Se eu dissesse que o garoto quase perfeito falou comigo, vocês acreditariam? Bom, ele falou comigo.

Eu estava sentada no sofá perdida em meus devaneios quando ele, o garoto que desintegrou o tijolo, se aproximou de mim.

– Ola. Posso me sentar? – Ele perguntou.

– Sim, claro – Falei sorrindo.

Ele vestia um moletom branco, uma calça jeans preta e calçava um tênis cinza. Seus cabelos eram brancos, lisos e rebeldes. Seu rosto era quase que angelical... Seus olhos tinham um tom de vermelho vinho com um brilho incomparável. Sua pele era clara e... macia... Como eu sabia desse detalhe? Bom, ele segurou minha mão assim que se sentou e me encarou.

– O q-que você ta fazendo? – Meu rosto, com toda a certeza do mundo, estava da cor de um tomate.

– Você... – Seus olhos vermelho vinho focaram-se nos meus. Ele se aproximou um pouco mais de meu rosto e ficou assim, me encarando.

Meu peito estava acelerado, muito. Meu corpo estava quente e meu rosto mais ainda. O que é isso? Porque estou me sentindo tão quente?

Ele se aproximou mais um pouco de meu rosto ate o momento em que senti sua respiração e seu halito de menta. Então, quando achei que ele iria se aproximar mais ainda, ele fez algo pior do que se aproximar... Ele se afastou.

– Você é a Sofia Sparks, certo? – Ele perguntou.

– S-sim...– Gaguejei. Grr, porque gaguejei logo agora?!

– Hum... – Ele voltou a me encarar, só que, de um jeito mais provocativo, com um lindo sorriso estampado em seu rosto.

– O-o que você quer? – Perguntei, depois de alguns segundos encarando seus olhos.

– Hum... – Ele se aproximou novamente de meu rosto e se afastou – Você é linda – Falou sorrindo. Sua voz era tão melodiosa, tão suave... Quase que... monótona.

– Obrigada – Agradeci. Tentei desvencilhar minha mão da dele, mas não consegui. Ele segurava com força, mas ao mesmo tempo delicadamente.

– Vim te entregar uma coisa. – Ele disse me puxando para mais perto dele.

– O-o que? – Perguntei, sentindo meu rosto esquentar novamente.

– Aqui – Ele pegou de seu bolso uma pequena chave prata e colocou em minha mão – Você deixou ela cair mas cedo.

– Serio?! Eu nem tinha percebido... Obrigada... Qual o seu nome?

– Ah, perdoe-me. Meu nome é Maxell Millian – Ele fez uma pequena reverencia.

– Obrigada Maxell – Respondi enquanto botava a chave em meu bolso.

– Seu nome é lindo.

– Obrigada.

Ficamos por volta de alguns minutos olhando um nos olhos do outro. Eu realmente não sei o que ele via de interessante nos meus olhos azuis. O.k, eles são claros, e parecem ser mais “valorizados” por isso, mas eram até... comuns. Agora, os olhos dele... eles eram lindos. Não parecia ser lente de contato ou qualquer coisa do tipo, mas, caso fosse lente, ela havia acabado de ganhar o patamar da mais real que já vi. Seus olhos eram um vermelho tão intenso, um vinho que me fazia viajar para outro mundo. Sim, sei que já disse a cor deles mais cedo, mas esses olhos... nossa, eles merecem uma segunda descrição. O curioso era que, somente aquela cor ficaria bonita nele.

– Eu posso te fazer uma pergunta? – Indaguei, me lembrando do episódio “Mandando o tijolo pro alem”.

– Claro – Respondeu ele.

– Quando eu fui à tarde ao 2° andar, eu vi você treinando... E... O que aconteceu com aquele tijolo? – Ele pareceu ter gostado da minha curiosidade.

– Ah, isso... Bem, ele desapareceu. Eu não sei exatamente para onde ele foi, ou se foi para algum lugar...

– Qual o seu poder? – Perguntei.

– Desintegração. Controlo os átomos dos objetos, dividindo-os e desintegrando-os. Infelizmente, não consigo “construir” a coisa de novo.

– Mesmo assim seu poder é incrível!

– Não tão incrível como ser Usuária de Fogo – Falou, aprofundando seu olhar no meu e abrindo um novo sorriso de canto de boca.

– C-como você sabe? – Eu não estava receosa, com medo ou qualquer coisa, mas apenas espantada por ele saber sobre o meu poder.

– Todos sabem.

– Como assim? – Agora sim, eu estava espantada, no nível hardcore.

– Bem, a notícia de que uma nova Elementar chegou se espalhou rápido, você é rara garota. Não conhecemos ninguém com o seu poder.

Não sabia sobre o que raciocinar primeiro. Era estranho pensar que EU era o centro das atenções no meio de um bando de adolescentes com poderes, com certeza, ainda mais incríveis do que o meu. E... O.k, ser a única podendo controlar o fogo é algo impressionante e único pelo que vi. Mas não precisa de tanto exagero não é mesmo?

Por algum motivo que desconheco, ele, Maxell, beijou minha mão enquanto estava perdida em meus devaneios.

– Desculpe-me milady, mas tenho que me retirar para meus aposentos. - Ele se levantou,e fez uma pequena reverencia.

– Tudo bem Lorde Maxell, também preciso me retirar. - Falei também fazendo uma reverencia ao me levantar.

– Você é fofa, vamos - ele segurou novamente minha mão e entralaçou nossos dedos - Será um prazer acompanha-la ate seus aposentos.

– Você é um cavaleiro Max. Posso chama-lo de Max?

– Você pode me chamar de vida. Ou se preferir amor. - Um sorriso divertido estava desenhado em seus labios.

– Você é divertido, mas vou te chamar só de Max mesmo – Falei.

– Eu sei disso – Ele disse.

Estávamos próximos do elevador quando uma duvida bateu com força em minha mente.

– De onde veio Elementar?

– Ah! Sobre isso... Tudo começou com o Drake. Ele era o único que tinha esse tipo de poder... Ate você aparecer.

– Serio?

– Sim, ele era o único que controlava um elemento.

– Nossa... Mas de onde veio mesmo esse nome?

– Ah, foi quando ele chegou. Lauren havia dito que sairia com Ryan, Peter e Karen atrás do 5º membro de sua equipe. Era uma terça feira quando ela pegou uma das vans e saiu por ai. Acho que ela foi para o Norte... se não me engano para Washington. Ela havia chegado a casa de Drake por volta das nove da noite. Ele foi muito relutante em abrir a porta para ela e para a Karen, mas quando Peter foi falar com ele, ele simplesmente cedeu e foi junto a eles. No meio do caminho, pelo que Lauren contou, a van quebrou e eles ficaram em algum lugar perto do fim do território de Washington.- Deu uma pausa como se relembrasse a cena.

– Passaram dois meses lá concertando a van. - continuou - Quando eles chegaram vários de nós se amontoaram ao redor deles. Algumas garotas deliraram dizendo que ele, o Drake, era lindo e tudo mais. Durante duas horas pediram para que ele mostrasse seu poder, mas ele recusou até que, novamente, Peter falou com ele e então decidiu revelar: "Eu posso controlar a água". Dizendo isso ele retirou toda a água de uma piscina que tinhamos e comçeou a "brincar" com ela no ar. Todos acharam aquilo incrivel. Peter nomeou Drake o "1º Elementar". Você é a segunda.

– Ah...

– Bom, aqui estamos querida. – Disse ele – Seus aposentos.

Eu não havia percebido a hora em que saímos do elevador. Estava muito entretida com a historia por trás do nome “Elements” e em um detalhe incrivelmente interessante sobre Drake. Ele morava em Washington! Engraçado o fato de eu ter que ficar sabendo as coisas sobre ele através de outras pessoas...

– Tenha uma boa noite de sono – Falou Max após dar um beijo em minha bochecha, que sem pensar retribui.

– Boa noite Max.

[...]

Não a nada no mundo pior do que ser acordada a força. Ah, existe sim. Ser acordada a força pelo Drake enquanto bate na porta gritando a cada 10 segundos “Acorda!”.

Levantei-me da cama irritada e olhei o relógio: 6:30. Aff, porque ele precisa me acordar tão cedo assim? Poxa, eu sei que temos que treinar e tals, mas eu preciso descansar!

– Já vai! – Gritei com raiva, e para minha surpresa, ele parou de bater na porta. É, parece que ele não será mais o mesmo comigo depois de ontem. Sorri com esse pensamento. Seria bom ter um parceiro que não lhe odiasse e quisesse te encharcar a cada segundo.

Fui até o banheiro, tomei um banho quente e fui vesti uma roupa. Quando estava vestindo meu sutiã à porta foi arrombada por uma desalmada Karen.

– SOFIAAAAAAAA! SUA ESCROTA, VOCÊ DEVERIA TER LEVANTADO MAIS CEDO! – Ela gritava.

– EI, VOCÊ ARROMBOU MINHA PORTA! – Apontei para a porta destruída, e só ai, percebi que havia mais alguém no quarto. Esse alguém era o Drake. Sem nem pensar duas vezes, cobri meu corpo com a camiseta. Minhas bochechas ardiam.

– Ai, ai. Porque você tinha que me chutar junto, Karen? – Perguntou Drake enquanto se levantava do chão. Ele parecia zonzo, e quando me viu não cobriu os olhos. Pervertido, pensei.

– Ah, você está se trocando – Falou com a voz vacilante depois de dois minutos olhando para mim. Ele cobriu seus olhos depois e saiu andando do quarto. Quando ele saiu vesti rapidamente minha roupa de cima e comecei a discutir com Karen o porque da destruição repentina de minha porta. Ela disse que era porque me amava e porque queria me acordar de uma forma maravilhosamente meiga e fofa.

O que tem de meigo numa destruição completa de uma porta de quarto?

– Certo, mas e agora? Vou ficar sem porta é? – Indaguei ainda irritada.

– Não, sua boba. – Ela caminhou até onde a porta deveria estar presa e colocou a cabeça para fora do quarto. Falou alguma coisa e entrou sorrindo.

– O que foi?

– Nada.

Fiquei encarando ela por alguns segundos ate que, um Drake totalmente corado e equipado para trocar uma porta apareceu em frente ao quarto.

– Troca ai vai Drake. – Ela disse.

– Você é chata – Ele retrucou.

– Eu sei, e você me ama mesmo assim – Afirmou.

Ele murmurou alguma coisa inaudível e começou a colocar a nova porta no meu quarto. Depois de uns 15 minutos, fomos para o refeitório e ficamos lá conversando enquanto tomamos café.

– Então, vocês dois vão treinar para o jogo do labirinto que vai ocorrer semana que vem? – Perguntou Karen.

– Jogos do labirinto? – Indaguei.

– Sim. É como treinar em dupla, só que com prêmios e adversários, fortes e fracos. – Ela respondeu.

– Para que serve esse jogo?

– Ele serve para ajudar a melhorar o convívio entre as duplas. Você só ganha se estiver em harmonia com seu parceiro.

– Serio? Vou ter que ficar em harmonia com o Drake?

– Sim.

– Odeio ter que concordar com ela Sofia, mas vamos mesmo...

Não acredito, vou ter que ficar em harmonia com o Drake... É, perdemos.

– Por isso vamos passar o dia treinando.

– O quê?!

– Será necessário Sofi – Disse Karen.

– Ah... Tudo bem... - não, não está tudo bem! – Aonde vamos treinar?

– Nas cachoeiras do outro lado da montanha.

– O quê? Por que tão longe?

– Será melhor...

– Eu não quero ir para lá.

– Mas você vai – Disse Lauren se aproximando – Olhe Sofia, é muito melhor que enquanto vocês treinem estejam a sós. Vocês precisam compartilhar coisas entre si, seu passado e tudo mais. Não precisa ser tudo de uma vez. Pequenos detalhes podem ajudar vocês dois a se darem bem e vencerem nos jogos.

– Mas por que precisamos nos conhecer melhor? – Perguntei um pouco irritada pela ideia de compartilhar coisas com Drake. Não que eu não goste porque na verdade eu gosto de compartilhar coisas, mas estamos falando do Drake MacLain!

– Para que aja confiança e que a amizade de vocês cresça. E também temos uma tecnologia que permite que, de acordo com a proximidade entre vocês, a confiança e a amizade, seus poderes ficarão mais fortes e será possível que ambos aprendam a usar a as técnicas que o outro usa. Mas nesse caso, são técnicas de combate e estratégias, os poderes continuam o mesmo.

Suspirei. Parece que era o único jeito... Mas eu estava incomodada. Nunca é bom ficar a sós com Drake MacLain, principalmente se você for uma garota... Principalmente se for eu.

– Vocês podem ir assim que o horário do café terminar, ou agora se preferirem. – Falou Karen.

– Vamos agora. O quanto antes sairmos, antes poderemos voltar. – Ignorante, frio e ríspido. Era dessa forma que ele estava pronunciando suas palavras.

– Mas...

– Sofia, vá logo. O quanto antes melhor – Falou Karen. Eu não queria ir com o Drake, de jeito nenhum! Já bastava ter que treinar com ele e ser seu par, agora teria que fazer isso somente com ele por perto... Grr, que coisa!

– Tudo bem, vou arrumar minhas coisas... – Falei.

– Eu te ajudo Sofi – Disse Karen.

– Partiremos por volta das 7:15 – Falou Drake.

– Tudo bem...