Harukaze escrita por With


Capítulo 57
Capítulo 57




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Harukaze

Capítulo 57

 

Ah, me deixe esquecer, esquecer tudo sobre você

Porque está quebrando meu coração

Por que nos encontramos, eu me pergunto?

Se eu fecho meus olhos, é como se você ainda estivesse aqui

 

  Estar sozinha fazia Tsuhime se lembrar da casa que antes chamava de lar, embora o conceito houvesse se perdido há tempos. Agora a sua casa era Konoha, o lar e estrutura que construíra com Kakashi e Haru. O conceito que sempre buscou existia e se deteriorava ao mesmo tempo, levando-a a acreditar que as coisas nunca adquiririam um ritmo constante e reto. Percorreria caminhos turvos, tortos, montanhosos e pedregosos até que finalmente se deparasse com o fim da estrada. Antes o fim da estrada era claro e nítido, mas agora não passava de um borrão distante e difuso.

  E ela odiava estar presa naquele ciclo, que ria em sua cara da sua tentativa desesperada de ser feliz. Jogava contra ela problemas cujas soluções eram muito mais exigentes e complexas do que ela se acostumara. No entanto, quando adversidades surgiam Tsuhime tinha um apoio, um porto seguro com nome e sobrenome: Hatake Kakashi. E como era estranho não tê-lo tão alcançável. Por que ele despedaçara tudo? Por que não esperou que acordasse? A resposta Tsuhime sabia: Ele estava com medo de que ela jamais abrisse os olhos, e não lhe custava crer que aquele dia chegaria.

  A vida é realmente cruel, tirando as coisas boas como se elas não fossem essenciais. E a questão é que eram! Como eram, ainda mais agora quando seus pensamentos não tinham uma linha reta de raciocínio. Encontrava-se transportada de volta há anos, quando sua perspectiva de futuro era nada menos que um mero sonho, e Tsuhime se perguntava se ainda o teria. Expulsara Kakashi por não conseguir encará-lo, por não conseguir admitir o quanto estava ferida por dentro. E Haru, que se esforçara tanto para manter longe daquela confusão, foi justamente a pessoa que mais se enroscava naquela teia.

  O que ele estaria fazendo, pensando, sentindo? Era grata pelo amor que existia entre eles, contudo ela sabia que tudo possuía um limite e Haru ultrapassara os próprios. Será que sua opinião não contava? Na verdade, Tsuhime sempre soube que o filho seria capaz de tomar as rédeas da própria vida — coisa que ela custara tanto para fazer — e mentiria se dissesse que não estava orgulhosa dele, pelo contrário, contudo não era daquela forma que ela imaginou que seria. Sempre idealizou a vida do filho se espelhando no homem que Kakashi era, respeitado e amado por todos, que faria feitos honráveis para com a vila e lhe daria orgulho até mesmo depois que morresse, entretanto o espelho dos sonhos se quebrara e a realidade era outra.

  Haru havia se aliado a Tobi e sabe-se lá o que aceitava para mantê-la segura. O coração pesou, assim como as lágrimas que chegavam sorrateiras, esperando por sua fraqueza. Ela teria que se recuperar o quanto antes para buscá-lo, para fazê-lo entender que ela não precisava que se sacrificasse. Como mãe era o seu dever, mas era como Kakashi dissera: Haru era capaz de escolher o caminho pela qual desejava trilhar e ela não tinha o direito de impedi-lo. Sentia-se incapaz, a responsável pelo destino do filho. Até quando continuaria fazendo as coisas de forma errada?

  Permitindo-se dar atenção as perguntas depois, Tsuhime lançou os olhos para a janela. O céu já estava escuro, poucos pontos de luz brilhavam no manto azul, a meia lua altiva como uma fina linha tímida. O dia lá fora continuava o seu curso normal, sem esperar que ela estivesse pronta para olhá-lo da mesma forma. Um tanto injusto. O mundo girava, impondo suas múltiplas fases, como um mestre cruel e irredutível.

  Foi com um suspiro que ela escutou a porta ser aberta e seu coração acelerou pensando que seria Kakashi, contudo a cabeleira rósea e os olhos verdes entraram em seu foco, causando-lhe desapontamento. Não que Haruno Sakura fosse má companhia, ela gostava e muito da aura de força que ela exalava, mas naquele momento, um pouco mais calma, Tsuhime esperava que o marido viesse tentar ter mais uma conversa consigo.

  Notando os ombros baixos, Sakura sorriu afável e colocou o jantar sobre a mesa, aproximando-a de Tsuhime. Os pontos estavam cicatrizando bem, a pele mais corada e as olheiras sumiram. Como médica Sakura jamais poderia ignorar um paciente, mas ela não estava ali como uma. Encontrava-se perante Tsuhime como mulher, uma amiga, caso ela quisesse conversar. Sentou-se ao lado da cama, observando Tsuhime experimentar a comida. Fizera questão de que lhe servissem o prato preferido, embora a Yatsuki pudesse tirar outras conclusões de suas ações, ainda assim Sakura insistiria. Ambas tinham algo em comum: Sempre eram postas a prova pela vida.

  — Tsuhime-san... — A kunoichi médica chamou, deparando-se com os olhos amarelos fixos em sua expressão. Talvez aquela mulher já tivesse captado o real significado de estar ali, como anos atrás.

  — Espero que ninguém tenha mandado você aqui para tentar me fazer mudar de ideia. — A voz de Tsuhime ecoou magoada, enquanto descansava o hashii no suporte. — Porque não daria resultados.

  — Vim por vontade própria. Eu sei que não está passando por um momento muito bom, então pensei que quisesse ter alguém para dividir as preocupações. Pode ser mais fácil.

  Tsuhime avaliou a garota a sua frente: Os grandes olhos verdes não mentiam, deixavam claro que ali não havia nada mais do que solidariedade. Algo que nunca antes foi colocada de frente, pelo menos não daquela forma. Talvez pudesse ver em Sakura uma confidente, alguém que clarearia suas dúvidas. Embora soubesse que as respostas deveriam vir exclusivamente de si mesma. Sorriu para Sakura, um sorriso sincero e caloroso.

  — Eu não sei por onde começar. — Tsuhime confessou, afastando a comida mal tocada. Apenas sorveu um pouco do chá verde, sentindo o aroma preencher o quarto. — Acho que tomei algumas decisões erradas e agora me arrependendo delas. O que você faria em meu lugar, Sakura-san? O que faria se o seu marido tivesse lançado o seu filho para a boca do leão?

  — Bom... Eu tentaria ver algo de bom nisso, tentar entender o motivo, que provavelmente existe. Mas não quero que decida algo pelo que estou dizendo, isso apenas você pode escolher. — Sakura rebateu, decidindo ser autêntica em cada sílaba. — Mas é isso que eu faria. Mesmo magoada, me sentindo talvez traída, ainda assim me esforçaria para enxergar a situação por outro ângulo. Kakashi-sensei se preocupa muito com você, muito mais do que eu pensei que seria capaz, e acredito que deva estar passando pelos mesmos questionamentos que você. Já tentou se colocar no lugar dele?

  — Para ser honesta eu não quero fazer isso. — Tsuhime bebeu mais um gole do chá, depositando-o ao lado do prato. — Tenho medo de saber a resposta. Mas é como Kakashi disse: Estou me esquecendo de Haru. E se for o que ele quer? E se ele quiser mesmo se aproximar do pai? Sem saber eu acabei impondo que seria errado, que ele não seria uma boa influência.

  — Você se ouviu? — Sakura tinha um sorriso nos lábios, quase divertido. — Está se baseando em “e se”. As questões concretas não se baseiam em “e se”, Tsuhime-san. Elas são sólidas, confiantes e tomam espaço quando menos esperamos. Sei que o seu filho vem em primeiro lugar, e está certa. Eu não sou mãe, então não faço ideia de como deve ser o sentimento que existe entre mãe e filho, mas é preciso compreender que cada um é responsável pelo seu destino. Se Haru aceitou algo, talvez fosse para acabar com alguma dúvida que tinha. Ele confiou em Kakashi para fazê-la entender que, por mais esforçada que você agiu, ele ainda quer que algumas coisas valham à pena.

   — Acho... Acho que eu sempre soube que isso aconteceria. — Tsuhime conseguiu sorrir, o coração se aquietando dentro do peito. De fato fora bom ter permitido que Sakura se aproximasse. — Agora entendo que Haru seria incapaz de calar a voz que clamava por ele. Há sangue Uchiha correndo nas veias dele, eu não poderia interrompê-lo mesmo que quisesse. Contudo... Ainda não consigo aceitar, eu penso em todo o perigo, toda a corrupção por trás das palavras que Tobi possa ter usado, eu só quero que Haru seja forte para discerni-las.

  — O pai de Haru é Tobi? — A Haruno não se policiou ao demonstrar sua surpresa, ao mesmo tempo em que tirava um peso de sua consciência. Será que ainda valia à pena mencionar seus temores? — Então...?

  — É confuso, não é? Seja lá quem você possa ter pensado, posso ver que está aliviada. — Tsuhime não evitou sorrir, vendo a expressão da médica se abrandar. Os olhos verdes de Sakura marejaram e soube que aquela pessoa de seus pensamentos tinha muito mais importância do que aparentava. — É alguém que você ama?

  — Sim. — As bochechas de Sakura se tingiram de vermelho, achando-se extremamente infantil por ainda se comportar daquele jeito. — Eu sempre o amei e ainda continuo, mesmo que ele tenha escolhido viver longe de Konoha. Ainda espero por ele.

  — Hm... Acho que sei a quem se refere. — Tsuhime encostou-se a cabeceira, ajeitando os travesseiros nas costas. As horas corriam e seu corpo pedia por descanso, mas seria incapaz de interromper aquele diálogo agora. — Fala de Uchiha Sasuke, não é?

  — Você o conheceu? — Havia esperança no tom da Haruno.

  — Sim, mas não estreitei os laços com ele. Nosso contato durou pouco, muito pouco, e depois que vim para Konoha não o encontrei mais em casa. Nem mesmo depois da morte do papai.

  — Eu pensei que... Que depois da morte de Orochimaru ele voltaria, mas não foi assim. Acho que ainda não compreendo os sentimentos do Sasuke-kun.

  — Sentimentos são difíceis, Sakura-san. Não há uma forma fácil de conhecê-los e ninguém os alcança tão rápido. Mas se o que sente for verdadeiro, tenho certeza que chegarão até ele onde quer que Sasuke esteja.

  — Assim como os de Kakashi-sensei.

  Tsuhime se rendeu a uma risada, não mais se sentindo irritada ao pensar no que o marido fizera. Embora não estivesse pronta para perdoá-lo, também não estava pronta para abrir mão dele. Infelizmente Tsuhime era possessiva.

  — Eu espero que sim. — Foi tudo o que disse, vendo Sakura recolher o jantar remexido e deixá-la a sós.

  Os sons de fora invadiam sua solidão e uma brisa fresca soprou seus cabelos. Uma sombra passou pelo vidro e Tsuhime não se alarmou. Sempre que o entardecer caía, um ANBU ficava de prontidão do lado de fora, atento a qualquer movimentação. Sentia-se uma prisioneira, mas agradecia imensamente o cuidado que Tsunade destinava a ela, mesmo depois de seu tratamento.

  Abaixando a manga de seu pijama hospitalar, ela via os pontos sendo expulsos pela carne em seu ombro. Os pés já não doíam tanto, assim como o abdômen. Mas o peito ainda latejava a cada respirar mais profundo. Concentrou chakra nas mãos e direcionou-as à dor, dissipando o comprimir das costelas. Por sorte a pressão do selo não prejudicara seus órgãos, apenas a deixou mais cansada. E isso seria facilmente curado com o seu repouso durante os dias.

  Embora desabafasse com Sakura, ela ainda não era capaz de aceitar as escolhas de Haru. Talvez aquela insistência fosse uma característica do clã Yatsuki ou se concluía simplesmente como teimosia. Na verdade, ela não estava realmente focada em descobrir.

(...)

  Tsunade ficaria imensamente satisfeita se os problemas se resolvessem sozinhos, contudo ao assumir o posto de Hokage sabia os riscos que acarretaria. E ali estava ele, branco e dobrado, com a caligrafia rígida do Yondaime Raikage. O papel estava intocado, sem uma marca de danos, e Tsunade temeu o conteúdo que continha.

  Há alguns dias reunira-se com o Conselho e o Lorde Feudal para discutir questões em vista: As ações da Akatsuki e o que fariam para avançar em buscas sobre o paradeiro dos poucos membros que restaram.  E uma questão surgiu: Uchiha Sasuke. Pensava que o antigo ninja voltaria à vila, que retomaria a vida que fora privado, contudo a notícia sobre ele não era boa. Aliás, será que um dia seria? Houve um tempo em que Tsunade pensava que sim, mas agora, analisando a situação como um todo, ela já não possuía a certeza. Sasuke escolhera o seu caminho e se empenhava em seus objetivos, não lhe dando escolhas.

  Suspirou frustrada, tomando o papel em mãos. Não era pesado, contudo era como se segurasse chumbo. Ela sabia que o Raikage jamais enviaria uma carta a ela se não fosse importante, conhecia-o o suficiente para isso. A primeira dobra foi desfeita por dedos ágeis e ansiosos, logo a folha lhe confessava seus segredos. A caligrafia rápida deixava clara a pressa do Líder Raikage e, à medida que obtinha o significado por trás daquelas palavras, foi impossível não sentir um peso enorme sobre os ombros. Agora não era apenas Konoha que experimentava a força da Akatsuki, mas outras também. E ela não se referia apenas as Cinco Grandes Nações. Aquela organização tinha que ter um fim, e era o seu dever junto com os demais conseguir. O problema estava nas condições.

  O Jinchuuriki de Oito-Caudas residia em Kumogakure, Killer B, e irmão mais novo do Raikage, então seria óbvio que ele seria o próximo da lista. E realmente o fora. A prova disso retratava na mensagem do Líder, amaldiçoando Uchiha Sasuke não só pelo estorvo que se tornara, mas também por não matado shinobis de sua vila. Ele estava furioso e Tsunade sentia cada gota de indignação prendendo-lhe a respiração, o raciocínio lógico. Uchiha Sasuke fora eleito a Nukenin, sendo caçado principalmente por Kumogakure. E ela mal conseguia pensar na reação de Naruto quando soubesse, seria desastroso.

  “Irá se sentir incapaz, responsável por Sasuke como ainda o faz”, ela conversou consigo, abandonando a carta em meio aos papéis burocráticos. Uma leve dor de cabeça acentuava e ela girou a cadeira para a janela, tendo em vista os rostos de pedra. Eles eram tão altos que se tornavam visíveis em qualquer ponto da vila. No entanto, ela não se virou para eles para contemplá-los e sim para fugir do problema eminente.

  Ao final da carta, o Raikage convidava a todos a uma reunião do País do Ferro entre três dias. Não seria uma vivência amistosa, múltiplos temperamentos e discórdias entre os outros líderes. E os assuntos, com certeza, os exaltariam ainda mais. Já estava se sentindo estressada antes mesmo de começarem a discutir. Se é que ainda tinham aquele direito. Ela gostaria apenas de passar um dia sem preocupações extremas, apenas seus papéis e sua luta por saquê ao final do expediente. Ah, seria um belo jeito de terminar um dia...

  O som da porta se abrindo chamou-lhe a atenção, entretanto Tsunade permaneceu em seu lugar, imóvel. Os passos demarcados pelo salto anunciavam a presença tão familiar de Shizune. Sua discípula se encontrava há muitos anos do seu lado, acompanhando-a e aturando suas rabugices. Como era grata por ter aquela mulher junto a si, refreando seus movimentos impensados, colocando juízo em sua cabeça, embora quase nunca surtisse o efeito que Shizune gostaria. Sorriu, sustentando a cabeça com a mão. “Uma noite tão bonito e eu aqui presa nesse ciclo eterno”, praguejou, escutando Shizune depositar algo sobre sua mesa.

  — Espero que não seja mais trabalho. — Tsunade reclamou preguiçosa.

  — Não desta vez, senhora. — Shizune sorriu, despejando o líquido incolor no pequeno copo. — O que a carta dizia?

  O cheiro alcoólico despertou Tsunade, que simplesmente aceitou a bebida e a levou aos lábios antes de responder.

  — O Yondaime Raikage quer nos ver no País do Ferro. Chame o Conselho e os reúna na Assembléia, teremos uma reunião. E tome cuidado para que ninguém a escute dando esse recado.

  — A quem se refere, senhora? — Shizune piscou, confusa. A única pessoa que lhe vinha à mente era Yatsuki Tsuhime.

  — Ao Time Sete.                                                   

  — Entendo... — Shizune abaixou a cabeça, a franja cobrindo parcialmente seus olhos. — Então, os boatos são verdadeiros. Uchiha Sasuke se tornou mesmo um Nukenin.

  — Queria que essa fosse nossa única preocupação. — Tsunade volveu a cadeira para a mulher, observando a expressão chateada contornar os traços dela. Então, não era apenas ela que ficava sentida. — Sasuke tem um alvo nas costas e Kumogakure o arco e flecha, pronto para atirar.

  — Prepararei a sala, senhora. — A ninja médica resmungou, fazendo uma reverência respeitosa a sua mestra e logo saiu para cumprir suas ordens.

  Tsunade ainda permaneceu na mesma posição, o copo de saquê pela metade nas mãos. De repente a bebida que tanto gostava desceu como pedra em seu estômago e ela a afastou, nauseada. Era hora de realmente começar a agir.

  Caminhando em passos rápidos, Tsunade tomou a direção da Assembléia. Todos aqueles que ordenara Shizune contatar já a aguardavam, lançando-lhe um olhar de interrogação. Ela apenas tomou o assento na ponta da mesa oval, entrelaçando as mãos sem saber por onde começar. Não era apenas sobre o assunto de Kumogakure, mas também questões de proteção a vila durante sua ausência e de Naruto. Sabia que podia confiar em seus shinobis, contudo todo zelo não seria demais.

  Quando começou a narrar às primeiras palavras, foi possível ver a expressão de todos mudar. Tentaram interrompê-la, porém não deixou brechas para que isso continuasse. Tornou-se palpável o quanto não estava feliz e irritada por estar ali, contando as notícias a eles, não precisava de resmungos justo quando tentava organizar as ideias.

  — Não me espanta o pedido do Raikage-dono. — Um dos membros proferiu ao final de seu relato. — Uchiha Sasuke é o responsável por isso, deveríamos deixar que ele cuidasse desse assunto e nos focar na Akatsuki.

  — Discordo. — Nara Shikaku opinou, contribuindo para o trincar de maxilar do Conselho. — Uchiha Sasuke pode ter se tornado um Nukenin, mas isso não muda o fato de ele ser de Konoha. É nossa responsabilidade, vocês gostando ou não.

  — Shikaku tem razão. — Um segundo membro retrucou a favor. — Desculpem por dizer, mas é nossa obrigação cuidar da imagem de Konoha, e se Uchiha Sasuke a está manchando, nós que temos que tomar uma atitude e não outras vilas.

  — Ele não é mais uma criança para se comandar. — O membro ainda defendia seus argumentos, achando o cúmulo tal importância. — Sabe muito bem o caminho que escolheu, conhece seus riscos e, francamente, Uchiha Sasuke não é o único que está causando problemas. A Akatsuki já recrutou Sete das Nove Bijuus e logo buscará pelas duas faltantes.

  — Não adianta tomarmos uma decisão sobre isso agora. — Tsunade interagiu, capturando todos. — Vou montar um time especial para tirar Naruto da vila, reforçar a defesa de Konoha até algo concreto surgir.

  — Como assim, Tsunade-sama? — Shikaku perguntou, as entrelinhas parcialmente lidas.

  — Yondaime Raikage também guarda uma Bijuu, talvez ele tenha um lugar para escondê-los enquanto lidamos com a Akatsuki, evitando mais perdas.  

  — E sua guarda, Tsunade-sama? — Um quarto membro interrogou, fazendo a mulher suspirar.

  — Essa é uma questão difícil. Não posso pedir esse favor a Kakashi, quero que Yamato e ele fiquem perto de Naruto.

  — Nos restam os ANBU.

  — Sim. — Tsunade resmungou nada satisfeita. Se pudesse iria sozinha, sem desfalcar a vila. Levantou-se, dando a reunião por encerrada. Percebeu que os membros não ficaram felizes e contra isso nada poderia fazer.

  Entretanto, ainda teria que chamar Kakashi ao seu gabinete e passar-lhe os detalhes. Detalhes esses que somariam ainda mais o peso em seus ombros, contudo necessários acrescentar. Aguardou pela chegada dele e sentiu-se culpada por testemunhar a mágoa no único olho a mostra. O que Tsuhime dissera mexera muito com Kakashi, era incapaz de imaginar o quanto. Não era segredo para ninguém que Hatake Kakashi era apaixonado por Tsuhime, muito mais do que aparentava. Um amor como aquele não poderia morrer daquela forma.

  — Desculpe por chamá-lo, Kakashi.

  — Não se preocupe, Hokage-sama. — O Jounin murmurou, a atenção fixa na mulher loira. Esperava apenas que seus sentimentos estivessem bem escondidos.

  — Já deve estar sabendo das novidades.

  — Shizune me contou ainda há pouco.

  — Quero que acompanhe Naruto a uma missão. — Tsunade disse, estudando a reação do jounin. E, como sempre, não havia nada. — Yamato também acompanhará vocês, caso algo surja.

  — Sim. E quanto a Akatsuki?

  — Anko e seu time rastrearão Kabuto, tentarão coletar alguma informação sobre os planos da Akatsuki. — A Hokage massageou a têmpora, cansada. — Meu Deus, nós vamos passar por isso de novo.

  — Infelizmente. — Kakashi não escondeu o desconforto. — Mas como todas às vezes nós vamos conseguir.

  — Tsuhime-san, não deveria estar aqui! — Ouviu-se a voz de Shizune do outro lado do gabinete, exaltada e preocupada.

  Tsunade levantou-se e testemunhou a porta ser aberta com brusquidão. Uma Tsuhime respirando rápido, vestindo o pijama hospitalar e descalça atravessou a sala com determinação. Os olhos amarelos brilhavam de raiva, contudo o alvo não era Kakashi nem a Hokage e sim a algo que não podiam ver.

  — Tsuhime-san! — Shizune novamente argumentou, entretanto recebeu um olhar cortante da Yatsuki.

  Ela havia mudado nos dias que se seguiram, em nada lembrava a garota doce que Kakashi e Tsunade se recordavam. Aquela mulher que os encarava deixava os sentimentos tomarem conta, guiando cada passo. E não poderiam julgá-la a somar tudo que ocorrera. Kakashi não evitou manter contato visual com a esposa, vendo na imensidão amarelada toda culpa, indignação e raiva. Nunca havia visto tantos sentimentos negativos emanando de Tsuhime, e entendia o porquê.

  — O que está fazendo aqui, Tsuhime? — Kakashi foi o primeiro a indagar, fazendo um sinal pra Shizune de que estava tudo bem.

  — Não preciso mais ficar no hospital, já estou bem se é isso que quer saber. — Ela respondeu com certa frieza, desafiando ambos a dizer o contrário. — Ouvi as novidades e quero participar.

  — Você ainda não recebeu alta, pode ser arriscado. — Tsunade tentou argumentar.

  — Não diga o que acha, Tsunade-hime, sei muito bem aonde quer chegar. Não se preocupe, não causarei dano algum a Konoha. — Ela assegurou, vendo o franzir das sobrancelhas finas e loiras de Tsunade. — Apenas achei legal informar, já que da outras vezes eu não disse nada. Farei a minha própria busca.

  — Não vá sozinha, por favor. — Kakashi assumiu, tendo a ousadia de pedir. — Se quer mesmo participar, aja conosco. Se junte a Anko na coleta de informações sobre Kabuto e Akatsuki. Você conhece esconderijos melhor do qualquer pessoa aqui.

  Tsuhime ponderou a pontuação do marido, sentindo o coração ansiar por responder logo um “sim”, entretanto ela não podia sempre ceder, pelo menos não daquela vez. A ferida ainda estava aberta e sangrava, doía. Contudo, ela não podia ignorar o fato de Kakashi tê-la incorporado tão facilmente. Não era a intenção dele não deixá-la sair? O que o fizera mudar de ideia?

  — Está falando sério? — Ela deixou escapar, surpresa. — Por quê?

  — Por que tudo tem que ter um motivo para você? — Kakashi rebateu, ofendido. — Eu não tenho mais o direito de dizer o que você deve fazer sequer comandar os seus sentimentos, então se for para você sair que seja de um ângulo que eu possa ver.

  No meio da remota discussão, Tsunade sentiu-se intrusa. Ela deveria mesmo estar ali?

  E a resposta para sua pergunta estava na sua frente: Kakashi havia, infelizmente, aceitado sua decisão pela primeira vez. E o que Tsuhime sentia estava longe de ser satisfação. Estava mais para perda, vazio. Abandono.


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