Viva la vida escrita por slytherina


Capítulo 21
Eu tive um sonho


Notas iniciais do capítulo

Sobre o mundo dos sonhos.



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A criatura era extremamente forte e resistente. Sam bem o sabia, mas talvez o fato dela ter assumido a aparência física de uma professorinha primária, magra e baixa, ainda com óculos de grau e um casaquinho de crochê, tenha pesado na sua decisão de pegar mais leve com a mãe Changeling. Ela persistiu em sua aparência delicada e inofensiva até o último minuto, bloqueando facilmente o ataque de Sam, e aproveitando seu impulso para arremessá-lo de cabeça, do segundo andar no pátio embaixo.


Dean observou o que acontecia com sangue frio, embora o pânico começasse a aparecer. Sam caiu de mal jeito e apagou. Dean resolveu apelar para fogo, acendendo um spray de cabelo, como se fosse um maçarico ou lança-chamas. Com sorte, a monstruosidade recuou até bater em retirada, pulando da janela do segundo andar. Dean acertaria as contas com ela mais tarde. Sam era sua prioridade agora.


O coração de Dean pesou no peito de preocupação, ao ver sangue sair do nariz e ouvidos de Sam. Isso parecia ser grave o bastante para chamar uma ambulância. Nos bons tempos, haveria apenas lacerações e calombos, mas do jeito como Sam caíra, poderia haver fratura do craneo.


Nas próximas horas, Dean ficou esperando no saguão do hospital, enquanto Sam era atendido e os médicos faziam todo o possível para ajudá-lo. Dean não aguentou a pressão e ligou para Bobby e Ellen, contando o que ocorrera. O Doutor finalmente veio dar-lhe notícias de seu irmão. O Winchester mais velho ouviu morto de preocupação, palavras como edema, concussão e coma. Sam havia entrado em coma, o que era o mesmo que estado vegetativo. Ele estava respirando por aparelhos e precisaria ficar na Unidade de tratamento intensivo. Agora era apenas uma questão de tempo. Se Sam despertasse do coma, ele sobreviveria. Se não, ele viveria por muito tempo dependendo dos outros.


O jovem caçador ficou aturdido. Um mundo sem Sam ao seu lado era algo inaceitável. Precisava dar um jeito nisso, custasse o que fosse necessário. Ele traria Sam de volta à vida.

Dean recebeu o apoio de Bobby que prontamente fora ao hospital para vê-lo e saber notícias de Sam. O doutor lhe disse que o quadro de seu irmão estava estabilizado e que agora restava apenas esperar que acordasse. Às vezes uma situação como aquela dependia apenas da vontade do moribundo de lutar pela vida. Isto é Sam tinha que querer acordar.


Essa ideia ficou martelando na cabeça de Dean. Ele pediu a opinião de Bobby que lhe falou sobre um xamã, de uma antiga tribo nativa americana. Ele tinha o poder de falar com os mortos e com pessoas que estavam em coma, à beira da morte. Talvez ele pudesse trazer Sam de volta. Não custava tentar, e foi o que Dean fez, deixando Sam aos cuidados de Bobby, para ir atrás do velho índio.


Seu nome era Urso Negro e ele era especialista em apanhar sonhos, seja lá o que isso significava. Após uma viagem de um dia em território árido e inóspito, ele chegou até à fazendo do velho índio. Com a menção do nome de Bobby Singer tudo foi facilitado. O xamã lhe explicou o que faria: Em um ritual à meia-noite, em terra indígena sagrada, Dean beberia um chá alucinógeno, que lhe daria a habilidade de penetrar no sono de outra pessoa, ou na mente da pessoa à beira da morte. Dean não levava muita fé naquilo tudo, pois sem dúvida ele ficaria chapadão, imaginando coisas, mas por Sam ele faria uma tentativa.


Após beber o chá, ele ficou vendo imagens duplas de tudo. Uma chuva de meteoros multicores aconteceu naquele momento, fazendo com que ele levantasse alarmado, da posição em que estava sentado ao lado do xamã, próximo a uma fogueira ao ar livre. Ele temia que algumas daquelas rochas fumegantes os atingisse em cheio. Ele se virou para alertar o velho índio, e foi aí que ficou pasmo. A poucos metros o xamã estava entoando sua ladainha religiosa, sentado ao lado de outro Dean Winchester que estava em transe, olhando o vácuo.


Dean aproximou-se bem e tentou tocar em si mesmo. Um grito o estatelou e ele parou no mesmo instante.


– Não! Não perca tempo tentando interagir com a carne. Lembre-se de sua missão. Vá atrás daquilo que procura. O chá perderá o efeito em uma hora. Vá!


Dean não precisou ser avisado novamente. Ele fechou os olhos e disse o nome do irmão. Ao abri-los novamente estava ao pé da cama de Sam no hospital. Ele cheio de tubos e fios, além de uma atadura em sua cabeça. O rosto inchado, e ao redor dos olhos exibia aureolas negras. Dean compadeceu-se do irmão.


– Sam, me ajude a falar com você, sim?


E então o ambiente tremulou e se converteu em outra coisa. Tudo agora era colorido e ondulante. Fachos de luz cortavam o espaço, atravessando o corpo de Dean sem fazer-lhe qualquer mal.


– Sam? Onde você está?


– Aqui, Dean. - Sam lhe respondeu, mas Dean ainda não conseguia vê-lo.


Diante de si o ambiente novamente se modificou. Agora uma campina verdejante espraiava a sua frente. O céu era azulzinho e nuvens esparsas enfeitavam o firmamento. O sol brilhava lá longe e ele pôde ouvir passarinhos, cigarras e grilos. Aquilo parecia o paraíso.


– Sam? Apareça por favor!


– Estou aqui, Dean!


Dean virou-se na direção da voz e seu irmão estava a poucos passos de si, vestido com blusa de flanela xadrez e a calça jeans frouxa, sua preferida. Seus cabelos se emaranhavam com o vento, e seu rosto estava perfeito como sempre fora, sem nenhum sinal do traumatismo sofrido. Era bom vê-lo bem novamente.


– Sam, eu vim até aqui para pedir que acorde, mano. Você está dormindo agora, e é necessário que acorde ... por favor.


– Estou dormindo? É por isso que tudo aqui é perfeito? Não admira não estejamos naquele seu carro fedido, ou naqueles motéis vagabundos de beira de estrada.


– Como é que é? Você xingou o meu carro de fedido?


– Er... foi! Eu sempre quis dizer isso na sua cara, mas nunca quis brigar contigo. Eu sei que você ama aquele carro como se fosse uma pessoa de carne e osso.


– Você me espanta, Sam!


– Eu sei! que bom que isto é só um sonho. Sabe o que mais, Dean? Aqui eu posso fazer tudo o que me der na telha. Aqui eu sou o senhor dos meus domínios. Aqui eu não sou um caçador e posso ser eu mesmo.


– Sei! Um babaca. É isso que você pode ser. Por que é mesmo que eu estou aqui, perdendo meu tempo? Claro! Oh, cabeça! Como eu pude esquecer? Eu vim aqui salvar a vida do meu irmão mal-agradecido.


– Salvar minha vida? Eu estou morrendo?


– Sim! Você só sobreviverá se acordar. Está em coma.


– Deixa eu adivinhar... Um monstro fez isso comigo, não é verdade?


– É!


– Então porque você quer me levar de volta? Pra outro monstro me pegar? Aqui eu estou muito bem, obrigado.


– Pare, Sam! Apenas pare! Acorde de uma vez, seu porra!


– Não, eu acho que não!


– Sam!


Dean avançou sobre o irmão para derrubá-lo, mas Sam se transformou em fumaça na sua frente.


– Volte aqui! Eu vim pra te levar de volta, e eu não vou desistir, Sam.


O Winchester mais novo não respondeu e não apareceu mais.


O ambiente em volta de Dean começou a tremular, e a paisagem de cartão postal se transformou em pontos brilhantes e jatos de luz novamente. Ele estava perdendo a conexão com Sam. Dean entrou em pânico.


– Sam, por favor! Eu preciso de você, irmãozinho. Eu não consigo continuar nessa vida, sem você ao meu lado. Se você não acordar mais, minha vida acaba também. Não existe eu se não existe você, cara. Por favor, acorde por mim.


Sam então se tornou visível ao lado dele e o olhou ternamente.


– Um dia teremos que nos separar, Dean. Você sabe, não somos imortais.


– Nesse dia iremos juntos, meu irmão, mas não hoje. Acorde, Sam!


O ambiente escureceu, como uma lâmpada que se queima. Tudo ficou opaco e sem vida. Dean sentiu frio. Ele piscou e se descobriu sentado ao lado do xamã, sob um céu estrelado.


– E então, jovem guerreiro?


Dean olhou para ele com uma expressão preocupada.


– Eu não sei se consegui convencê-lo a acordar.


– Pois vá vê-lo. Descubra por si mesmo. A hora dos sonhos acabou.


– Obrigado por tudo. Estou em dívida com você, Urso Negro.


– Eu sei! Um dia eu cobrarei essa dívida. Agora vá!


Dean foi embora no Impala com o coração leve e esperançoso.


Canção: Eu tive um sonho (Kid Abelha)

Eu tive um sonho
Vou te contar
Eu me atirava do
Oitavo andar

E era preciso
Fechar os olhos
Pra não morrer e não me
Machucar

É o que devemos fazer
Não temos que ter medo
É o que devemos fazer

Eu tive um sonho
Muitos soldados
Me procuravam dentro do
Meu prédio

E era preciso
Voar pelas escadas
Pra não deixar que eles
Chegassem perto

É o que devemos fazer
Não temos que ter medo
É o que devemos fazer

Não deixe de cruzar
O seu olhar com o meu
Eu vou jogar meu corpo
em cima do seu

Não deixe de cruzar
O seu olhar com o meu
Eu vou jogar meu corpo
Em cima, em cima
do seu...

É o que devemos fazer
É o que devemos fazer

Não deixe de cruzar
O seu olhar com o meu
Eu vou jogar meu corpo
em cima do seu

Não deixe de cruzar
O seu olhar com o meu
Eu vou jogar meu corpo
Em cima, em cima
Do seu...


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Notas finais do capítulo

Mil perdões por postar super atrasada. Fiquei fora de casa por mais de 24 horas, sem acesso ao PC. Até comprei um caderno e caneta, onde preenchi seis folhas com a história dessa fic ( minha letra é grande), mas não tive como postar. Ao chegar em casa o sono me derrubou, e só agora pude concluir a edição para postagem.



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