Tempest escrita por Kaline Bogard


Capítulo 10
Capítulo 10 – Rotina quebrada


Notas iniciais do capítulo

Dia 10
Envelheço na cidade (Ira)

* Sorry a demora. Fui ao dentista D:



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Tempest

Kaline Bogard

Capítulo 10 – Rotina quebrada

— Kagami...

O ruivo ouviu o chamado preguiçoso e não se abalou. Apenas esticou a mão esquerda, pegou o controle remoto e aumentou um pouco o volume da televisão. Sequer desviou os olhos do caderno ou parou de escrever com a mão direita.

Estava sentado no chão da sala, reclinado sobre a mesinha de centro, resolvendo as lições de inglês de Aomine, o folgado deitado no sofá jogando vídeo-game.

— Kagami...

Dessa vez largou o lápis e levantou-se. Foi até o quarto pegar um segundo travesseiro, voltou para a sala e ajeitou sobre o que Aomine já usava, assim que o rapaz ergueu-se um pouco. Dois travesseiros eram melhores do que um.

Sentou-se no chão e retomou a lição. Mal respondeu duas questões e o silêncio foi quebrado.

— Kagami...

Sem reclamar levantou-se outra vez. Foi até a janela e puxou as cortinhas escuras, diminuindo consideravelmente a claridade na sala, não a ponto de atrapalhar a leitura do caderno, mas o bastante para dar certo “clima” ao ambiente.

Sentou-se no chão e concentrou-se nas respostas. Conseguiu virar a página (wow) antes de ouvir seu nome.

— Kagami...

Girou os olhos usando toda sua concentração para não perder a paciência. Ergueu-se e foi até o canto da sala pegar o aquecedor de ar portátil. Ligou o aparelho na velocidade mediana e assim que o ar mais quente se esparramou pela sala voltou ao seu lugar resolvendo exercícios.

Por quase dois minutos.

— Kagami...

Engoliu um palavrão, não ia adiantar perder a paciência de qualquer jeito. Foi até a cozinha buscar uma garrafinha de água gelada, mesmo com o clima cada vez mais frio. Ao voltar para a sala arremessou para Aomine que a pegou no ar, com um sorriso muito satisfeito.

Agora sim! O ritual estava completo. Fazia quase uma semana que estavam naquela rotina. Depois de dois dias Taiga pegara o jeito. Cada chamado era sempre para uma coisa específica, e geralmente vinha em ordem: volume da televisão, travesseiro extra, cortina semicerrada, aquecedor de ar no médio e água gelada. Então ganhava como prêmio a paz para que resolvesse as tarefas de casa até que tivesse que improvisar algo para comerem e então Aomine ia embora. Já se acostumara.

Apesar de chato e inconveniente, quando entrava na rotina podia seguir o fluxo sem se estressar ou irritar. Além disso, Taiga tinha outro assunto mais sério em mente...

— Kagami...

O ruivo soltou o lápis sobre o caderno e fez menção de se erguer, mas parou. Franziu as sobrancelhas, confuso. Aquele chamado fora inusitado!

— O que você quer, Aomine? — hesitação de dois segundos — SAMA!

— Nada. É que esse é o nome da febre que estou criando. O que acha: Kagami1 N1? Vou dizimar o mundo com ela.

Taiga fez uma careta.

— Faça como quiser — baixou os olhos para o caderno.

— O que você prefere: contágio pela água ou pelo ar?

— Pela água — respondeu sem dar muita atenção ao caso.

— Os sintomas... as pessoas contagiadas com Kagami1 N1 vão se encher de bolhas de pus e sangrar ou sofrer degeneração cerebral?

— Que jogo nojento! — Taiga resmungou — Eles deviam ser Aominezados. Isso!! Todo ser humano Aominezado vai ficar chato pra cacete, daí um mata o outro e fim.

Daiki riu da resposta.

— Não tem essa opção no menu ainda. São as bolhas ou a degeneração.

— Faça como quiser, inferno — deu de ombros.

— Oe, Kagami. Vou começar o contágio pelos Estados Unidos. Faz de conta que você ta lá ainda, o que acha?

— O máximo. Mas devia começar pelo Japão e se matar no processo.

— Olha o respeito, escravo. Melhor contagiar o Sudão.

Ao ouvir isso Kagami ergueu a cabeça e olhou a tela da TV.

— Por quê? Eles já têm tanto problema por lá... devia jogar algo mais útil.

Daiki observou o outro rapaz. Estava estranhando aquela passividade toda. Pelo jeito Kagami resolvera ser o melhor escravo do mundo, sem reclamar ou criar caso. Não vira a menor chance de aumentar o castigo. Jogariam a revanche no dia seguinte.

— Isso que é levar um jogo a sério — se viu dizendo sem poder controlar, um pouco impressionado.

— Hn? — Kagami voltou os olhos em Daiki, mas logo a compreensão do que ele dissera venceu a distração. Animou-se completamente — Claro! Sempre levo meus jogos a sério. Faz uns dois dias que não estou dormindo direito de empolgação.

Aomine pausou o game.

— Dois dias sem dormir? Oe, é exagero, Kagami!

— Exagero?! É uma disputa de vida ou morte — parou e pensou um pouco — Ta, não é de vida ou morte. Mas eu não quero perder de jeito algum!

— E você acha que vai ganhar? — ergueu uma sobrancelha, desdenhando das esperanças do ruivo. Pobre coitado, acreditando que ia ficar livre.

A pergunta depreciativa não diminuiu a empolgação de Taiga. Pelo contrário! Foi como se chamas se acendessem naquelas íris avermelhadas. Nunca vira o outro tão empolgado com algo! Incrível.

— Com certeza!

— Quanta esperança...

— Oe, eu sei que não será fácil. Ele já viu quase todos os nossos truques — baixou o tom de voz — E nosso último jogo terminou em empate. Mas dessa vez vou vencer com certeza!!

Daiki não compreendeu. “Ele”? “Empate”? Do que o idiota estava falando?

— Bakagami, só pra ficar claro: o assunto atual é o jogo de amanhã?

O ruivo abriu os lábios para responder, mas refreou-se a tempo. Deu a impressão de pensar, enrugando a testa. Havia um ponto de interrogação quase visível pairando sobre sua cabeça.

— Que jogo de amanhã?

— Caralho, Kagami! Nosso um-contra-um! — Daiki irritou-se.

— Ow. Verdade! Eu tinha me esquecido... é amanhã!

— E do que você tá falando afinal? — perguntou meio chocado com o que acabara de ouvir.

Taiga inclinou-se para trás e apoiou as duas mãos no piso de madeira. Abriu um sorriso tão iluminado que Daiki pensou que ia ficar cego!

— Nosa técnica conseguiu marcar um amistoso contra Shutoku. Vou enfrentar Midorima na sexta-feira! Mal posso esperar.

Daiki fez uma careta.

— Desde quando jogar contra o Midorima é mais emocionante do que jogar contra mim?

Kagami caiu de costas o chão e riu. Riu muito.

— Não fode, Ahomine! Partida séria é diferente! Nosso um-contra-um é só uma brincadeira de rua. Mas jogar pra valer contra o Midorima vai ser demais! Terminamos empatados da ultima vez. Agora eu tenho que ganhar!

— Ee? Você perdeu o sono só por causa disso?

— Claro! Estou empolgado demais, não consigo parar de pensar na sexta-feira! Aquele cara é um monstro! To contando as horas... — sentou-se no chão e lançou um olhar para Daiki que comprovava o quão ansioso o ruivo se sentia — Esqueci completamente nosso um-contra-um amanhã. Mas não se preocupa, eu vou jogar muito a sério e...

Aomine balançou a cabeça e estreitou os olhos, mirando Taiga com raiva.

— Não vai ter revanche amanhã, baka.

— O quê?! — foi a vez de Kagami ficar chocado.

— Mudei de ideia. Sem revanche pra você tão cedo.

— Não pode fazer isso!

— Claro que posso — ficou em pé, deixando o joystick sobre o sofá. A vontade de jogar desaparecera. Seu bom humor levara uma rasteira, caíra no chão e se partira em milhões de pedacinhos — Meu escravo, minhas regras.

— Não é justo! — Taiga desesperou-se.

— Eu nunca disse que seria — pegou a mochila e colocou sobre o ombro, preparando-se para ir embora. Não se preocupou em recolher o caderno que o ruivo respondia.

— AOMINE!

— Nosso jogo não é só uma “brincadeira” de rua. Leve mais a sério.

— Eu levo! Espera! — ficou de pé enquanto Daiki calçava os tênis no genkan. Nem se deu ao trabalho de amarrar o cadarço, apenas encaixando-os nos pés cobertos com a meia grossa.

— Quando passar sua crise de menininha eu marco outra data. Mas é melhor ter foco, baka. E não pensar em mais nada além de mim — ordenou antes de sair pela porta, deixando um rastro negro de puro mau humor.

Kagami sentiu o sangue gelar nas veias. Seu queixo foi ao chão e esqueceu o caminho de volta. Em segundos o rosto pegou fogo, enquanto corava do pescoço até as orelhas.

Aquele animal tinha a menor noção da coisa estranha que tinha acabado de exigir?!

E que diabos fora aquela cena?!

continua...


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Notas finais do capítulo

Fim do ciclo 01

Socorr



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