Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 78
Bem na sua frente


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amoraas!
Estou tão feliz por postar finalmente este capitulo. Ele é oficialmente o ultimo da fanfic e por ter um final tão "Dez Desejos" (uma mistura de treta com romance) me deixa realmente, realmente estasiada.
Eu amo esta fanfic, foi o meu maior orgulho e quando eu o terminei de escreve me deixou por semanas depressiva... Por isto eu escrevi mais um epilogo e um extra que serão postados logo mais.
Ou seja, esse é o ultimo capitulo, mas terá mais algumas coisinhas hehe
Obrigada de coração por todos os reviews! Parece que meu ultimo recado fez efeito hehehe Irei responder logo mais.
Um bilhão de beijos para vocês
Boa leitura!



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Capitulo 78 — Bem na sua frente

 

Anna estava fazendo tudo tão errado aquele tempo todo.

Suspirou profundamente, sem desgrudar a foto que tinha em mãos de seu peito. Se levantou lentamente da cama, e fez a coisa que Jasmine menos esperava. Sorriu.

Sorriu de tristeza e de saudade. De algo tão perfeito como aquele sentimento que havia dito por Seth havia sido correspondido e gerado toda aquela história que havia vivido. Ela estava agradecida quando abraçou com força Jasmine.

— Obrigada, Jasmine. — Ela disse em um sussurro, onde era possível ouvir a agonia que sua alma se afogava.

— Imagina, isso não é nada de mais... Mas, devo ficar feliz ou preocupada por te ver sorrir? Você está...?

— Péssima, destroçada, destruída e outros milhões de sinônimos nesse sentido — sorriu Anna com certa graça — Mas... Não seria assim que Seth iria querer que eu me sentisse.

Jasmine piscou algumas vezes.

— Você quer dizer que não vai mais parecer um zumbi?

Anna riu.

— Vou... Me esforçar. É como minha tia diz, se eu não choro, só posso rir.

Jasmine encarou a amiga notando o seu sorriso voltara ao seu rosto sim, mas não aos olhos. Jasmine fechou os olhos suspirando e balançou a cabeça minimamente.

— Anna não era isso que eu queria. Eu não te dei a foto até agora porque isso vai fazer você lembrar dele e não há como...

— Não Jasmine, você fez o certo. Eu... Eu precisava vê-lo mais uma vez. Precisava ter alguma coisa dele, alguma certeza de que tudo não foi apenas coisa da minha cabeça. — Ela disse secando as lágrimas que transbordaram dos seus olhos — Eu nunca vou esquecê-lo, muito menos esquecer tudo o que aconteceu, mas... Não posso mais ficar assim. Não dá para mim continuar desta forma, eu tenho deixado você e Jon tão preocupados todo esse tempo. — ela sorriu para a amiga — Obrigada por cuidarem de mim. Agora... Vamos, lá! Chega de tristeza! Vamos! Vamos! Eu quero aproveitar essa sexta-feira. Que tal irmos tomar um café em algum pub?

No inicio, Jasmine achou que ela tivesse tendo algum tipo de crise diferente e que logo se colocaria a chorar a qualquer momento, mas aquilo não aconteceu.

No primeiro esbarrão com Jonathan a garota lhe pediu tantas desculpas, tantas vezes e em tantos momentos em que estavam juntos, alegando que não era culpa dele e que ela não deveria ter o tratado daquele jeito, que, ao final do dia, Jonathan já estava mandando Anna calar a boca e apenas comer as batatas fritas que pediram.

Um dia, dois dias, três dias e Jasmine estava começando a acreditar mesmo que Anna estava empenhada em continuar em frente. Quase parecia a mesma Anna de antes, com seus típicos chiliques na sala de aula e resmungando sobre como a prova estava difícil. Ria das piadas horríveis contadas por Jonathan e conversava facilmente.

Jon parecia acreditar que ela havia superado, mas apenas por não querer realmente enxergar. Não querer aceitar que por dentro ela ainda continuava vazia.

Tão vazia que os seus lindos olhos claros, por muitas vezes refletiam uma cor opaca e fria.

Jasmine sabia.

Anna carregava consigo a foto para todos os lados, como se para levar Seth junto a ela sempre, e de vez em quando Jon ou Jasm pegavam a olhando e sorrindo para a foto, ou apenas fitando o vazio por alguns segundos antes guarda-la sem dizer nada.

Levantaram cedo naquela terça-feira, como todos os dias, mas aquele dia não haveria aula. Um feriado que veio a calhar para o trio que se programou para um passeio no centro da cidade. Café da manhã nutritivo na lanchonete gordurosa da esquina e depois se perderiam por algum bairro que não conheciam enquanto jogavam conversa fora... Programa que não faziam parecia há séculos.

Enquanto Jasmine apressava Anna para ir mais rápido, a garota parou em frente à sua cama por alguns momentos, olhando para a foto em suas mãos. Ela sabia que aquela foto era uma barreira para ela. Talvez ela precisasse desistir até mesmo de seus sentimentos para conseguir superar as coisas.

Anna resolveu deixar Seth ali, sob sua cama. Ela estava indo em frente.

Olhou uma ultima vez sobre os ombros antes de fechar a porta e correr para alcançar os dois apressadinhos que já desciam as escadas do alojamento, rindo de alguma piada boba.

 

***

 

— Que tal você tentar olhar outras garotas... Quem sabe marcar alguns encontros. Você sabe que pode contar comigo nessa parte. Depois que eu saí da pista, milhões de garotas estão chorando e me ligando desesperadas. — Sorriu Embry, estufando o peito.

— Só se for ligando desesperadas para agradecer á Caroline! — Riu Jared.

— Eu não preciso de outra garota, eu já disse, que droga! — bufou Seth se levantando do sofá e saindo por a fora da casa da Emily. Não havia como ele ficar em um lugar sem que alguém não enchesse o seu saco a respeito de Anna??

— Seth nervoso, isso deveria ser um milagre...

— Acho que deve ser algum mal de Clearwater esse negocio de, depois de terminar um namoro, ficar tão amarg...

— Se ainda quer seu brinquedinho no lugar que ele nasceu, Jacob, acho melhor não terminar essa frase — disse Leah em um tom macio, sorrindo largamente para ele.

Ele gesticulou com voracidade e apontou para a namorada: — É disso que estou falando!

— Hey vocês dois, parem com isso. Seth não precisa de mais isso. — disse Emily interrompendo o inicio de uma briga — Ele precisa de espaço!

— Sim. — concordou Sam, parecendo preocupado com o garoto — E você, Jacob, mas do que todos devia apoia-o em uma hora como essa, não ficar tirando uma com a cara dele.

Jake levantou as mãos para o alto, exasperado.

— Eu estou tentando apoiar ele, mas é meio impossível quando ele não quer ser apoiado. O que me lembra uma certa pessoa...

— Se você não calar agora essa boca eu juro que você vai ficar de castigo por um mês inteiro! E sim, o castigo é do que você está pensando! — Interrompeu novamente Leah, o fuzilando com os olhos.

— Ah não! Por favor Leah, me desculpa! Eu retiro o que disse sobre a parte de Seth me lembrar você quando era rabugenta e chata.

— Um mês dormindo na sala, Jacob Black!

— Mas...

— Vai tentar contestar? Quer que aumente á dois meses?

— Não! Pelo amor de Deus!

— Então cala a boca, Jacob! — Leah falou e os lobos começaram a rir, zombando do alfa e dizendo que Leah o domesticara.

— Isso não vale, eu só estava tentando deixar o clima mais leve! — resmungou emburrado — Chantagem é um golpe baixo.

Os lobos uivaram de tanto rir.

— Você tem dois metros de altura, meu amor. Qualquer coisa é baixa para você.

Eles continuaram a rir e gozar de Jacob e Leah, que eram a nova atração dos dois bandos, e se esquecendo completamente de Seth... Pelo menos a maioria deles.

Emily encheu uma cesta com bolinhos e saiu de casa depois de dar um beijo em Sam, indo para casa de Sue onde sabia que o encontraria. Porém, antes, ela tinha que passar na casa de Claire e pedir um grande favor.

Talvez aquela fosse a única saída.

 

***

 

O seu cheiro característico estava por todos os lados e isso parecia deixar tudo mais insano e irreal. Seth balançou a cabeça e se beliscou algumas vezes antes de acreditar que realmente não estava dormindo, como das outras milhares de vezes.

Ele apenas realmente acreditou que era real, pois o cheiro nunca estivera tão forte e refinado. Não era como se fosse apenas algo parecido ou aproximado; Era o cheiro real. De verdade. O seu cheiro.

Puxou o ar com toda a força, absorvendo o máximo do perfume que seus pulmões lhe permitiam.

Sentia como se estivesse respirando o ar limpo outra vez.

O alivio fez seu corpo estremecer.

Aquele era o quarto. Nada comparado ao que imaginara... Até mesmo o colégio tão diferente do que pensou que fosse. Talvez ele não tenha realmente se esforçado em imaginar como seria quando chegasse... Aliás, não conseguia pensar em nada a caminho dali que não fosse nela. Na reação dela.

Deslizou os dedos pelo lençol da cama levemente, quase sem tocar, e foi obrigado a fechar os olhos ao sentir o seu perfume subir mais forte.

Conseguia imagina-la ali, deitada, ressonando tranquilamente enquanto, em outra dimensão, ele permanecia noites em claro, lutando contra o sono para não acabar dormindo e sonhar com ela.

Porque ele sempre sonhava com ela, todas as vezes.

Os garotos diziam que aquilo era um pesadelo, mas como um sonho onde Anna aparece poderia ser um pesadelo? Mesmo que nesse sonho ela se levante e ia embora, sem olhar uma única vez para trás, ignorando os meus gritos que a chamavam, que imploravam para que ela ficasse. Não deixando nada.

Algo impediu que seus dedos continuassem o caminho que traçava pela cama e logo ele percebeu que foi culpa de um papel que parecia bem manuseado.

Assim que tocou o papel percebeu que não era um simples papel comum, mas sim, uma foto. Uma foto dos garotos e dele.

Sua mente virou 360 graus e depois ficou balançando loucamente. O coração já vinha na boca de tão rápido que batia e a respiração ficou forte.

Ela tinha uma foto dele.

Ele ouviu o barulho da porta rangendo enquanto abria, mas não houve tempo de se esconder. Seth apenas se virou em um movimento rápido, dando de cara com ela.

— Só vou pegar a jaqueta e... Oh!

Os cabelos presos em um coque alto, o rosto um tanto mais pálido do que ele se lembrava. Tinha os dois olhos arregalados e parecia se apoiar na maçaneta com força.

Parecia ponderar se ele era real. Piscou várias vezes e esfregou os olhos. Até mesmo se beliscou, enquanto ele não conseguia se mover um centímetro, hipinotizado por Anna.

E Seth estava lá, com seus dois metros morenos de puro músculo, com uma camisa xadrez azul e uma calça jeans. O quarto parecia menor e muito mais quente com ele ali dentro, ocupando todo o espaço.

Anna notou a foto em suas mãos com um olhar rápido, mas não foi isso que despertou Seth do seu estado paralisado, e sim a voz de Jasmine gritando da escada para Anna andar logo.

— Vão na frente — Anna gritou de volta, fazendo Seth acordar e colocar a foto no lugar onde encontrara, sua postura visivelmente ficando tensa.

— Aconteceu alguma coisa? — berrou Jasmine preocupada.

Seth ergueu uma sobrancelha para ela e Anna estranhou o gesto atípico dele.

— Não... Só... Só não encontrei a jaqueta. — gaguejou Anna sem tirar os olhos do garoto — Pode ir, logo eu vou.

Jasmine abriu a boca para pressionar a garota e já ia subindo as escadas, quando foi interrompida por um rangido alto e um grito estridente de uma moradora do alojamento, que colocou a cabeça para fora da porta, totalmente descabelada.

— Dá para parar de gritar na porra do corredor? Tem gente querendo dormir, cacete! — Gritou a menina.

— Então cala a boca e vai dormir, vaca! — Berrou Jasmine de volta, irritada por ter a interrompido.

— Vaca é sua mãe, sua chifruda! — A garota respondeu, saindo do quarto e descendo até metade das escadas e assim, iniciando uma briga.

— Chifruda é o caralho! — foi a ultima coisa que Anna ouviu antes de fechar a porta á suas costas, sem desgrudar os olhos de Seth.

— V-Você... Você...— Gaguejou piscando furiosamente e dando alguns passos à frente. Será que ela poderia estar sonhando?

— É, eu estou mesmo aqui.

Rouco e cínico. Agora ela via, toda a aparência dele estava tensa e irritada, como ela temia tanto. A garota se encolheu e recuou lentamente até ficar com a costa grudada na porta novamente.

— Surpresa em me ver? Eu também estou surpreso por estar aqui.

— C-Como você conseguiu chegar aqui?

— Claire. Ela e Quil encontraram um jardim no meio tempo em que ficaram sozinhos na casa da Lesley. Ela trouxe um presentinho de lá para nós dois, você acredita?

Claire tinha outra flor? Isso significava... ? Tudo fora em vão? Ela não precisava ter feito aquilo tudo?? Anna empalideceu com a aquilo e tudo o que conseguiu respondeu foi: — Oh...

A expressão fechada e ríspida na face de Seth parecia deixar a tensão no ar ainda mais forte. Ele a encarava nos olhos, sem desviar por um segundo, contendo tudo dentro dele. Ele faria como Jacob sugeriu e tentaria manter a calma... Mesmo que parecesse um tanto impossível enquanto ela o olhava com aquela cara de espanto. Uma mistura de sentimentos se chacoalhavam dentro dele o deixando a ponto de explodir. Ele precisava se controlar.

Anna coçou a nuca por uns segundos, tentando achar palavras, mas com aqueles olhos negros a fitando, parecia impossível.

— Seth, olha, eu... — Ela começou, mas ele a interrompeu:

— Nem uma carta. Nem uma explicação. Nem ao menos um aviso. Um alerta, um sinal de fumaça, contar para alguém...

— Olha, eu não podia te contar! Você tentaria me impedir!

— Mas é claro que eu tentaria te impedir! Droga, Anna! Eu pensei... Eu pensei que depois de nós... Daquilo tudo, você perceberia que não fazia sentido você voltar! Nós fomos atrás de você no Brasil! Droga! Por que você tem que ser tão estupida?!

— Estupida?! Olha, eu não te deixei sem explicação! Você já sabia! Pensei que você se lembraria que o ultimo pedido da flor seria para voltarmos para cá! Eu te contei tudo aquele dia na minha casa!

— Oh, mas é claro!! — Seth a cortou, irônico — Quem precisava de explicação quando pode muito bem sair desesperado pela cidade atrás da sua namorada e quando chega na casa dela tudo que encontra é um vaso quebrado? Quem precisa de uma despedida, mesmo sabendo que nunca mais vão se ver pelo resto da vida? SOU SÓ EU QUE PRECISA DE UM MALDITO ADEUS PARA CONSEGUIR FECHAR OS OLHOS A NOITE E DORMIR? — Ele respirou fundo, fechando os olhos e dando as costas para ela. — Pelo jeito sim.

Anna se irritou, exasperada pelo seu tom.

— SOMENTE VOCÊ? Você acha que eu não senti nada por ter ido embora? Que consegui dormir tranquilamente ou não pensar em você? Olha Seth, eu não podia ficar lá... Não é o meu lugar!

O garoto passou a mãos nos cabelos, visivelmente nervoso e desabou na cama. Sentou-se encurvado, escondendo o rosto nas mãos e tentando arrumar os seus sentimentos. Ela só podia estar de brincadeira enquanto dizia aquilo!!

— O seu lugar é ao meu lado.

Anna piscou furiosamente, contendo as lágrimas. Ah, ela fora tão burra. Olha o que havia feito a ele. Anna sentiu o seu coração se quebrando ao perceber o quão arrasado ele parecia.

— Sempre foi. — respondeu, com o coração nas suas mãos

— Então por que foi embora? Por que me deixou lá? Você sabe que eu viria se pedisse. Que abandonaria tudo e viria com você.

Seu tom mudara, ele parecia mais uma criança magoada do que o lobo revoltado de segundos atrás.Anna sentiu a necessidade de toca-lo.

— Sim você viria. E foi por isso que eu não fiz. Não posso te tirar da sua vida. Isso não é o certo...

Ele riu, interrompendo-a. A risada foi forte, mas irônica.

— Você não entende não é? A minha vida já foi tirada quando você foi embora. — Retrucou — Você não tinha esse direito, Anna. Não era sua escolha de eu ficaria ou não! Não era sua decisão! Você não podia simplesmente ir embora sem mim!! — Ele se transformou novamente, de garotinho magoado para o lobo irritado e o fato de ele se levantar bruscamente fez Anna cambalear de susto e cair sob seu criado mudo o quebrando por inteiro.

O estrondo ou o fato de ela estar no meio dos destroços do seu criado mudo não fez Seth parar. Ele respirava como um animal, forte e irregular e o olhava com aqueles olhos ardendo em fogo. A traição que ele sentia estampada em seu rosto fazendo a culpa dela só aumentar.

— Oito meses. Eu fiquei oito meses longe de você, Anna, você tem alguma noção do que eu passei?! Sem noticias, sem nada! Uma explicação, qualquer coisa!!

O garoto respirava forte, bufando e resfolegando na direção onde Anna ainda estava caída. Começou a andar de um lado para o outro dentro do quarto, passando a mãos pelos cabelos, tentando se acalmar.

Anna se levantou com certa dificuldade, vendo o estrago que seu peso fez sobre o criado mudo. Ela parou ao lado da cama, apoiando seu peso no colchão e sentindo um pouco de sua perna latejar.

Não falou mais nada. Não conseguia vomitar as palavras que tinha entaladas na garganta. Ele estava completamente certo por se sentir daquela forma. Ela o havia deixado sem dizer uma única palavra.

Anna deixou Seth continuar a andar de um lado do quarto, vendo que a cada segundo ele ficava mais calmo sem saber o que dizer.

— Olha... Seth, eu juro que eu pensei que era a melhor opção. Não sabia sobre a flor da Claire. E eu... Eu só queria que você não sofresse, estava pensando no seu bem, no quão horrível e devastador seria uma despedida! E-Eu não consegui cogitar tal ideia!

Ele parou de andar, se virando na direção de Anna, indignado com suas palavras.

— Por favor Anna, você achou mesmo que evitando isso ia ajudar em alguma coisa? Acorda! Olha onde estamos! No mesmo ponto que estaríamos se tivesse feito o certo... Se não pior! Não! Com certeza estamos piores do que se você tivesse feito o certo.

Anna teve que abaixar a cabeça, sentindo o peso de suas palavras, que a fazia sentir pior a cada segundo.

— Foram os piores dias da minha vida e tudo por culpa sua. Se ao menos tivesse... Tivesse... Droga! Por que você tinha que ser tão cabeça dura? Sumir como, como se estivesse fugindo de um demônio! Na furtiva, sem dizer nada! Nós tínhamos planos Giovanna! Eu tinha planos! Uma vida inteira pela frente e agora...

Ele se calou, indo se apoiar contra a parede do outro lado do quarto, evitando olhar para o rosto dela.

“O que eu fiz?” ela se questionou. Afinal, ela esperava o que? Qual reação ela esperava que ele tivesse? Ela estava tão focada em ir embora, deixar de estragar tudo naquele mundo... Que nunca mais o veria. Ela devia ter pensado que poderia ter outro modo de fazerem aquilo. Ah, como ela se arrependia.

— M-Me desculpe Seth... Eu pensei que estava fazendo o certo. — sussurrou ela, com a voz ficando mais embargada a cada segundo.

Seth fechou os olhos com mais força por um segundo antes de abrir e olhar Anna no fundo dos olhos. O coração dele batia forte em seu peito aliviado após descarregar todos os seus sentimentos e pensamentos presos nos últimos meses.

Ele meteu a mão dentro do bolso da calça que usava e lançou uma caixa pequena preta em cima da cama, ao lado de Anna. A caixinha se abriu com o impacto.

Anna ofegou com força quando viu o que era. Os olhos se inundando com as descontroladas lágrimas. O tom de Seth foi suave, mas pior do que seu grito mais alto daquela tarde. Continha uma tristeza esmagadora.

— Minha mãe havia me dado no dia em que fui atrás de você no Brasil. Era dela e do meu pai.

Seth desviou novamente o rosto, não conseguindo olhar para Anna sem deixar que também as lágrimas inundassem o seus olhos. Ele sentia um nó na garganta tão forte que estava dificultando sua respiração.

Anna estendeu a mão na direção da caixinha aberta com os dedos tremendo. Tentando limpar a visão para poder olhar melhor o lindo anel fino dourado que estava aninhado no veludo negro.

— Eu ia lhe pedir em casamento aquele dia no carro. — Ele murmurou.

Anna não conseguiu tocar o lindo anel simples. Seus dedos tremiam demais e ela quase não conseguia ver nada a frente. Novamente o futuro que já imaginara com Seth passando pelos seus olhos. As lágrimas brotaram.

O que ela havia feito?

— Eu não pedi para Sue, ou havia comentado algo antes. Ela que me deu o anel. Disse que sabia desde que colocou os olhos em você que nós nos casaríamos. Que só precisávamos de um empurrãozinho. — Ele murmurou. — Eu já havia comentado algo com Jacob e Emily... Até mesmo a convidei para ser madrinha...

Seth se calou quando virou novamente para olhar Anna. Ela havia se tampado o rosto com as duas mãos, a beira das lágrimas. Após tudo aquilo ele eprcebi que a satisfação que esperava após contar isto não veio. Ao contrário, só trouxe uma tristeza ainda maior.

Foi em direção à cama, pegando a caixinha nas mãos e a girando entre os dedos.

Com culpa de Anna ameaçando lhe afogar, sentia que estava se encolhendo, sendo esmagada pela maldita culpa. Ela estava profundamente ferida pela dor que havia provocado nele, nunca se perdoaria pelo que havia feito.

— Sinto muito Seth, de verdade. Acho mesmo que deve ter sido muito difícil para você, ma— Seth interrompeu com uma risada sarcástica e nada habitual.

— Você acha que foi difícil? — ele lhe dirigiu um olhar magoado — Difícil não é nem um terço do que eu passei. Você não tem ideia do que eu passei.

Do que ele passou? Gritou a mente, agora, irada de Anna.

— Não sei?! Pois me deixe esclarecer uma coisinha Seth, eu vivi os últimos dias da minha maldita vida, lamentando miseravelmente o fato de ter ido embora. Não houve um só dia que eu não me perguntasse se tinha feito a coisa certa. Carrego sim o peso da minha decisão, e sempre rezei para que ao menos você consiguisse me perdoar, por que... Por que eu tenho certeza que eu não posso me perdoar — Ela parou para tomar ar e controlar as emoções — Se você acha que foi difícil para você ficar lá, imagine como foi para mim, que fugi de tudo que mais amava. Eu sofri tanto quanto você.

Ele deu as costas para Anna, voltando para junto da parede e apoiando-se nas mãos, cansado. Anna permaneceu parada no mesmo lugar, lutando bravamente para conter as lágrimas que ameaçavam rolas a qualquer momento, enquanto o assistia respirar com dificuldade, enfrentando sua própria cota de demônios.

— Você acreditaria se eu te dissesse que fiz isso porque te amo? E que mesmo assim, me arrependo amargamente do que fiz? — Rogou

Ele se virou lentamente para Anna, deixando seus braços caírem. Seus olhos nublaram para suavizarem em seguida. Ele ergueu as mãos na direção de Anna e deixou vagar pelos seus cabelos por alguns breves momentos, colocando uma mexa atrás de sua orelha, antes de deixarem cair novamente ao lado corpo. Seth encarou seus pés, suspirando profundamente.

— Você é a pessoa mais estupida, egoísta e prepotente que já conheci em toda a minha vida, Giovanna. — Disse com um sorrisinho brotando no canto dos lábios que Anna classificou como cínico.

Seth balançava a cabeça quando voltou a olhar novamente para Anna, rindo pelo nariz.

— Eu sei — Respondeu sorrindo.

Um sorriso lindo começou a brotar no rosto do garoto e ele soltou outra risada curta ao ver a hesitação de Anna, somente para depois a puxar com agilidade para si.

Aquele foi o segundo beijo mais doce que eles trocaram, mas não menos melhor do que o primeiro.

Anna fechou a mão em sua camiseta, sentindo a urgência de mais contato, e o puxou mais próximo de si, se deliciando e se perdendo nas sensações que os lábios dele despertavam em si. A mão dele acariciou levemente o rosto de Anna, se deliciando com o contato que ele desejava á tanto tempo.

Magoa, culpa, desespero, saudade, tristeza, infelicidade, esquecido ao tocar de lábios, que aos poucos ficou mais quente. Envolvente e perfeito, levando os dois aos céus enquanto tentavam matar as saudades.

A garota só percebeu que lágrimas brotavam de seus olhos quando Seth os enxugou com um leve beijo, dizendo palavras reconfortantes e doces, que fez seu coração aquecer. Somente Anna sabe o quanto sentiu falta daquilo.

— Como irá ser daqui para frente?

— Como sempre deveria ter sido — Ele sorriu maroto, a olhando como um garotinho que aprontou olha para mãe. — Juntos.

Seth ainda tinha na mão a caixinha preta da aliança, que ele levantou até a altura dos olhos de Anna, sorrindo docemente ao se deleitar com o olhar abobado dela.

Ela estendeu a mão, querendo pegar a caixinha, mas ele escondeu ás costas, com um sorriso divertido. Anna sorriu feio apenas para rir junto com ele quando começaram a brincar de pega-pega e por final, acabarem os dois tropeçando em uma mala no chão e se esborrachando.

— Que mala é essa? — Perguntou Anna, encarando a mala no chão. No momento que encontrou os grande olhos brilhantes de Seth, ela se calou.

Anna o encarou por alguns segundos até compreender o que deveria ter entendido logo que viu ele parado no meio do seu quarto.

O para sempre que ele se dizia depois do eu te amo, significava mesmo para sempre.

Seth deixou o sorriso espalhar pelo seu rosto até chegar em seus olhos antes de agarra-la com força, arrancando-lhe uma gargalhada, e matar os oito meses de saudades da garota que ele tanto ama.

— Eu te amo demais, Anna. Para todo o sempre. Seja com imprinting ou sem. Eu sempre te amarei.

E aquela frase, que Anna pensou que nunca mais ouviria em toda a sua vida, o futuro que ela achou que nunca poderia ter, os braços quentes ao seu redor e aquela boca cobrindo a sua, haviam voltado a fazer parte da sua vida.

Ela nunca, nunca mais iria duvidar que coisas impossíveis não acontecem. Foi o amor dela que a levou até ele, entrando em outra dimensão e quebrando tabus, e o amor dele que o levou de volta à ela, desistindo de tudo apenas para continuar esta história.

Apesar da ideia inicial dos Semideuses ser apenas jogar uma garota apaixonada em um lugar que ela não deveria estar e traze-la de volta depois de algumas coisas divertidas terem acontecido, eles pareciam satisfeitos com o resultado.

Mesmo que quebrando uma barreira proibida, mudado muito o rumo das história de ambos, eles haviam tomado o curso natural. Suas almas deviam viver juntas e mesmo que não fosse a parte para qual estavam destinadas, ainda eram almas gêmeas.

Howtheir e os seus colegas sorriram, decidindo que deviam parar de se intrometer agora. Tudo estava bem.


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