Cherry Bomb escrita por ApplePie


Capítulo 5
Bryan fez merda. De novo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada Aileen Romanazzi por ter favoritado essa história!!!
A partir de agora as postagens devem demorar um pouco mais, porque semana que vem minhas aulas já começam e eu terei aula de sábado ;(
Espero que curtam o capítulo.
Colar de beijos



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Liam

Por mais que fizesse apenas dois dias que Cherry estava, definitivamente, dividindo a minha casa comigo, parecia que eram meses. Nós já estávamos muito acostumados com a presença um do outro.

Aos poucos, eu percebi que debaixo daquela garota tímida e meiga tinha uma menina bastante parecida comigo e com a turma.

Eu e os caras mostramos muitos dos jogos que conhecíamos para ela e alguns HQs também porque ela não conhecia quase nada, disse que não podia ler muitas coisas assim em casa.

O que se passava na cabeça dos pais dela para impedi-la de jogar Assassin’s Creed e de ler Suicide Squad?

Ela ainda não tinha falado nada. Sobre sua vida, sua família, nem mesmo seu nome. A única coisa que sabia sobre Cherry era que ela ia fazer dezoito anos, sabia tocar viola e que ela não gostava de pêssego.

Em seu terceiro dia que Cherry estava morando comigo, Jack apareceu com outra proposta de emprego. Já que a primeira tinha sido uma catástrofe. Ainda lembro de Cherry chegando toda suja e dez minutos depois um cara muito grosso ligar na minha casa e tentar discutir comigo. Eu fiquei puto na hora e ameacei processá-lo por danos morais, isso o fez calar a boca na hora.

 Enfim, aparentemente tinha um sebo perto da padaria em que eu trabalhava que ela poderia trabalhar pelas tardes.

A rua do pequeno sebo era calma e bem estruturada. Percebi que Cherry ficou feliz também com isso.

Contudo, quando paramos em frente ao local, senti pena de Cherry.

O sebo era uma total bagunça. Cheio de livros empilhados e de poeira nas estantes. Senti minha rinite começar a atacar só com a aparência daquele lugar.

A dona do sebo era uma senhora de cinquenta e sete anos chamada Laura. Dona Laura tinha metade do meu tamanho e, para mim, possuía uma semelhança muito estranha de um hamster.

Tentei não ficar olhando muito para sua cara – pois tinha certeza que eu iria começar a dar risada – e me foquei em Cherry. Seu cabelo vermelho estava preso em um coque bem alto e Ellie tinha emprestado um pouco de maquiagem para ela.

— Você vai ficar bem? — perguntei quando Laura deu as costas.

Cherry sorriu e assentiu sem dizer nada.

— Te busco daqui a quatro horas. Até mais, Cherry.

***

Depois que saí do meu trabalho, eu busquei Cherry para voltarmos para casa, assim eu conseguiria sair para ir pra faculdade.

Ela estava animada no carro, claro que incomodada com a montanha de poeira e de teias de aranha, mas fora isso, ela estava animada para começar a trabalhar ali. Começou a dizer sobre seus livros favoritos. Basicamente, Cherry se interessava por histórias de detetive e comédias românticas.

Sorri ao pensar em como combinava com sua personalidade e sua própria situação.

Nem duas horas depois, eu tive que sair para a faculdade porque eu estava começando um curso intensivo de libras como matéria optativa.

Assim que cheguei da faculdade meu celular vibrou. Uma mensagem tinha chegado.

Riley.

Eu li.

Meus ossos pareciam que tinham virado gelo por um momento. Desde que ela saiu da minha casa numa saída triunfal nós não se falamos. Eu não queria falar com ela por diversos motivos:

Eu não sabia como eu estava me sentindo em relação ao término do namoro,

Não é como se Riley estivesse cheia de amores de mim para eu ir falar com ela; e

Eu ainda não entendia direito porquê ela tinha terminado comigo. Quero dizer, ela tinha seus motivos, mas eu não via eles como suficientes para terminar nossa relação.

Talvez nossa relação fosse muito instável, tão instável que apenas com essa briga ela se desfez.

Suspirando, decidi abrir a mensagem.

Eu preciso falar com você, por favor, Liam.

— R.

xx

Depois de pensar por um momento, eu respondi.

Onde e quando?

Não demorou muito para ela responder.

Hoje, no intervalo. Me encontre perto da escada principal.

Suspirei.

Ellie e Jack tinham se aproximado de mim bem naquela hora e Ellie já logo perguntou o que havia acontecido.

Começamos a caminharem direção aos armários enquanto eu falava sobre as mensagens.

— Ela o quê? — Ellie disse depois de fechar seu armário com um estrondo.

Eu encolhi meus ombros.

— Ela disse que quer falar comigo.

Ellie mordeu os lábios, mas não disse nada.

— Será que ela quer voltar com você? — Jack perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Reformulando a frase de Jack — Ellie cortou e me olhou seriamente. — Se ela quiser voltar com você, você vai querer voltar com ela?

Eu congelei no lugar.

Eu queria voltar com ela?

Para ser bem franco, depois de ter pensado tanto eu percebi que a nossa relação era cômoda, mas não o que eu estava procurando e, como eu disse antes, ela era muito instável para durar muito.

Eu encolhi mais ainda meus ombros.

— E-eu... — suspirei. — Não. Eu não quero voltar com ela — olhei de volta para Ellie. — Mas eu não acho que seja isso, Ells. Conheço a Riley o bastante pra isso.

Ellie arqueou a sobrancelha como se dissesse: “não, você não conhece ela”.

— Olha, eu preciso ir agora — eu disse olhando no relógio do corredor, as aulas já iam começar. — A gente se vê depois.

***

Não preciso dizer que não consegui prestar atenção na aula. Meu professor estava falando sobre as classes diferentes dos alimentos e sobre a resposta do metabolismo a cada uma delas.

Devo dizer que vi minha nota dando adeus para mim quando o sinal tocou.

Suspirei (provavelmente pela quinta vez no mesmo dia) e segui em direção ao ponto de encontro.

A loira olhava bastante sem graça pra mim. Ela não me olhava nos olhos direito. Eu, achando que a coisa mais sensata a se fazer era esperar ela falar alguma coisa, fiquei parado tentando pensar em qualquer coisa que não fosse o silêncio desconfortável em que eu me encontrava.

— E-eu... — ela suspirou tentando parar de gaguejar. — Quero me desculpar.

— Por quê? — eu disse automaticamente. Eu sabia exatamente porque ela queria se desculpar. Por mais que Riley tivesse seus defeitos, ela era uma ótima pessoa e, no mínimo, o pequeno escândalo que ela fez na minha casa estava pesando na sua consciência.

— Como eu te tratei e como eu tratei seus amigos. Eu acho que fiquei tão frustrada que nossa relação não estava saindo do jeito que eu queria — ela finalmente encontrou meus olhos com os seus — que eu acabei descontando em todo mundo. Principalmente naquela sua nova amiga ruiva, eu não deveria ter agido daquela forma.

Eu sorri tentando confortá-la.

— Tudo bem, Riley, eu aceito suas desculpas. E obrigado por ter se preocupado.

Eu não iria dizer algo do tipo “ah, não foi nada” ou então “não se preocupe com isso” porque aquilo realmente me magoou e acabou deixando a Cherry magoada. Sem contar na frustração que Ellie teve por conta disso.

Riley errou, mas como qualquer outra pessoa, eu perdoava ela.

Eu apenas não seria aquele tipo de pessoa de passar a mão na cabeça e dizer que eu não liguei.

Porque eu liguei.

Nossa relação não era daquelas mais amorosas, mas havia amor e carinho entre nós. E ela simplesmente arrancou isso como um adesivo na sua pele cheia de pêlos. Ela tinha o total direito de fazer isso, mas isso não impedia a tristeza.

Pausei quando eu tinha acabado de me virar para ir embora.

— Tchau, Riley, espero que você seja feliz.

E sem esperar ela me responder eu segui em direção à lanchonete.

***

Encontrei a turma comendo e conversando, bem, quase todos menos Martin e Bryan. Não fazia a mínima ideia aonde Bryan estava, mas eu sabia que Martin não ia passar o intervalo conosco porque estava na biblioteca fazendo um trabalho.

A cafeteria estava bem cheia. Provavelmente porque estava tão frio lá fora que ninguém queria comer no pátio. Porém, o espaço era capaz de suportar todos ali dentro sem nenhum problema. As mesas redondas brancas eram bem distribuídas por todo refeitório.

Ellie sentava do lado de Jack e eles conversavam sobre o filme O jogo da imitação.

Quando eu me sentei, deixando em cima da mesa minha bandeja contendo uma banana, um sanduíche natural e um expresso, Ellie e Jack viraram-se para mim já querendo saber como foi a minha conversa com Ellie.

Ellie, como todos percebem, é um tanto quanto extremista. Então, para ela, é muito difícil acontecer segundas chances, ela tem uma cabeça muito esquentada pra isso. E bem, desde sempre ela nunca foi muito com a cara de Riley, por isso quando eu contei sobre o pedido de desculpas, tudo que Ellie fez foi cruzar os braços e ficar quieta.

Já Jackson deu de ombros e brincou que ficou feliz em me ver vivo.

Depois disso a conversa continuou naturalmente.

Olhando para Ellie eu não pude deixar de lembrar de nossa conversa dias atrás.

Ellie olhava pensativamente para mim enquanto esperávamos Cherry.

Liam, não me entenda errado, mas eu preciso te dizer uma coisa.

O quê?

Sinceramente, esse seu altruísmo com Cherry está me assustando um pouco. Eu fiquei me perguntando se você não está fazendo isso só porque Riley te deu um pé na bunda e todo mundo sabe que você simplesmente gosta de agir como o pai de todo mundo, você tem essa mania de “adotar” seus amigos...

Não, Ellie, eu não estou ajudando Cherry só porque tem um vazio em meu peito ou porque eu gosto da satisfação de ajudar alguém. Sei que as pessoas acreditam em todo aquele lance de “você ajuda as pessoas porque você é egoísta e só quer o sentimento de satisfação”, mas não é por causa disso que eu estou fazendo.

Eu sei, eu sei, Liam. Eu só estou dizendo que é melhor você tomar cuidado para não embaralhar seus sentimentos e achar que só pelo fato de você ajudar ela, você se tornou o namorado dela. E também, Cherry não é Riley. Olha, Liam, todos nós queremos ajudar ela, mas não pense que você vai tirar proveito dela só porque você está solteiro.

— Você sabe que eu não sou assim, Ellie, por favor, não me magoe dizendo que você acha que eu faria algo do tipo.

— Às vezes, devido à decepções amorosas fazemos coisas inconscientemente. Só peço pra você tomar cuidado considerando que não seria só você que sairia machucado.

Eu entendia e ao mesmo tempo não entendia o que ela quis dizer com isso.

Eu não estava tentando suprir minhas mágoas com Riley ao cuidar de Cherry. E, por mais que eu achasse Cherry atraente, eu jamais iria tirar proveito de uma garota que estava numa situação tão delicada. Se Ellie pensava que só pelo fato de eu querer ajudar Cherry eu iria me enganar ou enganar Cherry sobre ter sentimentos românticos, ela estava enganada.

Meus pensamentos foram amenizados quando uma voz falou perto de mim.

— Olá, Liam.

Virei-me para encontrar uma garota de cabelo castanho e olhos dourados, parecidos com os meus.

— Olá, Grace — eu disse reconhecendo a menina que fazia algumas aulas comigo – já que gastronomia compartilhava algumas aulas com a turma de nutrição.

Ellie e Jack ficaram olhando atentamente para nós como se eles estivessem vendo algo interessante. Quase revirei meus olhos.

— Você precisa de alguma coisa?

— Ah, eu queria te perguntar se você tem as anotações de “Tecnologia dos Alimentos”.

— Ah, hm, claro que eu tenho. Só um minuto — eu disse vasculhando minha mochila.

Quando eu encontrei minhas folhas de fichário, eu entreguei para ela que sorriu agradecendo.

— Amanhã mesmo eu te devolvo — ela disse sorrindo.

— Claro. Sem problemas — eu falei. Grace se despediu.

Virei meu rosto para dar de cara com dois sorrisos maliciosos.

— Cara, ela está tão na sua — Jack brincou enquanto tomava seu suco.

Ellie apenas concordou com a cabeça.

— Tenho certeza que ela tem as anotações. Tudo isso foi só um pretexto pra conseguir falar com você.

— Gente, estamos falando de Grace. A menina que fica bêbada em festas, mas mesmo assim nenhum cara consegue pegar.

— Talvez seja porque ela está apaixonada por você — Ellie disse tentando esconder o sorriso enquanto tomava sua água pelo canudinho.

— Eu soube que você está tentando fazer uma dieta — eu disse para Ellie tentando mudar de assunto. Ela sorriu como se tivesse percebido, mas mesmo assim deixou o assunto ser trocado.

— Sim, eu fui à nutricionista e ela disse que a quantidade de refrigerante que eu estava tomando não era saudável ainda mais com o problema renal que eu já tive então eu estou tentando cortar o refri — ela disse como se doesse na alma.

Eu tentei continuar a conversa, mas não fui capaz porque naquele instante, ouvimos gritos como se pessoas estivessem brigando do lado de fora do refeitório. Eu não teria ligado – brigas durante o intervalo eram bem raras, mas às vezes aconteciam –, entretanto eu acabei ligando quando percebi que conhecia uma das vozes bem até demais.

Poucos segundos depois, Bryan entrou no refeitório com passos duros e sentou-se à mesa sem encarar ninguém. Suas bochechas estavam levemente coradas mostrando que algo realmente aconteceu.

E eu podia já ter uma noção com quem.

Ellie, sendo mais delicada que um hipopótamo, começou a pressionar ele a falar o que tinha acontecido.

— Desembucha, desgraça.

— Apenas deixe pra lá, Ellie — Bryan disse meio alterado. O que não acontecia quase nunca.

Todos da mesa sentíamos a mesma coisa: uma merda ia acontecer – se já não tivesse acontecido.

Como se fôssemos videntes, a outra porta do refeitório abriu com um barulho alto e de lá saiu Adler. A única pessoa que eu sei que significa problema.

Ellie arqueou a sobrancelha e Jack balançou a cabeça.

Enquanto eu, a única coisa que consegui fazer foi falar apenas duas palavras.

— Porra, Bryan!


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Notas finais do capítulo

Não me pergunte qual caminho essa fic irá seguir porque eu não estou planejando nada com essa reescrita, hahahahaha.
Byebye



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