensei antes de me levantar, devagar, para não acorda-lo.
Sentei-me enquanto tentava me acalmar, controlar a respiração, para aquilo sumir. Não poderia estar acontecendo, não agora. Senti uma mão masculina em minha cintura e sabia que Peter estava acordado.
– Ta tudo bem? - perguntei com a voz ainda embargada pelo sono.
– Ta sim, pode voltar a dormir. - sabia que aquilo não o convenceria.
– O que aconteceu? - perguntou, se sentando atrás de mim, me mantendo entre suas pernas. Escondi minha mão embaixo da colcha.
– Você ainda ficaria comigo se eu fosse igual ao meu pai?
– Igual ao seu pai como? - perguntou.
– Você sabe como! - falei encarando seus olhos e tentando entender como ele podia ser tão lerdo de manha.
– Ah, daquele jeito? Todo verde e grande? - perguntou e eu assenti. - Eu te amo Jade. E nem essa transformação genética e essa mudança emocional, vão mudar isso. Eu te amo! - falou e beijou o topo da minha cabeça. - Qual é o problema? - tirei a mão de debaixo a colcha, deixando que ele visse meus dedos agora cobertos por uma coloração verde. - Há quanto tempo isso ta acontecendo?
– Umas duas semanas.
– Porque você não falou nada? Você precisa falar com seu pai! Só ele pode ajudar você!
– Não! - falei um pouco alto demais, olhei para a cama de Sophie e vi que eles ainda dormiam. - Ele está tão feliz achando que eu não sou igual a ele. Não tire isso dele. E nem é tão ruim, só fica assim quando eu fico muito agitada emocionalmente. Me prometa que não contará a ele. Me prometa.
– Eu prometo se você me jurar que, se sair do controle, você vai pedir ajuda.
– Eu juro. - falei. Me abraçou e nos deitamos de novo. Ele começou a fazer carinho no meu braço e isso me acalmava, Peter sabia disso. Minha mão voltava ao normal.
– Bom dia. - Sophie falou com voz de sono. Ela sentou e olhou para nós enquanto espreguiçava.
– Bom dia. - respondemos juntos. Soph olhou para o lado e perguntou:
– Cadê Camille?
– Depois dos acontecimentos de ontem, ela achou melhor ir para casa. - falei e Sophie assentiu.
– Vou ligar pra ela depois. - falou.
– Hey, nada disso é culpa sua! Todos sabemos disso inclusive Camille. Vai ficar tudo bem! - James falou enquanto se levantava. - E eu vou fingir que não estou vendo isso Drake. Pelo bem do resto da minha saúde mental. - Drake beijava o ombro desnudo de Sophie. Rimos.
– Desculpa cara, força do habito.
– Cara, eu não preciso saber o que vocês fazem sozinhos. - James falou fazendo cara de nojo. - Deus, não. Não preciso dessa imagem na minha cabeça. - Rimos mais.
– Tudo bem, chega desse papo. - Sophie falou se levantando da cama. - Eu e Jade precisamos ir buscar Camille e ir pro salão. E vocês três vão sumir dessa casa pelo resto do dia. Entenderão?
– Sim senhora! - Drake falou colocando a mão na testa, como um soldado, mas era difícil leva-lo a sério quando ele estava usando apenas uma calça de moletom e seu cabelo estava bagunçado.
– Drake, respeito por favor! - Peter falou enquanto tampava meus olhos.
– Opa. Desculpa Jade. - ouvi Drake falar e quando Peter tirou as mãos de frente dos meus olhos, o namorado da minha amiga vestido uma regada básica.
– Tudo bem Drake, meu namorado é ciumento demais. - falei enquanto olhava para Peter e lhe dava um tapa no braço.
– Muito bem, vamos tomar café? - James perguntou enquanto Peter se levantava e me estendia a mão.
– Quanto a isso, não estou muito a fim de enfrentar seu pai não! - Drake murmurou e James riu, enquanto abria a porta.
– Vamos lá cara. Eu te protejo. - Peter falou passando o braço pelos ombros de Drake.