Edward

16 de Janeiro de 2012. O primeiro dia de San Antonio Abate. Hoje era dia de festa! Procissão, comida, música e dança. Logo pela manhã, minha mãe começou a decorar o pátio e a frente da pizzaria e da doceria. Sempre no dia 16 tínhamos esse costume de pendurar algumas fitas para deixar tudo mais colorido e harmônico.

Ajudei minha mãe pendurando as fitas em lugares mais altos e enquanto isso a família toda tentava explicar pra Valentina o motivo da festa e o que faríamos hoje. Explicamos a ela que pela noite iríamos sair em procissão com muitas pessoas da cidade e que costumavam frequentar a mesma igreja que nós. Ela pareceu entender e estava bem empolgada com isso, ainda mais ao saber que Donna também iria.

– Acho que está bom, Edward. – disse Alice observando a decoração. Desci das escadas em que estava e guardei as fitas que sobraram em uma caixa. Antes que pudesse guardar a caixa em algum lugar o telefone da casa de meus pais tocou e eu resolvi ir lá atender.

– Pronto! – atendi o telefone.

– Con chi parlo? (Com quem falo?) – perguntou a pessoa do outro lado da linha e eu tinha quase certeza de quem seria.

– Sono Edward. (Sou Edward)

– Bello bambino. (Menino bonito) – só então percebi que era Marie, minha “nonna”. Marie é uma senhora de 73 anos que mora na mesma província que eu e minha família, mas em uma região mais afastada. Em alguns momentos do ano ela costumava aparecer por aqui. Quando minha mãe – que é americana – se mudou pra cá, Marie foi uma das pessoas que mais a apoiou e por isso era considerada da família.

– Nonna! Vorrei parlare con mia mamma? (Avó! Gostaria de falar com minha mãe?)

– Per favore, bambino. (Por favor, menino) – ri da sua mania de me chamar de menino como se eu fosse uma criança. Chamei por minha mãe e logo a mesma estava animadamente conversando com Marie.

Voltei para o pátio para guardar a caixa com as fitas. Assim que peguei a caixa senti que estava mais pesada que deveria e então percebi uma bola de pelos branca dentro dela. Coloquei a caixa de volta no chão e vi Donna saindo de dentro dela toda enrolada em fitas vermelhas e verdes. Valentina e Alice estavam rindo enquanto Donna olhava pra mim como se pedisse socorro.

– Espera, Edward! – gritou Tânia antes mesmo que eu pudesse tirar uma fita do corpo da minha cadelinha. – Esse momento merece uma foto. – ela disse correndo trazendo a minha câmera em mãos.

– Desculpa, Donna, mas você está realmente uma ótima modelo.

– Uma modelo da bandeira da Itália né? – disse Emmett chegando e vendo nossa bagunça. Comecei a tirar fotos de Donna e todos queriam aparecer também. Valentina era a mais animada e fotogênica. Depois dessa estranha sessão de fotos, desenrolei ela das fitas e guardei novamente na caixa, dessa vez colocando a mesma em um lugar bem alto.

Voltamos ao trabalho dessa vez focados em fazer as pizzas e tortas encomendadas e entregá-las. Ficamos assim até ás 18 horas parando apenas para almoçar. Com todas as encomendas entregues, fechamos a doceria e a pizzaria, e cada um foi para sua casa se arrumar para a procissão.

Cheguei em meu quarto e a primeira coisa que fiz foi ligar o computador para passar as fotos tiradas naquela tarde e deixar minha câmera pronta para tirar foto da festa de hoje á noite. Acabei não resistindo em dar uma olhada no Pheed. Eu não era nenhum viciado em redes sociais, mas estava preocupado com o silêncio de Bella depois de ontem. Assim que entrei percebi que ela não estava online, então logo resolvi sair, mas antes postei uma foto da Donna toda enrolada olhando pra câmera como se pedisse socorro. E outra foto da Valentina abraçada á Donna.

Assim que desliguei o computador corri pra me arrumar e em 30 minutos estava pronto com a câmera e a coleira de Donna em mãos.

– Todos prontos? – perguntei quando cheguei ao pátio.

– Rosalie está arrumando o cabelo de Valentina. – disse Emmett revirando os olhos. Apesar de mostrar irritação, meu irmão era o rei da paciência nesses momentos.

– E Marie vai conosco. – disse Esme que estava abraçada ao meu pai. Concordei com a cabeça e já preparei Donna para sair. Depois de 10 minutos, Rosalie e Valentina saíram do quarto. Minha princesa estava linda e saltitante. Era a primeira vez que participaria realmente da procissão. Na última vez ela havia ficado com os pais de Rosalie sentados na porta da pizzaria só observando enquanto descíamos pelas vielas.

– Está linda, tesoro. – disse pegando-a no colo e rodopiando. Ela riu e me deu um beijo no rosto enquanto a colocava de volta no chão. Após algumas brincadeiras, Marie apareceu e seguimos até a praça onde um grande número de pessoas se encontrava reunida.

A procissão demorou 1 hora e alguns minutos e isso porque andamos bem devagar e paramos algumas vezes. A cidade era realmente bem pequena. Quando retornamos à praça de onde partimos, acenderam a fogueira e já começaram com a cantoria. Voltei rapidamente em casa para deixar Donna que se mostrou bem alegre no começo da caminhada e agora parecia muito cansada. Voltei para a praça e tirei foto de todos. Emmett e Rosalie dançavam balançando Valentina, Alice e Jasper pareciam um casal de adolescentes se olhando, Tânia estava com um grupo de amigas rindo, Esme e Carlisle apenas de abraçavam e balançavam ao ritmo da música. E eu me divertia tirando fotos desses momentos. Gianna, uma amiga de Tânia tentou me tirar pra dançar, mas eu consegui negar gentilmente. Tudo o que eu queria hoje era comer uma boa torta, tomar um pouco de vinho, tirar fotos e me divertir com minha família.

Quando resolvi voltar pra casa já se passava das duas horas da manhã. Donna já dormia na porta da minha sala. Entrei em meu quarto tirando os sapatos e desabotoando a camisa. Peguei a câmera e deixei as fotos baixando para o computador enquanto eu tomava banho. E só depois de ter me refrescado, dei uma olhadinha nas fotos. Apaguei as que estavam borradas ou muito escuras, editei algumas e salvei todas no pen drive. Sabia que minha família iria querer todas as fotos depois.

Bella: Boa noite, Edward.

Inconscientemente eu havia conectado no chat.

Edward: Boa noite, Bella.

Bella: Gostei da foto que postou.

Demorei um pouco pra entender de que foto ela estava falando.

Edward: Obrigado.

Respondi e logo depois apareceu que ela estava digitando, mas nenhuma mensagem foi enviada. Resolvi continuar a conversa.

Edward: Minhas meninas são lindas não é mesmo?

Bella: São suas?

Quero dizer... a garotinha é sua filha?

Edward: Não kkk

Ela é minha sobrinha! Não tenho filha... nem sou casado!

Bella: Mas hoje em dia não precisa ser casado pra ter filhos...

Edward: Isso não funciona pra mim

Bella: Você parece bem... certinho

Não que isso seja ruim, é diferente...

Eu falo demais quando estou com você

Bella me fazia rir com essa falta de jeito dela. Com certeza uma menina curiosa, tímida e sem filtro algum.

Edward: Você deve falar o que pensa

Bella: Mas nem sempre o que eu penso faz sentido

Edward: Mas é verdadeiro

Depois disso resolvemos mudar de assunto e tenho certeza que Bella estava se policiando sobre os comentários que iria fazer.

Edward: Você gosta de cachorros?

Bella: Eu sou apaixonada por cachorros, mas ainda não tive a oportunidade de ter um =/

Edward: Por quê?

Bella: Eu nunca tive uma casa adequada pra ter um bichinho de estimação

Edward: Entendo

Bella: Qual a raça da sua cadelinha?

Edward: Donna é um pastor maremmano

Bella: Donna?

Resolvi brincar um pouco com Bella pra ver se ela se soltava mais.

Edward: Era pra ser Bella, mas eu mudei no último minuto

Bella: Você tá brincando comigo né? o.0

Gargalhei e continuamos a conversar. Dessa vez Bella estava mais tranquila e brincalhona. Fiquei feliz por ela estar mais aberta para conversar comigo.

(...)

Durante uma semana essa foi a minha rotina. Acordava, ajudava minha mãe na doceria, passava as tardes com Donna e Valentina, ia pra pizzaria, voltava e conversava com Bella. Na quinta-feira, dia 22 de Janeiro, foi aniversário do meu pai e como sempre ele não deixou ninguém fazer festa para ele. Carlisle não era o tipo de pessoa festeira – não quando se tratava de algo para ele – ele preferia um almoço com a família.

No domingo seguinte amanheci com uma mensagem do James dizendo que a festa com o DJ Benny Benassi havia sido um sucesso e eu o parabenizei por isso. Esse domingo foi diferente. Eu resolvi levar Donna pra passear na praia de Pineto que fica há 7,6 km de Atri. Peguei o carro de Emmett e fui até uma rua próxima a praia. Coloquei a coleira em Donna e começamos a passear. Depois de 20 minutos de caminhada eu já estava sem camisa e sentindo que voltaria bronzeado pra casa. O sol estava surpreendente. Parei em um quiosque e comprei uma garrafa de água pra mim e outra pra Donna.

– Está quente demais hoje, hein branquinha? – disse passando a mão na cabeça dela. Olhei para o relógio acima da geladeira do quiosque e percebi que já estava quase na hora do almoço. – Melhor a gente voltar. – peguei Donna no colo e em poucos minutos estávamos chegando em casa.

Primeira coisa que eu fiz foi dar um banho em Donna antes mesmo de chegar ao pátio. Minha branquinha estava quase preta de tanta areia e terra. Depois de banho tomado, peguei a toalha para secá-la, mas Alice me parou no meio do caminho.

– Pode deixar que irei secar ela. – disse. Na última vez que deixei ela secar Donna e mesma apareceu com o pelo trançado e com lacinhos. Olhei para Donna pedindo desculpas e fui tomar o meu banho.

E assim um mês se passou...