Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 16
Torturada


Notas iniciais do capítulo

Então, como eu já disse... Esse foi um capitulo particularmente dificil de escrever. Até por que, eu nunca fui torturada para saber as sensações. Ficou confuso, eu sei, desculpa por isso. Eu ia arrumar, mas foi semana de provas, e quando dei por mim já era domingo! E eu não quis deixar vocês sem post... Então, ai vai q.



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A dor foi mais intensa do que eu previra. Estava decidida a não dar o gosto a aquela mulher de me ouvir gritar, mas quando o feitiço me atingiu... Não sei se encontro palavras para descrever. Era o pior tipo de dor física imaginável, combinada com uma dor psicológica intensa. Os piores momentos da minha vida passaram por minha mente rapidamente, depois devagar, e de novo com maior intensidade, enquanto a dor tomava conta de cada parte do meu corpo. Eu mal conseguia distinguir as perguntas que Belatriz fazia. Toda vez que conseguia abrir a boca, eu gritava, pois parecia que múltiplos chicotes em brasa atingiam minhas costas.

Eu me vi desejando a morte. Nada mais importava, só queria que aquilo parasse e morrer parecia ser a melhor escolha. Tentei suplicar, mas não conseguia fazer com que as palavras saíssem. Fechei os olhos, mas até isso fazia a dor parecer pior. Em algum momento eu divaguei sobre a possibilidade de eu mesma acabar com aquilo, mas não encontrava forças para levantar minha própria mão.

Uma luzinha piscou em algum lugar do meu cérebro. Talvez se eu respondesse o que ela queria... A dor iria embora, com certeza. Tentei me concentrar nas palavras que os lábios dela formavam, fazendo um esforço enorme para distinguir a realidade das alucinações causadas pela maldição:
— Vou lhe perguntar mais uma vez! Onde conseguiram esta espada?Onde?

— Achamos... Achamos... Por favor! – Outra onda de dor interrompeu a resposta e eu gritei ainda mais alto.

— Você esta mentindo, sua sangue-ruim imunda, sei que esta! Você esteve no meu cofre no Gringotes! Diga a Verdade! Diga a Verdade!

— Pare!

Foi um momento mágico. Ela realmente parou, me deixando tempo para respirar. Minha cabeça latejava e todas as partes do meu corpo doíam. Fechei os olhos, abraçando a mim mesma com força, como se caso eu me encolhesse o maximo possível acabasse sendo ignorada.

— Não me diga que está com pena da sangue ruim, Draco. – Belatriz riu com a idéia.

Eu não estava em plena certeza das minhas faculdades mentais, mas algo naquela frase fez outra luz se acender. Draco tinha intervido. Ele não devia fazer isso, se eles descobrissem...

— Claro que não. – O nojo na voz dele era obvio. Me encolhi ainda mais. – Mas não vamos conseguir uma resposta com você impedindo-a de falar!

— Eu sei exatamente o que estou fazendo, não interfira!

— Ele pode ter razão, Bela. – outra pessoa falou, mas eu não distinguia mais quem era quem. – Não queremos exagerar, como ocorreu com os Longbottom.

Durante um minuto intenso somente os meus soluços podiam ser ouvidos. E então Belatriz se aproximou devagar de mim, estendendo-me no chão como um boneco de trapos. Eu não pude me defender, apenas deixei que ela me conduzisse a minha possível morte.

— Esta bem. Conheço outros meios de fazer uma pessoa falar.

Ela estava totalmente em cima de mim e trazia uma faca de prata nas mãos. Seu sorriso era completamente insano. Gritei novamente quando a faca entrou bem fundo na minha carne, mas a bruxa não teve piedade. Parecia desenhar em minha pele, alheia a minha dor. Os efeitos da maldição Cruciatus ainda persistiam, pois eu continuava me lembrando das cenas terríveis. Não sei quanto tempo passou, mas Belatriz pareceu terminar uma parte de sua obra e contemplava. Seu sorriso parecia o de uma criança que acabara de ganhar um doce incrível.

— Você roubou minha espada e aquele duende a ajudou não foi? – ela perguntou, curvando-se sobre mim. – Diga! O Que mais você roubou? O que mais?!

Ela voltou a desenhar com a faca.

—Nunca estivemos em seu cofre! – supliquei. - Essa não é a espada verdadeira... – o que quer que ela estivesse fazendo pareceu se alongar pela extensão de meu braço, me fazendo gritar ainda mais. - É uma copia! Uma copia!

A dor parou novamente. Minha respiração estava rápida e cortada. Belatriz se afastou de mim e eu a ouvi se levantando e andando pela sala.

— Podemos conferir, ah, podemos! Rabicho! Vá buscar o duende.

Alguém passou perto de mim com pressa. Tentei me afastar, mas meus membros não me obedeciam mais. A dor parecia ter colocado-os em estado de torpor. Em algum lugar Narcisa e Belatriz tinham uma discussão aos sussurros e eu também ouvia Lucio Malfoy andar de um lado para o outro na sala. Tentei localizar Draco, mas ele provavelmente havia saído da sala, ou estava em um silencio mórbido.

— Aqui esta, senhora.

Grampo foi colocado ao meu lado sem o mínimo de ternura. Ele gemeu, tentando se levantar, mas Belatriz o empurrou de volta para o chão com um chute. Ela se abaixou diante dele da mesma forma que havia feito comigo, mas agora trazia a Espada de Griffyndor nas mãos. Eu sabia que se a resposta não fosse o que ela esperava, estaríamos todos mortos, então torci para que Grampo soubesse disso também.

— E então Duende?

— Eu não sou mais um duende do Gringotes. – ele informou. – Não sei nada sobre a espada.

Belatriz movimentou-se rapidamente, formando um talho no rosto do duende com a faca.

— Não minta para mim! A espada, ela é verdadeira?

Prendi a respiração. Ela entregou a espada, um pouco receosa, e se afastou como se temesse ser atingida pela arma. Grampo não ousava olhar para mim, mas eu torci com todas as forças que eu tinha que ele não nos delatasse. No momento em que fechei os olhos, me preparando para ouvir, um barulho alto fez com que todos na sala se virassem para a porta que levava ao porão.

— Que foi isso? – Lúcio Malfoy perguntou, alarmado. – Vocês ouviram? Que barulho foi esse no porão?

—Draco... Não, chame o Rabicho! Mande-o descer e verificar!

Silencio. Tentei olhar ao redor, mas estava em um plano baixo demais para verificar quem mais estava na sala e meus músculos pareciam feitos de gelatina.

— Que foi, Rabicho? – Lúcio chamou.

— Nada! – Não parecia a voz fina e guinchada de Rabicho. Mas havia anos que eu não o via, então não pensei muito no assunto. – Tudo bem!

— Então – Belatriz recuperou a postura e voltou a prestar atenção em Grampo. – É a espada verdadeira?

— Não. – o duende respondeu, convicto. – É falsa.

—Você tem certeza? Certeza absoluta?

— Tenho.

O alívio se espalhou em seu rosto e toda a tensão na sala pareceu se dissipar. Agradeci silenciosamente a Grampo por ter nos ajudado, mas aquilo ainda estava longe de chegar ao fim. Belatriz agora ia para o outro lado da sala, parecendo incrivelmente feliz consigo mesma.

— Ótimo – disse e com um gesto displicente da varinha, fez mais um corte profundo no rosto do duende, fazendo-o cair, com um berro, aos seus pés. Ela chutou-o para longe. – E agora – acrescentou com uma voz transbordante de triunfo –, vamos chamar o Lorde das Trevas.

Ela encarou todos os presentes antes de puxar a manga para cima e tocar a marca negra delicadamente, apreciando cada momento.

— E acho – continuou, baixando o braço e apontando para mim. – que podemos dar um fim na sangue ruim. Greyback leve-a se quiser.

Estremeci. E então uma reviravolta nos acontecimentos surgiu de repente. Em algum lugar do cômodo um dos presentes se levantou bruscamente, deixando a mesinha de centro cair. Rony e Harry entraram na sala, brandindo as varinhas e desarmando quem quer que vissem pela frente. Lúcio Malfoy foi estuporado e sua mulher gritou, abaixando-se para checar o marido. E eu fui erguida como uma boneca por mãos nada gentis. Algo espetou minha garganta com força, mas eu já não conseguia gritar. A voz de Belatriz estava absurdamente próxima quando ela gritou:

— PAREM OU ELA MORRE!

A luta parou tão repentinamente quanto começou. Rony tinha sua varinha apontada para Greyback e a de Harry estava com a mira bem no peito de Belatriz. Ela sorria abertamente, deslizando a faca pelo meu pescoço. Senti um filete de sangue quente escorrer do local.

— Larguem as varinhas. – Tentei balançar a cabeça negativamente para impedir que os dois fizessem isso, mas ela me apertava com muita força. – Larguem eu já disse!

Ouvi o som de ambas as varinhas caindo no chão ao mesmo tempo. Decididamente, estávamos perdidos.

— Ora, ora, ora... Olha quem temos aqui. É o Harry Potter. Ele está claro, brilhando, novinho em folha... Em tempo para o Lorde das Trevas! – ela zombou. – Draco, chame-o!

Eu não podia vê-lo e nem me comunicar, mas Draco estava em algum lugar próximo. Mais uma vez em pouco tempo eu torci para que ele não se rendesse a toda àquela tirania e escolhesse o lado certo.

— Chame-o! Agora! – Belatriz gritou novamente, se virando para onde ele estava e por isso me virando também.

Ele não havia se mexido. Encarava a tia de queixo erguido e ar desafiador. Ela fez um som que parecia um rosnado e algo me dizia que se ela não tivesse que me segurar, teria dado-lhe um tapa. Vendo que não podia fazer nada diante de sua recusa, ela guinchou:

— Ótimo. Se é muito covarde para fazer algo tão simples... Ciça! Faça-o!

A mãe de Draco se levantou, com lagrimas nos olhos, deixando o marido desacordado no chão. Ela ergueu a manga do vestido com os dedos trêmulos e desviou o olhar antes de tocar a marca negra, como se tivesse nojo de si mesma ao fazê-lo.

— Agora – disse Belatriz, com suavidade, quando Narcisa baixou a manga novamente o mais depressa que pode. –, Ciça, acho que devemos amarrar esses heroizinhos outra vez, enquanto Greyback cuida da senhorita sangue ruim. Tenho certeza de que o Lorde das Trevas não vai lhe negar a garota, depois do que você fez esta noite.

Quando ela disse a última palavra, ouvimos um rangido alto e claro vindo do alto. Todos ergueram os olhos em tempo de ver o lustre de cristal se soltar como se estivesse em câmera lenta. Duas coisas incríveis aconteceram ao mesmo tempo: Belatriz me empurrou para longe para salvar a si mesma...

... Diretamente para os braços firmes de Draco.

A segunda coisa foi Harry pegando as varinhas onde Draco as largara para me segurar e apontando todas para Greyback, deixando-o estuporado. O lustre havia se estilhaçado e seus pedaços haviam voado para todos os lados, mas o peso principal caiu diretamente em cima de Grampo. Rony correu para socorrê-lo, ignorando Belatriz ainda caída com as mãos na cabeça, mas que já dava sinais de que ia se levantar.

Narcisa se levantou furiosa. Seus olhos não haviam registrado que Draco ainda me segurava, tentando me proteger com o próprio corpo, mas ela tinha percebido algo que eu deixara escapar: O elfo doméstico parado no meio da sala, com expressão assustada.

— Dobby! – berrou ela, e até Belatriz parou de tentar se levantar para olhar o Elfo. – Você! Você fez o lustre cair... Podia ter machucado...

— Dobby não queria machucar! Só queria causar um ferimento muito sério.

— Mate-o, Ciça! – guinchou Belatriz, do chão.

— Hermione.

Fiquei instantaneamente surda para o resto do mundo. O som da voz dele pronunciando meu nome era musica para os meus ouvidos, mas eu me sentia fraca demais para me mover e olhar para ele. Acho que se não fosse ele me segurando, já estaria semi-inconsciente no chão.

— Não temos muito tempo. – senti um arrepio com a proximidade da sua boca. – Você consegue ir até o Weasley?

Balancei ligeiramente a cabeça, mas não sabia se estava negando se eu podia andar até Rony ou se era por não querer que ele me soltasse. Draco resmungou baixinho, tentando pensar rapidamente enquanto a cena se desenrolava.

— Certo, eu vou te empurrar do jeito mais delicado que eu conseguir. Tente se guiar até ele, ok?

—...Dobby é um elfo livre...

— Hermione?

— E veio para salvar Harry Potter...

— Eu te amo ok? – ele parecia alarmado. – Eu te amo.

— E seus amigos!

Fui jogada para a esquerda e Rony me segurou rapidamente, com Grampo quase desmaiado no outro braço. Harry se aproximou bem rápido, puxando Dobby consigo. Vi Belatriz se levantar, mirando a faca que havia usado para me cortar e soltando...

E então mergulhamos na escuridão.


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Notas finais do capítulo

~~~~~ preparada para as pedras ~~~~~