Soluço me contou que antes todos tinham de treinar para matar dragões, mas as coisas mudaram agora eles treinam para protegê-los. Achei estranho. Por que um dragão enorme precisa de um magrelo para lutar em seu lugar? Ok, eu não questiono, o povo de Berk tem uns hábitos bem esquisitos. Fiquei os observando por um bom tempo. Em alguns momentos era treinamento sério, já em outros os dois estavam fazendo aquelas brincadeirinhas de namorados (autora luz: sem mente pervertida meu povo). Ah, eles formam um casal tão fofo... Apoiei meus braços nas armas, fazendo-as cair.

– É... Desculpa. – senti minhas bochechas ficarem vermelhas de vergonha. Astrid e Soluço me olharam, esperando que eu explicasse por que estava escondida atrás das armas espiando o treino. – Então... É assim que vocês treinam? – não havia mais nada a dizer, mas eles continuaram me analisando em silêncio. – Bem... Eu acho que já vou indo. A menos que você me deixe treinar, não é Astrid? – ela me fitou com olhos querendo dizer, “ei, se manda”. – Certo... Eu já vou... Indo.

– Astrid, deixe-a treinar. – Soluço falou, e nessa hora meu coração disparou de alegria. Eu me sinto meio largada aqui, sabe? Eu queria mesmo participar das ‘coisas’ daqui de Berk.

– O que? – Astrid basicamente berrou - A Anna não consegue nem ficar de pé sem tropeçar.

– A “Anna” está ouvindo tudo. – eu posso não ser a pessoa mais coordenada do mundo, mas eu consigo andar... E escutar.

– Não que você seja um completo desastre. – ela argumentou - Você só precisa mudar isso... – e apontou para meu corpo.

– Mas “isso” sou eu toda.

– Entenda como quiser. – ok, agora essa garota está me tirando do sério. Eu não sou chata, mas ela está me obrigando.

– Astrid, olha aqui, eu sou muito habilidosa.

– É mesmo? – Astrid questionou em tom de deboche

– É. Eu posso montar em um dragão e aposto que eu consigo ser uma viking melhor do que você.

– Isso é um desafio?

Joguei o escudo para o alto. Pretendia pegá-lo, mas ele acabou caindo em minha cabeça. Coloquei a mão na testa, estava sangrando “um pouquinho”. A manobra não me deu muita credibilidade, mas eu tinha que parecer confiante de algum jeito.

– Talvez. – respondi com as mãos na cintura e sorrindo, ignorando o fato de que tinha muito sangue escorrendo pelo meu rosto.

– Isso não vai dar certo. – Soluço alertou, se colocando entre nós. – Meninas, se acalmem. O que vocês podem fazer? Apostar uma corrida de dragões pra saber quem é a melhor?

– Uh, gostei da ideia. Daqui a três dias, fechado? – confirmei, estendendo a mão para ela.

– Fechado.

Astrid a apertou com muita força, e eu acho que quebrei algum dedo. Ela pegou suas armas e foi embora montada em Tempestade, seu dragão. Bem, só sobramos eu e Soluço, e, com muita sutileza, óbvio, eu pediria para ele me emprestar o Banguela para a corrida.

– Soluço, você me empresta o Banguela? – talvez nem tanta

– Espera aí, eu não estava falando sério.

– Mas eu estava. Empresta ou não?

– Anna, você voar no Banguela junto comigo é uma coisa, já emprestá-lo é diferente. Aqui cada um tem seu próprio dragão.

– Então vou achar o meu. Você me ajuda?

– Não é bem assim que funciona...

– Por favor, por favor! - pedi fazendo biquinho

– Eu desisto, você venceu. - ele se rendeu a minha fofura - Vamos amanhã bem cedo.

– Nada disso. – neguei, puxando-o pelo braço. - Nós vamos agora.

– Mas já está escurecendo. Só uma louca sairia à noite para procurar dragões.

– Eu não ligo. Vamos agora.

– Por Odin...