Mário narrando

Aquele passeio de trem foi realmente muito legal, a Maria Joaquina foi muito engraçada de ter feito aquilo de pôr a cabeça pra fora e gritar, a Marcelina não fez o mesmo, mas não me importei, só em saber que ela gostou, já era o suficiente pra me deixar feliz. Assim que voltamos à estação que partimos, descemos da cabine e percebemos que a estação estava cheia de gente.

–Valeu Marcelo, até a próxima.- disse Daniel e ele apenas acenou de volta.

Depois que saímos da estação, pegamos nossos carros e voltamos pra casa.

No caminho, eu pude sentir o quanto Marcelina estava feliz, porque de vez em quando eu a olhava sem tirar a atenção da estrada e vi que ela sorria muito. Chegando em casa, Paulo e Alícia estavam no sofá, assistindo televisão.

–Aonde estavam? - perguntou Alícia.

–Fomos fazer um passeio de trem dentro da cabine do piloto.- respondeu Marcelina.

–Entendi, tem comida lá na cozinha, quase esfriando.- disse Paulo.

–Vixi, é mesmo, esqueci da fome.- falou Daniel.

–Vamos comer então.- falou Maria Joaquina.

Como Paulo e Alícia já tinham almoçado, só nós quatro fomos almoçar na cozinha. O que foi bom, pois conseguimos relembrar nossa adolescência, em que somente nós quatro começamos esse amor inseparável que vai durar pra sempre.

Marcelina narrando

Eu amei aquele passeio de trem, foi um dos momentos mais inesquecíveis da minha vida. Depois que pegamos os carros e voltamos pra casa, não consegui tirar o sorriso bobo da cara nenhuma vez, nada no mundo pode ser comparado à alegria que eu senti naquele momento. Quando voltamos, encontramos Paulo e Alícia na sala, assistindo televisão, foi quando lembrei que não havíamos almoçado.

–Que horas são?- perguntou Maria Joaquina, ao entrarmos na cozinha.

–Quinze para as três.- respondeu Mário.

–Nossa, o passeio pareceu durar mais.- disse Maria Joaquina.

–Verdade, mas o trem estava andando um pouco rápido, só que vocês não perceberam.- respondeu Daniel.

–Pudera, estávamos nos divertindo tanto.- eu disse.

–Podíamos fazer mais vezes.- falou Maria Joaquina.

–Tá bom, outro dia a gente faz e vamos até mais longe.- Daniel disse, com um sorriso no rosto e Mário concordou com a cabeça.

–O que não fazemos por elas né Daniel?- disse Mário.

Depois, seguimos para a cozinha, onde nos sentamos e começamos a comer juntos na mesa. Acabei me lembrando da época do colégio, quando lanchávamos juntos na mesa do pátio, era uma época tão boa que não volta mais. Mas voltar pra quê se está tão bem assim né? Depois da breve lembrança, fiquei pensando o que faríamos no dia seguinte, será que passearíamos de trem novamente ou íamos para um outro lugar qualquer? É esperar pra ver.

Depois que acabamos, fui até meu quarto e me deitei para poder dormir um pouco, estava muito cansada pelo passeio mesmo que eu tenha adorado, depois de alguns minutos, dormi.

Quando acordei, estava ouvindo um som, alguém estava cantando, saí do quarto e caminhei pela sala, percebi que Mário e Daniel estavam cantando na varanda:

"Amanheci sozinho
Na cama um vazio
Meu coração que se foi
Sem dizer se voltava depois

Sofrimento meu não vou aguentar
Se a mulher que eu nasci pra viver
Não me quer mais
Sempre depois das brigas

Nós nos amamos muito
Dia e noite a sós
O universo era pouco pra nós
O que aconteceu
Pra você partir assim
Se te fiz algo errado, perdão!

Volta pra mim
Essa paixão é meu mundo
Um sentimento profundo
Sonho acordado um segundo
Que você vai ligar

O telefone que toca
Eu digo alô sem resposta
Mas não desliga escuta
O que eu vou te falar"

Era a música "Volta pra Mim" do Roupa Nova, eu amava essa música, antes que eles chegassem na parte do telefone, eu corri até o quarto, peguei meu megafone e entrei na varanda, eles se assustaram com minha rapidez, mas eu não liguei e gritei ali mesmo:

–Eu amo o Mário!!!- berrei pelo megafone e o Mário se levantou, enquanto Daniel continuou tocando e cantando:

"Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir"

–Eu também te amo!- disse Mário, me beijando.

"Ter você é meu desejo de viver
Sou menino e teu amor é que me faz crescer
E me entrego corpo e alma pra você"

Ele apontou para Maria Joaquina, que assistia tudo no vão da porta e logo veio abraçá-lo e beijá-lo assim como eu. Foi um momento só nosso, nós quatro ali, sem Paulo e sem Alícia, só nós quatro ali, juntinhos.