Pura Confusão - Cobrina escrita por LabWriter


Capítulo 26
Mestre Gael


Notas iniciais do capítulo

Oiie!
Eu tinha planejado postar esse capítulo amanhã, mas não aguentei esperar. Muito obrigada Mih, a pessoa bonita que favoritou a fic.
Espero que gostem de ler, pois eu gostei de escrever.



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KARINA

O que, em nome de Deus, eu estava pensando?

A expressão dele foi a mais chocada possível. Olhos arregalados, boca aberta, me dava vontade de lhe dar um soco.

— Que? — ele perguntou depois de alguns segundos de silêncio.

— Deixa pra lá, Cobra.

— Eu não sabia que você se sentia assim.

— Eu também não sabia

Nós não falamos nada por alguns momentos. Acho que não tinha nada para falar. O que eu tinha na cabeça, afinal? Muito bom, Karina! Vamos admitir para o seu melhor amigo que você está gostando dele. Ótima ideia.

— Você devia voltar lá. — apontei para o QG — a Jade está te esperando.

Me virei para ir embora, mas ele puxou meu braço novamente.

— É sério isso? Da gente se afastar?

Respirei fundo. Não seria nada fácil, mas era o necessário. Imagina se eu, sei lá, me apaixono de novo. Tipo: não, obrigada.

— Vai ser melhor assim. Eu também preciso resolver as coisas com a minha família, e não vai ser fácil. Por favor, tenta entender.

Ele assentiu e me soltou. Comecei a andar em direção a academia, meu pai devia estar lá. Olhei para trás a tempo de ver o Cobreloa entrando no QG. Droga, eu tinha acabado de estragar tudo, de novo. Em vez de controlar os meus sentimentos, eu me deixei levar. Mas não era hora de pensar nisso. Eu precisava resolver as coisas com a minha família.

Assim que entrei, pude ver que só o Mestre Gael estava lá. Ele estava socando um dos sacos com tanta força, que parecia que o troço ia voar pelo tatame a qualquer momento. Me aproximei um pouco, apenas o suficiente para ser percebida. Ele parou o que estava fazendo e me encarou.

— Filha…

— A gente precisa conversar. — interrompi o que quer que ele fosse falar.

— Precisamos mesmo.

Ele pegou ataduras e um par de luvas e jogou para mim. O velho me conhecia bem e faziam alguns dias que eu não treinava. Subimos no ringue e começamos. Desferi alguns socos, sem acertar nenhum deles.

— Eu quero pedir desculpas. — ele começou. — eu tenho sido um péssimo pai nesses últimos dias. E eu entendo que eu posso exagerar às vezes...na maioria das vezes, mas eu só quero proteger você e sua irmã.

— Eu sei. — desviei de um de seus golpes. — mas eu não sou mais um bebê. Eu já tenho 17 anos, já posso decidir com quem eu...me relaciono.

— Isso é verdade. O corpo é seu, assim como o coração. Mas o Cobra...ele não é exatamente um genro dos sonhos. O garoto tá nas drogas, Karina.

Me subiu uma raiva e eu comecei a bater com mais força. Já podia sentir o suor descer pelo meu rosto.

— Ele não tá em nada. O Lobão pediu pra ele vender. SÓ vender, e é SÓ isso que ele tá fazendo. E ele pode ter cometido alguns erros, mas eu sei que ele não é má pessoa. Vocês não o conhecem como eu conheço. Talvez você devesse dar mais uma chance pra ele.

— E se eu der mais uma chance e ele fizer alguma besteira de novo? O que eu faço com o garoto daí?

— Besteira ele vai fazer se continuar na Khan.

Levei uma rasteira e caí de costas. Eu não esperava ganhar, afinal, Mestre Gael é campeão e eu nunca tinha participado de nenhum campeonato. Mas eu estava longe de ficar cansada e logo me levantei para começar outro round.

— Eu vou pensar nisso. Vamos falar sobre você agora.

— Em que quesito? No fato de que você sempre preferiu a Bianca, no que nunca me deixou lutar, ou no que você me chamou de vagabunda? — fiz questão de jogar na cara e ele pareceu murchar um pouco.

— Me desculpa por isso, K. Eu não sei onde eu tava com a cabeça. Eu tô muito arrependido. Me perdoa , por favor.

Eu não esperava por isso. Nunca o vi falar desse jeito, nem com a Dandara. Ele estava, realmente, muito mal com o que tinha acontecido.

— Tudo bem. Eu te perdoo.

Eu não ia esquecer, mas eu podia perdoar. Era melhor pra mim, pra ele e pra todo mundo. Não é um peso que dá pra carregar pra vida toda.

— E eu admito que, talvez, eu trate a Bianca um pouco diferente de você. Mas ela é maior de idade e o sonho dela não envolve ser espancada.

Eu parei de lutar e ele fez o mesmo. Minha respiração estava ofegante e a roupa grudava no meu corpo. Treinar com o Metre sempre foi mais difícil e intenso, lógico, e a situação só piorou com a raiva que eu tinha acumulada.

— E quem disse que eu vou ser espancada?! Eu treino com você desde os cinco anos de idade, quase a minha vida inteira foi baseada na luta. A Bi vai seguir o sonho dela, assim como o Duca, o Pedro, o Cobra, a Sol, a Jade. Todo mundo. E eu não vou ficar pra trás por causa de você. — eu já estava quase gritando e ele me olhava surpreso. Ainda bem que estávamos sozinhos.

O silêncio pairou no ambiente por alguns segundos, que mais pareceram durar horas. Ele baixou os ombros e olhou bem nos meus olhos.

— Você quer ser lutadora? Quer ter isso como carreira, bater, apanhar, treinar, ganhar, perder. Tem certeza de que é isso que você quer pra sua vida?

Concordei imediatamente. Já fazia algum tempo que eu sabia o que eu queria.

— Ok. Então eu vou ser o seu treinador.

Quase desmaiei ali mesmo. Era impressão minha ou ele tinha acabado de me deixar lutar profissionalmente, e mais, tinha se oferecido para ser meu treinador?

— É sério? — perguntei ainda perplexa, só pra verificar.

— Você tá certa. Eu não posso te segurar pra sempre. Quando você fizer 18 vai seguir isso, eu querendo ou não. Então eu prefiro te ajudar do que te atrapalhar.

Naquele momento eu esqueci tudo o que estava acontecendo. Só conseguia pensar que eu finalmente ia poder fazer o que eu queria, sem meu pai como obstáculo. Muito pelo contrário, ele ia me ajudar da melhor forma possível.

Não consegui evitar o sorriso que atravessou meu rosto, o que o fez sorrir também. Soltei um grito agudo, típico de Bianca, e o abracei. Ele retribuiu e pude ouvir ele rir.

— Eu te amo, filha. Sempre amei.

— Eu também te amo, pai.

— Olha só o que nós temos aqui!

Ouvi a voz do João e me virei. Ele, a Bianca e a Dandara estavam nos observando com sorrisos no rosto.

— Parece que vocês se acertaram. — a Bianca disse quase soltando aqueles gritinhos de empolgação que eu mencionei antes.

— Mais do que isso, Bi. — desci do ringue, tirei as luvas e fui até ela. — O papai me deixou lutar.

Ela começou a pular e gritar. Parecia mais feliz que eu.

— Sério, K? — o João perguntou.

— Sério. — meu pai respondeu. — e eu vou ser o treinador dela.

Todos ficaram felizes. E nós parecíamos uma família de novo.

— Então, a gente devia comemorar, né? — a Dandara sugeriu.

~~~&~~~

Nós jantamos no Perfeitão, e fomos muito bem recebidos, como sempre. Depois voltamos para casa. E tudo parecia bem. Exceto pelo Cobra.

Uma parte de mim insistia em lembrar dele toda hora, e eu me perguntava se tinha feito a coisa certa. O que eu mais queria era ir lá e contar tudo a ele, mas eu não podia. Dormi pensando nisso e fui acordada pela Bianca no dia seguinte.

Foi como se nada tivesse acontecido. Acordei, tomei banho, comi e fui treinar. Na academia, meu pai fez questão de anunciar para todos que eu ia começar a lutar profissionalmente. Fui muito abraçada. Até pelo Duca. Acho que estava tudo bem entre a gente, eu já tinha o perdoado, só não sabia disso ainda.

Estava quase tudo bem. Mas sempre surge um problema, e dessa vez não foi diferente.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Obrigada a todos que comentaram no capítulo anterior, a opinião de todos é muito importante.
Gostaria de dizer que a fic está caminhando para o seu final. Pois é, tá acabando :/
Beijos!