Diamond: A história de uma loba escrita por meriesha


Capítulo 40
A loba perdida


Notas iniciais do capítulo

ahhh me perdoem por postar tao tarde! eu tive um dia muito corrido, e quando fiquei livre estava me sentindo muito mal e fiquei na cama tentando cochilar
enfim, espero que gostem! finalmente vamos realmente entender o que aconteceu com a querida moony



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Moony

 

Comia tranquilamente uma lebre que havia caçado. Estava deitada sob a sobra de uma árvore e alguns poucos raios de sol tocavam meu pelo castanho.

― Por que está comendo isso? – uma voz masculina soou perto de mim, fazendo com que eu me assustasse um pouquinho.

― Porque é gostoso. – respondi, terminando meu lanche.

― Sim, mas você sabe que há uma carcaça quase fresca de cervo ali, certo?

― Eu sei, Liam. – levantei-me para conversar. – Apenas queria comer uma lebre.

Uma pequena memória se acendeu dentro de mim. Acabei me lembrando brevemente de como adorava pegar, ou, tentar pegar lebres quando era filhote. Minha mente ficou turva por alguns instantes, até que voltei à realidade.

― Você é estranha, Moon. – ele deu uma curta risada. – De qualquer forma, eu vou dar uma volta, você quer vir?

― Nah, sabe como tenho preguiça... Pode ir, eu te alcanço depois.

― Você quem sabe. – meu irmão lambeu minha bochecha e seguiu andando.

Observei-o ir embora e fiquei sozinha, imersa em minhas lembranças. Não havia um só dia onde eu não pensasse em minha antiga, minha verdadeira família. Por mais que tentasse, algo sempre me levava a pensar em Slough Creek, em meus pais e meus irmãos. Eu era tão pequena, mas conseguia me lembrar de inúmeras coisas.

Suspirei e sacudi minha cabeça. Era o pensamento do dia, e logo iria passar. Amanhã aconteceria de novo, e depois de amanhã também. Talvez por toda a vida, mas o que eu iria fazer?

Olhei ao meu redor, contemplando a alcateia. Estava de tarde, um calor agradável tomava conta do lugar, e os lobos descansavam. Eu era tão sortuda por poder estar aqui. Agradecia todos os dias pela piedade da Deusa Loba. Era uma alcateia muito boa, que me aceitou de patas abertas quando era filhote.

Sorri para mim mesma e voltei a me deitar. Sem que percebesse, caí no sono.

Um uivo estranho e ansioso me acordou. Levantei a cabeça e tentei ouvir com mais atenção. Eu conhecia aquele uivo, por mais bizarro que ele fosse. Alguns lobos da alcateia conversavam entre si, distraídos o suficiente para não notarem o som. Com as orelhas em pé, pude ouvi-lo novamente.

Era ele.

Eu não conseguia acreditar, mas só podia ser ele. Radius estava aqui para me ver de novo, depois de tanto tempo!

Sem demora, me levantei. Me afastei um pouco dos lobos e uivei de volta. Uma sensação de euforia tomava conta de mim. Senti tanta falta do meu outro irmão. Ele havia deixado a alcateia já fazia um bom tempo, mas continuava vindo aqui escondido para me visitar. Criamos um uivo secreto para nos comunicarmos. Porém, ele simplesmente parou. Fiquei tão preocupada imaginando que algo havia acontecido, mas ele estava aqui agora.

Corri em direção ao nosso velho ponto de encontro, próximo às margens do território. Já conseguia sentir seu cheiro. Até que parei por alguns instantes, quando outro odor invadiu minhas narinas.

Um odor tão familiar, tão nostálgico.

Havia alguém com ele? Quem? Talvez ele tenha arrumado uma companheira, e por isso parou de me visitar com frequência... Fiz o possível para me reajustar. Não deveria me sentir mal, era um privilégio que ele continuasse vindo, e tinha que ficar feliz por ele. Se ele estivesse feliz, eu também estaria.

Respirei fundo e continuei andando, até me deparar com o lobo alaranjado e, ao seu lado, uma jovem loba branca que exalava nervosismo. Ainda um pouco distante, funguei o ar mais uma vez para captar seu cheiro.

Aquilo estava estranho, não poderia ser. Quero dizer, quais as chances...?

― Moon! Você parece maior, já faz tanto tempo! – ele correu em minha direção para um abraço. Abracei-o, enquanto a loba branca permanecia estática, me encarando como se visse um fantasma.

Só podia ser ela.

Diamond.

Uma de minhas irmãs que já não via há anos. Não entendia como ela foi conhecer Radius, mas não podia negar que estava feliz por isso.

― Sim... já faz um bom tempo... – falei, um tanto trêmula, me soltando do abraço. Será que ela se lembrava de mim?

Radius soltou um pequeno suspiro e olhou a loba.

― Moon, esta é Diamond, minha companheira. Há alguma chance de você ter uma memória dela, por mais vaga que seja?

Era mesmo ela! Eu não conseguia acreditar nas palavras vindas do meu irmão! Eu estava tão surpresa, mas de um jeito muito bom.

― Diamond... é mesmo você? – me aproximei dela. Ela estava tão crescida, tão bonita. Milhões de flashes de nós duas brincando me vieram na cabeça.

― Moony! Você está viva, você está aqui! – ela me abraçou carinhosamente, abanando sua cauda sem parar. Sorri, pois minha cauda se comportava da mesma maneira.

Começamos a pular e correr em volta de nós mesmas, como pequenas filhotes.

― É tão incrível te ver! Como isso aconteceu?! – perguntei sem esconder minha surpresa.

― Eu não sei! Mas estou tão feliz por ter achado você!

Rimos juntas e nos acalmamos um pouco, ainda com as respirações ofegantes. Radius nos observava sentado, com um sorriso no focinho.

― Todos pensamos que você havia morrido... – Diamond disse, com uma expressão triste.

― Aquele dia foi mesmo confuso... – fechei os olhos. – Eu vou contar o que houve.

 

“O coiote que abocanhara Moon era jovem e inexperiente. Sua mordida não fora fatal, e ele estava um tanto amedrontado. Vira o que tinha acontecido com seus irmãos mais velhos – foram mortos pela grande loba de pelo escuro. O canídeo simplesmente corria por entre as árvores, com a filhote na boca.

Um som agudo ecoou nos céus. Era um grito de águia. O coiote colocou Moon no chão. Sangue escorria de seu pequeno corpo ferido, ela estava cansada demais para sequer tentar fugir. Ele olhou para cima e viu uma águia se aproximar cada vez mais, até que a mesma o atacou com as garras. Atordoado, o frágil animal ganiu e saiu correndo, deixando sua caça para trás.

A águia desceu ao chão e analisou a filhote caída. Cutucou-a gentilmente com o bico, verificando se estava viva – um gemido de dor fora sua resposta.

— Pobrezinha... – a ave a olhava com pena. Felizmente, havia conseguido salvá-la, e sabia o que poderia fazer.

Cuidadosamente a pegou com as garras e levantou voo. Fizeram uma longa viagem até Amethyst Mountain, com direito a diversas pausas. De alguma forma, a pequena guerreira ainda estava viva, e a águia ficava aliviada por isso. Até que chegaram numa alcateia de tamanho mediano. A majestosa ave apenas sabia que ali era o lugar. Soltou alguns gritos e piados, tentando chamar a atenção dos lobos.

Uma bela loba de tons cinzas e castanhos apareceu ao longe, e a águia finalmente pôde deixar a filhote no chão. Cutucou-a novamente com o bico, como se beijasse carinhosamente, e voou. Havia completado sua difícil missão, mas agora a filhote estaria a salvo.”

 

― Ainda parece tão... impossível que esteja mesmo viva. – Diamond falou após minha longa história.

― Eu sei.

― Toda essa situação é extremamente irreal. – Radius comentou. – Parece até as fábulas antigas de lobos.

Dei uma risada. Era verdade. Se eu não tivesse passado por tudo isso eu mesma, provavelmente não acreditaria.

― Entendo que seja cedo demais para perguntar isso, mas... – a loba parecia buscar as palavras. – Você vai voltar para casa?

Eu congelei, não sabia o que responder. Mas, sim, eu queria muito voltar. Apenas parecia injusto largar esta família tão boa que me acolheu por todo esse tempo.

― Mamãe e papai não ficarão chateados, Moon. – Radius me tirou de meus pensamentos. – Quer dizer, não com você. Somente temos que explicar toda essa história para eles. E tenho certeza que você vai poder vir aqui sempre que quiser. 

― Você vem comigo? – perguntei timidamente. Ele provavelmente diria não, mas não custava tentar. Não queria ir sozinha.

― Tudo bem. – Radius respondeu baixo. – Pode ser minha última chance de me resolver com todos.

Sorri e lambi sua bochecha. Sabia como aquilo seria difícil para ele, mas seria bom também. Para ele e para mim.

― Eu quero voltar, Diamond. – suspirei.

Seu olhar era um tanto difícil de entender, mas podia identificar um certo alívio.

― Todos vão ficar tão felizes, as coisas vão voltar a ser como eram. – lágrimas insistiam em querer sair de seus belos olhos azuis. – Você não faz ideia, Moony... Midnight se tornou tão triste sem você. Ela me odeia.

Midnight... sentia tanto a falta da pequena loba negra.

― O quê?

― A sua... “morte”... foi de certa forma minha culpa. A partir daquele dia, tudo mudou, Moony.

Não conseguia imaginar como as coisas estavam. A cada palavra, minha vontade de voltar aumentava cada vez mais e mais. Uma saudade que eu não sabia que existia estava tomando conta de mim por completo.

― Eu sinto muito...

― Não sinta. As coisas foram difíceis para todos, muito mais para você. Poderia ter mesmo morrido, irmã. O que importa é que agora vamos todos voltar a ficar juntos. – ela esfregou seu focinho no meu.

― Você está certa. – engoli em seco. – Vamos, se realmente vou fazer isso, preciso fazer agora.

O casal de lobos assentiu e veio comigo. Entramos calmamente no território, Radius ao meu lado e Diamond logo atrás. Ele estava um pouco acuado, mas tentava manter sua postura. Logo, os membros da alcateia começaram a notar nossa presença, porém apenas segui em direção às árvores caídas – alguns troncos que formavam uma espécie de abrigo, e era onde os alfas permaneciam.

Papai – ou deveria dizer somente Jack? – nos olhava com os olhos cerrados. É claro que ele já havia reconhecido Radius, contudo queria entender o que ele estava fazendo ali. Mamãe estava conversando com Liam, que aparentemente já havia retornado de seu passeio. Me senti mal por não ter ido com ele. Os dois nos olharam também, confusão aparente em seus olhos.

― Filho, o que está fazendo aqui? – nosso pai perguntou, farejando-o. Seu tom revelava surpresa e uma pitada de alegria. – E quem é você? – ele se dirigiu à Diamond.

― É sobre Moon. – ele se afastou um pouco.

― Mãe, pai... precisamos conversar. – eu comuniquei.

Mamãe chegou mais perto. Suas pupilas negras, que contrastavam perfeitamente com seus pelos claros em tons castanhos e cinzas, não paravam de se mover. Amelia era uma loba muito bonita, que me lembrava muito de lobos de histórias antigas que ouvi quando filhote. Sua coloração era linda, ela possuía um fino contorno escuro ao redor dos olhos, que deixava sua beleza ainda mais exótica. Por mais que parecesse frágil, era tão agressiva, se não mais, como Jack.

― O que está havendo? – ela perguntou com sua voz aveludada.

Soltei uma breve lufada de ar e contei tudo a eles, sem faltar nenhum detalhe, desde minha vida como pequena filhote, com Diamond e meus irmãos, até nosso recente reencontro, e como eu queria retornar para meu lar. Terminei meu discurso com lágrimas nos olhos, mas diferente de minha... mãe, não queria deixar que elas saíssem.

― Entendo que podem ficar bravos, mas... eu realmente sinto essa necessidade. Sou muito grata por tudo que fizeram por mim, como me acolheram...

― Moon, está tudo bem. – a bela loba me interrompeu. – Nós compreendemos seu lado. Você foi uma grande bênção da Deusa Loba, mas sempre senti que não seria para sempre. Agora, há uma ponte entre as duas alcateias. E acho que sou capaz de entender o porquê esse era o desejo da Deusa... 

Ela disse a última parte quase que num sussurro, como se ela mesma estivesse decifrando. Eu não entendi muito bem, mas também não me importei. Mas era verdade que agora havia um enorme laço entre Golden Claws e White Fangs. 

― Vamos todos sentir sua falta. Porém, por favor, venha sempre nos ver. ― ela completou, fungando.

Jack encolheu as orelhas e me chamou para um abraço, junto a Amelia e Liam. Enfim deixei que as lágrimas rolassem. Iria sentir tantas saudades, mesmo que eu ainda pudesse vir aqui vê-los. Eu teria uma nova vida agora. Ao menos Radius também estaria lá, para me lembrar sempre deles.

― Te amaremos para sempre. – ele falou.

― Obrigada. Por tudo. Vocês me salvaram. – eu sussurrei a última parte.

Diamond e Radius permaneceram quietos lado a lado, assistindo toda a cena. Os olhos dela estavam um tanto marejados, e brilhavam por conta disso. Ele continuava acuado.

― Radius. – Jack se aproximou. – Eu nunca quis que aquela fosse nossa última lembrança como pai e filho. Saiba que estou muito feliz por ter encontrado uma companheira tão boa, pelo o que Moon disse, e por estar numa alcateia novamente.

― Eu sei. Só estava com raiva. Mas acho que ela finalmente se dissipou.

Radius conversou um pouco com nossos pais e Liam. Engraçado pensar que agora tenho dois pares de pais. Ele realmente parecia melhor e isso me alegrava. Antes de irmos embora, nos despedimos formalmente de toda a alcateia. Admito que seria estranho sair de uma alcateia ligeiramente grande para me acostumar com uma alcateia familiar.

Tudo fora resolvido, todas as pendências.

Eu estava indo para casa. Mal podia acreditar que isso estava mesmo acontecendo. Estava elaborando mil diálogos em minha mente, mesmo que soubesse que não falaria nada daquilo na hora.

Mesmo que eu, Diamond e Radius estivéssemos correndo no mais puro silêncio, minha cabeça estava fazendo um enorme barulho.

Eu estava mesmo indo para casa.


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Notas finais do capítulo

mAOEEEE FINALMENTE A MOONY AAAAAAAAAAAAA
tipo basicamente o nome dela mesmo é moony, e às vezes a julie, diamond etc, chamavam ela de moon como um apelidinho (do mesmo modo que midnight = mid/middy)
mas quando ela chegou na alcateia do radius, disse que seu nome era moon, por isso que ninguém de lá chama ela de moony
hOW CONFUSING
espero que tenham gostado! nos vemos nos comentários (estou amando os comentarios de voces inclusive ♥)



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