Eu estava sentada na mesa almoçando (sozinha) vendo televisão através da “meia parede” que tem entre a cozinha e sala de estar, da qual Luke não parava de trocar de canal.

_Eiii, tu lembra que ia me ensinar a dançar assim? – Ele disse animado apontando para passista de um canal qualquer.

_Are you sure? – Disse desafiando.

Ele assentiu e eu larguei meu almoço e corri no meu quarto pra pegar meu MacBook e coloquei algum sertanejo do momento no Brasil. Eu ao lado dele, ensinei como e onde segurar em mim e os dois passinhos para frente e para trás, foram muitas risadas brincalhonas, mas quando fomos dançar para valer assim que ele pegou em mim (nas costas) sorriu malicioso.

_Acho que tenho que dar aulas de disfarce também!

_Vocês dançam isso em festa? –Disse me ignorando.

_Sim, mais você está meio duro! – Falei sincera para ele se soltar mais.

_Você notou? –Ele deu outro sorriso malicioso.

Ele levou a pergunta para o lado pervertido e não era essa a intensão, me fazendo rir muito e o fazendo ficar constrangido, acho que nunca dei intimidade pra ele falar comigo sobre essas coisas, mas era legal ver ele vermelho. Bea chegou quando ainda gargalhava e quis saber o motivo. Luke só falou que eram as danças e então Luke inventou de mostrar o que tinha aprendido. Resultando no meu pé cheio de calos mais tarde onde ele tinha pisado, ou seja, no meu pé inteiro.

Mais tarde Lindsay –minha host sister de três aninhos- pediu para eu leva-la no parque da esquina e não tem como negar nada com aquele rostinho bonito. Fomos só nós duas e ela se divertia no balanço ou descendo o escorregador, fiquei observando o parque e lembrei da minha mãe que adorava essa paisagem com árvores e flores. A saudade apertou e a chamei em alguma rede social.

_Oi meu amor, tudo bem? –Ela me respondeu por escrito no whatsapp.

Ficamos conversando enquanto eu observava a Lindsay, e nossa conversa fazia mais o estilo amiga do que mãe. Ela é o tipo de pessoa que me dá conselhos sobre tudo, nossos assuntos são variados entre amigos, festas, cinema, programa, compras, livros, até sobre sexo nós conversamos, posso dizer que ela realmente é minha melhor amiga. Comentei sobre como estava meu choque cultural e tudo mais.

Depois deixei que ela me contasse as novidade e acabei descobrindo que ela e papai voltaram a se entender, disse que almoçou com ele esses dias e em outro até jantou e deixou suspeita sobre o que aconteceu depois. (E eu não quero nem imaginar).

Entardeceu, chamei a Lyn e na ida para casa passamos em um supermercado, peguei um chocolate e um cara ao passar perto de mim (sem encostar) pediu licença.

7º fato estranho nos USA: eles adoram dizer “com licença“. E têm uma relação possessiva com o espaço a sua volta. Se encostar ou passar perto tem que mandar um ‘excuse me’ para não pegar mal.

Cheguei em casa e comentei com o Luke sobre o ocorrido e ele me disse que era educação e tal. E eu fiquei imaginando isso no Brasil, fala sério! Imagina num ônibus lotado.