No dia seguinte Elisa acordou com um calor diferente, era aconchegante ! Quando abriu seus olhos se deparou com o rosto de Arthur, que dormia tranquilamente a envolvendo em seus braços. Ele tinha uma expressão realmente fofa, suas feições eram naturais e relaxadas. 

Essa era uma das partes boas de não ter os pais por perto. Ela poderia fazer o que quisesse, sem levar broncas a seguir, eles não iriam saber mesmo.

Elisa era vivida, desde criança sempre se virou sozinha e aprendeu com seus erros as maiores lições da vida. Era orgulhosa, independente, digamos que um pouco boca suja, não gostava de estudar, e não perdia a oportunidade de se intrometer em uma discussão ou briga, só para mostrar sua força e seu domínio com as palavras sujas.

Normalmente tentava defender seus amigos também, mas eram eles que sempre cuidavam dela.

— Ei, Arthur! _ Cutucou o abdômen dele o que fez ele sentir cócegas.

— O que foi?_ Estava sonolento e seus olhos permaneciam fechados.

— Vaza! Me deixa levantar!_ Ordenou.

— Caralho, o que aconteceu com você? _ Estava surpreso._ Ontem você estava toda sentimental.

— Tava nada! Aquilo era por quê tava a noite, mas agora é de manhã e eu tô irritada porque chorei ontem.

— Você diz como se chorar fosse uma doença. _ Murmurou.

— E não é?  Se você não estivesse aqui eu teria me acabado. _ Ficou compreensiva de repente.

— Se acabado? De tanto chorar?_ Estava confuso.

— Estaria de porre hoje, ou coisa pior._ Esclareceu.

— Que bom que eu estava aqui._ Sorriu.

Elisa retribuiu o sorriso. Reconhecia que Arthur era um remédio pra ela, mas não queria depender dele.

— Vou tomar banho._ Ele a soltou e ela se levantou  indo até o banheiro.

— Posso ir junto? _ Sorriu malicioso.

— Venha se quiser ficar roxo._ Se virou e o encarou.

— Estou bem._ Relaxou na cama.

[...]

Elisa saiu do banheiro vestindo uma saia caqui, com uma regata branca e uma jaquetinha preta de couro. Arthur estava arrumando o quarto e cantarolava uma música.

— Que gay._ Estava se esforçando pra ser chata, normalmente não dá bola pra garotos bonitos como ele.

— Tanto faz._ Estava começando a entender o jogo.

Elisabeth pegou um coturno no seu armário, se sentou na cama e começou a calça-lo.

— Eu já entendi. _ Disse a sua frente.

— Entendeu o quê ?_ Ela dizia sem interesse.

— Você não gosta de ser cuidada. Acha que se deixar as pessoas te ajudarem elas acabarão te manipulando, não é? _ Seus olhos cercavam os dela.

— Não tenho medo, eu sou forte._ Ela mentia pra si mesma.

— Você pode até ser forte por fora, mas por dentro está fraca.

— E o que eu deveria fazer? _ Começou a se interessar nas palavras dele.

— Conte aos seus pais que quer eles por perto, diga que sente falta deles._ Segurou uma das mãos dela.

— É fácil dizer._ Desviou o olhar.

— Você mesma disse que é forte. Seja forte para dizer isso a eles._ Ela se levantou animada e assentiu.

Arthur foi tomar banho depois que Elisa o entregou roupas. Assim que terminou não a viu no quarto, então desceu para procurá-la.

Ela estava preparando leite com achocolatado, um pra ela e outro pra Arthur.

— O que está fazendo?_ Perguntou ao entrar na cozinha.

— Será que você só sabe fazer perguntas? _ Irritou-se.

— Não, eu sei cantar, sei cuidar de quem eu gosto, sei brincar, sei fazer comida e sei te provocar._ Sorriu de orelha a orelha.

— Me provocar!?_ Se aproximou.

— É.

— Tá. Vem, vamos tomar café. _ Gesticulou para ele se sentar.

— Você é meio bipolar né? _ Indagou tomando um gole do achocolatado.

— Ah, vai se fuder! _ Mostrou língua fazendo careta.

— Boba!_ Gargalhou.

Mais tarde o celular de Elisa tocou e ela atendeu vendo que a chamada era de Andy.

"Alô."

"Oi, vou passar aí pra irmos juntos a escola."

"Ok, até mais."

— Sua amiga?_ Perguntou Arthur.

— Eu não tenho "amigas"._ Disse como se estivesse sendo ofendida. 

— Por que? Não vá me dizer que é a excluída sem amigos !_ Estava espantado com a resposta dela.

— Claro que não! Eu tenho muitos AMIGOS!

— Então, fala aí, você é a puta atirada ou a sapatona?_ Gargalhou com a ideia, Elisa também riu.

— Você é idiota cara. _ Deu uma pausa para mais risos e voltou a falar. _ Eu gosto da companhia deles, mas são só amigos e eu não me interesso por garotas!

— Então quer dizer que eu tenho chances com você?_ Se aproximou dela tentando provocar.

— Você não é diferente._ Deu de ombros.

— Como você é chata, nem pra me dar esperanças!_ Fez bico, o que deixava ele fofo.

— O beijo ontem não foi o suficiente?_ Cruzou os braços.

— Não._ Molhou os lábios com a língua.

— Você não vai ter mais de mim._ Foi pegar sua mochila e ele a seguiu.

— Onde você vai?_ Perguntou sem entender.

— Pra escola, tenho 16 anos, preciso estudar ainda!_ Bufou abrindo a porta de entrada.

— Você não gosta da escola._ Afirmou observando ela trancar a porta com a chave.

— Quem gosta? _ Sorriu.

— Hum.

— Andy já tá chegando e você precisa de roupas! _ Tirou 500 dólares de seu bolso e colocou nas mãos de Arthur. _ Por favor, compre roupas bonitas!_ Implorou.

— Sim senhora! _ Fez continência e beijou o rosto dela, o que a fez se sentir fraca.

"Ah, eu não o suporto!"_ Pensou sentindo suas bochechas queimarem.

Olhou para ele já virando a esquina e suspirou. Começou a odiar a si mesma por estar se sentindo atraída por ele. Em poucos segundos Andy chegou e a abraçou.

— Como está ?

— Bem ! _ Sorriu e começou a andar ao lado dele.

— Tem notícias do Ethan? _ Pergunta interessado.

— Sim, consegui falar com ele ontem._ Disse se recordando do momento e ficando com as pernas bambas. Andy percebeu.

— Estava chorando de novo?_ Parou de andar e ficou de frente pra ela que assentiu confirmando.Ele a puxou para um abraço, e esta enterrou o rosto em seu peitoral.

— Eu não sei o que fazer!_ Murmurou, sua fúria era visível.

Andy sorriu. Ele não era bom com palavras, não sabia consolá-la como Ethan , mas seu sorriso a alegrava  tanto quanto as palavras do ruivo procurado.

— Obrigada! _ Disse se afastando aos poucos.

— Seja forte! 

— Força!_ Tocaram as mãos usando um padrão criado a tempos e voltaram a caminhar.

Na escola estava tudo correndo bem quando Alexy e suas amiguinhas  passaram empurrando Elisa no armário, sem pensar ela avançou nas três, as jogando no chão logo   depois de cuspir na cara delas e puxar seus cabelos! 

— Sua animal!!!_ Gritaram enquanto se recuperavam no chão, Elisa já estava de costas e andava tranquilamente. 

— Que seja._ Disse ríspida de queixo erguido. Não aguentava mais aquelas garotas, só estava esperando o dia certo para acabar com elas de vez, isso era só um gostinho.

— Porra Elisa, o que você fez ali?_ Era Thomas, o capitão do time de futebol.

— Hum ? O que?_ Perguntou despreocupada.

— Você acabou com elas._ Disse balançando os ombros da loira.

— Você não faria o mesmo?_ Deu um sorriso de canto.

— Faria ! M- mas são garotas._ Se repreendeu.

— Fica de boa, vou fazer um favor pra todo mundo. _ Piscou e saiu vitoriosa.

[...]

No final da manhã Elisa volta pra casa faminta. Abre a porta como no dia anterior e diz:

— MÃE! PAI! CHEGUEI!_ Dessa vez ela escuta um barulho, eram sapatos sociais batendo no chão e vinham rapidamente. _ PAI !!! _ Ela gritou pulando nos braços dele.

— Minha filha! _ Seu sorriso era notável.

— Por que demorou tanto?_ Disse já no chão.

— Nossa, parece que não nos vemos a anos. Eu estava aqui ontem, querida. Iria te dar um beijo, mas a porta de seu quarto estava trancada.

— Ah! _ Se lembrou da noite com Arthur.

A campainha soou e Logan arregalou os olhos, não estava esperando ninguém !