Cherry Bomb escrita por ApplePie


Capítulo 3
Procurando Cherry


Notas iniciais do capítulo

Maaaaais um capítulo reescrito para vocês!! ^^
Estou terminando de reescrever o 4, logo mais começo a editar o 5 :D
Beijinhos de luz



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Liam

— Merda, merda, merda... — eu murmurava enquanto pegava meu celular para ligar para Bryan e os outros.

Meu celular apitou: Bateria criticamente fraca e desligou.

Quase joguei ele contra a parede.

— Mas que merda! — eu exclamei tentando procurar o carregador.

Depois dos três minutos mais longos da minha vida, o meu celular conseguiu recarregar o suficiente para eu poder ligar para alguém.

— Bryan! — eu gritei no telefone.

— E aí, Liam? Por que você está gritando? Finalmente enlouqueceu? Eu estava esperando por isso, sabe...

— Bryan, cale a boca e me escute! — eu o cortei. — Cherry sumiu...

— Virou purpurina? — ele perguntou, divertido com sua própria piadinha.

— Eu estou falando sério, porra! — eu mexi no meu cabelo, incomodado. — Ela sumiu e eu não tenho a mínima ideia de onde ela pode ter ido...

— Pera, pera. Eu vou até aí e você me conta tudo o que você precisa.

Ele desligou na minha cara. Decidi ligar para os outros.

— Jackson, venha para a minha casa agora! — eu não o deixei falar mais nada, desliguei de novo.

Agora, era Martin.

— Alô? — foi Ellie que atendeu com uma voz de “estou ocupada, não me incomode”.

— Ellie — eu disse quase sem fôlego —, Cherry sumiu e eu não sei para onde ela pode ter ido...

— O quê? — a garota gritou no telefone tão alto que eu quase pensei que ia estourar meu tímpano. — Isso foi sua culpa! Tenho certeza, Liam Lazzarini, que foi! Não acredito, como você pôde fazer isso...

— Ellie! Já chega! — eu gritei com ela para tentar parar com a culpa que crescia em meu peito. — Precisamos achar Cherry. Venha para cá, avise Martin.

Desliguei na cara dela.

Bryan foi o primeiro a chegar. Martin e Ellie chegaram antes de Jackson.

— Mas gente — Jack disse — não querendo ser chato nem nada, mas não era esperado que ela fosse embora? Quero dizer... ela tinha dito que ia embora antes da Riley aparecer lá.

— Ela pode ir embora depois se ela quiser, Jack, mas a questão não é essa. A questão é que ela foi embora porque eu fui babaca com ela e se nós lembrarmos bem, ela ainda não tem nada, nem comida nem roupas mais quentes... nada. Eu não vou deixar ela andando por aí sozinha.

Era um tanto quanto engraçado o fato de que Cherry mal tinha entrado em nossas vidas e mesmo assim todos nós estávamos preocupados com ela.

— Tudo bem, mas o que você disse pra ela? — Jackson falou quando todos nós já estávamos na sala.

Eu massageei meu pescoço, nervoso. Ellie falou antes que eu pudesse.

— Liam deve ter falado alguma coisa ruim para ela desde que aquela desgraça da Riley saiu dando um pé na sua bunda...

— Ellie, chega — foi Martin que pediu dessa vez.

— Fala aí, Liam — Bryan disse quando Ellie fez silêncio.

— Eu... — suspirei. — Eu falei algumas coisas ruins para Cherry. Eu estava nervoso e basicamente disse que meu namoro acabou porque eu salvei ela...

— Liam... — Ellie disse, já me repreendendo.

— Eu sei, Ellie! Eu errei. Eu cuzão.

— Você peidou na farofa — Bryan disse balançando a cabeça.

Reviramos os olhos.

— Então... — Bryan disse depois de um tempo. — Vamos procurá-la.

— Sim — eu disse convicto. — Vamos.

***

O carro de Martin parou no meio do caminho.

Nós só tínhamos rodado os dois bairros mais próximos quando o carro de Martin não quis mais ligar.

— Você só pode estar brincando — eu murmurei quando Martin tentou, mais uma vez, ligar o carro e ele não pegou.

— Vamos todos nos acalmar e pensar em tudo que já aconteceu de bom até hoje...

— Cala a boca, Bryan — todo mundo do carro disse em uníssono.

— O carro morreu e nós estamos aqui no frio. Nós vamos morrer? — Jack começou a se desesperar.

Ellie revirou os olhos, Martin bateu sua cara no volante.

— Certo — Martin começou a vasculhar seu celular. — Eu vou ligar para o seguro.

— Eu vou ficar com ele — Ellie disse —, enquanto isso, vocês procuram Cherry.

— Não, não. Vamos esperar. Você nunca percebeu que é assim que os filmes de terror começam? Com a separação do grupo? Não! Vamos ficar aqui — Bryan cruzou seus braços.

Meia hora depois, um homem veio para consertar o carro. O problema era na bateria.

— No inverno isso acontece muito — o homem barbudo disse enquanto arrumava o carro. — Afinal, todo mundo gasta muito da bateria e do combustível enquanto ligam ar quente e todos aqueles apetrechos para o frio.

— Quanto tempo para consertar?

— Uma hora — ele disse o que fez quase todos nós resmungarmos.

— Vamos procurando a pé enquanto isso — Ellie disse. — Ligue para esse número quando terminar o seu trabalho — ela praticamente jogou o papel na cara do coitado e andou para nossa direção.

— Vamos nos dividir em dois grupos: Bryan e Liam, vocês procuram pra lá. Eu, Martin e Jack vamos procurar para cá...

— Eu não quero segurar vela — Jack disse.

— Vamos nos comunicando para sabermos se alguém a encontrou — Ellie ignorou Jackson totalmente.

***

— Duas horas de procura e nada! — Jack disse exasperado. — Essa menina é um ninja! — ele tomou um gole do seu café quente.

Todos nós estávamos numa cafeteria. Decidimos nos encontrar lá já que nenhuma busca teve êxito e já que nossos pés estavam começando a congelar.

— Olha, ela deve ter procurado algum lugar para comer...

— Que comer, Bryan? — eu falei exasperadamente. — Já olhamos todos os restaurantes perto da minha casa e você sabe que não conseguimos encontrá-la.

— Calma, Liam. A gente vai encontrar a Cherry — Martin disse ao perceber meu tom de voz desesperado.

Talvez eu estava sendo ligeiramente dramático. Afinal, eu tinha acabado de conhecer a garota. Mas eu sentia que ela precisava da minha ajuda e por alguma razão eu queria ficar perto dela.

Suspirei e assenti sem dizer nada.

— Vamos nos separar em mais vezes. Bryan e Jackson, vocês procuram mais uma vez perto da casa do Liam. Eu e Martin vamos procurar perto do centro e Liam, você procura ela nas próximas duas quadras.

— Certo — eu disse desaminado.

O grupo se separou e eu voltei a procurá-la.

— Cherry! Cherry, vamos, por favor! — eu gritava.

Eu decidi procurá-la num lugar mais calmo, eu acho que se eu estivesse chateado, com certeza iria para lá.

Acabei me lembrando de um parquinho abandonado que tinha perto da minha casa. Corri para lá o mais rápido que eu podia.

O parque estava coberto de neve. Tinha algumas árvores espalhadas por lá, se estivesse na primavera com certeza estaria coberto de flores. Esse parquinho tinha sido abandonado porque alguns brinquedos haviam quebrado e o dono não tinha tempo nem renda suficiente para consertar.

Eu olhei rapidamente pelo espaço, fazendo uma varredura, tentando achar um ponto vermelho no meio de tanta neve.

Uma árvore enorme me chamou a atenção e eu fui até ela. Ficava entre um brinquedo de criança e um tiro ao alvo. Era enorme e, com a neve, era linda. As folhas que desciam como cascatas pelos galhos estavam totalmente brancas por causa da neve. O tronco era enorme e majestoso.

Quando eu fiquei apenas quatro metros de distância, percebi uma bota do outro lado do tronco.

Soltando uma respiração ansiosa, dei a volta no tronco encontrando com uma Cherry sentada com os joelhos encostados no queixo.

— Cherry! — eu disse com o maior alívio no mundo.

Certamente era estranho que eu tenha pegado tanto afeto por uma garota que eu tinha trocado apenas meia dúzia de palavras. Parecia até que a gente se conhecia fazia tempo.

Ela olhou para cima e sua expressão taciturna tornou-se uma expressão de surpresa quando me viu praticamente ao seu lado.

Eu deixei meus joelhos fraquejarem, fazendo com que eu afundasse de joelhos na neve.

Meu coração estava batendo a mil. Contudo, mesmo assim eu só sentia uma completa paz em meu corpo.

— Liam? — ela perguntou hesitante.

— Sim — eu abri um enorme sorriso.

Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, eu a puxei para meus braços.

Abracei ela como se ela fosse um panda fofinho. Cherry pareceu espantada e hesitante, mas logo se ajeitou nos meus braços e me abraçou com tanta força que eu pensei que minha costela iria virar geleia.

Ela era quente, macia e cheirava a flores de cerejeira. Eu sentia como se eu estivesse finalmente em casa. Uma sensação serena e feliz tomou conta de minha mente.

Olhei nos olhos dela depois de a soltar.

— Me desculpe.

— Ora, pelo quê? — ela perguntou confusa.

Olhei pra ela confuso também.

— Por ter descontado minha raiva com você...

A boca dela formou um “O” pequeno e ela fez um gesto para que eu não ligasse pra isso.

— Ah, não precisa se desculpar por isso. A culpa foi minha e eu percebi que foi melhor eu ter ido embora.

Me ajeitei na neve.

— E para onde você pretende ir?

— Eu tenho um dinheiro guardado aqui na bolsa... — ela apontou para uma bolsinha pequena que estava no pé da árvore.

E do nada surgiu um cachorro do além que pegou a bolsa de Cherry que estava a dois passos de nós e saiu correndo com a bolsa entre os dentes.

— HEY! — Cherry e eu berramos correndo atrás do cachorro.

Não preciso dizer que não conseguimos alcançá-lo. O cachorro sumiu depois de ter passado por um buraco entre as cercas da casa de luz do parque.

— Bem... — Cherry disse engolindo seco. — Parece que agora eu não tenho dinheiro pra um hotel.

Mordi meu lábio. Eu queria perguntar porquê ela estava sozinha, porquê ela não contava nem seu nome, porquê eu não consigo deixar ela simplesmente ir.

— Por que você não fica lá em casa? Não precisa me pagar nem nada.

— O... o quê? Eu não posso fazer algo do tipo, Liam, não não... eu...

— Eu faço chocolate quente — eu lancei um sorriso Colgate para ela.

Cherry riu.

— Venha — eu estendi minha mão para que ela se levantasse junto comigo. — Vamos para minha casa.

Eu e Cherry caminhamos lado a lado serenamente, não se importando com o frio à nossa volta. Mesmo assim, eu decidi acelerar um pouco o passo quando eu percebi que a mão dela estava ficando gradativamente mais gelada.

***

Não acho que devo citar o quão fodido eu fiquei depois que eu sem querer esqueci de ligar para meus amigos e, apenas quando era umas cinco da tarde, eu me lembrei que eu tinha que ligar para eles.

Todos ficaram bravos menos Ellie. É claro que ela não ficou brava. Ela simplesmente se transformou num monstro ceifador de almas de italianos e começou a jogar todas as minhas almofadas em cima de mim enquanto me xingava.

Ellie sempre foi esquentadinha, mas ela quase nunca partia pro físico (como jogar almofadas, distribuir socos etc), bem, pelo menos não comigo. Não até aquele dia.

Eu nunca soube que existia tantos insultos até Ellie ficar brava comigo.

— Amor, eu acho que você já assustou Liam o suficiente — Martin disse jogado no sofá.

Bryan estava na cozinha comendo e Jack estava na minha própria sala esparramado no outro sofá em frente à lareira tentando se aquecer rapidamente.

— Você vai ficar doente. — Eu disse assim que eu tirei meu casaco. — Afinal, isso é como um choque térmico...

— Eu sei — Jackson disse sonolento —, mas pelo menos eu estarei no quentinho.

Balancei a cabeça.

Pouco tempo depois ele disse que estava ficando muito quente em frente à lareira e foi pra cozinha procurar alguma coisa para comer.

— Certo — Ellie ajeitou seu cabelo perfeito. — Bom, pelo menos você encontrou Cherry, você não é um desperdício de espaço como Bryan.

— Eu ouvi isso! — a vítima gritou da cozinha.

— Desculpe preocupar todos vocês — Cherry disse. — Não era minha intenção.

Martin fez um gesto de “relaxa, relaxa” e Ellie sorriu.

— Você não precisa se desculpar, Cherry, é só que como você foi embora sem avisar nós acabamos ficando preocupados.

Eu percebi que um brilho passou pelos olhos de Cherry. Era como se ela não tivesse cogitado que nós tivéssemos ficado preocupados com ela.

Deixei quieto. Era melhor não perguntar nada por enquanto.

Como tudo tinha acalmado eu decidi fazer o chocolate quente que eu havia prometido. Quando eu cheguei na cozinha eu percebi que os mini marshmallows estavam sendo atacados por Bryan e Jack.

— Por que DIABOS vocês estão comendo meus marshmallows?

— Porqueégostoso — Jack disse com um monte de marshmallow na boca.

— Porqueestamoscomfome.

Cerrei meus punhos.

— Por que não comeram torradas ou sei lá, um pão? Tinham mesmo que pegar os marshmallows?

Bufei e tirei o pacote de suas mãos.

— Saiam da minha cozinha.

— Mas...

— SAIAM — eu berrei.

Os dois pularam e saíram correndo para a sala.

Dois minutos de silêncio depois eu consegui ouvir as suas vozes.

— Liam gritou com a gente. Ele é assustador quando bravo — Bryan sussurrou alto o suficiente considerando que eu conseguir escutar.

— Parece um monstro guardião de comida, sabe? — Jack disse também.

— A culpa é de vocês por atacarem a dispensa de Liam. Vocês sabem como ele é com os ingredientes dele. É tipo a Ellie com suas botas de pelinho — Martin disse divertido com toda a situação.

— Hey! — Ellie exclamou. — Eu não sou assim.

— É sim — os quatro responderam em uníssono.

Eu sorri e comecei a fazer os chocolates.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo sai na semana que vem!
Byebye



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