Stand Down escrita por Juu Mixer


Capítulo 11
Consequences


Notas iniciais do capítulo

Heeeey pexxxoas! Como estão amorecos da minha vidoca??
Eu estou muuuito bem! ~ flecha voando ~ Senhor amado, pra que tanta violência! Tudo isso é abstinência de Stand Down?! Seus exagerados! Nem demorei tanto assim! Bando de bocós! Depois desse capítulo vocês vão querer é me agarrar!

Então amorecos! Juzinha aqui estava um pouquinho ocupada, graças a maldita escola! Vocês acreditam que eu peguei rec por meio ponto?!? Mano, isso sim é sacanagem! Eu precisei estudar para essas últimas provas e meus meios de escrever e postar ficaram meio restritos! Então, já me desculpem!

Quero agradecer a todos os linnnnnndos comentários que vocês deixaram no capítulo passado! Não foram muitos, mas eu estou aceitando qualquer coisinha kkkkkk! Ai credo, to muito má essa semana, vocês não tem noção! Eu ainda não tive tempo de responder toooodos, mas estou indo aos poucos! Se eu ainda não cheguei no seu, por favor, não fique chateado! Eu vou chegar ai ainda!

Quem foi assistir A Esperança?!? Eu com certeza fui! Já fui 5 vezes minha gente! E toda santa vez eu me acabo em lágrimas! Quase morro de desidratação! Acho que nunca vou conseguir assistir sem chorar ou quase encher a Cantareira! Teve umas coisinhas que eu fiquei tipo " Que?!? Ta errado isso! " mas eu deixei passar, por que nada é perfeito nesse mundo, não é?

Então, vou parar de enrolar! Por que tem gente me ameaçando nesse exato minuto pra eu postar logo! Já avisando! O capítulo não está longo, por que estou voltando com a ideia de capítulos menores e mais rápidos, principalmente agora nas férias! Beleza?

Tenho certeza que vão odiar e amar! Vendo meu pâncreas se vocês não acharem isso!

Até lá embaixão!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587072/chapter/11

Leiam as notas iniciais e finais!!

– Você fez o que?!?

O grito estridente de Mad ecoou pela brilhante recepção da sala da diretora Coin. A secretária, uma mulher de meia idade com o cabelo negro preso perfeitamente em um coque alto e os olhos azuis contornados por um lápis preto, nos olhou com uma expressão irritada, ameaçando pegar o telefone e chamar alguém para nós tirar daqui.

– Para de gritar comigo! - Clove ralha, abaixando a cabeça - E tudo isso é culpa de vocês! Se não tivessem inventado essa palhaçada, eu não estaria ferrada desse jeito!

É, realmente, isso não é culpa do dela. Eu e as meninas havíamos decidido em outra manhã, quando tínhamos ido para o refeitório na hora do café da manhã e Clove havia ficado no quarto. Finnick, Gale, Peeta e Marvel se sentaram com a gente naquele dia. Cato não tinha vindo, os garotos disseram que ele não queria briga naquela manhã, e sabia que Clove estaria conosco. Mad aproveitou a oportunidade e propôs um pequeno plano de fazerem os dois conversarem direito, pelo menos uma vez, já que não havia motivos concretos para se odiarem. Acabamos bolando todo o esquema antes de Clove chegar. Mas parece que agora os dois tem sim motivos concretos para se matarem.

– Você arremessou uma faca em direção à cabeça dele! - A repreendo incrédula.

– Mas foi somente um corte superficial na bochecha! Pra que tanto drama? - Ela joga as costas na cadeira e cruza os braços.

– Não sei vocês, mas eu ia ter um ataque se alguém jogasse uma faca na minha cara! - Annie diz bem devagar a última parte, como se fosse uma mãe dando bronca.

– Vocês são tão sem graças...

– Você vai achar graça quando entrar naquela sala ali! - Mad aponta para a porta de madeira negra. Havia uma grande estrela vermelha com o nome Alma Coin no centro.

Quando nós chegamos no refeitório na hora do almoço, tudo estava uma baderna. As pessoas meio que se fecharam em um grande círculo em volta de uma única mesa. Eu e as meninas já sabíamos o que estava acontecendo, mas não imaginávamos que iria causar tanto tumulto. Nos enfiamos no meio das pessoas para tentar acabar com toda a bagunça. Chegando lá, vimos Clove com duas facas, uma em cada mão, e Cato com uma das bandejas vermelhas do refeitório utilizando-a como um tipo de escudo.

– O que está acontecendo aqui? - Mad pergunta assustada para os quatro manés, que estavam olhando para a briguinha como se fosse um desfile de moda.

– Sua amiga é maluca! - Marvel exclama baixo.

– Quando nós chegamos aqui eles estavam se xingando, o que acabou chamando atenção dos xeretas ali. - Gale, e seu forte sotaque, aponta para o círculo enorme que assistia a cena como se fosse um filme de ação.

– Acho que ela acabou se estressando e pegou as facas. Quando chegamos aqui, Cato estava tirando a bandeja de um cara e tentando se proteger. - Finnick diz meio em transe com tudo que estava se passando na frente.

– E vocês não fizeram nada, seus pamonhas?! - Exclamei irritada. Espera, o que eu disse?

– Eu não teria muita coragem de... Espera, você nos chamou de pamonhas? - Peeta me olha interrogativo mas sorrindo de lado.

– Pamonhas, idiotas, babacas, imbecis... Qualquer coisa serve! Mas pelo amor de Deus, alguém tira aquelas facas da mão dela! - Annie indagou irritada com tudo.

– Oh Deus! Você é louca! - Ouvimos um alto berro. Cato estava com a mão na bochecha e quando tirou a mão por um segundo, conseguimos ver um pouco de sangue escorrendo pela sua pele branca e manchando sua mão.

– Louca é a sua mãe de ter colocado um cretino como você no mundo! - Clove grita de volta.

Foi impossível não ver como as feições de Cato mudaram quando a baixinha disse aquilo. Isso não foi a coisa mais legal do mundo a se dizer quando se há uma plateia enorme assistindo.

– Ah não... - Peeta sussurra mais para ele, mas acabo ouvindo.

– Clove! - Mad diz alto suficiente para a morena se virar e nos encarar com raiva.

Seus olhos verde escuro ofuscavam ódio. Mas foi somente ela olhar para nossos rostos com feições de desaprovação que ela relaxou e parecia ter tido consciência de tudo que estava acontecendo. Minha amiga pode ser muito cabeça dura, como eu, mas nós também nos arrependemos de agir antes de pensar.

– Que palhaçada é essa? - Effie grita com sua voz fina, batendo os saltos altos com raiva no chão.

– Ai não... - suspiro derrotada. Iria ser um longo dia.

Effie simplesmente gritou para o campus inteiro como isso era inapropriado e irresponsável. Também pediu para os meninos levarem Cato para a enfermaria, cuidar do corte no rosto e nos mandou acompanhar Clove até a sala de diretora Coin.

No caminho, Clove bufava de braços cruzados e resolvemos contar para ela que tudo tinha sido um plano nosso para eles se entenderem. Ela ficou mais puta da vida mas não pode expressar essa raiva por que já havíamos chegado no imenso prédio da diretoria.

E agora aqui estamos, discutindo uma com a outra sobre o que pode acontecer com ela, e o mais importante, conosco. Somos uma banda, o que afeta uma, afeta todas!

– Relaxa cara, nem precisou de pontos. - Ouvimos a voz de Marvel ecoando pelo hall de entrada.

– O que vocês estão fazendo aqui?! - Clove indaga com raiva na voz. Essa menina ta precisando de um suco de maracujá.

– Não sei se você sabe baixinha, mas eu também estava lá! As consequências não caem só pra você! - Disse Cato, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Acabo me jogando em um dos pequenos sofás, já prevendo mais uma briga. Pego meu celular que estava no bolça de trás do short e olho a hora. 14:37. Eu ainda não tinha comido nada, estava morrendo de fome.

– Aqui, pega. - Sinto o sofá afundar ao meu lado e encaro seus olhos cinzentos. Um sanduíche cai no meu colo.

– Como você...

– Nenhum de nós comeu Katniss. E Mad me mandou uma mensagem pedindo um pouco de comida. - Gale da os ombros e sorri olhando pra frente.

– Obrigada. - Agradeço abrindo a embalagem. - Ela é uma ótima garota, sabia?

– Eu sei, acho que a pessoa mais generosa que conheci. Ela se preocupa com vocês. - Diz encarando a loirinha que estava andando de um lado para o outro, com feições preocupadas.

– E ela gosta de você. - Ele solta uma risada nasal - O que foi? É a verdade. Ela disse com todas as palavras.

– Mas eu não sou homem pra ela. Madge merece muito mais. - Ele suspira, jogando a cabeça pra trás, apoiando-a no encosto do sofá.

– O que quer dizer com isso? - Sento por cima da minha perna esquerda, me virando para ele.

– Você sabe. Ela é pequena e frágil. Eu sou... quase ao contrário. - Estrala os dedos - Eu sei que ela é filha de um grande governador. Nossos estilos de vida são totalmente opostos. Não iria dar certo.

– Gale, olha pra mim - Engulo o sanduíche e seus olhos similares me encaram - Você não pode olhar para o passado com os olhos do presente.

– O que quer dizer com isso?

– Quero dizer que, não importa o que você passou, de quem ela é filha, do que os outros vão pensar. - Respiro fundo - O passado já passou! Vocês tem que viver o presente sem pensar nas consequências. Vocês se gostam, isso que importa. Não desista desse sentimento.

– Uau! - Eu acabo rindo - Isso foi... profundo? - Agora eu gargalho e ele acompanha - Obrigada Kat, isso foi muito importante.

– Não tem o que agradecer! Eu só quero você e minha melhor amiga felizes.

– Você daria uma ótima conselheira amorosa! Já pensou em seguir o ramo? - Ele diz com graça na voz.

– Não acho que eu sou a melhor pessoa pra lidar com sentimentos...

– Algumas pessoas aqui sentem isso na pele. - Ele olha para Peeta que está conversando animadamente com Finnick.

– Não estou muito afim de falar sobre isso. - Coloco na boca o último pedaço do sanduíche na boca.

– Sabe que não vai fugir por muito tempo, não é? Ele não vai esperar pra sempre.

– Eu não pedi por isso. Não o estou prendendo a nada, todos sabem disso. - Desvio minha atenção para meu celular que por um instante pareceu muito mais interessante do que aquela conversa.

– Tudo bem, não vou tocar mais nesse assunto, rabugenta.

– Você é um gigante irritante! - Soco de leve seu ombro másculo.

– Senhorita Fuhrman, senhor Ludwig! - Ouvimos a voz rouca de Coin, vindo da porta. Todos a encaramos vacilantes e meu estômago gela. - Entrem na sala. Vocês, também, dentro da sala.

Ah, ótimo! Agora todos nós estávamos fodidos. Gale se levanta e me oferece a mão. Ele sorri logo depois de me levantar e vai até Mad, a abraçando por trás. Seu rosto, que uma vez estava com preocupação estampado, foi iluminado por um belo sorriso. Acabo sorrindo também. Começo a andar em direção à porta quando um pequeno braço se entrelaça no meu.

– Você fez um excelente trabalho.

– Pelo menos um dos planos funcionou. - Suspiro.

– Você não tem que se preocupar com todo mundo Kat, não é sua responsabilidade a felicidade de todos. - Ann apoia sua cabeça em meu ombro.

– Eu sei Ann, mas... Se eu não pude ser feliz de primeira, eu não quero que vocês sofram com isso também.

– Kat...

– Ta tudo bem Ann! Eu só quero o melhor pra vocês, okay? Não precisa se preocupar comigo. Eu estou bem.

– Eu vou ligar pra Prim agora mesmo e te denunciar por estar fazendo cosplay da Emma de Once Upon a Time, tentando ser a Salvadora da felicidade dos outros e também por estar dando um de deprimida! - Eu gargalho junto com ela.

– Prim iria me matar! Vamos doidinha, precisamos resolver alguns problemas ali dentro. - Dou um tapinha em sua bunda e entramos na sala.

A sala da diretora Coin é o que posso dizer como a porta para o inferno. As paredes cor de vinho dando um contraste com o chão de madeira clara. Uma grande janela atrás de onde ela estava sentada, atrás de uma mesa de mogno, era coberta por um tecido fino de uma cortina azul marinho. Parei de prestar atenção nos detalhes quando vejo Clove se mexendo desconfortável em uma das poltronas. Cato está sentado na outra, ao lado. Os garotos se posicionam do lado do canadense e nós ficamos atrás de Clove. Apenas Mad e Gale que estavam no meio, de mãos dadas. Coloco minha mão sobre o ombro da morena.

– Clove Fuhrman, 17 anos. Cato Ludwig, 18 anos. - Coin mexe em alguns papéis em sua mesa e depois olha para os dois - Já são bem grandinhos, não? Tanto que já moram praticamente sozinhos, já podem dirigir... Entre várias outras coisas. Acreditava que, com essa idade, já agiriam como adultos!

Sua voz era calma e seu rosto não demonstrava nenhuma emoção. Era como olhar para uma pessoa morta. Pena que ela fala, os mortos não.

– Eu tenho o poder de expulsar vocês daqui, sabiam? Tenho o poder de fazer que a carreira de vocês não aconteça. Eu posso fazer com que vocês não sejam ninguém fora daqui. - Prendo a respiração. Seria uma ótima hora para o Gloss estar aqui - Mas eu não vou. Não vou por que eu sei que se algum de vocês sairem dessa academia, eu perderei um dos melhores professores que a AMA conseguiu em décadas.

Solto a respiração e sinto o ombro de Clove relaxar também. O que ela quis dizer com isso?

– O professor Cinna acredita fielmente que vocês, Jolies e Capitol Boys, podem ser o estrelato da Artists Makers Academy. Podem levar o nome dessa instituição para um lugar nas estrelas. Mas se vocês continuarem com esses comportamentos infantis, não esperem menos do que a saída desse campus. Qualquer um pode ser substituído, até mesmo o presidente! - Sua voz era tão rija que todo sangue do meu corpo pareceu congelar por um tempo - Primeiro foi o senhor Odair com a briga no comitê de boas vindas e agora isso? Vocês não são mais crianças! Não ajam como tal, estamos entendidos? - Todos concordamos levemente com a cabeça - Muito bem! E agora aplicarei um MCR para vocês dois e os castigos.

– Castigos? Sério mesmo? Quantos anos você acha que temos? - Cato fala da boca para fora. Clove bate a mão na testa e resmunga um babaca .

– Vocês agiram como crianças, agora irão receber o tratamento como se fossem uma senhor Ludwig! Não levante a voz caso não seja chamado para isso, entendido? - Ele abaixa a cabeça e concorda. - Vocês dois, nesse sábado, terão que ajudar a professora Effie com a montagem do cenário do musical que vocês estão fazendo. Ficarão das dez da manhã até as sete da noite dentro daquele teatro.

Há resmungos por toda parte.

– Nós vamos ter que ficar 9 horas juntos? Você só pode estar de brincadeira! - Clove se exalta, quase levantando da cadeira.

– Eu não vou perder meu sábado pra ficar pintando papelão e ainda ter que aturar essa garota! - Cato bate a mão no braço da poltrona.

– Com licença diretora, mas esse sábado nós temos ensaio com Haymitch! Não podemos perder! - Peeta se intromete.

– Não vejo nenhum problema senhor Mellark, conversarei com Haymitch e depois seu amigo poderá refazer a aula.

– E nós marcamos o studio para gravar a nova música que Cinna pediu! - Mad diz suavemente.

– Podem gravá-la outro dia senhorita Undersee. - Houve mais objeções - Chega! Eu estabeleci o castigo e assim irá ficar! Caso vocês não apareçam no teatro, arcaram com as consequências! Estão liberados, boa tarde!

Saímos da sala em silêncio. Apenas nossa respiração era ouvida. Prevendo que haveria alguma discussão, agarro o braço de Clove e indico com a cabeça para Annie e Madge me seguirem para fora. Quando já estamos em uma boa distância do prédio da diretoria, solto o braço de Clove e cruzo os meus.

– Ta satisfeita agora? - Solto sem pensar. - Ta feliz? Por que eu tenho certeza que eu não estou nada feliz!

– E vocês queriam que eu fizesse o que? Aconteceu e já passou! Esquece! - Clove levanta o tom.

– Já passou mas as consequências caíram para todos nós se você não percebeu! Coin vai ficar na nossa cola agora, graças a uma coisa idiota que você fez! - Agora eu estava quase berrando. Algumas pessoas olhavam estranho.

– Quem você acha que é para falar assim comigo? Você não tem nada pra falar de mim por que você sabe muito bem o que é fazer burrada! - Seus olhos faiscavam - Você mais do que ninguém aqui sabe o que é fazer uma coisa que se arrepende.

– Clove... - Mad avisa calmamente.

– O que está querendo dizer com isso?

– Quero dizer que você não consegue deixar o passado de lado e fica presa a ele e não consegue ver o que está na sua frente agora, sua retardada! - Ela diz frustrada - Não consegue ver que você não ta sozinha nessa e que tem gente que quer te ajudar, mas você é muito cabeça dura pra perceber isso! Pergunte ao Peeta! Pergunte a ele, ele é a maior vítima de tudo isso! Da sua ignorância!

Todo o ar que sobrava em meus pulmões foi arrancado de uma só vez. Sinto minhas pernas fraquejarem mas dois grandes braços me prenderam antes que eu pudesse cair.

– Clove! - Ann diz assustada. E pelo que consigo ver, a feição de Clove caiu. Mais uma vez naquele dia.

– Eu vou levá-la pra tomar uma água - A voz de Gale se prende em meu ouvido, já que não consigo ouvir mais nada ao redor.

– Vou com vocês - A doce voz de Mad também atravessa a barreira.

Tudo que vejo é como se fosse um borrão. Gale me carregando. Mad ao seu encalço, com a mão pequena em meus cabelos. Ann com as mãos na cabeça e repreendendo Clove com o olhar. Clove com as mãos na boca e olhos fechados. Finnick olhando-nos assustado. Marvel, pela primeira vez não achando graça de nada. Cato com as sobrancelhas franzidas e balançando a cabeça negativamente. E finalmente os olhos mais belos que já vi, carregando uma culpa que me fazia estremecer. O maxilar tenso e quando me olha, não consegue sustentar nem por um último suspiro. Sinto uma única lágrima escorrendo pela minha bochecha gélida. Escondo meu rosto no peito de Gale.

– Kat, ela não estava falando sério, você sabe disso... - Mad sussurra.

– Mad, deixa. - Vejo um sorriso triste no rosto de Gale.

Andamos mais um pouco, com pessoas curiosas ao nosso encalço. Gale me solta já perto da lanchonete e me faz sentar em uma das mesas de baixo de um guarda sol enquanto Mad corria até o quiosque para pegar uma água. Coloco as mãos sobre o rosto e apoio os cotovelos na mesa vermelha.

– Meu pai sempre dizia que... - Gale limpa a garganta - que se você está triste, bravo, chateado ou desapontado, procure pontos de luz.

– Como? - Sussurro.

– Continue de olhos fechados. Apenas procure pontos coloridos nessa escuridão. Se você pressionar os olhos talvez eles apareçam com mais facilidade.

Ele estava certo. Eu conseguia ver pequenos pontinhos coloridos. tão pequenos e insignificantes, mas eles estavam ali. Somente uma cor.

– Qual cor Katniss? - Sinto seus dedos vagando em seu cabelo.

– Laranja. Só laranja. Como o pôr do sol

– Agora olhe para mim. - Ele retira lentamente minhas mais de meus olhos - Está melhor?

– Acho que sim... Obrigada Gale. - Sorrio fracamente, mas sinceramente.

– Não foi por nada.

– Gostaria de um dia encontrar seu pai.

– É, eu também... - O olhar dele é vago.

– Kat! - A gentil e leve voz de Mad se eleva - Aqui, pega. - Ela me estende uma garrafa d'Água.

– Obrigada Mad.

– Ela não estava sob total controle e...

– Não Mad. Eu sei que Clove diz sem pensar e é impulsiva. Sei que ela não disse por mal. Mas ela também não mentiu.

– Kat... - Sua mão vai parar em minha bochecha.

– Está tudo bem Mad! Eu só... só preciso ficar um pouco sozinha, tudo bem? - Suspiro e seus olhos verdes azulados compreendem.

– Okay... Eu estou aqui, certo? Sempre que precisar!

– Eu sei - Busco seus ombros para um abraço.

– Amo você. - Ela diz baixo.

– Eu também amo você loirinha - Aperto mais um pouco o abraço. Logo a solto e ela tem pequenas lágrimas nos olhos.

Ela se levanta e eu lhe dou um pequeno tão na bunda, fazendo-a rir. Gale da um beijo no topo da minha cabeça e sai abraçado a cintura da pequena loira. Sorrio sozinha, deixando só mais uma lágrima escorrer pelo canto do meu olho. Uma lágrima de felicidade.

Por que eu tenho que estragar tudo? Por que eu não posso agradar a todos? Por que eu não consigo ser o bastante? Todas essas perguntas fazem parte de uma infinita lista de questões que nunca serão respondidas. Não posso deixar esse lado me invadir. Eu preciso ser forte. Não por mim. Por Prim. Por Madge. Por Annie. Por Clove. Eu preciso me manter sã. Preciso me manter lúcida. Isso não é somente o meu sonho, é o sonho de todas nós. Não posso ser fraca. Não posso deixar a escuridão entrar. Eu preciso da luz. Dos pontos de luz. Do laranja. Do pôr do sol. Eu preciso dele. Por ele. Por Peeta.

Eu não sei o que se passa na minha cabeça. Não sei de onde os pensamentos vem, não sei para onde vão. Só sei que eles passam e marcam. Só sei que estou dentro do banheiro, encarando um reflexo que não reconheço. Um reflexo de uma garota abalada. O reflexo de uma garota que perdeu o pai sem agradecer por ter recebido um dom. De uma garota que não chorou quando percebeu que ele não iria mais voltar. Uma garota que foi abandonada. Uma garota que só tinha um ponto de influência, apenas uma pequena rosa branca, denominada PrimRose. Eu não sou esse reflexo. Essa Katniss Everdeen morreu quando pisei nesse campus. E não podia fazê-la ressuscitar. Não mais.

Abro a torneira e pego uma boa quantidade. Olho mais uma vez para o falso reflexo é jogo a água em meu rosto. As gotas de água descem demoradamente pela minha face e eu apenas pego os papéis e a enxugo. Tento concertar o rímel escorrido e aplico um pouco de lápis no canto do olho.

Suas asas foram feitas para voar.

A voz doce de meu pai ecoa pelo banheiro vazio. Tão doce que me lambuzaria o dia todo. Minhas asas.

Abro a porta de madeira e encontro um par de olhos azuis brilhantes me olhando curiosos. A culpa parece ter sumido. Sem pensar duas vezes, corro e me jogo em seus braços e sou envolvida por eles tão rápido quanto uma expiração. Seu rosto respira meus cabelos castanhos e eu me envolvo com seu cheiro de menta e canela. Era tão bom dentro deles. É como adoramos definições de uma palavra só, essa era uma. Lar.

– Me desculpe - Sussurro sem forças. Meus braços envolviam seu pescoço como se nunca fossem soltar.

Me desculpe - Peeta aperta minha cintura e me levanta, meus pés já não tocando mais o chão.

Se as pessoas são curiosas aqui dentro, imagino lá fora. Faço uma nota mental.

– O que Clove disse... não é real. Eu não sou uma vítima do seu passado. - Meus pés agora tocam o chão e seus braços em minha cintura afrouxam até que consigo ver seus olhos nitidamente.

– Você não é. Mas é a consequência dele. Eu me proibi de sentir alguma coisa. Me proibi de ser conquistada. Por conta de um passado que não me deixa ir. - Passo meus dedos por seu rosto branco e tento tocar cada sarda nele existente. - Eu não quero mais ficar presa.

– Eu posso te soltar... - Seus olhos brilham de compreensão.

– Não. Clove me soltou - minha mão caminha até seu queixo - Você só precisa me libertar.

– Eu não preciso - Abaixo o olhar mas sua mão sustenta meu rosto, me fazendo voltar a olhá-lo - Eu vou!

Não acho que não seria previsível o que aconteceria em seguida. Mas não seria previsível para a Katniss do reflexo. Ela nunca deixaria isso acontecer. Mas ela também não consegue ver o laranja dentro do azul cristalino dos olhos de Peeta. Mas essa Katniss, essa que está sendo envolvidas pelos braços mais graciosos do planeta só quer esquecer que existe um mundo além daquele pequeno espaço que se formava entre os rostos. Nos sinais entre o cinza e o azul.

Seus lábios tocam nos meus timidamente. Apenas se acostumando com o novo espaço. Os meus, antes gélidos, se aquecem rapidamente e recebem os finos dele devagar. Era tão diferente, tão estranho, tão bom. Ao se afastarem, como se tivessem vida própria, já sentem falta um do outro. Mandam um comando para minhas mãos, que puxam os fios dourados de seu couro cabeludo para mais um encontro. Mas dessa vez, os dele estavam sorrindo. Aquele sorriso adorável que eu tanto amava. Os lábios se encontravam como se fossem ímãs. Um negativo e um positivo. Se atraindo sem nada que os separassem.

Já não podia mais sentir as pernas, nem os braços, nem nada. Meu único foco era os toques de seus macios lábios nos meus. Mas os meus queriam mais. Queriam muito mais. Mas talvez para outro momento. Agora, eu só queria conhecer um terreno que eu duvido muito que seria a última vez que iria tocá-lo.

Com mais alguns, vários toques diferentes. Cada um marcando cada célula presente no meu corpo. Podia não ser beijos profundos, mas foi o melhor beijo que eu já havia recebido. Meu lábio inferior foi puxado pelos seus, anunciando o fim de um grande começo.

Mesmo que não quisesse que chegasse a um ponto de afastamento, nós não estávamos sozinhos. Ele abriu o sorriso mais alegre, mais brilhante, mais aberto e o mais adorável que eu já tinha visto. Tão inspirador que acabou incentivando os meus lábios se abrirem e meus dentes aparecessem sorrindo para ele. Sua testa toca a minha mas nossos olhares não são cortados e nossos sorrisos não se descontentam.

– Obrigada. - Ele diz entre dentes, não querendo que a palavra tirasse seu sorriso.

– Obrigada! - Suspiro colocando minhas mãos em suas bochechas rosadas.

E aqui estamos nós. Nos encarando como se nada no mundo existisse. Como se um meteoro pudesse estar atingindo a Terra nesse exato segundo e nós não ligássemos. Tínhamos esse momento. Um ao outro. Era o que importava. Era o que se precisava para ser libertada.

Um príncipe, um dragão. Apenas consequências de um encontro predestinado por um destino travesso. São apenas consequências de atos e erros. Mas quem se importa com o passado? Meus olhos são do presente.

E esse não é o futuro. Só a consequência dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eae, vou ter que vender meu pâncreas?!?
Sim? Não? Preciso saber, pra fazer a cirugia logo genteney!

~ dando um ataque de diabetes aqui, esperem ~

E ESSE MOMENTINHO FINAL QUE GERAL TAVA ESPERANDO?!? MEREÇO UM ABRAÇO OU UM TAPA?!?

Vou ser bem sincera com vocês, o capítulo planejado não estava nem um pouco parecido com o que vocês leram agorinha! Juro! Eu meio que cortei ele no meio e inventei esse final! Mas pensei em vocês e surgiu " Eles vão amar! E me perdoar! " ai saiu assim! Bonitinho e romanticozinho!

E então!
Vocês acham que a Clove tava certa em jogar tudo na cara da Katniss?!? Pensem bem nisso!
O que vocês acham que vai rolar nessa detenção da Clovita e do Catito?!?
A Katniss ta certa em se preocupar com os outros do que com ela mesma?!?
Capítulo bem cheio de emoções não acham?!? Eu quase infartou escrevendo! Vinha cada ideia que eu ficava tipo " Oooooh "

Então gente, depois dessa noite emocionante, eu me despeço de vocês e do capítulo cheio de mel e confusão e tretas hoje! Comentem o que vocês acharam!! Por favorzinho!! Eu quero muito saber se gostaram!

Boa noite galerinha!

Bjoookas da Juu



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stand Down" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.