Herdeira da Vingança escrita por OtherBoy


Capítulo 3
Receios e Anseios.


Notas iniciais do capítulo

Bem, quando comecei a escrever este capitulo não esperava que ele ficasse assim. Espero que gostem deste lado mais humano e deliciem-se com as famílias.



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Meridith se tornara a líder do Ciclo das bruxas quinze anos após a batalha, isso dava a ela o dever de treinar os iniciados. O líder iniciava o treinamento dos bruxos, mas os responsáveis também os ajudavam. E desta maneira seguiu-se.

Meredith treinava Olivia após os treinos gerais. Adam treinava com seus pais, Evelyn e Henri. Kristen treinaria com Cassandra, que a criou desde o dia que fora encontrada.

O instituto das bruxas ficava no subsolo de uma loja de artigos geek, onde trabalhava Kristhen e Liv, o que também foi uma maneira de permanecerem juntas, pois desde de pequenas sempre foram muito unidas.

–E como estão as coisas com o Adam? –Liv estava organizando alguns bottons em um painel.

–As mesmas de sempre, saímos escondidos, nos pegamos frequentemente, mas nada muito mais serio que isto. E não acho que devemos ser mais sérios que isto. E você e o bonitinho fissurado por deuses e bruxos?

Liv a encarou, seu rosto rapidamente ganhou cor e os bottons todos se espalharam pelo chão da lojinha, entre prateleiras, estantes e mesas. Kristen foi ajuda-la rindo descaradamente.

–Eu e ele não temos nada.

–Mas você gostaria muito de ter. Sempre que ele vem comprar alguma coisa, você quase o devora com os olhos. Se você fossem animais você já teria devorado ele todinho.

O rosto dela saiu do rosa suave pra um vermelho intenso.

–Cala boca Kris, ele não quer nada comigo. E mesmo que quisesse, minha mãe me mataria, se eu tivesse algo com um humano.

Kristen termina de juntar os bottons os atraindo para as mãos.

–Estou falando pra você sair com ele, dar uns beijos, uns amassos. Não para casar, ter filhos e construir uma família.

–Esquece isso, eu e ele somos tipo imp...

Antes de ela terminar a frase, entrou na loja um garoto magro de calça jeans, usava uma blusa laranja com a estampa de um centauro. A blusa chamativa contrastava com sua pele morena. Seus cabelos negros caiam sobre os olhos que dificultava ver que ele tinha um era acinzentado e o outro tão escuro quanto carvão.

O rapaz se aproximou da garota que continuava parada na mesma posição de quando fora interrompida. Enquanto Kris estava rindo e arrumando os bottons no lugar.

–Licença, eu sou o Liam, não sei se lembra de mim, das ultimas cem vezes que estive aqui.

Liv deu um sorriso que mais parecia a cara de alguém que experimentara algo bem azedo, mas ainda sim tentava dizer que estava gostoso.

–Lembro sim. Se você veio pelos moletons, eles ainda não chegaram, mas chegaram alguns bottons novos e camisetas de bandas.

–Ah sim, então eu volto daqui uns dias pra saber deles. Tchau!

Ele se despediu, mas continuou parado por um instante. Quando estava saindo, ouviu Kris o chamado, e virou para olha-la.

–Liam você é o nosso melhor cliente, não é costume seu sair daqui de mãos vazias. - Ela jogou um botton pra ele. - E quando sair pegue um biscoito da sorte, vai que hoje ela esta ao seu favor.

O menino pegou o botton, era branco com alguns números laranja e bem debaixo dos números tinha o desenho de dois olhos verdes claros como grama.

–Obrigado- disse ele sorrindo sem entender nada.

Pegou um biscoito que ficava numa sacolinha do lado da porta, se despediu mais uma vez e se foi.

Kris passou a mão pelo ombro da amiga.

–Se ele for um pouquinho inteligente você em breve terá mensagem no seu celular, do bonitinho.

–Kristen Parker. O que é que você fez?

–É só que talvez eu tenha dado a ele um botton e um biscoito da sorte, que por sinal eu não sei como, tem o seu número neles. Estranho né, parece até magica.

Liv ficou surpresa, constrangida, irritada, feliz e mais um monte de sentimentos de uma vez só. As duas começaram a discutir, Liv com a ideia de que Kris não deveria fazer isso e Kris defendia a ideia de que ele ate que era bonitinho o suficiente pra uns amaços.

–Enfim, antes de eu questionar porque ainda estou falando com você, vamos mudar de assunto. Ansiosa para o treinamento com a sua mãe?

–Na verdade, até que estou mais tranquila de ser com a minha mãe do que com a sua. Com todo respeito, mas sua mãe me assusta. De vez em sempre. E você esta se sentindo como?

–Antes de treinarmos pra iniciação já era complicado, ela sempre quer que eu me dedique mais, quer que eu seja como ela. Agora que estamos treinando ela praticamente me obriga a meditar e concentrar, e por mais que estar dentro da minha mente seja legal, e escutar as anciãs e tudo mais, mas é horrível ter que fazer isso toda hora, com ela reclamando no meu ouvido.

–É realmente a sua mãe não é do tipo que dá muito tempo pra descanso, sorte que minha mãe é mais calma, e eu também gosto de escutar ela falar, me acalma desde criança. Afinal ela é a ultima anciã viva, me conta historia da batalha, de como sua mãe me encontrou e que ela quis ficar comigo desde quando me viu.

Liv sempre admirara a relação da amiga com a mãe. Kris e Cassandra eram lindas juntas, como se fossem mãe e filha do mesmo sangue, ela de vez em quando se sentia mal, por sentir uma certa inveja disto. Afinal a relação dela com a mãe era do tipo “Olivia me obedeça”, “Olivia se esforce mais. Kristen e Adam estão muito a sua frente” , “Olivia uma Stone não é fraca deste jeito”

–E como foi estar na sua mente Kris?

Kristen ficou tão surpresa, que acabou furando o dedo em um dos bottons, não gostava de lembrar-se do momento dentro da própria mente, mas não podia ignora-los por muito tempo, nem esconder de Liv, Adam, sua mãe e todos os outros que viriam a perguntar.

–Não sei explicar, foi bem confuso e não me lembro de muita coisa.- mentiu a garota.- E você?

–Eu gostei. De alguma forma me acalmou, e a voz que me falava era muito tranquila, e pelo que falei com o Adam, tivemos sonhos bem parecidos. A maior diferença que eu percebi é que ele estava em uma floresta e eu em uma casa.

Floresta. Casa. Paz. Tranquilidade.

Realmente o que se passava na cabeça dela era algo muito diferente dos dois, e ela preferiu ocultar isso. Quando Kris ia perguntar mais sobre as coisas na cabeça da amiga viu que a menina estava olhando no celular.

–Então o bonitinho te mandou mensagem?

–Quem dera, é a minha mãe. Treino individual hoje começa mais cedo, ela disse para fecharmos a loja.

As meninas fecharam a loja, se despediram e foram para casa.

Liv foi pensando nas terríveis horas que teria de aturar ao lado da mãe, repetindo a insatisfação dela quanto ao progresso da menina e sua falta de dedicação.

Kristen foi pensativa, fora a única que se sentiu mal durante a meditação, e sentia receio de voltar aos treinos e ter de passar tudo de novo.

***

–Já estou a três horas fazendo isso, estou esgotado, podemos fazer ao menos uma pausa?

Adam já não tinha mais paciência para treinar com os pais, mas não tinha coragem para enfrenta-los.

–Um líder não se cansa tão rápido meu querido. Acha que Meredith se tornou a líder fazendo pausas a cada dez minutos?

Adam queria gritar para a mãe que ele não queria ser um líder e que pouco se importava com Meridith, e ele estava ali há três horas e não fizera pausa nem para beber agua, mas a única coisa que ele fez foi olha-la nos olhos, sorrir e concordar com a cabeça.

A mãe era assustadora, os olhos azuis límpidos dela fazia com que se sentisse a deriva no oceano, ainda mais que ela sempre usava maquiagem escura para realça-los. E definitivamente ele não puxara nada dela, que tinha o cabelo extremamente liso e louro, que ela sempre prendia em um coque alto.

O pai estava logo atrás da mãe. Adam era idêntico a ele tirando o fato que o pai usava barba baixa e sempre estava vestido com roupas sociais e ternos.

–Adam, estamos há três horas aqui e não vi progresso algum, se você quer ser um líder então se concentre nisso, se concentre nas coisas que te fazem bem e que te relaxam, deixe sua mente vagar.

Mas eu não quero ser a droga do líder. Não lhe faltava vontade de gritar isso, faltava apenas coragem, mas enfim, se concentrar em algo que o deixava relaxado não era difícil, na verdade o que o relaxava se resumia em duas palavras: Kristen Parker.

O jeito como ela o beijava, o modo como ela o puxava pra cantos desertos e salas vazias. Tudo nela sempre o chamou atenção, os olhos, o perfume, o jeito determinado, questionando coisas ao redor, não acatando ordens só por serem ordens.

A mente vagou e ele se lembrou da primeira vez que a beijou, na verdade ele tinha sido beijado. Os cabelos louros dela emitiam uma luz dourado, seus olhos brilhavam dourado, ela parecia uma estatua de ouro sob o sol. Demorou pra Adam perceber, que ele finalmente havia se concentrado.

E o mundo onde seus pais lhe pressionavam ficou para trás.


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