Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 45
Nada é ruim quando se pode ficar pior.


Notas iniciais do capítulo

Parabens para mim, parabens para mim, hoje é meu aniversaaaarioo! Bolo, confete, festas tuts tuts... mentira, vou trabalhar até as 17h e depois comer um bolo de mercado enquanto meus irmãos puxam minha orelha 19 vezes :C
Que tristeza esse aniversário...
Boa leitura!



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Capitulo 46 — Nada é ruim quando se pode ficar pior.

— Tudo bem... Primeiro precisamos colocar os... e agora controlar a direção... Verificar isto aqui. Certo. Visualizar o campo de pouso... — Quil murmurava para si mesmo, tremendo feito uma vara verde.

— Hã... Desculpe tirar sua concentração, Quil, mas já tirando... Naquele seu jogo de avião... Você tinha que pousar ele depois, não é?

— Não, já começava com ele no ar.

— J-já c-começava com ele no ar?

— É. Pousar o avião era a fase em que eu estou agora. Ela é a ultima

Eu respirei mais aliviado ao ouvir aquilo.

— Então você já pousou com o avião do seu jogo! Ah, que susto, pensei que você nunca tinha...

— Jacob, eu disse que era a fase em que eu estava. Não disse que eu passei ela.

Eu parei de respirar.

— O que quer dizer com isso? — perguntei

— Que... Que eu não consegui pousar o avião sem pelo menos perder metade dele no processo...

— Ah. — foi o que saiu de minha garganta. Eu lentamente estiquei o braço e peguei o micro fone automaticamente, olhando para o horizonte enquanto eu me comunicava com o resto do avião.

— Senhores passageiros, espero que vocês tenham rezado e muito... Por favor, que Deus no proteja.

Quil me lançou um olhar cortante quando eu coloquei o microfone de volta no lugar.

— Tinha mesmo que deixar todo mundo desesperado? — perguntou ele com uma calma que não combinava com sua cara receosa.

— Pânico. Isso sim é que nós estamos. Em pânico. — eu murmurei.

Vi Quil respirar fundo e eu tentei me controlar.

— Desculpa pela pressão, cara. — Eu tentei dar apoio, mas minha voz não estava ajudando — Mas é que se você não pousar...

— Todo mundo morre. Eu sei. — Ele me cortou.

— Tudo bem, eu vou te ajudar. — Eu disse olhando sua fisionomia curvada — Que tal aquele campo? Ele parece plano o suficiente...

— Eu já estava indo para lá, mas mesmo assim obrigado. — Quil disse sem me olhar.

Eu suspirei.

— Desculpe Quil. Eu sei que você vai conseguir. Você é o melhor piloto que eu conheço, tenho certeza que vai conseguir.

Ele deu um meio sorriso, mesmo sabendo que eu só conhecia ele de piloto.

— Obrigada Jake, mas é... Eu só queria Claire aqui. Seria mais fácil me concentrar. Ela sempre sabia o que fazer.

— Agora já é tarde demais — Eu respondi sentindo que o avião começou a descer.

— É, tem razão. Tarde demais — foi a ultima coisa que Quil disse antes de fazer o avião praticamente mergulhar em direção ao chão.

Claire

Ok, eu não conseguia decidir o que era pior. O fato de eu ter sido rejeitada ou por eu estar presa nesse banheiro fedorento.

Isso mesmo. PRESA.

A porta havia emperrado e somente com a força de um lobisomem isso iria abrir... Ou uma marreta. Mas como eu não tenho uma marreta e não quero morrer de vergonha gritando por ajuda, eu fico aqui dentro, presa com esse cheiro de urina por todos os lados e apenas um mini duto de ar no teto para me ajudar com o cheiro.

Eu estava sentada em cima da pia com as lagrimas caindo copiosamente, tentando fugir da urina do chão.

Eu não conseguia ainda entender por que o fato de ele não ter me beijado me afetar tanto.

Quero dizer, eu não podia... Não era como se eu fosse sua dona e que me beijar era uma obrigação... E também... Existem tantas outras mil garotas aos seus pés e que ele pode ter qualquer uma que quiser... Mas mesmo assim, mesmo eu dizendo que eu não posso exigir esse tipo de relação dele, eu sinto reações estranhas quando eu estou perto dele.

Não é mais como antigamente. Agora parece impossível ficar alheia a sua quantidade de musculos das costas e em como seu sorriso é tão lindo...

Não, não e não, Claire! Ele é apenas seu melhor amigo. O seu irmão! Não é o que ele sempre diz...? Não é o que ele provou hoje, se afastando de você quando você tinha certeza que ele a beijaria?

Eu senti um soluço sacudir o meu corpo e outro bolo entalar ainda mais minha garganta.

Não seriamos nada mais do que isso.

Ah, porque tudo o que eu quero sempre é tão difícil? Tudo parece se complicar quando na verdade é tão fácil! Talvez seja porque todos ainda me tratam como uma criança... Será que não estava obvio que eu já cresci? Não estava visível que eu já... eu já era uma mulher?!

Eu comecei a ouvir a voz de Seth no microfone do avião e tentei me esforçar para ouvir, mas parecia impossível. O banheiro parecia ser a prova de som ou algo assim, porque tudo que eu ouvia era um “Humm Um Hummm Hum Hu-humm”

Será que algo estava acontecendo? O que será que eu estava perdendo?

Eu comecei a senti que o avião estava se inclinando e nós estávamos descendo.

Por um segundo eu me permiti sentir alivio por finalmente estarmos descendo em segurança, mas logo em seguida eu lembrei quem era que estava pousando o avião e entrei em desespero.

Quil era muito bom quando estava no ar, mas quando se tratava de terra... Céus! Aquele avião iria explodir! Eu precisava sair daqui e ir ajuda-lo de alguma maneira. Eu também não era a melhor em pousar, mas era bem melhor do que ele!

Desci da pia com um pequeno salto, tendo que me apoiar ali porque o avião estava inclinado demais. O QUE QUIL ESTA FAZENDO?

Eu comecei a rezar enquanto socava a porta para abrir, me sentindo estupida por não ter pedido ajuda antes.

Ok, Claire! Respira fundo... Ok, não respira fundo que isso aqui esta com um cheiro terrível. Você precisa ficar em um lugar seguro quando o avião explodir e... Céus, o que está acontecendo comigo? É claro que Quil vai conseguir! Desde quando eu não confio completamente no meu Cuil?

Ele pode. Ele consegue. É claro que ele vai conseguir! Onde eu estou com a cabeça? É do Quil que estamos falando! Ele daria sua vida para salvar á todos.

Mas eu podia ver o seu erro de longe... A Velocidade estava alta demais, o avião inclinado demais... Ele precisava da minha ajuda.

A porta não iria abrir e agora era impossível alguém sair de seu acento e abrir para mim. Eu teria que improvisar. Fiz a única coisa que eu sabia fazer perfeitamente.

Gritar.

— QUIL! QUIIIL! — Eu gritei a plenos pulmões, torcendo para que sua audição de lobo me escutasse — DIMINUA A VELOCIDADE! DI-MI-NU-A A VELOCIDADE! DEIXE O AVIÃO MENOS INCLINADO! QUIIIIL!

Ai, Será que ele estava me ouvindo?

— Ah Deus, por favor, deixe que ele me ouça... QUIIL! DIMINUA A VELOCIADE! ESTÁ RAPIDO DEMAIS! DEIXE O AVIÃO PLANAR! MERGULHAR NÃO! QUIIIL!

A pia onde eu estava apoiada de partiu com o meu peso quando eu fui me firmar melhor nela e eu bati contra a parede cruelmente. Minha cabeça começou a latejar, mas eu ignorei a dor.

Minhas cordas vocais estavam doloridas com o ultimo grito, mas eu percebi que fizeram algum efeito.

— Isso! — Eu murmurei feliz — QUIL? ESTÁ ME OUVINDO? — eu esperei uma resposta que não viria — DEIXE O AVIÃO PLANAR! ELE ESTÁ MUITO INCLINADO!

Ignorei o fato de minha voz falhar na ultima palavra e fiquei parada em silencio alguns instantes, tentando ver se ele havia me entendido. Meu coração batia em meus ouvidos e eu não tinha ideia porque, mas respirava com dificuldade.

Eu sabia que depois daquilo eu ficaria uma semana sem conseguir falar direito.

E como o esperado, Graças a Deus, o avião finalmente ficou do jeito correto. Planando.

Eu consegui desgrudar da parede em que eu estava sendo forçada a me segurar. Um pedaço da pia quebrada ainda estava na parede, a perturbando a minhas costas que estavam apoiada nela, forcei para baixo com o meu peso até ela ceder e deixar somente a lisa parede como meu apoio.

Comecei a respirar melhor, ignorando o cheiro de urina e poeira por conta da pia quebrada e comecei a chutar os pedaços do que sobrou da pia até perto da privada.

Enquanto empurrava eles para bem longe de mim e para caso alguma coisa desse errado eles não me acertassem, me passou algo pela cabeça de que eu não tinha pensado antes.

Aproveitei que ainda era possível andar sem acabar caindo pelo banheiro e calculando que eu tinha ainda algum tempinho antes do pouso completo do avião, eu peguei um dos pedaços maiores da pia que estava no chão.

Eu ajeitei o mármore negro em minhas mãos, sentindo os pequenos caquinhos em sua superfície e mirei na porta. Aquilo teria que dar certo ou eu estava ferrada.

Eu o levantei com toda a minha força de uma só vez e o lancei em direção a porta.

O lado bom?

A porta quebrou ao meio e agora era somente eu pular alguns escombros e eu estaria livre.

O lado ruim?

Primeiro que no processo de lançar o mármore pesado, eu havia segurado em uma parte afiada e acabei abrindo um talho enorme em minha mão.

O segundo era que quando a pia se chocou na porta, ela se estilhaçou e voou pedaços afiados de pia para todos os lados.

E Terceiro: O Avião se chocou brutalmente no chão e eu fui lançada em direção a parede novamente.

E adivinhem o melhor de tudo? Um caco da pia entrou profundamente e exatamente onde fica minha panturrilha. Eu mordi meus lábios para segurar o meu grito de dor.

Meus olhos se encheram de lagrimas e eu escorreguei pela parede até acabar sentada no chão, com a perna esticada e assistindo meu sangue começar a manchar a barra do meu vestido imundo.

O avião quicou novamente no chão, me fazendo ficar no ar alguns segundo antes de me chocar no chão novamente, em cima de alguns escombros, dando mais dores novas. Eu mordi com mais força os meus lábios e senti o gosto de sangue em minha boca.

E o avião bateu no chão novamente, e mais uma vez e uma ultima antes de começar apenas a deslizar e a velocidade diminuir muito rapidamente. Eu havia batido a cabeça na parede em todas as vezes e apoiado sem querer a panturrilha no chão, sentindo o caco entrar mais fundo.

Minhas mãos tremiam e eu mal conseguia enxergar nada a minha frente por conta das lagrimas. Mandíbula tão trincada que achei que iria estilhaçar meus dentes.

Mas eu sabia que não adiantava em nada eu não tocar no meu ferimento. Quantas vezes minha mãe já havia dito que para curar tinha que aguentar a dor da limpeza?

E provavelmente aquele caco devia estar imundo. Germes de urina e fezes, além de sabe-se lá mais o que. Eu tinha que tira-lo da minha perna, mesmo que isso liberasse uma torrente de sangue.

Eu não parei para pensar sobre a dor ou me preparar para ela. Fiz como minha mãe havia me ensinado: Quando ele não tiver prestando atenção, puxe de uma só vez. A dor é uma só e logo se vai.

Não fechei os olhos dessa vez. Agarrei o pedaço da pia da minha perna com a mão boa e puxei com toda a força, sentindo ele rasgar o resto da minha pele que estava em contato e puxando mais sangue para fora.

Se eu pudesse, eu teria gritado mais alto, mas minhas cordas vocais não me deixaram, fazendo sair apenas um barulho estranho da minha garganta, como se eu estivesse engasgando.

Senti novamente o gosto de sangue em minha boca quando eu apertei mais meus dentes nele e senti minhas unhas apertando as minhas palmas com muita força.

Nunca senti dor tamanha.

Quando foi que eu parei de gritar de dor eu não sabia dizer. Nem muito menos quando eu comecei a chorar desesperadamente.

Tudo ao meu redor era apenas dor.

Um barulho de conversa e os passos apressados interromperam as minhas lagrimas. O avião havia parado e eu podia ouvir toque leve e animado de pessoas que agora estavam a salvo.

Meu Quil havia conseguido. Ele havia salvado todos. Ele havia passado da ultima fase do nosso jogo. Eu me permiti sorrir em meio as lagrimas.

Minha perna continuava a latejar cruelmente enquanto pingava meu sangue pelo chão, mas mesmo assim eu me levantei de onde estava. Eu queria sair daquele banheiro imundo. Se fosse para morrer, que fosse em terra firme.

Mas eu não fiquei nem mais um segundo sozinha. Ouvi um estrondo alto e quando olho para cima vejo Seth estourando o resto da porta com uma mão e entrando rapidamente no banheiro.

— Claire!

Ver seu olhar de espanto, pena e preocupação fez com que uma nova onda de lágrimas viesse e minhas pernas fraquejarem. Antes de cair, senti Seth me segurar.

Ele me pegou no colo e me carregou através da porta quebrada sussurrando que tudo ficaria bem. Entre as lagrimas ainda podia ver algumas coisas no caminho que fizemos até o sol quente do lado de fora do avião.

Cadeiras fora do lugar. Vidros quebrados pelo chão. Sangue, vinho e janelas quebradas. O estrago tinha sido grande por ali.

Enquanto descíamos a pequena escada do avião com ajuda dos outros, senti minha cabeça girar. Eu estava com tontura e achei que iria vomitar. Eles devem ter percebido que eu não estava bem, pois logo me colocaram no chão e me deram espaço para respirar.

A grama verde pinicava a minha pele que o sol queimava. Eu respirei aliviada o ar limpo, sem vestígios de urina ou fezes.

Vi que algumas pessoas murmuravam assustadas para o meu ferimento na perna quando Seth parou em minha frente para olha-lo. Uma roda havia se feito ao meu redor e eu podia observar cada rosto por ali. Cada um com uma expressão diferente.

Nenhum parecia tão gravemente machucado... Talvez um pouco traumatizados e com alguns arranhões, mas nada que tivesse que ir ao hospital tão rapidamente. Eu era o problema.

Como eu pude ser tão estupida? Me trancar em um banheiro quando eu sabia que precisavam da minha ajuda, quebrar a pia na porta e fazer a proeza de conseguir que uma parte ainda entrasse em meu corpo.

Talvez eles estivessem certos. Eu deveria ter ficado em casa... Eu seria mais útil lá. Aqui eu só estava atrapalhando.

— Claire? Claire? Você está me ouvindo? — perguntava Seth balançando a mão em frente ao meu rosto — Claire?

— Hã?

— Você está bem? Mais algum lugar dói?

— Minha cabeça... e minha mão — Eu fiz um esforço extra para que minha voz saísse.

Quando fiz isso minha garganta doeu e em um gesto automático eu coloquei a mão machucada no pescoço, ganhando uma pontada de dor na mão por fazer isso. Senti que havia manchado meu pescoço com o sangue da minha mão.

Céus! Por que todo aquele sangue? Parecia que agora tudo se resumia a sangue! Tudo o que eu olhava tinha sangue.

— Tudo bem, você precisa de um hospital urgente. — Ele disse sério parecendo que iria me pegar no colo novamente.

Mas ele parou no caminho. Eu ouvi alguém falar mais alto, um barulho de tumulto e então os donos daquela confusão apareceram abrindo caminho para o centro da roda.

— Ah, não. — Jon foi o primeiro a aparecer.

— CLAIRE! — Jacob gritou assim que me viu e correu até mim. — Oh, Deus! O que aconteceu? Nós ouvimos você gritando e...

— Claire? Como assim.. — A voz de Quil perguntava, mas ele ainda não havia me visto — Oh, Deus.

Só o que bastou foi um olhar. Era o que faltava para eu ficar tranquila. Quil apareceu na extremidade da roda, em um ponto que não me dava dor ao olhar.

E lá estava ele, totalmente bem. Sem um arranhão e com saúde. O tórax sem camisa como eu me lembrava e o mesmo olhar preocupado de sempre, mas agora, com uma ponta de choque, mas eu não me importei com isso. O importante era que ele estava bem agora. Eu não precisava de mais nada.

Não me importei mais com a dor, mesmo quando ela começou a aumentar rapidamente. O rosto de Quil começou a escurecer, assim como todo o resto, até que tudo se apagou.


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