Castelos escrita por The Green


Capítulo 1
Maçã Envenenada


Notas iniciais do capítulo

Dedico este capitulo a Lucas Sousa que me aconselhou tanto a revisar meus textos e mesmo que as vezes fosse chato, suponho ter feito bem neste livro. Dedico também a Allana Emely que me inspirou a criar uma personagem tão cheia de atitude. A Valeria Magalhães por me mostrar o lado bom das coisas e apoiar meu talento, mesmo quando eu o desmerecia. E a todos que lerão, pois o escrevi com carinho e sem dúvida, com minha alma.
The Green.



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Avelar era apaixonada por maçãs desde quando sua mãe, Zárlia, lhe apresentou a fruta e lhe contou a seguinte lenda: a vampira que se alimentasse também de maças, e não apenas de sangue, conservaria sua juventude por milhares de anos. A menina, sentada a beira de um lago, olhava a maçã mordida em suas mãos. Ela tinha o olhar perdido no passado, nas lembranças... Não tinha nem 150 anos e já sonhava em ser a maior integrante da grande Adaga (Tribo dos vampiros caçadores de recompensas).
— Avelar, por que você está ai parada pensando? O ritual de caça das Pedras de Safira já vai começar!- Gritou Amélia, próximo a entrada da floresta. Esticava-se para tentar ver com clareza o que Avelar estava fazendo.
      A garota de longos cabelos negros olhou para trás , levantou-se e respondeu:
— Não se preocupe comigo Amélia, assim que as cornetas e tambores tocarem, estarei pronta para mais uma caçada!
     Avelar dizia aquelas palavras e olhava fixamente para a maçã em sua mão. Não fazia muitos gestos, não esboçava nenhuma expressão. Estava morta por fora, mas queimava por dentro.
     Amélia sorriu e manejou a cabeça negativamente, pensando “essa garota não tem jeito mesmo”. E era sempre assim: Avelar estava sempre quebrando regras, descobrindo segredos. Pouco conversava com os Aqueus (tribo de vampiros recém formados nas artes da caça e manipulação neurológica). Assim que viu Amélia sumir por entre a relva, Avelar traçou um plano para encontrar as pedras perdidas. Agachou-se e desenhou com um graveto na terra. Usava a mão esquerda para desenhar, pois com a direita segurava o fruto que ela tinha como um amuleto, o que fez seu esboço um tanto peculiar. Assim que terminou, levantou-se e começou a caminhar pela floresta lentamente. Olhava ao redor, ouvia o cantar dos pássaros característico do crepúsculo. Via o sol, que era coberto por nuvens escuras constantemente, parou na entrada da floresta, abraçou a si mesma, arranhando a capa de veludo azul turquesa, e seguiu para a cerimônia.
     Cárdamo, o oficial de Mendragon estava em cima do grande altar de pedras de Azamur (uma espécie rara de pedras, conquistada na batalha contra os espíritos do Lago dos Espinhais). Ele estava ansioso, parecia estar à espera de alguém. Examinava a multidão, que fazia grande barulho de murmúrios, esticava o pescoço enquanto cochichava com uma mulher que estava sentada em um dos bancos de Juízo. Deveria ser uma das que escolheriam quem representaria a tribo na caça. Ele estava à procura de Avelar. Assim que a viu espremida pelo aglomerado de curiosos, pediu para um soldado buscá-la. O soldado tinha aproximadamente dois metros de altura e não passava despercebido por entre as pessoas no lugar. Ele vestia uma grande capa de pele de animal, o que deixou Avelar estranhada e pensando “os soldados não estão vestidos para guerra, e sim para a morte”. Avelar pensou desta forma porque aquela era a vestimenta fúnebre dos soldados. Assim que se aproximou, ele tomou-a pelo punho e puxou-a. Ela tentou relutar, mas ele lançou-lhe um olhar intimidador, grunhindo e deixando à mostra suas presas. Ela cedeu, pois sabia pelas vestes dele que não estava ali para brincadeiras, e deixou-se levar. Ele a empurrou numa espécie de camarim atrás do altar, onde vampiras audaciosas degustavam taças de sangue e preparavam-se para a cerimônia, maquiando-se. Havia também um grupo de cinco vampiros de mãos dadas que estavam invocando Balock, o deus da tribo dos Murtiços.
     Cárdamo, desceu de uma escada que dava acesso à parte principal do altar e veio ao encontro da jovem.
— Mendragon proibiu seu ingresso na caçada! - Ele disse sem rodeios, sem pudor, sem medir palavra. Apenas deu a noticia a Avelar, como que descarregando um fardo.
     A jovem vampira permaneceu calada por um tempo. Seus olhos não lagrimaram, mas ela começou a salivar. Parecia estar fervendo de ódio: as garras de suas mãos começaram a aparecer e seu rosto estava se transfigurando, mostrando suas presas. Com medo, Cárdamo recuou, dando dois passos para trás. Ele parecia querer sair correndo aos berros. Todos conheciam sua fama. Ele mentia para se engrandecer, mas não passava de um medroso que se apropriava da coragem de alguns ignorantes. Uma coisa era certa: ele era muito esperto.
     Assim que percebeu que as vampiras estavam olhando curiosas para o que estava acontecendo e os homens do ritual estavam olhando de prontidão, prontos para intervir em qualquer situação que pusesse em risco a cerimônia, Cárdamo deu ordem para o soldado segurar Avelar, que já estava praticamente transformada e tinha o corpo curvado em sua direção, como um animal pronto para atacar. A menina se conteve após ter seus dois braços apertados por um ser bem maior que ela, que estava ali cumprindo ordens e não tinha nada a perder. Avelar, então, pensou “é melhor eu me controlar, pois ele está aqui para matar ou morrer!”. Assim que ela voltou ao seu estado natural, as vampiras aos poucos voltaram-se aos espelhos e os homens do ritual fecharam os olhos e prosseguiram. Os vampiros sempre agiam assim, principalmente os Murtiços. Sempre calados, não se envolviam nos debates alheios a não ser que ferissem seu espaço. E tratando-se da cerimônia, Avelar corria um grande risco de ser morta ali mesmo.
     Cárdamo respirava fundo, tentava disfarçar o medo. Ensaiou aproximar-se de Avelar de novo, mas retrocedeu. Suas pernas tremiam, mesmo com a menina tendo os braços para trás fortemente imobilizados pelo soldado. Ele empinou o nariz, pôs a mão direita na cintura e com a esquerda fazia gestos.
— Ficou insatisfeita com a decisão, criança? - Disse ele, tentando olhar nos olhos de Avelar, que recomposta, liberou a resposta com extrema mansidão:
— Apenas esperava uma explicação.
     Ele pensou por alguns segundos, fez um gesto para o soldado soltar a garota e disse:
— Venha vamos falar com Lorde Mendragon.
     Certamente era o que Avelar queria, mas se sentia exitante. Não sabia se estava preparada para enfrentar o poderoso chefe dos exércitos. Nunca tinha ficado cara a cara com ele. Até então, se comunicava através de mensageiros, mas não podia desperdiçar aquela oportunidade. Era sua dignidade que estava em jogo. Seu futuro. O sonho de se tornar uma Adaga. A esperança de vencer a caçada e se tornar poderosa, como sua mãe disse que ela seria, em seu leito de morte.


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Notas finais do capítulo

Naquele dia a maça de avelar, se amuleto não estava tão madura. Parecia mais envenenada e não lhe deu muita sorte.



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