Traga Me para a Vida escrita por Eire


Capítulo 4
Capítulo 3 – Destino. (Parte I


Notas iniciais do capítulo

Nuya nunca acreditou em destino, mas perturbado pelos sonhos constantes resolve procurar, juntamente com seus pais, a Matriarca da sua família, uma mulher muito misteriosa...

Depois de muito tempo aqui está a continuação, deixem seus comentários. Eles são muito importantes.



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Traga me para a vida

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Watashi-tachi wa sagashi atte
Toki ni jibun wo miushinatte
Yagate mitsuke atta no nara
Donna ketsumatsu ga matte ite mo
Unmei to yobu igai hoka ni wa nai
(Nós procuramos um ao outro
Às vezes nos perdemos
Mas no fim nos encontramos
Então qualquer resultado possível pode estar esperando
por nós
Não é nada, apenas o destino)
(Heaven – Ayumi Hamasaki)
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Capítulo 3 – Destino. (Parte I)

O carro atravessou a estrada que levava até a grande mansão. Chovia muito, o que fez com que chegassem depois do que tinham previsto. Ao entrar na casa foram recebidos pelo mordomo que tinha ares de mordomo inglês. Havia tanto tempo que tinha vindo àquele lugar que Nuya estava impressionado com a suntuosidade do lugar, ele não se lembrava muito bem de como era.

 

_Eu não me lembrava de que a casa era assim.


 

_É realmente majestosa.


 

_Você não se lembra filho porque saiu muito impressionado daqui a última vez que estivemos aqui.


 

_Senhores, a senhora os espera na sala de estar. Por favor, sigam me.


 

Os três o seguiram pelos corredores da casa, nas paredes havia quadros de várias pessoas, que o senhor Taishou explicou, eram antepassados da família. De repente Nuya parou diante de uma grande tela de pintura onde havia um grande cão branco pintado.


 

_Este daqui também é um dos nossos antepassados, pai?


 

_É melhor deixar de piadinhas garoto!


 

_O jovem senhor deveria mostrar respeito pela linhagem da família. Elas remetem como ancestral de sua família o grande youkai Inutaishou.


 

_Por isso o senhor tem esse nome, pai? O que esse mordomo está dizendo é verdade?


 

_Pelas histórias e escritos da família, sim. Meu nome é uma homenagem a nosso antepassado.


 

Eles continuaram seguindo até  que o mordomo bateu em uma grande porta.


 

_Sim!


 

_Senhora, o senhor Taishou e a família já estão aqui.


 

_Mande os entrar.


 

O mordomo abriu a porta e a família entrou na sala de estar onde a velha senhora os aguardava sentada em uma poltrona estampada com sakuras. Ela sorriu para eles e fez sinal para que se sentassem.


 

_Sentem-se, venham para mais perto da lareira, afinal, com essa chuva hoje está um pouco frio, não é mesmo. Eu não gosto muito de dias chuvosos, prefiro dias de sol, neles posso caminhar no jardim que fica lá fora. Vocês também não gostam de dias chuvosos?


 

Um olhava para o outro sem saber o que responder. Nuya ainda guardava uma vaga lembrança de quando tinha visto a mulher na sua infância, pensou que agora fosse encontrar uma velha decrepta, mas na verdade a senhora que estava sentada na frente deles não parecia tão velha, na verdade não parecia ter envelhecido nada nos últimos quinze anos e também se parecia com aquelas vovós boazinhas. Por que ele tinha ficado com tanto medo dela  então?


 

_Parece estar bem pensativo, meu rapaz... Será que posso saber o que tanto aflige a sua alma.


 

_Vovó, este é o meu filho, Nuya. Nós o trouxemos aqui quando tinha dez anos, na época do casamento da minha prima, Ishizo.


 

_Eu me lembro. Você cresceu bastante rapaz, está muito bonito, deve ter um monte de namoradas.


 

_Na verdade, nenhuma no momento.


 

_Mas você está à procura, não é mesmo? Está procurando a garota certa, aquela pra quem você nasceu e que nasceu para você.


 

Como ela podia entender o que estava se passando com ele? Era exatamente isso o que acontecia com ele. Exatamente o que se passava pela sua cabeça, não tinha namorada porque ainda não tinha encontrado a garota pra quem ele havia nascido, a garota que ele acreditava ter sido feita para ele. A garota dos seus sonhos.


 

_Você está estudando na Toudai. Foi o que seu pai me contou pelo telefone.


 

_Eu faço História.


 

_História!? Eu sou apaixonada pela história.


 

_Eu também gosto muito, por isso resolvi estudá-la melhor.


 

_Pretende se especializar em alguma época?

 

_Sengoku Jidai.


 

_Temos documentos em nossa biblioteca daquela época, deve sabe que nossa família já existia naquela época.


 

_Eu sei. Cresci ouvindo isso.


 

_Acho que pode encontrar o tema para a sua monografia aqui.


 

_Eu ficaria muito feliz se pudesse saber um pouco mais sobre a origem da nossa família.


 

_Todos precisam saber de suas origens e respeitar as suas tradições. A propósito, Taishou, não me lembro de você ter me dito que ele pratica kendô.


 

_Ele já praticou.


 

_Verbo no passado?


 

_Eu saí do clube de kendô. Eu não sou muito bom com espadas.


 

_Sabe que nossa família tem tradição com o kendô, com espadas?


 

_Não vejo necessidade de continuar tentando aprender uma coisa para qual eu não tenho habilidade.


 

_Você tem, está no seu sangue e em seu espírito. Precisa voltar a praticar, urgentemente.


 

Nuya começou a perder a calma. Quem aquela senhora pensava que era para dizer o que ele tinha que fazer ou não?


 

_Quem a senhora...


 

_Nuya!!! Nós vamos fazer isso vovó.


 

Nuya fechou a cara. Não podia acreditar no que o pai estava dizendo.


 

_Pai, eu nunca me dei bem no kendô. Achei que tivesse ficado claro que eu não voltaria a nenhum dojô para praticar kendô.


 

O pai respondeu apenas mexendo os lábios para que a velha senhora não ouvisse.


 

_Vamos conversar sobre isso em casa.


 

Taishou voltou-se para a avó com um grande sorriso no rosto.


 

_Me desculpe por ele. A senhora sabe como são os jovens de hoje em dia.


 

_Taishou, não há nada de mais em nosso filho não querer mais praticar kendô.


 

Nuya agradeceu mentalmente por ter uma mãe tão compreensiva quanto a sua. Já Taishou olhou para a mulher com uma cara de poucos amigos, ele estava morrendo de vergonha. A Matriarca resolveu botar mais lenha na fogueira.


 

_Eu sei que a senhora deve tentar ser uma boa mãe, eu não duvido nada disso mas precisa parar de fazer tudo o que o seu filho quer. Eu sei porque quer tanto protegê-lo do mundo, mas ele precisa aprender a andar com as próprias pernas, precisa aprender que certas coisas podem ser chatas e ruins, mas são necessárias. Está fazendo muito mais mal a ele do que bem.


 

_Olhe aqui! Aceitei que meu marido trouxesse meu filho até aqui porque foi escolha do Nuya, mesmo contra a minha vontade, mas não vim até aqui para você me ensinar como eu devo criar  meu filho, pode falar o que quiser com o meu marido que como todo o resto da família morre de medo da senhora, mas eu não tenho medo, não vou aceitar que fale assim comigo.


 

_Iza por favor, não fale assim com a Matriarca.


 

_Taishou, você não vai me defender?


 

_Temos que concordar que você superprotege Nuya.


 

_Querida eu sei que pode achar que eu não devo me intrometer na forma como educa o seu filho, eu apenas estou dando minha opinião, a opinião de uma pessoa que já viveu muito e  que tem conhecimento sobre muitas coisas. Ás vezes é preciso que uma pessoa de fora veja como as coisas estão e nos alerte para que percebamos o quão errado estamos agindo. Você é diferente de muitos de minha família.


 

_Eu sei, eu não acredito em muitas das bobagens em que vocês acreditam por isso nunca aprovou minha relação com Taishou.


 

_Iza!


 

_Você tem razão. E tudo porque você sempre teve dificuldades em entender os segredos dessa família, mas Nuya não poderia ter tido outra mãe e Taishou não poderia ter tido outra esposa. Todos vocês estavam destinados a formarem a família que não puderam formar no passado.


 

Todos olharam assustados para a velha senhora, mas logo o espanto deixou Iza.


 

_Está me dizendo que uma força invisível fez com que eu encontrasse Taishou, casasse com ele e tivesse Nuya. Pensar assim é tirar toda a mágica da minha vida, eu me apaixonei pelo Taishou, eu não fui obrigada a isso.


 

_É claro que não Iza, você sempre amou Taishou, dava para se ver isso em seus olhos quando eu a conheci,  quando ainda estavam começando o namoro, você e Taishou são almas gêmeas que sempre se amaram e eu fico feliz em saber que vocês estão sendo felizes nesta vida porque vocês não tiveram essa oportunidade na outra vida. Assim como não tiveram a oportunidade de conviver com seu filho, talvez por isso, vocês o superprotejam hoje.


 

Iza ficou sem palavras, tudo aquilo que a velha senhora estava dizendo parecia não fazer sentido nenhum, mas pensando bem a fundo poderia sim fazer sentido, na primeira vez em que ela viu Taishou ela teve certeza de que aquele era o homem com quem queria viver o resto da sua vida, era como se ela já o conhecesse, como se já o amasse.


 

_A senhora está  querendo dizer que os meus pais se amavam também em outra vida?


 

_Sim. E eles eram os seus pais.


 

_Quando eu era menino a senhora me disse que eu...


 

_Eu sei o que eu disse. Desde o momento em que soube que Iza esperava um filho de Taishou eu sabia que seria um garoto e eu sabia quem ele tinha sido no passado. Sua mãe se assustou com as minhas palavras, assim como você. Acho que ainda não estava preparado, eu errei em ter dito tudo aquilo a você naquela época.


 

_A senhora acha que eu estou preparado agora?


 

_Acho que não, você não amadureceu o bastante.


 

_Mas eu preciso saber, eu tenho tido sonhos, não sei o que significam, não sei se tem relação com essa possível outra vida que eu vivi. A senhora é a minha última esperança.


 

_Ele tem se tratado com um psiquiatra, vovó, há 3 anos. Não tem funcionado. Por isso nós viemos até aqui.


 

_Se quer tanto a minha ajuda, Nuya, então eu vou ver o que posso fazer. Nobuhiro, por favor, leve Taishou e Iza para o quarto de hóspedes que preparamos para eles, eu quero conversar a sós com Nuya.


 

_Mas eu quero estar do lado do meu filho.


 

_Eu sei Iza, mas seu filho precisa enfrentar isso sozinho. É para o crescimento espiritual dele.


 

_Nuya, por favor, sente-se mais perto de mim, sim.


 

Os pais de Nuya deixaram o lugar acompanhados pelo mordomo, antes dele fechar a porta do lugar eles puderam ver que o filho estava com um olhar que eles conheciam muito bem, ele estava se sentindo sozinho, precisando de proteção e Iza lutou para não se deixar vencer pela vontade de ir até lá colocar seu filho no colo.


 

_Não podemos deixar ele sozinho com ela. O que ela pode ter para dizer a ele  que nós não podemos saber?


 

_Isso nem eu mesmo sei, mas ele escolheu isso, precisamos deixar.


 

Lá dentro a Matriarca começou uma importante conversa com Nuya sobre o seu destino.


Continua...

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Notas finais do capítulo

E agora que conversa será essa que Nuya irá ter com a Matriarca? Será que ele finalmente vai resolver o mistério desses sonhos estranhos?