Harukaze escrita por With


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Finalmente é dia de postar, então trago mais um capítulo!
Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 9

Temos mais semelhanças conforme o tempo passa.

Mas a verdade é que nós

Copiamos uns aos outros um pouco.

Observando seu reflexo no espelho, Tsuhime analisava o selo de três pontas tatuado em seu pescoço. Definitivamente, agora, ela jamais fugiria do seu destino, estava completamente conectada com Orochimaru fortemente por um laço cruel e doloroso. Conhecia seu azar, porém era como se a vida risse sadicamente em sua cara, tornando insuficiente todos os obstáculos. Portanto, ela resistiria. Por seu sonho, pelo sentimento que a preenchia dia após dia.

Fora tudo tão rápido, apenas o gosto superficial permanecera em seu ser. Gostaria de tê-lo conhecido antes, de ter tido a oportunidade de pelo menos contar a Shino quem ela realmente era. A imagem por baixo da máscara alegre e meiga. Ele merecia saber, ele queria saber tudo sobre ela. Todavia, imaginar a reação do Aburame deixava-a insegura. Se Tsuhime confiava em Shino? Sim, e muito. Contudo, compartilhar esse lado obscuro de sua vida não lhe soava de todo agradável.

Circundou a marca com os dedos, notando o local liso como se fosse uma mera tatuagem. Porém viva; Que dominava; Que a fazia agir contra todos os requisitos de sua personalidade. Em outras palavras, libertava um lado totalmente adormecido dentro dela. Afastou-se do espelho, voltando-se para a peça de roupa que a aguardava ansiosa: O conjunto preto — composto por uma saia, blusa e meia-calça quadriculada —, e ao lado a bota de cano longo. “Ele fica bem em você”, a voz irritante de Kabuto atravessou os ouvidos de Tsuhime e um sorriso surgiu em seus lábios.

Vestiu-se, arrumando os cabelos em um rabo-de-cavalo. Pelo menos dessa forma sua aparência modificava-se um pouco comparado a semelhança com o pai. Uma curiosidade repentina a abateu: Como era sua mãe? Lembrar-se-ia de perguntar a Kabuto mais tarde.

— Que bom que está pronta. — Kabuto disse rompendo na escuridão do corredor. — Quero que me acompanhe.

— Em quê? — Tsuhime caminhou até o ninja médico, nos olhos um brilho de desconfiança.

— Preciso de mais ervas medicinais, o estoque está acabando. Seu pai está começando a apresentar quadros críticos de saúde. — Kabuto ajeitou os óculos, na voz um teor sério e preocupado. — Não iremos demorar.

— Sabe, Kabuto... — Tsuhime disse pensativa, caminhando com o ninja médico para fora da casa. Faria questão de decorar cada corredor. — Não acha que papai está forçando demais?

— O que quer dizer? — O ninja médico estreitou os olhos, encarando Tsuhime discretamente.

— Que talvez ele devesse parar. — O semblante pesado contornou Tsuhime, claro que ela não queria ver o pai morto, contudo, as condições em que Orochimaru vivia eram arriscadas.

— Ora, ora... Quer se ver livre? — Kabuto riu divertido, enquanto os dois alcançavam a saída da casa. Talvez tivesse sido um deslize levá-la consigo, porém, o que Tsuhime fizesse a partir de agora seria deveras interessante.

Tsuhime não respondeu, apenas continuou andando como se Kabuto não existisse. De fato, uma parte dela gostaria de se ver longe de tudo, porém a outra dava razão ao que Orochimaru sempre repetia: Os filhos devem permanecer com os pais. E apesar de todos os maus e dores que o Sannin lhe oferecia, jamais poderia quebrar as correntes sanguíneas que os conectava.

(...)

O campo era vasto, diversos tipos de flores a remédios se encontravam ali. Porém, Tsuhime não fazia ideia por onde começar a procurar a tal erva medicinal que Kabuto tanto queria. A única coisa que ele lhe alertara era que a planta crescia entre as pedras e nos altos das montanhas.

E, agora, escalava a montanha a sua frente enquanto sentia claramente os olhos de Kabuto fixos em sua imagem. Notando as reais intenções do ninja médico, Tsuhime atirou uma pedra relativamente grande no rapaz.

— Você não presta, sabia? — Ela ria enquanto terminava sua subida. A vista do alto era linda, podia visualizar desde a vila mais próxima até as árvores mais distantes. Decorava cada paisagem com gosto, afinal, não sabia quando seria capaz de revê-la.

Algumas vozes vindas ao fundo distraíram a garota, que se atentou a elas. Não as conhecia, porém não pareciam ser inimigos. A sensação de perigo permanecera intacta, como se seja quem for ela conhecesse. Involuntariamente seu corpo tremeu, causando-lhe um arrepio intenso. Verificou rapidamente se Kabuto estava com alguém, porém não havia mais ninguém no campo além dele. O latido forte de um cão ecoou um pouco mais perto, e logo um enorme cachorro de pelagem branca apareceu nitidamente a sua frente, correndo divertido.

Ei, Akamaru! — Outra voz gritou divertida e preocupada ao mesmo tempo. — Não vá muito longe, nós não vamos demorar!

Outro latido forte se rompeu, e Tsuhime se incomodou com os batimentos cardíacos acelerados. Sim, ela se lembrava perfeitamente daquele cão, embora não soubesse quem era o dono. E o animal veio em sua direção, rondando-a em sinal de olá. Acariciou os pelos brancos, ganhando uma lambida de Akamaru.

— Akamaru, não é? — Tsuhime conversou, agora tendo o cachorro sobre seu corpo. — Ei, calma! Você é grande, sabia? — Ela riu. — Seu dono não vai gostar.

Como resposta, recebeu um choramingo do cachorro, que a libertou e deitou-se ao lado da garota. Akamaru era dócil quando sentia que a pessoa não ofereceria nenhum risco a seu dono ou a ele, e estranhamente mesmo Tsuhime carregando algo suspeito para qualquer desconhecido o animal não parecia se importar.

— Então, você está a...? — Kiba deteve-se onde estava, observando Akamaru a vontade perto da garota. Tinha a ligeira impressão de que a conhecia, porém não sabia de onde. — Akamaru, o que está fazendo?

Tsuhime sobressaltou-se, colocando-se de pé rapidamente. Bateu a grama da roupa, e seus olhos se fixaram no rapaz que surgia devagar. E estremeceu ao perceber que Shino retribuía seu olhar. Apesar dos óculos bloquearem a confirmação, ela sabia que o brilho dos olhos do Aburame não poderia ser diferente. Algo quente e irritado a atingia, fazendo com que desse um passo para trás. Deveria ter avaliado a coincidência, não que ela acreditasse, porém considerava-se agora uma mera peça. Dívidas são dívidas, e elas sempre virão cobrá-la.

— Shino... — A garota de olhos amarelados murmurou, incrédula de que realmente aquilo acontecia.

Oe, ela não é a garota estranha que andava com você? — Kiba interrompeu, surpreso.

Porém, Shino não o respondeu. Ele não precisava, já que decidira não mais se envolver, embora vê-la despertava os sentimentos que ele tanto tentava arrancar. Ignorá-la parecia uma tarefa impossível, já que ela lhe dizia claramente: Eu sinto muito, muito mesmo! E sem perceber, algo dentro dele respondia: Sim, eu sei! Eu também!

A garota mordeu o lábio inferior, impedindo que as palavras escapassem. Tinha tanto o que explicar a Shino... Que lhe perturbava pensar se ele ainda se interessava em conhecê-la. Se ainda havia algo entre os dois. Contudo, pelo modo frio e distante que Shino se dirigia a ela, era quase impossível cogitar essa possibilidade.

Sem dizer absolutamente nada, Tsuhime desafiou a altura da montanha, porém os latidos de alerta de Akamaru domavam seus ouvidos nitidamente. Considerava-se uma covarde, e talvez fosse melhor ser exatamente assim. Não tinha motivação para enfrentar Shino agora, não nas condições psicológicas que se encontrava. Havia muitos pensamentos, muitos medos instalados dentro dela que a guiavam a fugir. Sempre fugindo... Ela se repreendia enquanto alcançava Kabuto.

— Vamos embora! — Ela proferiu eufórica, puxando-o pela mão.

— Por quê? — Kabuto perguntou confuso enquanto a seguia, nas mãos algumas plantas que encontrara. Eram raras, por isso ajeitou-as melhor. Soava até cômico ela tendo esse tipo de atitude. — Quer me explicar?

— Não importa. — A garota rebateu, correndo o máximo que suas pernas alcançavam. As lágrimas chegaram, e desta vez Tsuhime não as impediu. Um turbilhão de incômodos se alojava cada vez mais dentro dela, porém era inevitável. Uma hora ou outra aquilo aconteceria, e ela seria incapaz de evitar. — Eu só quero ir para casa.

(...)

— Ei, espere! — Kabuto a segurou, antes que Tsuhime se afastasse demais. A garota viera andando a passos apressados, como se algo quisesse pegá-la. E ao olhar para o rosto contorcido, sentiu que as coisas não iam muito bem. — O que foi?

— E-Eu... Eu... — Tsuhime procurava as palavras, separando qual delas formaria a melhor resposta. — E-Ele estava lá, e eu mal consegui... N-Na verdade, não disse nada.

O ninja médico suavizou a expressão, relaxando os dedos ao redor do braço de Tsuhime. Não era necessário mais do que ela dissera para fazê-lo entender a que se referia. De fato, desta vez, ele não havia armado nada. Foi pura e simples coincidência. Em todos os anos em que convivera com Tsuhime, nunca a tinha visto gaguejar tanto.

— Tudo bem. — Kabuto disse de repente, respirando fundo e acalmando os próprios nervos. Ele odiava esse tipo de fraqueza nas pessoas, ainda mais na garota. — Eu sei que agora você não tem nada para dizer ao garoto do clã Aburame, então, até lá, que tal me ajudar com os remédios? — Não era a melhor opção que ele possuía, porém talvez, de alguma forma, funcionasse.

— Acha que ele algum dia vai me ouvir? — Tsuhime inquiriu, como se Kabuto tivesse a solução para todos os seus problemas.

— Eu não sei! Terá de perguntar a ele. — Kabuto deu a conversa por encerrado, caminhando em direção ao seu laboratório particular. — Vai ficar aí?

Preparar os remédios não era de todo difícil. Enquanto amassava a planta que Kabuto lhe dera, via que aos poucos se habituava aquela tarefa. Os sulcos que saiam do caule se misturavam a pasta que as folhas formavam, deixando o produto mais maleável. E Tsuhime estava gostando de fazer aquilo. Embora fosse a primeira vez, era como uma prática de anos.

— Agora, misture com aquele líquido amarelo. — Kabuto orientou-a, tomando o cuidado em medir os mililitros. Aqueles remédios em hipótese alguma poderiam sair errados, ou causariam uma overdose no Sannin. — Isso... Agora, adicione esse outro e misture. — Apontou para o liquido vermelho, o que fez com que o material recém formado se endurecesse. — Deixe-o descansar naquela prateleira.

— Isso é fácil. — Tsuhime disse, colocando o remédio aonde o médico havia sugerido. — Quem os fazia antes de você?

— Sua mãe. — Ele rebateu distraído, preparando o próximo, porém de forma mais liquida. — Essas receitas são dela.

— Sério? — Tsuhime sorriu nostálgica, sentando-se em um banquinho à mesa. — E como era a mamãe?

— Pelo pouco que vi, uma excelente ninja médica. — O espião adicionou outro liquido ao sulco que preparara, não muito interessado no assunto.

— Não perguntei isso. — A garota franziu o cenho com o descaso dele. — Quero saber a aparência dela.

— Tsuhime, estou ocupado. Preciso acabar isso ainda hoje. — Kabuto proferiu impaciente, completamente compenetrado no que fazia. Escutou um: “Você é um chato”, e olhou para a garota rapidamente. Ela ainda esperava por uma resposta. — Deve ter algumas fotos de Yume-sama na gaveta a sua direita. Agora vê se me deixa trabalhar!

A garota pensou em retrucar, porém estava ansiosa demais para isso. Tirou da gaveta um envelope, a única coisa que ocupava a gaveta que Kabuto indicara. Retirou a fotografia, deparando com a imagem de uma bela mulher de não mais vinte e cinco anos de idade, cabelos castanhos e compridos, olhos grandes e escuros tão diferentes dos seus. Porém, ela era linda. O rosto de traços gentis e delicados, lábios pequenos adornados com um singelo sorriso.

“Mamãe, você realmente amou o papai? Tsuhime se questionava, algo dentro dela fazia-a duvidar. Delicadamente, contornou a figura de Yume com as pontas do dedo, como se pudesse tocá-la de fato. Providenciaria um porta-retrato de gelo, especialmente para aquela fotografia. Gostaria de saber mais, porém pelo humor de Kabuto ela não conseguiria mais nada. E aquilo bastava.

— Posso ficar com ela? — Tsuhime perguntou, guardando a imagem de volta no envelope.

— Não tem problema. — Kabuto deu de ombros, suspirando aliviado. Finalmente havia terminado de preparar as doses de remédio para aquela semana. Preparou alguns em uma bandeja, teria que iniciar o tratamento do Sannin naquele mesmo dia. — Agora, vá para o seu quarto.

(...)

O ninja médico bateu a porta do quarto do Sannin, anunciando sua entrada. Ao entrar, o cheiro forte de sangue atingiu covardemente suas narinas. Novamente, Orochimaru estava se comportando de maneira errada em seu estado de saúde. Acomodou a bandeja no criado-mudo ao lado da cama e encarou a bagunça pelos cantos do cômodo. Havia sangue nas paredes e uma pessoa jazia no chão. Não o reconheceria, afinal, o rosto fora destruído.

— Não deveria se esforçar, Orochimaru-sama. — Kabuto aconselhou, recebendo um olhar ferino do homem. — O senhor sabe as condições em que se encontra.

— Esse corpo não está mais me aguentando. — O Sannin disse com voz estrangulada, tossindo um pouco. — Abra as celas dos prisioneiros e certifique-se que minha filha permaneça no quarto, se preferir a tranque lá.

— Como quiser, mas antes beba isso. — Entregou o copo de remédio a Orochimaru, que apesar de cético acabou por aceitar. — Terei que limpar toda essa bagunça... E eu que pensei que finalmente fosse descansar. — Reclamou, ajeitando os óculos sobre o nariz.

— É para isso que você está aqui, Kabuto. — Orochimaru sorriu maldoso, devolvendo o copo vazio à bandeja. — Mas se está insatisfeito, pode ir. Tenho certeza que encontrarei outro subordinado.

E aquela afronta foi à gota que faltava para aumentar a irritação do rapaz. As pálpebras adquiriam uma coloração avermelhada, e se não fosse por seu autocontrole, teria se libertado ali mesmo. Kabuto murmurou um “Eu já volto”, e saiu do quarto ouvindo a risada de puro deboche de Orochimaru. Aquele homem o subestimava, e não admitiria tal feito. Muito menos dele.

Maquinando possibilidades, Kabuto dirigiu-se a ala das celas dos prisioneiros. Se era diversão que Orochimaru queria, faria questão de oferecer a ele um espetáculo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Dúvidas, críticas construtivas, sugestões... Tudo será muito bem vindo.
Até quarta-feira!
Beijos!



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