Viva la vida escrita por slytherina


Capítulo 3
Every breath you take


Notas iniciais do capítulo

Sammy pondera os erros que cometeu na última missão.



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"Primeiro passo: Fizemos as identidades falsas. Ficaram bem feitas. Segundo passo: Combinamos a estória. Eu era o estudante transferido Sam Hetfield e Dean era o Assistente Social Dean Ulrich. Ele estava investigando um caso de desaparecimento de crianças, no abrigo para menores Orion. Todo mundo engoliu essa estória, era plausível. Terceiro passo: Invadir o escritório privado do gerente daquele estabelecimento. Foi tudo feito profissionalmente. Nenhum fio solto ou objeto fora do lugar, e de quebra matamos a charada. Certo. Então, onde está o erro?"


Sam Winchester coçou a cabeça. Levantou-se da cama de motel barato onde estivera deitado. Foi até a janela do quarto e olhou para o estacionamento, onde há poucos dias estivera um automóvel Chevy Impala estacionado. O estacionamento parecia triste e feio sem aquele carro familiar. O tempo estava frio e seco, o que equivalia a dizer que o vento estava cortante, mesmo às três da tarde de uma segunda feira. Ele voltou para perto da cama. Estava inquieto e angustiado. Sentou-se.


"Talvez a TV esteja passando algo bom." Ele ligou o aparelho. Em meio aos chuviscos apareceu uma cena de novela mexicana, com atrizes supermaquiadas e diálogos dramáticos em espanhol. Mudou o canal. Um reality show onde as pessoas perdiam a cabeça e agrediam uns aos outros com sapatadas. Mudou o canal. Uma cantora com vestes estilizadas se esgoelava e fazia estripulias com sua voz, tornando a música irritante.


Sam divagou. "Como então fomos descobertos? Por que a polícia não aceitou nossas denúncias de que um semideus estava sumindo com as crianças? E o pior de tudo: Por que papai achou que a culpa de tudo dar errado fora minha?" Sam começou a roer as unhas dos dedos. Passou a se lembrar do pai. Sempre reclamando com Dean. Sempre tratando Dean como um soldado raso. Sempre sendo inflexível e seco, nunca se permitindo um gesto de carinho, apreço, ou contentamento genuíno.


"Ao menos papai não disse que a culpa fora de Dean. Ao menos consegui assumir essa carga nos meus ombros. Dean fez tudo certo. Eu que pisei na bola e estraguei tudo. Só não sei como eu fiz isso." Toda a sua vida, Dean lhe ensinara tudo. Como lutar, como usar uma arma de fogo, uma faca, como usar os punhos numa briga. Treinos e treinos de combate, estratégia e resistência física. Seu pai era extremamente duro e rígido com eles, mas quando era Dean quem ministrava o treinamento, o fardo era leve, havia companheirismo, simpatia, cuidado.


Ele sempre seguira fielmente tudo que Dean lhe ensinara. Ele o observava com atenção. Cada movimento que ele fazia, cada passo que ele dava, cada jogada que ele ensaiava, cada briga em que se metia, cada mentira contada, cada promessa cumprida. Dean era seu mestre e mentor. Mesmo quando não estavam em treinamento, mesmo quando estavam de folga, em momentos de lazer. Ele costumava dizer para si mesmo, quando criança, "quando eu crescer quero ser como o Dean". Isso era algo orgânico, profundamente enraizado em si mesmo. Era um elo mais profundo do que amizade e família. Era como se fossem gêmeos.


Mais tarde, Sam saiu e foi comprar um sanduíche com refrigerante e Doritos. Voltou para o quarto do motel solitário. Fez a tarefa escolar. Separou a roupa suja daquela mais ou menos limpa, e que deveria ser lavada na lavanderia selfservice, no dia seguinte. Vestiu o pijama, escovou os dentes e deitou-se. Ligou a TV e sintonizou num canal com filmes antigos, em preto e branco, com cowboys perseguindo bandoleiros em alazões. Havia outro canal com filmes de Jason Voorhees na sexta feira 13, mas ele achou muito chato e sangrento. Dean teria dado cabo facilmente daquele monstro.


Começou a chover e isso interrompeu o sinal da TV. Sam não se importou. Encolheu-se na cama e se cobriu com o lençol. "Queria que você estivesse aqui, Dean. Tudo é tão frio e triste sem você. Nunca me senti um órfão. Nunca me senti solitário. Mas agora... Por que o papai teve que te levar Dean? Por que ele teve que me castigar desse jeito?" Sam Winchester fez o possível para manter um pouco de dignidade e não sucumbir a auto piedade, mas seus olhos começaram a arder, fazendo com que as lágrimas aflorassem.


"Eu não vou chorar. Não sou um bebê chorão." Disse para si mesmo. Ainda se lembrava da recomendação de seu pai, para que fosse forte, que fosse um homem, e aguentasse alguns dias sozinho, enquanto ele e Dean viajariam para outra cidade para uma nova caçada. Envergonhado de si mesmo, enfiou a cara no travesseiro e se permitiu soluçar, enquanto as lágrimas desciam e encharcavam o travesseiro.


Longe dali, Dean Winchester se preocupava com seu irmão, enquanto se preparava para enfrentar um Rakshasa ao lado do pai. "Espero que Sammy não fique muito chateado por ter sido deixado pra trás, mas isso era preciso, para que não perdesse as aulas da escola, do contrário seria reprovado. Um dia meu irmãozinho vai querer ir pra faculdade e um bom histórico escolar faz a diferença. Papai ainda deu uma dura nele por causa dos problemas do último caso, mas Sammy não foi o único que pisou na bola. Ele apenas copiou os meus erros."


– Dean, pare de pensar em besteiras e mantenha o foco na missão. - Seu pai falou com a voz grave.


– Sim, Senhor.




EVERY BREATH YOU TAKE (The Police)
Every breath you take
Every move you make
Every bond you break
Every step you take

I'll be watching you

Every single day
Every word you say
Every game you play
Every night you stay

I'll be watching you

Oh can't you see
You belong to me
How my poor heart aches
With every step you take

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake

I'll be watching you

Since you've gone I've been lost without a trace
I dream at night I can only see your face
I look around but it's you I can't replace
I feel so cold and I long for your embrace
I keep crying baby, baby, please

Oh can't you see
You belong to me
How my poor heart aches
With every step you take

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake
I'll be watching you

Every move you make
Every step you take
I'll be watching you


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