Capitulo 42 — Ler rápido é questão de curiosidade.

Jacob

Eu me remexi em meu acento desconfortável com o assunto que Seth abordava, mas não havia como fugir, eu sabia que aquilo iria acontecer só que não era como se eu amasse falar sobre aquilo.

— Qual é Jacob, você sabe que é somente uma questão de tempo! E então você vai abandonar Leah e voltar para Renesmee — Continuou Seth com uma cara séria, me lembrando muito o modo como meu pai falava.

Quando foi que Seth crescera tanto? Parecia que eu havia perdido alguma coisa. Mesmo sabendo que ele cresceria rapidamente, eu não conseguia acreditar que aquele homem em minha frente um dia foi um garoto de apenas 15 anos, com músculos de mais e a mente mais bondosa e pura que eu já estivera conectado. Agora foi substituída por uma mente brilhante e tão educada que você acharia estranho quando dissessem que as pessoas que ele mais convive são mais sarcásticas e mal educadas do que o normal.

Eu balancei a cabeça tentando tirar a imagem de meu pai do rosto de Seth.

— Eu sei Seth, você acha que eu não pensei sobre isso? Mas o que eu poderia fazer? A situação é uma droga! Eu tenho as minhas escolhas tiradas de mim por causa dequeles... — Eu bufei meio irritado.

— Realmente, não é possível ter o controle aqueles semideuses. — Ele suspirou olhando para algo á sua frente que eu não conseguia ver — Quero dizer, mesmo nós sendo, você sabe. Temos algumas vantagens fisicas, mas isso não quer dizer que estejamos no “topo da cadeia alimentar”. — Ele fez as aspas no ar com os dois dedos — Tem muita coisa em cima de nós ainda e é obvio que eles iriam nos controlar.

Eu bufei olhando para o outro lado, irritado com a verdade que havia em suas palavras.

— Semideuses de merda.

Seth gargalhou ao meu lado.

— É, eu devo concordar. Eu tenho a sensação de que eles controlam a maior parte das escolhas feitas.

— Mas sobre a Renesmee eu não tenho certeza se ela pode estar sendo controlada — eu disse — Ela pode muito bem estar por conta própria, ela tem capacidade para isso. Ainda mais agora que Renesmee tem a flor e sabe o que ela faz.

— O seu imprinting por minha irmã não irá durar por muito tempo então. — completou Seth.

Ouvir aquilo era pior do que pensar, ainda mais quando é o irmão de Leah dizendo aquelas palavras, dizendo nas entrelinhas que eu a magoaria novamente por conta daquilo. Naquele momento eu me permiti ter raiva novamente de Renesmee. E de Seth. E de Jonathan, por fazer aquele maldito desejo.

Por que eu não poderia ter uma vida considerada normal? Por que minhas escolhas não podem ser permanentes como a de todos os outros? Por que sempre tem que ter alguém para arranca-las das minhas mãos e mudar a minha vida?

Agora eu tinha que lidar novamente com o fato de que Leah voltaria a ser amarga. Ah, eu sabia que ela não conseguiria lidar com aquilo novamente. Não, eu estaria sendo como um segundo Sam... Por que tinha que ser assim?

Eu queria que Renesmee esquecesse que eu tinha imprinting por Leah, que ela simplesmente não percebesse aquele detalhe e que deixasse Leah fora daquilo. Ela não merecia o que estava prestes a acontecer.

Só... Eu só queria poder lutar contra aquele imprinting e continuar com minha Leah, sem a magoar, sem ninguém sofrer, ficar com a garota que em apenas aqueles poucos dias me fez feliz de uma forma completamente diferente de quando estava com Renesmee. Com Leah era tudo tão natural e fácil, como se nada posse forçado pelo imprinting e que aquela era uma escolha nossa, de verdade.

Como se não houvesse magia envolvida, como se nós não fossemos seres místicos e sim, apenas dois garotos apaixonados que querem viver a vida juntos eternamente.

Não. Eu estava decidido. Eu não deixaria que Renesmee desejasse que meu imprinting por Leah acabasse. Eu não iria voltar á aquele inferno que era ser alguma coisa daquela garota e sua família.

Eu iria lutar com todas as minhas forças para continuar amando somente Leah, com ou sem imprinting.

Seth ficnão falou mais nada depois do meu silencio. Eu não sabia o que ele havia visto ou percebido naqueles momentos em que eu decidia a minha vida, mas por algum motivo, ele tinha um meio sorriso compreensivo no canto da boca.

Jonathan

"...ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna."

Eu respirei fundo e me esticando na poltrona minhas costas doloridas por ficar muito tempo na mesma posição. Levantei meu solhos e olhei ao redor, dando uma avaliada no que mudara durante na minha pequena "hipnose".

Cara, eu já estava no capitulo dezessete! Esse livro é realmente muito viciante! Como era possível alguém ter tanta imaginação para algo como isso?

Levantei o olhar tentando descansar um pouco meus olhos e acabei por observar que Quil e Claire continuavam dormindo abraçados. Mesmo de costas para mim, eu pude ver que Quil tinha a mão sobre a da Claire e eu me perguntei quanto tempo demoraria para a garota perceber o quão Quil a amava.

Á frente deles, Seth e Jacob conversavam de rosto sério, como se discutindo estratégias de combate. Por um momento eu fiquei com raiva por eles não me colocarem em uma conversa tão importante como aquela parecia ser, mas eu me lembrei do livro em minhas mãos e deixei a ideia de lado.

Ler era bem melhor.

Céus, esse livro deve ter mesmo algum feitiço! No mínimo uma macumba brava, porque ele era viciante! Quem diria, em? Jonathan Flint dizendo que preferia ler a fazer outras coisas... Anna ficaria orgulhosa.

Lá estava eu de novo voltando para o pensamento Anna. Será que eu não conseguia ficar pelo menos alguns momentos sem que aquela garota dominasse a minha mente?

Sim, Anna era muito para mim. Eu a considerava mais do que tudo, mas a todo momento ela tinha mesmo que grudar em minha cabeça como chiclete? Não havia folgas?

E por que diabos é que isso sempre acontece comigo? Quero dizer, eu sei que eu e Seth somos... Bem, a mesma coisa, mas isso não explica muita coisa. Significa que na minha realidade, na minha dimensão, eu e Anna deveríamos ter ficado juntos? E Seth e Caroline aqui? Era isso? Mas então por que pra mim sempre parece tão impossível que eu tivesse alguma chance com Anna?

Agora parecia tão claro para mim. Anna nunca ficaria comigo, apesar de tudo o que passamos e tudo que sentimos um pelo outro, não é tão forte quanto ao que Anna sente a Seth.

Eu tentava me convencer de que era apenas a magia do desejo fazendo efeito sobre a mente dela, fazendo ela preferir Seth, mas não era bem verdade. Antes do desejo ela preferiu ele, fazendo o desejo antes que eu pudesse me declarar...

Tentei sentir raiva de Seth novamente naquele dia, como eu fiz quando Quil me perguntou sobre Pamela, mas nada veio. Apenas uma certa cumplicidade estranha. Talvez relacionada pelo fato de ambos gostarmos da mesma pessoa e arriscarmos tudo para salva-la ou pelo fato de sermos, apesar de tudo, a mesma pessoa.

Agora, que eu já havia entrado mais de uma vez em sua mente, eu podia ver que a dor da distancia de Anna era muito mais grave que a minha, fazendo a minha parecer um joelho ralado ao lado de seu câncer.

Estar na cabeça de Seth não é tão diferente de estar na minha. Sei que suas atitudes seriam um reflexo das minhas e que por mais que seja estranho eu tinha que admitir que Seth era muito parecido comigo... Não tanto fisicamente, mas internamente.

Não que fossemos completamente iguais — porque ninguém é — mas era quase aquilo.

Me perguntei se Anna e Caroline poderiam ligar suas mentes como eu e Seth conseguíamos, mas então eu lembrei que era impossível aquilo sem algum tipo de camaradagem e a possibilidade se extinguiu. Além que de que eu podia ver agora mais ou menos como funcionava.

Anna e Caroline pareciam idênticas fisicamente e havia estática entre elas e estava claro a personalidade diferente, enquanto comigo e Seth, nós eramos diferentes fisicamente, mas muito parecidos internamente.

Fora que Anna e Caroline não poderiam ficar na mesma sala sem tentarem se matar. Era bem pior do que eu e Seth, já que com nós — apesar do meu esforço extra para manter nossa trégua agora — sempre que nos aproximamos demais há aquela vontade estranha de proteger o que é meu. Tudo que ele tocasse era meu e ele tinha que sair dali.

Faz sentido todo aquele caos e atrito. Pedaços de alma não podem se juntar, pelo menos não em apenas uma dimensão.

Eu ouvi algum tipo de estralo, parecido com fogos de artificio e depois um toque de alarme conhecido por mim, que me tirou dos pensamentos. A luz vermelha que dizia para apertarmos os cintos acabara de se ligar e eu me apressei a fazer isso e todos também em imitarem, inclusive as aeromoças que tinham um olhar confuso e preocupado.

Uma voz rouca saiu pelas pequenas caixas de som onde eram sempre usados pelo piloto. Eu estranhei ao ver que não era a mesma voz que falou com todos nós mais cedo, quando entramos no avião e pareceu que eu não fui o único, já que as aeromoças franziram a testa.

— “Signori passeggeri, sento di informarvi che questo volo è stato cancellato.”

É nessas horas que fico feliz por minha mãe ser parte italiana. Só ouve tempo de eu assimilar o que ele estava dizendo antes de a porta do avião abrisse de uma só vez e um homem de sobretudo preto saísse da cabine do piloto com uma arma na mão. Mascaras de oxigênio caíram do teto.

O vento forte vindo da porta aberta agitava tudo do lado de dentro do avião e todos perderem o ar em poucos segundos. As palavras dele ainda afundando em minha mente quando eu comecei a ver as pessoas entrando em desespero ao ver todos os paraquedas voando para a porta aberta e caindo tantos metros a baixo com o chute do homem.

O Homem com a arma tinha um ultimo paraquedas em suas costas e deu um ultimo olhar para os passageiros, especificamente para um homem ao meu lado, que tinha aparecia de ser muito rico, e pular porta a fora, deixando para trás os passageiros desesperados.

O avião está torto é impressão minha? Uma aeromoça se soltou de seu cinto com coragem e foi verificar a cabine do piloto. A única coisa que ouvi foi um grito e depois múrmuros angustiados “Ele os matou! O piloto está morto!”

As palavras traduzidas se formaram novamente em minha mente.

“Senhores passageiros, sinto informar que o seu voo foi cancelado.”

Eu absorvi com rapidez aquela palavras.

Nós iriamos morrer.