.P.O.V. Soluço.

Merida disse que ia conhecer um pretendente que sua mãe a mãe dela arranjou, não sei porque, mas fiquei vermelho na mesma hora.

– Tá com ciúmes da sua namoradinha? - provocou Kyra, que já estava de pé.

– Cala a boca!

– Ei, eu vou lá fora conversar com o Banguela, ok? - ela perguntou, se transformando em um Fúria da Noite com olhos amarelos.

– Tanto faz... - eu respondi e ela voou para fora.

Eu desci para a sala e fiquei pensando no que iria fazer até meu pai chegar, de repente, alguém tocou a campainha, eu abri a porta e dei de cara com a Merida, mas, ela não tinha ido para a casa dela?

– Oi, Soluço, você precisa me ajudar com uma coisa de extrema urgência! - ela disse, desesperada.

– O que aconteceu agora?

– Bem, eu fui para a minha casa e o tal do "filho do amigo do meu pai" já estava lá, só que ele é um riquinho mimado e, se eu ficar mais um segundo naquela casa eu morro, porque, eu vou acabar dando um soco na cara do garoto e minha mãe me mata se eu fizer isso!

– Calma! Você vai explodir daqui a pouco! - disse Kyra, que tinha magicamente surgido atrás de mim.

– Eu preciso sair para qualquer lugar bem longe da minha casa! E preciso que vocês venham comigo, porque eu disse que iria com um amigO, e, o Jack mora no fim do mundo, já que você é meu vizinho, eu pensei em ir pra qualquer lugar com vocês dois!

– Por mim tudo bem, mas, onde a gente vai? - perguntou Kyra, se transformando em Fúria da Noite de novo.

– A gente pode voar pra algum lugar! - eu disse.

– Já vou avisando que não vou levar ninguém! - disse Kyra, voando para o telhado.

– Então... eu sobrei aqui. - disse Merida.

– Você pode ir comigo no Banguela se quiser, seria bem mais fácil se a KYRA deixasse você ir com ela! - eu disse, dando ênfase no nome da nossa amiga.

– EU NÃO VOU DEIXAR NINGUÉM IR COMIGO! - gritou de volta Kyra, lá do telhado.

– Olha, por mim tanto faz, eu só quero mesmo é sair de perto daquela casa! - disse Merida, apontando para a própria casa.

– Então vamos! - disse Kyra, se jogando do telhado.

– Kyra, qual o seu problema? - perguntou Merida.

– Ela é louca... - eu cantarolei baixinho.

Nós chegamos onde o Banguela estava e eu subi, estendi a mão para a Merida, que subiu e sentou atrás de mim.

– Já sei onde podemos ir! - ela comentou.

– Onde? - perguntou Kyra.

– Naquele lugar. - Merida piscou para Kyra.

– A floresta de eucaliptos?

– Essa mesma!

Nós levantamos voo e o Banguela começou a ir bem rápido, acho que pelo fato de nós estarmos acostumados a voar nesse ritmo, estava esperando ouvir a Merida gritar, e foi o que ela fez, mas, não foi um grito assustado, foi um grito de felicidade.

– ISSO É DEMAIS! - ela gritou, quando estávamos na velocidade máxima, Kyra estava bem do nosso lado.

–Chegamos! - Kyra disse, e nós descemos.

Quando pousamos, Merida pulou para o chão e foi até uma moita, ela parecia estar procurando alguma coisa, me aproximei para ver o que era.

– Tem certeza de que essa é a moita, Rida? - perguntou Kyra.

– Ah, é aquela ali, desculpa! - disse Merida, dando uma risada sem graça e correndo até a outra moita.

Dentro da moita tinha uma portinha, ela abriu e tirou lá de dentro dois arcos e duas aljavas cheias de flechas, entregou um arco e uma aljava para a Kyra e pegou o outro para si, fechou a portinha e colocou a moita de volta no lugar.

– Eu fazia aulas de arco e flecha com a Merida! - explicou Kyra, vendo minha cara de espanto.

– Isso explica tudo...

– Você sabe usar arco e flecha? - perguntou Merida.

– Mais ou menos, eu sei mirar e atirar, mas, às vezes eu erro.

– Todo mundo erra, às vezes. - respondeu Merida.

– Menos você, né Rida? - brincou Kyra.

Nós fomos para uma parte da floresta sem muitas árvores e elas começaram a treinar, eram realmente muito boas naquilo, quando percebemos, já estava escurecendo.

– Melhor voltarmos para casa, minha mãe vai me matar! - disse Merida.

– Pra que lado nós vamos? - perguntou Kyra.

– Não sei, pensei que vocês tinham marcado! - eu respondi.

Era isso, nós estávamos perdidos em uma floresta com árvores gigantes no meio da noite sem água ou comida. Eu realmente tenho muita sorte! Pelo menos nós tínhamos o Banguela, e a Kyra podia se transformar em qualquer animal, não estávamos tão ferrados assim...

– Gente, e se nós passarmos a noite aqui? - perguntou Kyra, me tirando dos meus pensamentos.

– Você está louca? Sabe que tipos de bichos tem aqui? - disse Merida.

– Loucos são os bichos que se aproximam de Fúrias da Noite que estão protegendo seus donos. - ela respondeu, foi aí que eu percebi, o Banguela estava na minha frente olhando para os lados, como se esperasse um ataque surpresa a qualquer momento.

– Bem, que bom que estamos no Outono, vou pegar umas folhas e tentar fazer alguma coisa macia para a a gente dormir. - disse Merida, se levantando e indo em direção às árvores.

– Vou com você! - eu disse. - Se nos perdermos o Banguela lança um sinal.

– Eu fico aqui cuidando da clareira! - disse Kyra, se transformando em um Machadrago enorme, preto e vermelho.

– Vamos logo, então! - disse Merida, ela parecia... animada?

Nós três (eu Merida e Banguela) entramos na floresta, enquanto andávamos pegando folhas, nós conversávamos:

– Então, eu ainda não sei nada sobre você... - ela começou. - Qual sua música preferida?

– Fly High, do The DNC, e a sua?

– Roar, da Katy Perry.

– Cor preferida. - eu perguntei.

– Vermelho e amarelo.

– Verde e marrom.

– Olha, a Kyra deve estar nos procurando, ela mandou um sinal! - ela disse, apontando para o céu.

– Vamos mandar um sinal de volta para avisarmos que estamos bem! - eu disse, e Banguela soltou uma bola de fogo para o céu.

Nós voltamos o mais rápido possível e encontramos a Kyra com um monte de frutinhas azuis.

– Olha que eu achei! - ela começou. - Não se preocupem, não são venenosas nem nada!

Nós comemos e fomos dormir, as camas de folhas não estavam tão macias quanto colchões de verdade, mas estavam confortáveis, peguei no sono bem rápido com o barulho dos grilos.