Chapter 1 – Back in the old routine

[Natasha Romanoff]

Era o primeiro dia de aula em Nova York, a Midtown High School havia acabado de voltar das férias, e isso indicava que mais um ano monótono e rotineiro estava prestes a começar.

O verão havia sido tranquilo pra mim, viajar com meus pais certamente me fez muito bem. As praias de Miami tinham as paisagens mais lindas que eu já vi em toda a minha vida. O mar, o sol, os pássaros, a areia macia e quentinha abaixo dos meus pés... E claro, tudo isso serviu para me deixar mais relaxada, me distraindo das preocupações e problemas de minha vida diária.

Porém, sempre soube que uma hora teria que sair da fantasia e voltar à vida real, enfrentar mais um ano dentro daquela zona de adolescentes imaturos e arrogantes... Se você pensou na palavra “escola”, devo dizer que acertou em cheio.

Mas o meu grande problema nunca foi à escola em si, na verdade, todo o meu inferno era constituído por apenas uma pessoa, e confesso que se essa mesma pessoa morresse agora, pra mim não iria fazer a menor falta.

Repentinamente ouço o som de uma buzina apitar freneticamente enquanto percorria o estacionamento do lado de fora, em direção ao prédio da Midtown High.

Viro-me para trás a tempo de ver a Mercedes prata avançar em minha direção, a uma velocidade completamente desnecessária, fato que dificultou a minha fuga, e acabei tendo que jogar meu corpo para o lado, caindo bruscamente contra o chão, derrubando todos os meus livros e ainda sentindo os pneus do veículo passarem a poucos centímetros dos meus pés.

Sinto meu sangue ferver ao ver o cretino que quase me atropelou desembarcar do carro, e confesso que a minha vontade era de partir pra cima dele e arrebentar aquela cara de filhinho de papai.

– Caramba ruiva, você é surda ou o que? – ele pronuncia parecendo irritado, enquanto me fita descrente, me deixando ali, sentada no chão com uma expressão indignada, e o pior é que ele nem se importou em me ajudar.

Levanto rapidamente, sentindo o sangue subir cada vez mais, e minhas bochechas esquentarem violentamente.

– Eu sou surda, Rogers? E você? Tá querendo me matar por acaso? – rebato um tanto ríspida, o fazendo sorrir malicioso.

–Não ia fazer a menor falta. – o mesmo responde dando de ombros com aquele tom cínico e irritante, o que me fez querer esganá-lo – E não fique irritadinha,ok? Eu buzinei bem alto... A culpa não é minha se você é uma tonta e não se mexeu.

Okay, esse playboy está pedindo pra levar um tapa nas fuças! Tonto é ele que não sabe a diferença entre o focinho de um porco e uma tomada.

– Quer saber Rogers? Eu vou ignorar as besteiras que você diz. – falo simplesmente, me abaixando para juntar os livros que permaneciam espalhados pelo chão.

– Nem precisa ruiva, eu já estou de saída. – ele retruca segurando as chaves do carro e apertando em um botão no pequeno controle, trancando as portas e ativando o alarme, logo se afastando um pouco, mas antes de ir, o mesmo para e chama minha atenção – Ah, aproveite esse tempo e vá limpar os ouvidos, está precisando.

– Cale a boca... Imbecil. – xingo o fuzilando com os olhos, enquanto o mesmo debochava da minha cara se afastando de mim, indo em direção a entrada do prédio, com aquele andar superior de que se acha o dono do mundo.

Bufo, terminando de juntar meus livros, enquanto mentalmente eu fantasiava várias formas de acabar com a raça daquele cretino... Steve Rogers.

[...]

– Hey Nat, espera aí. – a voz de minha melhor amiga soa um pouco distante, me fazendo parar de andar e olhar para trás, a avistando correr em minha direção.

– Atrasada de novo, Bárbara? – questiono assim que a mesma me alcança, com a respiração um pouco ofegante.

– Só um pouco. Aquela porcaria de despertador nunca me acorda. – ela responde fazendo-me sorrir e balançar a cabeça para os lados – É sério! Nem sei por que eu insisto em colocá-lo pra despertar.

– Sabe Bobbi, eu acho você deve se livrar dele. – argumento voltando a andar pelo corredor, com ela ao meu lado – Afinal, não faz sentindo ter um despertador que não serve pra nada.

– Tem razão, vou comprar um maior e mais barulhento, quem sabe assim eu não tenha que correr contra o tempo pra não me atrasar. – ela replica fazendo-me rir, achando graça de seu comentário.

Enfim chegamos a nossa sala, que já estava quase cheia por sinal. Na verdade, o tumulto presente ali era incontrolável. Todos estavam muito agitados e conversavam freneticamente, provavelmente contando como haviam sido suas férias e coisas do gênero.

Sento-me nos fundos, o lugar de sempre, em uma carteira encostada à parede próxima a janela, e observo Bobbi tomar o lugar ao meu lado.

Dirijo meus olhos em direção a porta, sentindo mais uma vez o calor dominar o meu corpo, enquanto mantinha a minha cara fechada, sustentando um olhar frio.

Lá estava ele, a peste loira que sente prazer em me infernizar todo santo dia, principalmente na escola, fato que me faz odiá-lo até o limite. Ao seu lado, sua popular e odiosa namorada Sharon Carter, a garota mais nojenta e patricinha que conheço, sinceramente é difícil de acreditar que alguém seja tão mimada e controladora quanto ela.

– Ai, isso me dá náusea. – comento com Bárbara, que também observa o casal se agarrando dentro da sala, sem o menor pudor.

Rogers estava sentado na carteira em frente ao quadro negro, distribuindo beijos pelo pescoço de Sharon que permanecia sentada em seu colo. Uma cena repulsiva, que me fazia ter vontade de vomitar.

– A patricinha mimada e o playboy arrogante. – Bobbi pronuncia em voz baixa, com nítida ironia – Que casal mais perfeito.

– Só se for no inferno deles. – respondo ao comentário, fazendo Bobbi soltar um leve riso.

Logo desvio meu olhar daquela cena, que só teve fim quando os dois namoradinhos perceberam a presença de Emília Hastings, nossa professora de literatura, qual acabara de passar pela porta.

– Okay crianças, sentem-se agora. – ela pede calmamente – Sei que estão agitados, mas eu realmente preciso dar inicio a nossa aula, então, por favor, silêncio. – enfim o tumulto presente ali cessa, e todos os alunos se colocam em seus lugares enquanto fitam atentamente a mulher de trinta e poucos anos a nossa frente – Obrigado. – a mesma logo agradece – Bem, como vocês sabem, hoje é o nosso primeiro dia de aula, então pra começar, eu irei formar grupos de quatro alunos para podermos realizar a atividade de hoje.

Respiro profundamente, sentindo uma má impressão em relação a isso. Confesso que não gosto muito de trabalhos em grupo, eu sou meio reservada no aspecto de me relacionar com outras pessoas, tanto é que na escola inteira, eu só tenho a Bárbara como minha única e melhor amiga, com quem eu sempre posso contar.

– Bárbara Morse, Natasha Romanoff, Clint Barton e Steve Rogers, vocês quatro irão formar o primeiro grupo. – ouço a Sra. Hastings pronunciar, o que certamente me fez arregalar os olhos, não acreditando no quão azarada eu sou.

– O QUÊ? – Rogers e eu questionamos ao mesmo tempo, um pouco alterados e incrédulos, fazendo toda a atenção da classe se voltar para nós.

Mas que droga! Meu dia não começou nada bem, e tenho a impressão que daqui pra frente, só vai piorar.