Na manhã seguinte, acordei um pouquinho mais cedo do que o dia anterior, levantei, fiz minha higiene matinal e coloquei meu uniforme. Quando desci pra tomar café, tenho uma surpresa, Marcelina está lá na mesa com meus pais tomando café com eles.

–Bom dia!- eu disse, quase gritando.

–Bom dia filha. Está animada hoje!- disse meu pai e eu apenas concordei com a cabeça.

Dei um abraço na minha amiga e logo depois comecei a tomar o café junto com eles.

Acabamos e fomos direto pra escola. Chegando lá, o pátio estava do mesmo jeito do dia anterior, pessoas conversando e tal. Mas eu e Marcelina nem quisemos saber, ou ela não quis saber, fomos direto pra sala conversando sem parar. Chegando na sala, a primeira coisa que fizemos, como combinado, procuramos novas amigas.

Foi quando eu vi uma garota que parecia pensativa, ela estava uma cadeira atrás da minha, cotovelos na mesa, as mãos apoiando a cabeça, ela olhava pra frente sem piscar.

–Pensando na vida?- eu disse, tentando parecer normal.

–Mais ou menos.- disse ela.

–Pode nos contar então. Se você quiser.- disse Marcelina.

–Bem, primeiro, meu nome é Valéria Ferreira. Prazer.

–O prazer é nosso- eu disse.

Logo, estávamos nós três conversando como se já nos conhecêssemos há muito tempo. Pronto, fizemos nossa primeira amizade, agora temos que tentar ir atrás dos meninos.

–Bom, agora que estamos aqui, vamos aproveitar que a professora ainda não chegou pra eu te apresentar minhas amigas.- ela disse, puxando nós duas pelas mãos. - Essa aqui é a Carmen, Alícia, Laura e Margarida.

–Oi, muito prazer.- eu disse.

–O prazer é nosso.- disse Alícia.

Nesse momento, um menino de lindos cabelos cacheados e dourados apareceu na sala, mal ele chegou Valéria foi pra perto dele.

–E esse é meu namorado Davi.- ela disse.

–Prazer meninas.- disse ele.

–Prazer.- eu e Marcelina dissemos juntas.

Íamos terminar a conversa quando a professora chegou na sala, então voltamos aos nossos lugares e a aula começou.

No recreio, eu e Marcelina ficamos lanchando junto com as meninas enquanto os meninos jogavam futebol um pouco mais à frente e Alícia jogava com eles.

–Mas o que me deixa confusa mesmo é como a Alícia consegue andar com eles.- disse Carmen.

–No começo eu não entendia bem como era, mas agora até entendo. - disse Valéria.

–Mesmo? Explica pra gente, eu quero saber.- disse Marcelina, se curvando pra frente.

Nesse momento, quando Valéria ia começar a explicar, a bola bate no tronco da árvore que estávamos sentadas e cai em cima de mim, derrubando um pouco do meu lanche na minha roupa. Fiquei tão chateada, aquela roupa, além de muito bonita, foi um custo danado pra conseguir, enquanto eu tentava limpar a sujeira, o menino que eu gostava veio até a bola e me olhou, preocupado.

–Ei, você tá bem?- ele perguntou pegando a bola e me olhando nos olhos, a preocupação nos olhos dele me fez assentir com a cabeça.

–Desculpa tá? Foi sem querer.- ele disse e depois voltou aos amigos.

–Cuidado aí Daniel, vai com calma.- disse o garoto que a Marcelina gostou. Daniel, nome bonito, combina com ele.

–Você tá bem amiga?- perguntou Marcelina.

–Estou melhor agora. Você viu? Nem me conhece e já se preocupou comigo.- eu sorri.

–É Maria Joaquina, mas eu acho melhor você tomar cuidado pra não se apaixonar por ele.- disse Alícia.

–Por quê não? - eu perguntei, confusa.

–Bom, realmente ele é muito lindo. Mas ele não namora. Parece que nenhuma aqui é boa o bastante pra ele a ponto dele querer namorar, não é meninas?

–É verdade. Ele e o irmão dele são assim.- respondeu Carmen.

Naquela hora, senti meu coração errar uma batida, será que ele vai sempre me considerar uma amiga e eu nunca terei chance com ele? E olha que essa é a primeira vez que eu me apaixono por alguém. Será que justo agora que eu me sinto pronta pra amar alguém isso acontece? Não é possível.

–Cê tá bem amiga?- perguntou Marcelina.

–Estou sim, só... preciso ficar sozinha.- eu disse, me retirando dali.

Chegando na sala, me sentei e fiquei na mesma posição que Valéria estava quando entrei na sala, não é possível que minha primeira paixão, meu primeiro amor será platônico. Só depois de alguns instantes percebi que Marcelina entrou na sala também.

–Amiga, desabafa comigo. O que aconteceu pra você sair daquele jeito?- ela me perguntou e eu sabia que não adiantava mentir e dizer que estava tudo bem e que era um mal-estar porque ela me conhecia bem e não era boba, não tinha como escapar.

–É que eu não consigo acreditar que o Daniel realmente pode não gostar de mim, apenas como amiga. Você não ouviu o que a Carmen e a Alícia disseram?

–Não ligue pra elas amiga. O jeito que o Daniel te olhou parecia que ele queria te abraçar ali mesmo.- ela sorriu.

–Não exagera Marcelina.

–Tá bom, desculpe. Mas é verdade, ele estava com uma cara de apaixonado misturada com preocupado olhando pra você.

–Mas eu não posso ser tão rápida, tenho que ir aos poucos.

–Sim, é verdade, assim como eu também preciso ir aos poucos com aquele outro.

Nisso, o sinal tocou e em pouco tempo, a sala estava cheia de novo, depois disso, uma outra professora chegou e começou a aula.

No final da aula, eu e Marcelina voltamos juntas pra casa, mas antes de chegarmos no portão, nossas novas amigas vieram até nós:

–Vocês vão subir ou descer a rua?- perguntou Valéria.

–Descer.- eu disse.

–Ah, então deixa, se vocês fossem subir, a gente ia com vocês, mas tudo bem.

Depois, nos despedimos e elas foram subindo a rua.

–Quer almoçar lá em casa de novo hoje amiga?- perguntei.

–Acho que não vai dar, minha mãe quer que eu vá ajudá-la a comprar umas coisas novas pra mim.- ela disse e uma buzina de carro foi ouvida.- É ela. Tchau amiga.

–Tchau.

Nisso, entrei em casa sozinha, almocei e fiquei lá no meu quarto, pensando na possibilidade de Daniel não gostar de mim. Será verdade ou a Alícia e as outras meninas gostam dele não me contaram e falaram aquilo só pra me afastar dele? Isso eu descubro amanhã. Amanhã, sem falta, vou falar com o Daniel.