Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 66
“... De seu brinquedo, três fios podem ser a salvação...”


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capitulo!! Agora iremos desvendar a ultima parte da bendita profecia! Estão preparados?

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588948/chapter/66

Capitulo 67 — “... De seu brinquedo, três fios podem ser a salvação...”

Jonathan

Eu nunca pensei que viveria tempo o suficiente para participar de uma fuga de barco da policia... De carro eu já havia feito variadas vezes e para mim não era nenhuma novidade (tanto que eu nem fiquei tão espantado assim quando fugimos com o carro de Nahuel), mas agora estávamos sob uma lancha, quase nem encostando na água, enquanto tentávamos escapar das investidas da policia para nos fechar.

Agora eu tinha certeza que aquele Brasil era falso: As lanchas dos policiais pareciam que tinham medo de bater no nossa e nos “machucar”. O Brasil que conheço de quando eu era pequeno é... sujo e real e aqui é... fofo e com coraçõezinhos no ar.

Eu me virei na direção de Jacob, na intenção de comentar sobre aquela atrocidade contra a realidade que era aquele país, mas perdi a linha de raciocínio quando vi que ele olhava espantado para Jasmine, que gargalhava de emoção.

Bem, para mim era normal vê-la fazer coisas estupidas aos risos, mas acho que talvez estivesse sendo um pouco insano demais para eles...

Tirei Jasmine de lá com uma gentileza exagerada e assumi os controles sem diminuir a velocidade um segundo. Os barcos da policia eram visivelmente mais rápidos que o nosso, mas o nosso manobrava com mais precisão, então quando eles tentavam colocar os barcos deles na nossa frente para impedir que fugíssemos, eu só precisava desviar com agilidade e continuar em linha reta.

— Assim isso não vai acabar nunca! Precisamos tira-los da nossa cola. — Falou Jasmine do meu lado, olhando concentrada para o barco que passava rápido perto de nós e parava quase em cima, fazendo que nossos barcos se arranhassem quando eu desviei por pouco.

— Não tem como, eles são mais rápidos.

— Então vira o barco deles! — exclamou com os olhos brilhando.

— Eu vou virar sua cabeça, isso sim! — Eu respondo trincando os dentes e desviando do outro barco.

— Não podemos simplesmente virar o barco deles, Jasmine! Dai eles terão mesmo um motivo de verdade para nos seguir — diz Jacob

— Então o que vamos fazer? — pergunta Jasmine batendo o pé, levemente irritada.

— Espera... Vocês estão ouvindo isso? — pergunta Leah, levantando um dedo no ar e virando a cabeça de lado, como se para escutar melhor.

— O que? — perguntei, mas ninguém respondeu — Olha, eu não tenho audição extra, dá pra falar?

— Eles estão se distanciando — sentencia Seth, prestando atenção assim como os outros.

Eu olhei novamente pelo vidro, olhando ao redor do barco e vendo que o que Seth falava era verdade. Eles estavam ficando para trás enquanto nós continuávamos avançado á toda velocidade em direção ao litoral.

— Indo embora? Por quê? — pergunta Jasmine e eu dou de ombros

— Quem se importa? O importante é que eles estão indo e nós estamos livres novamente! — Eu digo feliz, mas ninguém parece aceitar aquela minha frase.

— Isso está estranho... Por que eles deixariam nós irmos embora tão fácil assim? — perguntou Jacob.

— Isso também não está me cheirando bem — falou Leah

— Qual é gente! Cade o positivismo?

— “Quando a esmola é demais o santo desconfia?” Nunca ouviu falar, Jon? — revirou os olhos Jasmine.

O que foi bem a tempo de ouvirmos aquele barulho. No começo era tão baixo que era impossível ser distinguido, mas depois começou a aumentar tanto que era quase impossível ouvir até mesmo os meus pensamentos.

Era um tipo de “Ploc Ploc Ploc” irritante, mas muito, muito alto.

— Isso é um helicóptero? — Berrou Jasmine, olhando espantada para o helicóptero preto com o símbolo da policia na lateral que circulava sobre o nosso barco.

— Nós estamos tão ferrados. — eu murmurei ao ver que mais á frente vinha mais cinco lanchas da policia em nossa direção.

Todos se aglomeraram ao meu redor para poder ver os barcos se aproximando.

— Um helicóptero e mais um monte de barcos! O que vamos fazer? — perguntou Jacob passando a mão por entre os cabelos toda hora.

— Acalme-se Jake. Vamos arrumar um jeito de sair dessa. — Disse Leah colocando a mão sobre o ombro do garoto — Não viemos até aqui para acabar presos por estúpidos policiais do Brasil!

— Não podemos nem pensar em sermos presos... — Disse Seth, se referindo á Anna. Eu voltei a olhar para Anna preocupado. Por Deus, ela tinha que aguentar!

— Jonathan, presta atenção no que você está fazendo, por favor? Nós estamos diminuindo a velocidade. — Resmunga Jacob ainda sem tirar os olhos de Leah. Eu não havia visto antes, mas eles estavam abraçados agora, com o rosto de Leah escondido no peito do garoto e ele acariciava suas costas; Imitei uma crise de vomito antes de virar para os controles e ver porque estava diminuindo a velocidade.

A alavanca estava no mesmo lugar. A lancha deveria continuar avançando na mesma velocidade... A não ser que... E ao olhar para as luzes vermelhas e verdes que eu ignorara desde a ilha, eu confirmei o que eu mais temia aquele momento.

— Ah não... — Ouvi Jasmine gemer ao meu lado quando viu o que eu observava paralisado.

— Algum daqueles semideuses deve nos odiar muito e está nos sacaneando! — eu exclamei exasperado, cobrindo o rosto com as duas mãos — Não pode ser!?! Isso não está acontecendo!

— O que foi? O que aconteceu? — Perguntou Jacob preocupado.

— Acabou o combustível — respondeu Jasmine, parecendo irritada profundamente por aquilo, encarando com raiva a luz vermelha que piscava no painel.

E como se pra provar isso o motor do barco começa a fazer barulhos esquisitos e falhar.

— Você está de brincadeira! — exclama Jacob visivelmente irritado, querendo olhar a luz vermelha com os próprios olhos — Onde está esta maldita luz?

— Ali — eu apontei me sentindo derrotado.

Como se aquilo fosse resolver nosso problema, Jacob quebrou a lampadinha que piscava vermelha por causa da falta de combustível com um soco... Não adiantou nada, mas por algum motivo, ver aquela coisa quebrada me fez me sentir melhor.

E parece que Jacob também se sentiu melhor em arrebentar o painel com um soco.

— Então é isso? Acabou? — Perguntou Leah já com o visível tom de derrota em sua voz. Eu me joguei em um canto no chão da cabine, ouvindo o motor fazer mais um barulho estranho e parar de funcionar de vez.

Ninguém quis responder á aquilo. Assumir que tínhamos perdido e que logo estaríamos mofando em uma cela de prisão... Bom até eu conseguir um advogado ou pagar a fiança... Mas não tínhamos tempo e nem... Desculpas para tudo aquilo. Anna... Renesmee... O que nós diríamos para os policiais?

Até mesmo Seth estava em silencio, apenas abraçado com mais força á Anna, como se ele nunca fosse a soltar mais daquela posição e que nada os separariam. Eu olhei tristemente para o garoto, sabendo a tortura que seria para ele aquele tempo em que ele ficaria longe de Anna. Ela provavelmente iria ser levada para um hospital e ele preso... Se houvesse um meio de mantê-los juntos ao menos...

Se ao menos Seth estivesse machucado para ir para o hospital também...

...

Ah, eu sou um gênio! Vamos quebrar o Seth e dai ele e Anna vão para o hospital! É a coisa mais brilhante que eu já pensei! ... Além de que vai ser divertido poder bater naquele rostinho bonito de lobo dele sem ele poder revidar... Os dois lados saem ganahdno! Eu ganho alguns minutos quebrando a cara dele e ele ganha dias no hospital com a Anna! Todos sairíamos ganhando!

Mas quando eu abri a boca para despejar a minha ideia brilhante, eu travei no lugar. Um objeto colorido me chamou atenção na visão periférica, no bolso de trás da calça de Jasmine.

Não, aquilo não era algum tipo de desculpa tarada para pegar na bunda da garota. No bolso de trás estava uma coisa que eu não via fazia muito, muito tempo.

Senhorita Maridth.

— Isso é...

Srtª Maridth foi uma boneca de pano mal remendado, com apenas um olho de botão negro, boca torta e pouco estofamento, que Jonathan conhecera em sua infância, enquanto brincava com Jasmine. A boneca remendada sempre fora o orgulho de Jasmine quando pequena, e eu devia saber que mesmo depois de crescida ela não largaria a boneca.

Jasmine pareceu perceber que eu havia arrancado a boneca de seu bolso no mesmo segundo em que eu percebera que havia alguma coisa de errado. Por algum motivo eu tive que contar os fios da cabeça da boneca novamente só para perceber que no lugar de três fios grossos de lã vermelha suja, cuidadosamente trançados um aos outros, havia apenas um.

Apenas um fio de cabelo naquela cabeça gigante e murcha de Srtª Maritdh.

— Mas é claro! Eu havia esquecido completamente! — Exclama Jasmine com um tom que chama a atenção de todo mundo.

Eu olho seu rosto iluminado — como quando ela tem uma ideia — em busca de respostas, mas a única coisa que ganho é Jasmine tirando a boneca das minhas mãos com agilidade.

Jacob também encarava Jasmine com curiosidade, assim como eu, mas Leah continuava pendurada no vidro, vendo quando o helicóptero começa a abaixar e chegar mais perto do barco, como se para que pessoas pudessem pular para dentro.

Uma corda rolou de dentro do helicóptero e ficou pendurada até bem perto do barco, como se para comprovar o meu pensamento.

Jasmine olhou com dó a boneca em suas mãos antes de fechar os olhos com força e puxar a ultima lã vermelha da cabeça — agora — careca da boneca de pano.

Foi tudo muito rápido, como se estivéssemos sendo sugados por um buraco negro e logo em seguida, sendo cuspidos. De repente o céu ficou escuro e as ondas ficaram fortes. O barulho de helicóptero e barcos sumiu totalmente e foi trocado pelo barulho da água se chocando com força contra as pedras do grande paredão de pedra do penhasco que aparecera imponente ao nosso lado, de repente. O ar ficou mais úmido do que antes e o cheiro de terra molhada tão característica se apossou de mim.

— O que porra...

— Hey, eu conheço esse lugar! — exclamou Jacob já saindo da cabine com um salto e sendo seguido por uma Leah boquiaberta e assombrada.

Assim que olhei pelo vidro da cabine e tomei um susto gigante. Reconheci aquela praia e aquela cor negra do mar.

Estávamos em La Push... Em First Beach.

Eu me virei para Jasmine, encarando-a como se houvesse nascido outra cabeça em seu corpo.

— O que... Como...? — eu não consigo formular uma pergunta coerente e Jasmine sorriu para mim por um segundo antes de voltar a ficar agitada.

— Longa história, Jon. — Ela pisca para mim — Agora me ajude a tirar Seth do estado de choque e levar Anna o mais rápido possível para a sua casa.

Eu pisco várias vezes, confuso demais para me mexer.

— Como você...? E como sabe da minha casa... E de Anna... E o que?!?

— Cala a boca e me ajuda!

Eu respirei fundo, ainda assustado demais, mas arrumei minhas feições e tentei organizar meu estado de espirito. Agora eu precisava ajudar Seth, que parecia entorpecido e pasmado demais para se quer piscar. E ele estava em pior estado que eu.

E apesar de eu e Jasmine ter tentado de tudo para fazê-lo acordar do transe, somente quando a cabeça do Jacob apareceu na porta foi que o garoto percebeu que estava perdendo tempo.

— Rápido Seth! Vamos! Estamos em casa, garoto! — Jacob sorriu aquele sorriso que mostra todos os seus dentes antes de voltar à expressão séria, olhando dessa vez não só para Seth, mas como para nós — Vamos lá. Temos que levar os corpos pelo menos até minha casa... Não é muito longe daqui.

E tom e a maneira que ele disse aquilo fez com que uma nova chama de esperança lambesse o meu ser... Não, chama, não... Uma fogueira inteira! Isso, eu tinha uma fogueira inteira de esperança de que tudo acabaria dando certo no final.

E como se para provar minhas palavras, assisti Seth dar um beijo delicado nos lábios de Anna antes de pular por entre as pedras que havia no final do enorme penhasco que havia á cima de nós e acabar em pé na areia, correndo á toda velocidade para a casa de Jacob.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dez Desejos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.