Era domingo e Renji havia acabado de varrer a loja de conveniência. Ele guardou os utensílios de limpeza no armário e decidiu tomar um banho para se refrescar, fazia muito calor em Karakura.

Depois e encher a banheira, Renji tirou as roupas e mergulhou o corpo na água fresquinha. Ele deixou a cabeça numa almofadinha de plástico, na borda da banheira e ficou de olhos fechados, movimentando as mãos de um lado para o outro, brincando com a espuma.

Urahara não estava em casa, aliás, Renji estava sozinho. E por isso ele estava tão à vontade, a ponto de tomar um banho relaxante como aquele na banheira.

Não sabia quando retornaria para a Seireitei, e viver no mundo material era exaustivo. Além de fazer seu trabalho como shinigami, ele ainda tinha que se esforçar na loja de Urahara, em troca de um abrigo e comida.

Renji suspirou, apoiando a cabeça nas mãos, bem na borda da banheira. Os cabelos molhados pingavam no chão, ele olhava desanimado para a janelinha, pensando no que poderia estar fazendo se estivesse em casa. Estava com saudades de quando as coisas eram mais fáceis. Quando não existia nenhum shinigami substituto para ele servir de babá. Mas, principalmente, estava com saudades de ter com quem dividir sua banheira. Mesmo que pequena, era muito bem aproveitada.

O que seu taichou estaria fazendo agora?

Renji terminou o banho e saiu da banheira quando os dedos já estavam levemente enrugados. Ele secou o corpo com uma toalha e decidiu se arrumar para dar uma volta na cidade. Achava as roupas dali bastante curiosas e curtia fazer um estilo bem eclético, depois de um tempo acabou pegando o jeito e se vestindo bem.

Só foi o tempo de pôr os sapatos e ajeitar a bandana na cabeça que a paz e o silêncio foram quebrados. Renji arqueou a sobrancelha, espichando os olhos para ver qual era o motivo de tanta bagunça. O barulho vinha da loja. Foi rapidamente verificar o que estava acontecendo, já que a Loja estava fechada. Afinal, era domingo.

— Ninguém mais trabalha aqui? — Perguntou uma voz familiar, batendo a mão no balcão.

Renji trincou os dentes quando reconheceu a voz de Ichigo.

— O que você quer aqui? — O ruivo passou pela porta completamente irritado. — É domingo, dia de descanso... aliás, como é que você entrou aqui se estava tudo fechado?

— Eu abri a porta, ué. — Ichigo enfiou as mãos nos bolsos da calça. — Preciso de ajuda, a Rukia não está no meu guarda-roupa, nem na cozinha e nem em lugar nenhum.

Renji deu de ombros, cruzando os braços.

— Eu não sou a babá dela.

— Já faz mais de quatro horas que ela sumiu. — Ichigo insistiu.

— E daí? Rukia sabe muito bem se virar sozinha. — Renji respondeu, sem vontade.

— Não seja idiota. — Ichigo ergueu a voz, fazendo o shinigami aproximar-se do balcão ferozmente.

— Quem é idiota aqui?

— Você!

Os dois se encararam, feito cães selvagens, rosnando com os dentes à mostra.

— Se Rukia estivesse com problemas, eu saberia. — Renji disse por fim.

— Mesmo assim, eu não gosto quando ela desaparece, pode aprontar alguma coisa na cidade. Sei lá. — Ichigo mexeu no cabelo, e depois levou a mão até o queixo pensando em onde poderia encontrá-la.

Renji revirou os olhos, irritado.

— Tá, eu vou com você. Mas vai ter que me pagar o almoço. — Renji pulou o balcão. — E aqueles sorvetes azuis. E...

— Tá pedindo demais, vamos logo.

Renji seguiu Ichigo para fora da loja, pensando em sua casa, em seu posto na sexta divisão. Ele soltou um longo suspiro, chamando a atenção de Ichigo.

— Esta tudo bem?

— Hmm. Tá sim. — Renji mentiu, fazendo uma careta para Ichigo. — Tá preocupado comigo?

— Eu? Nunca! — Ichigo revidou a careta.

A briga voltou, a paz foi embora, e a saudade de Renji ficou para mais tarde.