The Past Must Be Forgotten escrita por Cold Girl


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, espero que gostem desse capítulo.
Boa leitura.



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–Ah... e por isso você tem uma espécie de diário dela?

–Segundo o meu avô, sua avó achava que tinha perdido isso, então nem sabia.

Eu desvio o olhar, alterando entre os olhos azuis dele e o livro. Aquelas machas de sangue me incomodavam e eu queria saber o que isso tinha a ver comigo e o por que dele procurar por ela logo agora, mas fui impedida pela chegada repentina de Johanna, que fez dar um pulo do banco e arrancar um sorriso do rosto de Peter.

–Aí está você. Estive te procurando... – Ela desviou os olhos para Peter, jogando o cabelo por cima do ombro e lançando o seu sorriso sedutor. – Espero não estar atrapalhando.

–Na verdade, temos um assunto ainda importante para tratarmos. – Ele disse, mantendo o sorriso no rosto, como se não estivesse expulsando a minha amiga.

Eu olhei, incrédula, para ele, que retribuiu a intensidade do olhar, sempre com um sorriso educado nos lábios. Johanna estava sem reação, apenas encarando a mim e a ele.

–Qualquer que seja o nosso assunto, ela pode ouvir.

Eu levantei o rosto, uma atitude adotada de Johanna, e tentei parecer o mais firme possível, o que só o fez aumentar o sorriso. Olhamos-nos sem desviar a atenção por um longo tempo, tentando ver quem aguentava mais. Por fim, ele suspirou e se levantou.

–Tudo bem, eu tenho que ir mesmo. Eu pensei em deixar isso com você por alguns dias. Tenho certeza que depois que você ler as primeiras páginas ficará lotada de perguntas, então... nos vemos em alguns dias.

Eu o observei ir embora indignada, ainda tentando manter a pose superior. Apenas depois me lembrei de que tinhas perguntas para ele agora, e não queria esperar até alguns dias quando ele decidir aparecer. Olhei para o diário em minha mão e suspirei alto, seguida de Johanna, a qual eu havia me esquecido que estava por perto.

–Nossa, me desculpe por ele, eu não sei por que alguém falaria assim com você.

–Está tudo bem, mas eu acho que estou apaixonada. De qualquer forma, o que ele queria com você nesse canto escuro e sozinho? Te estupra? Ou você veio por livre e espontânea vontade? – Ela ria sozinha enquanto caminhávamos de volta aos dormitórios.

Durante o percurso, contei a ela sobre o misterioso Peter, o qual eu nunca havia visto no campus, mas que parecia saber tudo sobre mim. Contei sobre o diário, o qual ela realmente pareceu interessada, e sobre as gotas de sangue. Eu imaginava uma historia sangrenta por trás, mas isso era impossível: qualquer pessoa que conhecesse a minha avó saberia que ela não se encaixava em um mundo perigoso. Foi com ela que eu havia aprendido tudo o que sabia sobre ser “pura e inocente”, como ela costumava me chamar.

–Mas o que eu realmente quero saber... – Disse Johanna, já no quarto, trocando de roupa para irmos jantar. – É se ele é solteiro. Você precisa descobrir para mim, não me faça ir atrás dessa informação por meios ilegais.

Olhei desconfiada para ela, que apenas piscou. Eu me sentei na minha cama e comecei a analisar o diário, por tanto tempo que Johanna havia trocado toda sua roupa e se preparado para sair enquanto eu apenas olhava a capa.

–Vamos, Kat. Noite das garotas, lembra? Vamos ir ao cinema depois do jantar e terminar a noite em um bar que Mindy achou.

Eu não queria dizer que qualquer bar que Mindy achasse divertido seria sádico e macabro, mas a minha vontade de sair havia sumido. Eu queria ler e descobrir logo o que a minha avó escondia, se fosse mesmo minha avó a autora desse diário.

–Eu acho que vou ficar em casa dessa vez.

Ela me olhou por alguns segundos, depois olhou para o caderno em minhas mãos e suspirou. Ela concordou e saio pela porta, me deixando sozinha. Eu me deitei na cama e liguei o abajur perto da minha cama, lendo as palavras. Elas foram escritas há muito tempo, a julgar pelo vocabulário e a forma como foram escritas. Havia sido escrito por alguém com pouca escolaridade, o que encaixava com a minha avó. Eram letras longas e bonitas, certamente de alguém muito elegante.

“É difícil tentar explicar por que comecei a escrever agora, talvez por que achei esse caderno nos fundos do camarim e decidir usá-lo antes que alguém dê falta. Há muito a se fazer para preparar o show dessa noite, mas eu continuo aqui, apenas observando os milhares de homens armando os instrumentos musicais e o microfone, tudo no seu lugar, além das mesas e cadeiras postas de forma estratégica para ter a melhor visão do show. Os rapazes acenam e sorriem para mim e não posso deixar de iniciar esse diário dizendo uma coisa: eu amava receber toda está atenção. Amava que todos os homens que me conheciam sorriam sarcasticamente para mim antes de avaliarem outra vez o meu corpo. Esta era a minha vida e eu a aproveitava ao máximo. Eu termino essa primeira passagem desse diário dizendo que está será uma grande noite: começarei meus solos hoje e um juiz muito importante reservou a mesa em frente ao palco. Talvez eu finalmente vire famosa.”

A primeira parte do diário eram pequenos relatos assim, uma leitura de poucos minutos que definitivamente não poderia pertencer a minha avó. Ela relatava truques que usava durante suas performances para seduzir todos aqueles que tinham dinheiro, além dos vários namorados que ela tinha, em especial um moreno de olhos cinza, como os dela, o que também fecha com a minha avó. Seu nome era Gale e ela vivia dormindo e saindo com ele quando não tinha apresentações, ele também trabalhava como garçom no tal bar que ela cantava. Havia passagens bem explicitas do relacionamento dela com ele, o que me fez fechar o diário, constrangida. Se aquela era a minha avó, eu definitivamente não queria ler sobre como ela chegava a orgasmos com um rapaz qualquer, provavelmente o avô de Peter. Olhei para o relógio em formato de gato de Johanna e vi que havia ficado quase três horas lendo, o que significava que eu havia perdido o jantar no campus. Respirei fundo e peguei a minha carteira, planejando ir ao centro da cidade e comprar alguma comida para a viagem.

Eu acabei atrasando um pouco mais o meu jantar, pois fui tomar banho e trocar de roupa antes de sair. Eu havia posto uma calça jeans escura justa e uma blusa qualquer, deixando meus cabelos molhados e passando apenas o básico da maquiagem. Planejava encontrar Johanna, talvez, no tal bar e tirar as imagens que o diário havia posto na minha cabeça quando uma cabeleira loira me chamou atenção. Seria impossível não reconhecer aqueles olhos, o modo como caminhava e sorria. Eu estanquei e fiquei olhando para ele até ser reconhecida, quando ele estava a centímetros de mim.

–Kat? É você mesma?

Eu engoli em seco e concordei com a cabeça, enquanto ele colocava o meu corpo ridiculamente magro dentro dos seus braços musculosos e me dava um abraço apertado, quase me fazendo acreditar que ele realmente me amava. Mas eu já havia caído nessa, mais vezes do que eu gostaria.

–Finnick? O que você está fazendo aqui? – Reuni toda a força que havia dentro de mim e consegui perguntar.

Ele me soltou e sorriu, mandando os seus amigos, que não passavam de borrões para mim, seguirem em frente que ele os alcançava depois. Ele olhou fundo nos meus olhos, sorrindo o sorriso cafajeste dele.

–Eu pensei que você iria para Columbia com Annie.

Ele fez uma careta e pegou a minha mão, acariciando ela enquanto falava.

–Nós terminamos. Por sorte, eu havia sido aceito aqui, portanto decidir vir para cá. Eu não sabia que você tinha sido aceita aqui também. Na verdade, fazia meses que não conversamos e eu não sei quase nada mais a seu respeito. Talvez possamos sair e conversar.

Seus olhos verdes e aquele sorriso eram tudo o que bastava para eu aceitar, mas eu sabia que isso levaria alguns meses e eu terminaria de coração partido e ele com outra garota nos braços, porque ele era assim. Reuni coragem para puxar minha mão de volta e plantar o mesmo sorriso falso de Johanna.

–Claro. Eu ligo pra você. Agora eu tenho que ir.

E antes que ele pudesse me fazer mudar de ideia, saí praticamente correndo em direção ao meu carro, vendo-o me lançar um olhar confuso antes de abanar. Eu entrei na cabine da minha velha caminhonete e liguei o som ao máximo para abafar os meus gritos de frustração. Como ele poderia estar aqui, o único lugar onde eu estaria livre dele de verdade? Aquele imbecil. Eu gritei por vários minutos antes de me acalmar o suficiente para dirigir, ligando para Johanna no caminho.

–Onde você está? – Eu disse, mal abrindo a boca.

–COMO?

–Johanna, me diga onde você está que eu estou indo para aí.

–COMO É? KAT, É VOCE?

Eu gritei novamente de frustração e desliguei o celular, mandando uma mensagem de texto. Minutos depois, eu estacionava em frente a um bar mal iluminado, porem muito barulhento, o que explicou a dificuldade de Jo em me escutar. Eu desci do carro, preparada para gastar todo o meu dinheiro em álcool, como as garotas. Não foi difícil encontrá-las, já que Johanna usava um top vermelho brilhante e dançava colada com varias garotas em cima do balcão. Eu me aproximei do local aos poucos, já que havia muita gente admirando o show, tanto homens quanto mulheres. Quando Jo me viu, desceu do palco sorrindo e me atacou, beijando meus lábios antes que eu tivesse qualquer tempo de reação. Ela me beijou por alguns segundos, arrancando gritos excitados de todos a nossa volta. Eu estava tão estática que apenas fiquei parada, correspondendo o máximo que podia. Quando terminou, Johanna olhou nos meus olhos e sorriu, virou-se para as garotas e gritou acompanhada de todos. Ela estava bêbada e eu a levei com cuidado para uma mesa, colocando-a sentada. Seu estado era tão critico que não consegui colocar uma gota de álcool na boca, apenas dei-lhe água até ela estar bem o suficiente para ir sozinha até o meu carro e dormir o caminho inteiro para o campus. Naquela noite eu estava sendo a mesma de sempre, a que não fazia nada. Pelo menos, fui eu quem ri de manhã quando ela acordou de ressaca e com a cara amassada.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor, se estiverem gostando da historia. Eu não pretendo continuar postando historias que não agradam. Obrigada :)
Até a próxima.