O Tempo que Leva escrita por Bruna Guissi


Capítulo 24
O Começo de um Começo


Notas iniciais do capítulo

Ai, esse ficou MINÚSCULO, eu sei :~~
Mas aí vai, como o próprio nome diz, o começo desse fim de fic!
Espero que gostem.
Epitáfio – Titãs



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Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração

Sabe aquele momento em que você fica parada, de frente para a atendente, congelada por um instante, pensando se aquela era a decisão certa?

E se eu tivesse mais para fazer? E seu eu tivesse mais oportunidades aqui do que lá fora? Valeria apena arriscar o seguro pelo acaso? Então uma coisa me tirou a dúvida e me encheu de ansiedade, euforia.

Pronta para uma loucura? – ouvi no meu ouvido, dando um sorriso.

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

–Agora sim. – respondi, pegando a passagem de avião da atendente impaciente. Alisei o papel nas mãos. Firenze. Senti os braços de Ian apertarem em volta de mim.

–Eu sei que é só por um ano, mas... – ele soltou um suspiro, beijando a lateral da minha testa – Que se dane, vamos logo.

Eu ri da tensão na voz dele. Ele certamente estava ansioso. Enquanto caminhávamos para fora do aeroporto, pude sentir a agitação dele, como uma criança que vê o mar pela primeira vez; era adorável. “Impossível você não achar algo nele adorável.” Verdade; ele tornava isso uma tarefa difícil.

Ele nunca saíra do país, nem sequer viajara de avião antes. Sua primeira vez seria indo para Itália, assumir um grande cargo importante numa filial da Ibanez®, fazendo o que gostava. Finalmente podendo descobrir o mundo.

E eu também iria, para aprender tudo o que pudesse. Tudo o que fosse novo e mágico, porque a Europa agora não era só uma possibilidade, mas sim um destino muito próximo. E absurdamente empolgante, cheio de mais outras possibilidades. Senti um rebuliço no estômago; EU VOU VOMITAR DE EMPOLGAÇÃO.

Voltamos para o apartamento, que agora já tinha boa parte das coisas de Ian alojadas ali, e boa parte das coisas de nós dois encaixotada. Meu pai ainda reclamava veementemente da minha ida à Europa, mas era só seu modo de sentir saudades antecipadas.

Damian pedira milhares de coisas, muitas das quais nem iria querer daqui a dois meses, quem diga daqui a um ano. Angeline teria sua filha enquanto eu estava fora, o que estava me matando; prometi que viria aqui só para vê-la. Ah, sim! Era uma menina.

Passeamos com o carro pela cidade, o sol já meio baixo no céu. Fechei os olhos para aproveitar o embalo do nosso último passeio naquele veículo; Ian levaria a moto apenas, e os demais venderia. Arranjamos um lugar lindo para alugar por um preço bom, que poderíamos pagar, perto do centro da cidade. Eu trabalharia a duas quadras dali.

Nunca imaginei que fosse simplesmente deixar as coisas que tenho aqui, os planos, as ideias e tudo o mais que tinha só para ir atrás de uma possibilidade adoravelmente feliz. Nunca imaginei, também, que fosse acabar morrendo de amores por uma pessoa imbecil, alegre e ao mesmo tempo simpática, e que essa mesma pessoa fosse me fazer tão bem.

Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier

Que venha a próxima surpresa então. Estou de bom humor, mesmo.

Entramos no apartamento no que era nosso penúltimo dia ali. Dei um suspiro involuntário quando entrei pela porta, fazendo Ian sorrir.

–O que foi? – perguntou achando graça.

Caminhei até a sala para jogar-me no sofá confortável. O lugar estava laranja com a luz do sol que entrava, ele quase sumindo no horizonte.

–Não é nada. – falei com os olhos na janela – É só que... a vida tem sido boa. – então subi os olhos para ele, que já estava parado ao meu lado, de pé. Ele deu um sorriso doce, e engoliu em seco antes de falar.

–Difícil acreditar, não? – perguntou; ambos rimos. Ele se sentou ao meu lado, puxando-me para encostar nele, ensonada – Mas eu meio que estou feliz que... que não pedi para Mark comprar cerveja para mim. – eu franzi o rosto para ele.

Ele olhou para baixo, rindo. Deu de ombros.

–A gente ia se ver, e Mark se ofereceu para comprar a cerveja. Eu disse que não; sempre gostei daquele Mercado. – explicou, fazendo a compreensão finalmente chegar ao meu cérebro. Estava falando...

–De quando nós nos conhecemos. – observei nada astutamente. Ele fez que sim com a cabeça.

–A gente nunca sabe quando a vida vai melhorar.

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr.


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Notas finais do capítulo

Aoow!
Espero que tenham gostado! Comentem muito, me digam o que acham!
Beijos e abraços!



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