Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 77
Novo começo


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde Pessoal! Não, não chorem. Calma, calma, se não eu choro junto com vocês. Não, não é o fim, creio que tenha mais uns três capitulos, mas isto aqui tem tanto, mais tanto o gosto do final que para mim, já estou aos prantos.
Achei que Anna, nesta parte, se pareceu um pouco com Bella em Lua Nova, mas de algum modo, eu não queria que parecesse. Queria que ela conseguisse viver mesmo sem Seth, então esse capitulo tem exatamente este propósito... Além de quebrar seus corações MUHAHAHAHAHA
Boa leitura!



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Capitulo 77 Novo começo

“Um dia ele me disse que éramos espíritos gêmeos.

Tinha razão”

E.L.

A chuva era torrencial. Forte e dolorida. Parecia querer perfurar a sua pele e chegar aos seus ossos enquanto caminhava lentamente sob ela. A lama já cobrira todo seu sapato e até mesmo as roupas intimas já estavam potencialmente encharcadas.

Andar se tornava cada vez mais difícil... A cada passo que dava ficava cada vez mais longe daquele carro. Daquela casa. Daquela rua. Daquele bairro. Dele.

Anna sentia como se tivesse deixado metade dela deitada sob ele, no aconchego quente de seus braços, ressonando tranquilamente sem nenhum receio, sem nenhum problema, tudo perfeito como deveria ser.

Mas não chorava.

Parecia tudo preso e entalado. Os sonhos, todos os sonhos que tivera com ele, agora, vinham à tona em sua mente: Caminhando ao longo da igreja, enquanto vestia um magnifico vestido de noiva, andando lentamente até o altar onde Seth esperava com um sorriso doce e lindo. A alegria ao ver pela primeira vez seus filhos nascerem. A casa em que morariam juntos... Felizes...

Sonhos.

A palavra vagueou tristemente pela mente da garota, enquanto ela começava a ter certeza de que não passaria disso. Apenas sonhos sem esperança. Sonhos que um dia poderiam ter se realizado se tudo fosse certo.

Seus olhos só continuavam a arder mais e mais, mas ainda sim, as lágrimas não desciam. Todas aquelas lágrimas que ela havia segurando na frente de Seth pareciam ter ficado bravas e não queriam mais sair.

Anna não podia culpa-las por tal decisão, sabia que elas tinham suas razões, mas a garota se sentia sufocar cada vez mais a cada segundo que a dor de sair de perto dele não descia por seus olhos.

A garganta parecia que tinha um nó e ela se sentia vazia. Oca. Não conseguia pensar em nada além da sua dor, nem conseguia enxergar o caminho á sua frente. Somente sabia que estava indo, andando, pisando em poças e lama, ouvindo carros passar de vez em quando, mas tudo parecia distante. Entorpecido.

Não soube quando chegou ali, mas fazia meia hora que estava parada em frente à sua casa. O céu estava escuro, os trovões cada vez mais altos e a casa, tão escura quanto a noite, parecia potencialmente abandonada.

O vento gelado fazia-lhe tremer e somente agora começava a perceber que seu maxilar doía de tanto bater dentes. As juntas rígidas e seus pés pareciam gelatinas dentro do sapato que era um aquário, de tanta água.

Não se importou de entrar pingando dentro da casa e molhar o caminho todo até a parede perto da cozinha onde estava o telefone.

Digitou os números familiares, mas não sabia direito para quem ligava. Apenas se tocou o que fazia quando ouviu a voz sonolenta de Jonathan no outro lado da linha.

— Jonathan? Estou na minha casa. Por favor, traga Jasmine. — Foi tudo que conseguiu dizer.

Jon deve ter feito outra pergunta e chamado seu nome no mínimo dez vezes, mas a garota pareceu não escutar, apesar de ainda pressionar o telefone contra o ouvido. A voz dele era como um murmuro embaralhado.

Não demorou muito para que seu único companheiro fosse o “tu tu tu” do fim da chamada e mesmo sabendo que ele já desligara, não ousou se mexer nem um centímetro para colocar o telefone no gancho. Não se importava o suficiente. Só queria continuar a se afogar em seus pensamentos, sentir cada célula do seu corpo implorar para não fazer aquilo que estava prestes a fazer.

Quanto tempo se passou até ouvir um carro estacionar em frente á casa, não soube, mas a poça no chão a seus pés lhe dizia que se passara muito tempo.

Não demorou muito para Jon e Jasmine a encontrarem ainda parada, fitando o vazio à frente, tremendo feito vara verde e pálida.

Tentaram chamar sua atenção e perguntaram o que havia acontecido, mas a garota nada respondeu. Tiraram o telefone de sua mão e Jasmine a arrastou para o banheiro e a enfiou em baixo de um chuveiro quente.

Se livrar do frio angustiante fez Anna despertar. Apesar de se sentir quente, seu interior era ainda frio e tremia. Podia ser visto isso facilmente pelos seus olhos duros.

Anna colocou uma roupa seca sozinha e apesar de alguns protestos, Jasmine penteou seus cabelos. Quando finalmente desceram para a sala, onde Jonathan já havia secado o chão, e Anna o encontrou sentado ao lado daquela flor foi que finalmente as lágrimas desceram.

Jonathan e Jasmine se precipitaram a ampara-la. Chorava a dor presa em sua garganta, a dor de sua alma que sabia que nunca mais veria aqueles olhos quentes e sentiria aquele toque único. Mesmo com o fim do imprinting, ainda tudo parecia muito forte, muito pleno e certo. Ficar com ele parecia uma lei, estar ao seu lado e viver com ele. Eram como verdades absolutas e incontestáveis. Tinham que ser, apenas.

Mas não seriam.

Anna sabia que as lágrimas não se extinguiriam fácil, que choraria até o amanhecer e que logo Seth acordaria de seu sono e viria atrás dela. Aquilo não poderia mais esperar.

Soltou-se dos braços de seus amigos com certa delicadeza. Prendeu o soluço na garganta, mas as lágrimas não havia jeito. Deixou que escorresse pelo canto dos olhos, limpando-as rapidamente quando se acumulavam demais.

Jonathan parecia tão destruído quanto ela. A olhava desolado e com remorso. Estava quase abrindo a boca e dizendo que não precisavam fazer isso e teria feito se Anna não tivesse endireitado as costas, que antes estavam levemente caídas, e o olhar com um tanto de certeza, dizendo que era hora de ir. Que aquilo era a coisa certa a se fazer.

Foi Jasmine quem pegou a flor nas mãos e seria ela quem faria o desejo. Sabia que nenhum dos dois tinha condições para aquilo. Deixou que Jonathan abraçasse novamente Anna, que segurava os soluços fortes cada vez mais dificilmente enquanto foi buscar a flor sob o sofá.

Um porta-retratos na mesinha ao lado do sofá lhe chamou a atenção e ela viu na foto todos os garotos, seminus e com sorrisos gigantes, juntos, abraçados uns aos outros e olhando para a câmera.

Olhou por cima dos ombros rapidamente para ver se algum dos dois via o que ela iria fazer, antes de tirar com agilidade a fotografia do porta-retratos.

Notou, antes de guardar rapidamente no bolso traseiro da calça jeans que usava, que atrás vinha uma mensagem de caneta azul, em uma letra redonda e no fim, a assinatura de uma garota chamada Emily.

Logo, os três se abraçaram novamente, juntos e bem apertados. Jasmine já havia segurado a ponta da ultima pétala da flor quando conseguiu, finalmente, um contato visual com os olhos vermelhos de Giovanna.

— Você tem certeza? — perguntou olhando em seus olhos e foi lá que obteve todas as respostas que ela queria.

— Não. — Ela disse num murmuro afogado.

Jasmine sorriu minimamente e olhou uma ultima vez para Jonathan antes de puxar a pétala da flor, que se soltou fragilmente do cabo vazio e brilhou potencialmente mais do que das outras vezes.

— Vamos para casa — Foi a ultima coisa que Jasmine disse, fechando os olhos.

Se encontravam novamente no Jardim no meio das arvores da casa da sua tia Lesley. As flores eram as mesmas, a fonte era a mesma e o jardim o mesmo, mas tudo parecia muito diferente para Anna.

Anna não chorava mais. Apenas se soltou dos braços dos amigos e caminhou na direção da trilha que levava para casa, arrancando uma flor no caminho e levando consigo.

Queria ficar sozinha, encarar aquela tristeza que dominava o seu coração. Foi andando sozinha á frente.

O caminho foi silencioso, mas em compensação, a chegada foi barulhenta. Tia Lesley gritava e gingava pela sala, ora abraçando, ora brigando com eles enquanto Stephenie apenas sorria amavelmente no canto, até ser notada.

Esse foi o único momento em que Anna sorriu verdadeiramente... E também o único que falou como antigamente: Quando viu a sua autora preferida e a abraçou com toda força que tinha. Ainda tinha o rosto marcado pelas lágrimas, mas por hora, ela curtiu verdadeiramente a presença vip.

Tiveram muito a esclarecer aquele dia. Tia Lesley providenciou uma grande xicara de chocolate quente com mini marshmallows para cada um e uma poltrona confortável na sala de estar.

“Quantos dias havia se passado desde que foram para outra dimensão?” Foi a primeira pergunta de Anna — e diga-se de passagem, a primeira de muitas — ao que sua tia lhe respondeu:

— Seis dias e meio — sorriu de canto a canto. Anna ficou confusa, mas logo Jasmine se apressou a explicar que ao que parecia uma semana naquela dimensão era um dia na nossa.

Seis semanas se passaram enquanto ela ficou junto de Seth Clearwater. Era mais do que uma simples fã apaixonada poderia pedir.

Logo Meyer começou a explicar toda aquela história novamente, mas tudo que podia fazer especular teorias. E foi o que ela e os três amigos fizeram, até ser muito tarde e todos estarem exaustos demais para falar.

A autora não ficou muito mais tempo na mansão de Lesley, logo que raiou o dia se foi. Já havia ficado quatro longos dias ali, ela precisava voltar para a sua vida. Deixou o telefone de contato para o grupo de amigos, com uma suplica para que não o espalhasse e ela tivesse que trocar novamente de numero.

Pegou também o de Anna e Jasmine, por precaução.

Se demorou na despedida de Giovanna, como se a conhecesse a muito e ela fosse fazer falta.

Então, Anna, Jonathan e Jasmine continuaram aquele resto de mês de férias na casa de Lesley e depois voltaram para escola novamente em Agosto, para um novo ano.

Se suas contas estivessem corretas, oito meses haviam se passado na dimensão dele.

O sinal tocou alto, tirando Anna dos devaneios e fazendo-a dar um pulo de sua cadeira.

— Na próxima aula eu continuo. — Disse o professor enquanto os alunos afobados já se levantavam para sair da sala — Ah, lembrando que semana que vem haverá um teste! Não deixem para estudar de ultima hora. Bom final de semana!

Ela respirou fundo antes de juntas suas coisas e sair da sala. Não foi nenhuma surpresa encontrar Jonathan logo em frente à sua sala, com as costas apoiada na parede.

— Ei vaquinha. — Cumprimentou como todas as outras vezes — Como foi a aula de Química?

A garota respirou fundo e respondeu mais para irrita-lo do que outra coisa: — Era de química? Jurava que era Geografia.

O garoto a encarou preocupado.

— Você não prestou atenção de novo, não é? — perguntou, se aproximando dela — Qual é Anna, esse ano vai ser puxado! Você tem que prestar atenção nas aulas!

Anna revirou os olhos, dando as costas para o amigo e indo em direção á saída, sentindo que se ficasse mais um segundo ali, explodiria. A culpa não era de Jon, mas tudo a irritava de uma forma inexplicavel. E ela não estava com saco para aguentar alguém lhe cobrando atenção, nem mesmo Jonathan.

Jonathan bufou revoltado com sua reação.

Agora era sempre assim: Não conversava muito, estava sempre de mau humor e sempre querendo ficar sozinha. Jonathan e Jasmine já estavam preocupados com a garota. Eles esperavam que com algum tempo ela voltasse ao normal, pelo menos alguma parte, mas já fazia mais de meses e a única vez ela sorriu foi assim que eles chegaram à casa da tia Lesley. Somente naquela ocasião.

Na opinião de Jonathan, as férias teriam sido uma droga se não fosse por Jasmine, que era a única que conseguia fazer Anna se animar pelo menos um pouquinho, o suficiente para rir de algumas piadas e conversar de vez em quando.

Jon sentia que perdera sua amiga. Ela continuava lá, viva, fazendo tudo que fazia antes, mas aquele brilho que somente ela tinha nos olhos se foi. E era sua culpa.

Esperou a amiga sumir no fim do corredor movimentado antes de ir atrás de Jasmine — A garota com quem ele andava tendo certas... Hum, experiências novas.

— Não sei mais o que fazer! Ela não pode simplesmente parar de viver por conta disso! — desabafou o garoto — Você sabe que eu me preocupo com ela! Ah, eu sei que ela não é a mesma comigo porque foi tudo culpa minha que ela tivesse que voltar.

— Isso não é verdade, Anna não é esse tipo de pessoa. Ela só... Sente falta dele. Isso não é culpa sua, Jonathan.

Jasmine abraçou Jon, que a olhava tristemente.

— Por favor, Jasm... Converse com ela. Talvez tudo que ela precise é de uma conversa de garotas... Por favor, por mim.

Mesmo protestando, dizendo que não havia nada que ela podia fazer, ele fez aquela carinha de cachorrinho que caiu da mudança que Jasmine não podia dizer não.

Jasmine não soube exatamente por que, mas ultimamente não conseguia dizer não para várias coisas que Jon pedia, na verdade. Talvez a convivência continua — Se é que você entende — estivesse afetando alguma parte da relação deles.

Por isso que agora ela entrava no quarto que compartilhava com Anna, lentamente abrindo a porta e dando de cara com a garota que estava sentada em sua cama, apenas olhando o vazio, como se estivesse em outro mundo e tivesse abandonado o corpo ali.

Tocou delicadamente seu ombro.

— Giovanna?

A garota deu um pulo, focalizando Jasmine com certa surpresa.

— Jasmine!

— Oi...

Jasmine sorriu timidamente, o que é meio incomum dela e Anna franziu a testa por um momento.

— Ah... O que foi? — perguntou

— Hmmm... Eu tenho algo para você. Eu... Me desculpe, mas peguei como ultimo recurso, não queria que isso fosse o motivo para você continuar relembrando dele e bem... Ficando mal... Mas eu e Jon estamos preocupados... E se isso for ajudar, estamos aceitando qualquer coisa.

— Jasmine, do que você está falando?

Perguntou Anna um tanto confusa, mas Jasmine nada respondeu. Apenas se levantou e foi em direção a sua cama, levantando o colchão rapidamente e tirou algo de baixo.

Por um segundo ela escondeu nas costas o objeto, deixando Anna curiosa, mas logo deixou que o papel pousasse nas mãos de Anna.

Um meio grito surpreso foi estrangulado na garganta da garota ao observar, surpresa, a foto dos garotos em sua mão. Lembrava que aquela foto estava em sua sala de estar em La Push, e que fora o presente adiantado de Emily naquele dia de seu aniversário.

Prendeu a respiração e segurou as lágrimas nos olhos ao observar a foto onde havia Seth agachado logo à frente, sorrindo. Ele não olhava para a câmera, olhava para algum ponto mais á esquerda, onde ela sabia que era onde ela estava quando a foto foi batida.

Agarrou-se a foto, como um doente terminal agarra-se ao fio de sua vida. Á alguns dias ela vinha se questionando se tudo aquilo não era um sonho inventado por ela mesma... Agora ela podia ter certeza que não era. Ela tinha alguma prova.

Um brilho maníaco passou pelos seus olhos, antes de sair e deixar em seu lugar uma tristeza insana.

Jasmine tinha suspenso a respiração, preocupada com sua reação, a o observando atentamente.

Anna parecia paralisada. Perplexa ao ver o que tinha nas mãos. Tocou com a ponta dos dedos levemente cada rosto na foto, deixando para o final o risonho Seth. Demorou eternidades admirando o rosto do garoto. Sorriu vagamente, quase que por um gesto automático ao o ver sorrindo, mas logo desmanchou o sorriso. Ela pressionou a foto em seu peito e fechou os olhos, respirando fundo.

Não se permitiu derramar as lagrimas e nem soluçar. Não na “presença” de Seth no quarto. Não, ele não gostava quando a pegava chorando, nem que seja uma mínima lágrima. E como Anna poderia deixa-lo mal por causa dela?

Sabia que se ele pudesse vê-la, de alguma maneira, não iria gostar de como ela estava vivendo. De como ela estava se tratando mal, se privando, para se punir por ter feito algo tão brutal como ir embora.

“Seja feliz” Disse certa vez “Então eu estarei feliz

É, Anna precisava ser feliz. Parar de se punir. Ela devia encarar tudo aquilo que passou com Seth e olhar com carinho, se sentir sortuda por ter tido aquilo. Aquele devia ser um novo começo.

Anna riu imperceptivelmente, pela primeira vez desde que chegara ali.


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Notas finais do capítulo

"Anna irá recomeçar sem Seth?!", foi o que me disseram "Que tipo de amor é esse?? Como ela consegue simplesmente recomeçar assim??" E eu respondo: Se não vamos para frente, o que podemos fazer? Viver é andar, seguir em frente. Um amor como deles será eterno em suas memórias, mas não podemos parar de viver.
Acho que Anna chegou na mesma conclusão.



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