Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 8
Interrogatório para que te quero.


Notas iniciais do capítulo

Ah, vocês não vão acreditar o que eu vim fazer aqui. Yeah, eu vim postar o capitulo, FINALMENTE!
Cade os aplausos de incentivo?
Bom, como eu não cumpri a bendita promessa que eu fiz sobre postar 2/3 capitulos pro dia, eu tive a decência de pelo menos vir postar um agora. Eu tive que revisa-lo algumas vezes e acabei me enrolando. Sorry, me apedrejem quanto quiserem.
Queria agradecer pelos reviews, que foram ótimos e que me deixaram muito contente. Graça à um deles em especial, na verdade, que eu me forcei a revisar o capitulo de vez e postar. Viu como o seu review faz a diferença? Graças à um deles, o autor já se empenha a ser decente.
Chega de lenga lenga.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588948/chapter/8

Capitulo 08 — Interrogatório para que te quero.

Eu tinha certeza que eu tinha visto algo mexendo por aqui, mas agora que eu estava no batente da porta, não havia nada.

Quase como se me chamasse, eu olhei para o fim do corredor, onde ficava a porta do quarto de Seth. Uma chama de expectativa rodou em meu estomago enquanto surgiu a esperança de alguma forma ele aparecer ali

No mesmo segundo eu a dispensei. Eu não podia desejar algo assim.

Culpa. Essa era minha nova palavra favorita. Culpa por ter forçado as coisas entre mim e Seth com aquele desejo idiota de imprinting. O que ele sentia, não existia de verdade. E era por isso que eu estava feliz pelos seus sumições pela noite.

Todas as noites, ele sumia e voltava tarde, deixando mais impossível a situação de ele estar espiando pela fresta da porta do meu quarto naquele momento. Eu estava definitivamente vendo coisas onde não existiam.

Certa vez, Seth deixou escapar que trabalhava na parte da noite, como pra explicar seu sumisso, mas eu e Jon chegamos à mesma conclusão depois de alguns dias. Era a ronda dos lobos.

Jon parecia particularmente se divertir o vendo tentando esconder as coisas quando já sabiamos tudo. Até podia sim ser um pouco engraçado, mas aquilo estava me afundando aos poucos. A mentira pode sufocar as pessoas algumas vezes.

E apesar de Jon estar claramente se divertindo, isso não o fez diminuír os seus pedidos para voltarmos para casa e eu desistir daquela “baboseira” que tinha me metido.

Eu vinha negando com cada vez menos coragem e desculpas mais variadas. Desde que Jon jogara na minha cara que Seth não sentia nada de verdade por mim, eu evitava qualquer argumento relacionado a ele sobre ficar. Minha primeira opção foi dizer que era fã do livro e gostaria de passar um tempo descobrindo sobre aquele mundo.

Jonathan parecia engolir aquilo forçadamente, com uma careta. Logo eu evolui o argumento, dizendo que queria experimentar uma vida diferente. Aceitou quando eu disse que queria me estabilizar por ali por algum tempo, aproveitar as férias e fazer algo diferente. Esquecer um pouco sobre meus pais e Lesley e viver uma vida diferente, sem o luxo do dinheiro dos meus pais, algo conquistado por mim mesma.

Ele se convenceu de vez quando eu disse que não tínhamos nada a perder, tendo em vista que tínhamos desejos, e que podíamos desfazer tudo no fim.

Mas as indiretas para voltarmos para casa continuavam.

Eu dei um longo suspiro.

Desci as escadas na escuridão, indo em direção da cozinha para tomar um gole de água, e acabei ficando mais tempo do que eu esperava lá, perdida em observar detalhadamente o local, percebendo que nunca o fizera de verdade.

Os últimos dias, eu passara procurando empregos e passando o tempo de sobra conhecendo La Push com Jon, então eu havia observado muito pouco a casa.

Eu e Jon andávamos conversando muito sobre a flor e fazendo teorias sobre ela. Possibilidades de desejos. Não havia nada de concreto para trabalharmos sobre como era possivel, mas inegavelmente ela funcionava.

Alguns dias atrás Seth havia se prontificado de nos mostrar a área para que pudéssemos nos acostumar com o local e para pelo menos para não ficarmos perdidos no tempo em que ficássemos por aqui.

Tudo me parecia a pior ideia de todas, ao mesmo tempo em que a melhor. Eu estava relutante, tentando administrar a culpa e a ansiedade de tentar realmente conquistar o amor de Seth. Eu estava tentando fugir, e também me agarrando nas oportunidades e com Seth insistindo, não pude dizer não.

No terceiro dia de passeio a verdade veio à tona: Não havia muito mais o que ver em La Push e aquele passeio parecia sem sentido.

Como Bella mesmo havia descrevido nos livros, era uma cidade chuvosa e com muitas arvores. Ficar sujo de lama não era uma novidade. Havia a praia. Havia as montanhas. Alguns penhascos. Mas era só aquilo.

Não que a vista da praia e os penhascos não fosse bonita. Na verdade eles podia ser bem bonitos em um dia nublado, isso eu acabei por descobrindo logo, mas simplesmente porque era apenas aquilo. Não havia mais o que ver. Então, os passeios acabaram e Seth parecia cada dia mais incomodado com algo.

Voltando para a realidade em que estava, eu parei em frente à parede com quadros pendurados. A casa de Sue era extremamente aconchegante. Tudo simples, porém muito bonito. E sempre havia algo como madeira e sal no ar.

Um quadro em particular me chamou a atenção, um que parecia bem antigo, onde havia uma garotinha de mais ou menos dez anos ao lado de um garotinho que tinha certeza ser Seth, rindo sentados na areia grossa da praia, fazendo um castelo de areia.

Eu me vi observando como Seth era fofo quando pequeno. Suas mãos agarrando a areia e sorrindo para o fotografo.

Parada ali, na frente daquela fotogradia, eu percebi que se eu realmente morasse nessa cidade; Se eu fosse mesmo daquela dimensão, eu tinha certeza que a muito eu teria me apaixonado por ele. Eu me sentia como se quisesse estar naquela praia, sentada ao seu lado, ouvindo sua risada gostosa e o ajudando a construir aquele castelo. Mais tarde, o acompanhando na escola e rindo de algumas brincadeiras. Vê-lo crescer de perto e acabar em um relacionamento estruturado...

Mas aquilo não era possivel. Me apaixonar normalmente e ele o corresponder era impossível naquela situação. Situação que sequer o amor dele por mim, ou imprinting, tanto faz, são reais.

Eu não pude continuar minha inspeção pelo quadro por muito mais tempo depois daquilo. O barulho de carro chamou minha atenção do lado de fora e eu parei para ouvir ele se aproximando até desligar, para em seguida ouvir uma porta batendo.

Eu virei em direção da porta à tempo de ver Charlie Swan entrar por ela, tirando as gotas de chuva do casaco grosso que vestia.

Charlie Swan era um homem um tanto quanto alto se comparasse com as proporções da população de Forks e não de La Push. Ele também tinha um bigode que às vezes me dava vontade de rir e chegou em seu uniforme da policia como todos os dias. Eu olhei no relógio automaticamente, notando o quão tarde ele chegava em casa.

— Ah, oi Anna.

Eu e Charlie não tínhamos realmente uma relação. Apesar de eu saber tudo sobre ele e de como ele era, nós nunca trocamos mais do que um "Bom dia" ou um "Boa Noite" e naquele momento eu podia sentir como aquilo afetava as coisas entre nós. Eu gostava dele, mas o fato de ele sequer saber nada sobre mim parecia ser um obstáculo dificultoso.

— Oi, han, desculpa. — cocei a cabeça, sem graça pelas roupas que vestia — Eu só vim pegar um pouco de agua, não quero te incomodar.

— Ah, não. Não precisa sair por minha causa, fique à vontade.

Ele sorriu por baixo da bigodeira e eu não pude evitar fazer o mesmo, sentindo uma extrema vontade de rir ao compara-lo á aquela Lontra do desenho do Pica-Pau

— Você trabalha na policia? — Eu perguntei tentando puxar algum tópico e sumir com aquele clima estranho.

Ele assentiu enquanto tirava a cinta com a arma e pendurava ao lado da porta.

— De Forks, sim. O motivo de eu chegar essa hora. — Sua voz saiu como se lamentasse, mas sua expressão era de orgulho — Alguns adolescentes andam dando trabalho extra nos últimos dias.

— Adolescencia. — Eu comprimi os lábios, concordando. — Uma fase bem rebelde.

— Bem, me diga você. — Ele disse andando até a mesa e se sentando — Afinal, você fugiu de casa, hm?

Ri fraco, sorrindo amarelo. Pelo jeito, não seria porque Sue havia aceitado a minha estadia que eu não iria fugir do interrogatório do Policial Swan também.

***

— E você não acha que sua mãe está preocupada? — Charlie perguntou assim que terminar de contar, novamente, a grande mentira mal lavada. Eu suspirei com mais aquela pergunta.

Charlie já havia esquentado e comido um prato que Sue havia colocado dentro do forno para quando ele chegasse enquanto eu lhe contava — e ele não me poupou das diversas perguntas de interrogatório policial.

Eu não podia dizer que não estava tensa. Charlie não era nenhum pouco bobo e também, contar uma mentira para Sue, Seth, Jacob era uma coisa... Um policial que sabia o que procurar era outra.

Agora, Charlie tinha os pés jogados em cima da pequena mesa de madeira da cozinha e afagava a barriga inconscientemente, em um habito que apostava que nem ele mesmo percebera que fazia. Eu estava quase igual á ele. Meus pés estavam sobre a mesa e estava totalmente desajeitada na cadeira de frente á ele, tentando parecer tranquila sob seu olhar afiado.

— Acho que não. Ela, apesar de tudo, era muito ocupada. Fugi de casa quando ela viajava. — Eu respondi contando meias-verdades. Meus pais realmente estavam viajando na vida real quando fui para a casa da tia Lesley. — Fora que eu liguei para eles na noite passada. Sue praticamente me obrigou.

Ele não pareceu surpreso com a informação. Sue podia ser bem comunicativa quando queria e na noite anterior, enquanto fingia discutir com a minha mãe no telefone, ela se mostrou uma mulher muito mais astuta do que aparentava.

— Eu acho que foi uma atitude precipitada de vocês. Entendo a sua visão, mas eu entendo ainda mais a dos seus pais. — Ele disse se levantando e indo até a pia para lavar seu prato, não antes de me mandar um olhar de reprovação — O correto seria eu ir direto com vocês dois até a delegacia e fazer vocês voltarem para casa.

Eu imediatamente fiquei tensa, e foi impossível continuar na posição relaxada com os pés na mesa. Charlie nos entregaria no final, eu estava certa. Droga, aonde eu e Jonathan arranjaríamos pais provisórios? Será que a flor poderia fazer algo naquelas proporções?

— Ei, ei, pode relaxar. Eu não vou fazer isso. Se eu fosse fazer, vocês não teriam ficado aqui nem no primeiro dia. — ele sorriu de lado — Eu conversei com Sue e eu tenho que admitir que ela está certa sobre algumas coisas... Além de que Jon já tem dezoito, não é? E você faz aniversário logo também, então logo serão resposaveis pro si mesmos.

Eu concordei com aceno relutante, um pouco surpresa. Jon havia inventado aquilo? Meu aniversário de dezoito anos seria apenas em março do ano seguinte e ele com certeza estava longe dos seus dezoito, tanto quanto eu. Não estava nem perto.

Charlie terminou de guardar tudo antes de se virar para mim.

— Bom, a conversa está boa, mas eu preciso descansar. Tenho que voltar ao trabalho amanhã cedo ainda! — Ele bufou, mas não parecia realmente incomodado com isso — Tente não ficar acordada até mais tarde.

— Pode deixar — eu sorri concordando, acompanhando seu caminho até a escada com os olhos. Ouvi seus passos lentos sumirem no andar de cima não muito depois daquilo.

Charlie era uma boa pessoa, mas eu tinha que admitir que aquela conversa me deixara nervosa. Com o fim dela, eu respirava com um pouco mais de facilidade.

Eu revivi a conversa em minha cabeça, tentando ver se havia deixado escapar alguma coisa. Um erro e eu poderia ter estragado qualquer chance de ter algo de verdade (nada de um fruto do desejo) com Seth antes de ser obrigada a voltar junto com Jon.

Como Charlie reagiria se soubesse tudo? Talvez algo como com Bella...? Pensar sobre isso me fez imaginar como teria sido sua vida quando Bella se casou. Como será que ele se sentiu ao ver a filha casando aos dezenove anos, sumindo por quase um mês e depois ligando, dizendo que havia ficado seriamente doente?

Aquelas perguntas não era novas, eu já havia me perguntado aquilo à muito tempo atrás, quando lia os livros. Nos livros não havia realmente detalhado aquela parte, mas agora que eu estava aqui, eu poderia descobrir sobre isso, eu percebi.

Que leitor tinha esse tipo de chance? De descobrir da melhor forma os detalhes que foram deixados de lado? Mas... Em que parte eu estava da história?

Estava meio óbvio que fui parar no "Amanhecer”, mas depois de Renesmee nascer, ou antes de descobrirem sobre ela?

Eu ainda não havia encontrado evidencias suficientes para conseguir me achar no meio da história exceto Charlie estar morando na casa de Sue. Eu não havia visto muitos personagens no tempo em que estava ali...

Ah, também tinha Jacob, que parecia feliz, não o cara devastado que fora em Amanhecer, provando que Renesmee já existia.

Quantos anos será que ela teria agora?

Levantei com uma preguiça extragrande e peguei meu caminho para voltar ao quarto, ainda perdida em minhas inúmeras perguntas.

Passei em frente ao relógio da cozinha, constatando que já se passava da hora de dormir — pra lá das duas horas —, e subi o caminho para o meu quarto.

Eu estava com a mão na maçaneta da porta quando eu parei, olhando novamente para o fim do corredor. Meu olhar se prendeu na porta carvalho e eu senti a curiosidade me pegar.

Ao longo da semana, eu havia visto Seth entrando e saindo do seu quarto em diversas ocasiões, mas eu nunca vira lá dentro realmente.

Um comichão me cutucou e eu troquei o peso do pé.

Não havia ninguém ali para me pegar dando uma espiada... E olhar, que mal havia? Era apenas por curiosidade mórbida.

A porta estava aberta e eu empurrei milimetricamente, torcendo para que se ele estivesse dormindo, não me ouvisse. Para minha sorte — ou azar — o quarto estava vazio, com as cobertas todas bagunçadas e jogadas no chão e tudo parecia meio torto, como se alguém tivesse trombado em tudo.

Senti um frio na barriga ao entrar no local sem cerimonias.

Olhei em volta apreciando tudo e tentando gravar os detalhes. Havia um pequeno guarda-roupa de madeira, com duas portas que pareciam não querer ficar fechada completamente, uma cômoda de madeira vermelha que parecia ser bem antiga e uma cama de solteiro pequena, que pelo que eu podia ver, não havia como caber Seth deitado esticado completamente.

Ali seu cheiro era tão forte que eu queria ficar espirando o ar, dando longas golfadas e prendendo dentro dos meus pulmões, sem soltar, querendo prender o cheiro dentro de mim.

Eu peguei as cobertas jogadas no chão automaticamente, com a intenção de apenas organizar alguma coisa, mas foi impossível depois daquilo. Foi a gota d’água do meu perfeito e instável controle sobre o amor desenfreado que eu sentia, porque aquelas cobertas tinham o seu maravilhoso cheiro. Eram delas que o cheiro vinha mais forte, além da cama.

Não pude evitar sentar nela, inclinar meu nariz em direção e simplesmente me esquecer de toda a culpa que me prendia longe dele.

Era como o melhor cheiro que eu já sentira na minha vida e eu não queria parar de sentir. Eu estava submerça, me sentindo inebriada e levemente bêbada. Aquilo era como eu mesma me inclinar em direção ao pescoço dele e sentir da fonte...

Foi impossível não estremecer com o pensamento. Eu a centímetros do pescoço de Seth me deixava levamente quente. E era muito fácil imaginar aquela cena em meio ao seu cheiro excessivo por ali.

Bastava eu fechar os olhos e quase poderia pensar que ele estava ali naquele segundo, naquele quarto, junto comigo.

Eu acabei deitando na cama por final, abraçando seu travesseiro, tentando me convencer que eu ficaria ali apenas mais um segundo e depois voltaria para o meu quarto. Não estava ali por causa de um desejo sobre um imprinting por ele. Não me sentia afetada nem um pouco pelo modo como todo aquele quarto me facinava. Era apenas curiosidade mórbida e logo eu iria embora.

Ah, por que seu cheiro era tão doce?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pelo acompanhamento, vocês são tão gentis as vezes que me deixam emocionada. Sério, eu vou postar direito esses capitulos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dez Desejos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.