Na manhã seguinte, Mário acordou e logo abriu um sorriso quando viu que Marcelina estava ao seu lado, ainda dormindo. Ele sabia do que aconteceu, mas não imaginava que aconteceria tão rápido, pois ele achava que só ia rolar quando eles estivessem casados. Depois de finalmente conseguir abrir os olhos por completo, levantou-se, escovou os dentes e tomou um banho pra despertar. Ao sair do banho, viu que Marcelina ainda dormia e foi até a cozinha tomar seu café e um cheiro gostoso de pão fresquinho invadiu suas narinas fazendo seu estômago falar mais alto.

–Bom dia.- disse Paulo, enquanto despejava açúcar em uma xícara de café com leite.

–Bom dia Paulo.- disse Mário, esfregando os olhos.

–E aí? Se acertou com a Marcelina?

–Sim, graças à Deus.

–É bom mesmo. Tem pão fresquinho aí. Pode pegar.- disse Paulo, olhando-o ameaçadoramente, se Mário fizesse qualquer coisa que deixasse Marcelina triste, ele nunca mais falaria com ele, virou o tipo irmão protetor, apesar de nem sempre demonstrar isso.

–Comprou na padaria?

–Sim, agora há pouco. Cadê a Marcelina?

–Dormindo, eu não quis acordá-la, parecia um anjinho.

–Que bom. A Alícia também parece um anjo quando dorme.- falou Paulo, se sentando na mesa.

O restante do café foi em silêncio, Paulo não falou mais nada e Mário também não ousou falar mais nada, porque do jeito que Paulo olhava pra ele, de um jeito de decepcionado, ele tinha medo de dizer qualquer coisa a não ser que Paulo puxasse assunto. Logo depois de algum tempo, Daniel apareceu na cozinha:

–Bom dia.- disse Daniel.

–Bom dia.- disseram Paulo e Mário em uníssono.

Os três começaram a comer e logo as meninas também apareceram. Como não tinham nada pra fazer, decidiram dar uma arrumada na casa.

–Meninas, nós vamos dar uma saidinha importante agora e voltaremos em breve tá?- disse Paulo já abrindo a porta da casa, porque ele sabia que se falasse antes de chegarem à porta, elas o impediriam e na certa, iriam implorar pra eles ficarem. As meninas, porém, não desconfiaram de nada, sabiam que eles não eram nada vingativos e por isso, não estavam indo atrás de mulheres, embora elas não se lembrassem de algo importante que eles tinham que fazer, mas decidiram dar um voto de confiança neles e deixar pra lá.

Mário narrando

Depois do café-da-manhã, eu e os meninos percebemos que não tínhamos nada pra fazer, não via a hora de as nossas aulas na Universidade começarem.

–Cara, o que vamos fazer? Se ficarmos aqui, elas vão nos obrigar a arrumar a casa, mas ao invés de arrumar, vão ficar enrolando e nós é que iremos acabar arrumando tudo, mas se sairmos, não teremos pra onde ir. O que vamos fazer?- perguntou Daniel.

–Tive uma ideia, vamos.- eu disse, pegando as chaves de casa.

Vocês devem estar curiosos pra saber o que fomos fazer né? Pois bem, eu, Daniel e Paulo voltamos ao parque onde estivemos no dia anterior e consertamos o erro que cometemos, compramos novos algodões-doces pra elas, já que, na raiva, havíamos jogado os outros no chão.

–Boa tarde.- eu disse ao vendedor, que nos atendeu prontamente mesmo após o ocorrido, ele parecia ter esquecido.

–Boa tarde.- ele respondeu.

Pedimos dois algodões azul e três rosas, porque o Paulo não quis, até insistimos um pouco e mesmo assim, ele permaneceu decidido. Então compramos e fomos até em casa, onde ficamos até surpresos com a limpeza que elas fizeram. Não tinha nem sequer uma única poeira em toda a sala.

–Gostaram?- perguntou Marcelina, surgindo do corredor com as meninas.

–Demais.- disse Daniel.

–E como recompensa, tomem.- eu disse.

–Ah, brigada. - respondeu Marcelina me dando um beijo.

–Além de ser como um prêmio, é como um pedido de desculpas pelo que fizemos ontem, ao jogarmos os outros no chão.- disse Daniel.

–Não tem problema amor. Isso já passou.- disse Maria Joaquina.

Depois que entregamos os algodões, elas ficaram tão felizes que foram até a mesa da cozinha comer enquanto conversavam e nós nos juntamos à elas, foi um momento melhor que o café, onde nós trocamos poucas palavras.

Marcelina narrando

Eu finalmente acordei, meu estômago roncava, meus olhos estavam pesados e meu corpo insistia em não se mexer, estava com muita preguiça naquela manhã. E quando eu me viro para o lado esperando encontrar Mário me olhando e pronta para lhe dar um "bom dia", percebo que ele não está mais lá. Deve ter levantado para tomar café. Então, me levanto e vou até o banheiro, escovo meus dentes e tomo um banho para despertar. Quando saio, coloco uma regata preta e um short roxo, eu já usava aquela regata preta, mas o short roxo nunca tive a chance de usar, além disso, foi um presente que Mário me deu, eu precisava mostrar à ele que agora estava usando depois da noite maravilhosa que tivemos ontem.

Depois que coloquei minha roupa, penteei meu cabelo e saí do quarto indo em direção à cozinha. Lá, encontro todos na mesa, eu havia sido a última a acordar.

–Bom dia.- eu disse.

–Bom dia amor.- disse Mário me dando um beijo, enquanto os outros também me deram bom dia.

Mais tarde, quando acabamos nosso café, os meninos se arrumaram pra sair.

–Aonde vocês vão?- perguntou Alícia.

–Dar uma volta e aproveitar para resolvermos umas coisas, mas daqui a pouco a gente tá de volta.- disse Paulo, mas Alícia parece ter ficado meio desconfiada.

–Deixa eles Alícia. Acho que eles merecem um voto de confiança depois do que houve ontem.

–Tá bom, então por quê não aproveitamos e damos uma geral na casa?- disse ela.

–Eu acho uma boa.- disse Maria Joaquina.

Alícia foi lá pra dentro enquanto eu e Maria Joaquina ficamos sozinhas na sala.

–E aí amiga? Se acertou com o Daniel?- perguntei.

–Mais do que isso amiga. - ela disse com um brilho nos olhos.

–Como assim?

Ela me puxou pra um canto, parecia com medo de Alícia escutar.

–Depois que fizemos as pazes, eu e Daniel tivemos nossa primeira vez.- ela sussurrou, fazendo uma felicidade enorme surgir em meu peito.

–Sério? Parabéns amiga!- eu disse, abraçando-a.

–Obrigada. E fico feliz que você e Mário tenham se acertado, vocês são tão lindos juntos.- ela disse.

–Amiga, mas agora que você tomou a iniciativa, eu vou tomar também: eu também tive minha primeira vez com o Mário ontem!

–Depois que se acertaram?

–Sim, acho que praticamente na mesma hora que você e Daniel.

–Meu Deus amiga, que bom. Acho que demos sorte nesse né?

–Muita coincidência.

–Demais.

–O que é muita coincidência?- disse Alícia, surgindo na sala.

–Nada de importante. Vamos ao trabalho.- eu disse, me levantando.

Eu fiquei com a vassoura, Maria Joaquina e Alícia decidiram trabalharem juntas lavando o chão. Alícia pareceu ter ficado desconfiada de algo que eu disse, mas preferiu não comentar nada.

–Que tal uma música pra animar meninas?- perguntou Alícia.

–Claro.- eu e Maria Joaquina dissemos juntas.

E então ela foi até o nosso aparelho de som, colocou em um volume razoavelmente alto para não incomodar os vizinhos e a música "Sem Radar", do LS Jack, começou a tocar. Deu uma animação maior pra nós, que terminamos de limpar tudo muito mais rápido do que o esperado, essa música é muito linda.

Quando finalmente acabamos, deixamos tudo ao lado do sofá e nos sentamos pra descansar, até ouvirmos o barulho de chave em nossa porta, os meninos haviam voltado. Será que eles vão gostar da arrumação? Tomara que sim.