Hope

Entrei no meu quarto com o rosto queimando. ''Você é uma alfa muito sexy e eu nunca disse nada''. Filho da puta.

Me joguei na cama, mas logo levantei e fui ao banheiro jogar agua no rosto. Me olhei no espelho. Minha cara estava vermelha. Mas a agua diminuiu um pouco a vermelhidão. Um pouco. Respirei fundo. Calma Hope.

Calma o caralho. Que merda tá acontecendo comigo? Eu nunca... Nunca fiquei assim... Respirei fundo algumas vez, e encarei o anel da lua. Um pouco de terra, fogo e agua e pronto, estaria destruído, mas não dava pra fazer isso agora. Eu tinha de me acalmar. Me acalmar... Antes que eu desse conta, soube, me acalmar não ia ser fácil, acalmar a magia, não ia ser fácil. As palmas da minha mão suavam, eu sentia o poder se juntar dentro de mim, sentia cada centímetro da minha pele formigar. Respirei fundo.

Senti cheiro de queimado, olhei a pia novamente. Droga. O fogo consumira a agua que estava escorrendo dentro da pia. Ouvi um barulho e me virei pro espelho que rachara. Ouvia as buzinas e os alarmes do carro. Zueira, sério que eu fiz isso? Minha cabeça girava e doía. Droga de Instinto. Droga de Expressão. Olhei no espelho rachado e me endireitei.

Pare com isso. Pensei olhando no espelho. Desde quando você é fraca? Acorda! Você é uma Original. Filha do Hibrido Original. E mais do que isso. Você é da Realeza Lobisomem, da Realeza Vampira, e parente de duas das bruxas mais poderosas de todos os tempos. Esther e Dahlia.

Sorri me olhando no espelho. O fogo apagou e as sirenes e buzinas pararam. Estiquei a mão e aos poucos as rachaduras no espelho sumiram, fazendo-o voltar ao normal. Meu rosto não estava mais vermelho. O que me agradou. Sai do banheiro e voltei pro quarto.

Deitei na cama novamente e fiquei encarando no teto. Frases aleatórias vinham a minha mente. E eu não conseguia estabelecer uma relação entre elas.

''Ela dizia que... Qualquer um que é capaz de amar pode ser salvo. Imagino o que ela pensaria se me visse agora.''- Meu pai me dissera isso a alguns anos.

''Você é uma alfa muito sexy e eu nunca disse nada.''- Eric me dissera isso hoje.

''Não importa o que você faça Hope, não deixe ninguém te prender. Você é livre e sabe disso.- Tia Caroline me falara isso um pouco depois de descobrir de quem eu era filha.

''Nós garotas, temos que ficar juntas.''- Tia Bek sempre dizia isso...

''Família é poder.''- Tio Elijah falava isso muitas vezes.

''Seus pretendentes, Hope, terão de ser aprovados por seus pais, por mim e então por Elijah, só então você poderá namora-los.''- Tio Kol me dissera isso uma vez

''Você sabe como seu tio é Hope. Apenas não deixe sua família te dizer o que fazer.''– Tia Davina me dissera isso quando eu tinha 14 anos.

''Apenas, lembre-se que você pode fazer o que quiser, desde que tenha vontade.''– Lembro de Josh ter me dito isso.

''Qual seu problema com regras?''– Tia Cami me perguntara uma vez.

''Se ser um monstro significa, ser invencível... O.k. Eu sou um monstro.''- EU dissera isso a Jackson uma vez, e ele riu.

Lembrei de uma dúzia de outras frases antes de me sentar. Alguém batia a porta, me levantei e vi tio Chato e tia Bruxa (vulgo tia Davina) ali.

– Temos uma coisa pra perguntar Hope.- tio Kol avisou serio. Meu primeiro pensamento foi SOCORRO o segundo foi Que Merda Você Quer?

– O.k, entrem.- falei dando passagem. Tia D sorriu pra mim e sentou na minha cama, tio Chato ao seu lado. Respirei fundo. E sentei-me numa poltrona que tinha em meu quarto.

– É... Bem, é que...- tio Kol pareceu sem jeito pela primeira vez na vida

– Queríamos saber se você gostaria de ser dama de honra.- Tia D disse

– Do casamento de quem?- perguntei, tio Kol deu um sorriso malicioso que me fez arregalar os olhos.

– Não! É sério? Não acredito.- foi tudo que consegui dizer, coloquei a mão na boca e pisquei algumas vezes.- Fiquei sem reação agora.- falei. Tia D riu.

– Bem, você topa?- ela perguntou. Fiquei de pé num pulo.

– Claro. Vamos casar vocês agora. Que demais!- falei dando pulinhos e batendo palmas, com um sorriso bobo no rosto. Tia D riu.

– Calma ai, Princesinha.- tio Kol disse usando meu antigo apelido. Me sentei devagar e olhei-os entusiasmada.

– Eu ainda tenho que comprar meu vestido. Será que você me ajuda?- tia D perguntou.

– Ajudo.- Eu praticamente gritei, admito.

– Hey, eu posso ajudar.- tio Kol disse, o olhei e tive vontade de desfigurar aquela cara de pateta (N/A: pra constar eu amo o Daniel e o Isacc, e nenhum deles tem cara de pateta).

– Tio! Você não pode. Nunca ouviu falar que não pode ver a noiva com o vestido de casamento antes do dia? Da azar e na nossa família... É bom evitar azar. Ainda lembro do casamento da mamãe e do tio Elijah.- falei. Aquela havia sido uma experiência que não se esquece facilmente... Me arrepiei só de lembrar.

Tio Chato revirou os olhos, voltei o olhar para tia Bruxa.

– A propósito tia, como ele reagiu quando você pediu?

– Ei! Eu que pedi, o.k? Respeito as tradições. Pelo menos essas tradições. Aliás, seu pai quer fazer uma fogueira pra comemorar sua volta.- olhei meu tio com atenção quando ele falou da fogueira.

Eu amo quando eles decidem fazer fogueira. Lenha. Fogo. Selfies. Queimar os pedidos... Era isso. Eu amava a fogueira. Simplesmente amava. Era a melhor tradição da família. Mas, só quatro pessoas levantavam a ideia da fogueira. E essas pessoas eram:

Eu, mas eu não pedi dessa vez. Isso é, a não ser que eu tenha amnésia ou tenha um viajante me fazendo de pousada... Ai Meu Deus. Será?

Tia Bek. Mas, ela fazia isso tão raramente que era impossível ter sido ela dessa vez.

Mamãe, de novo. Impossível.

E por ultimo, tio Kol, ele amava fogueira mais do que eu, o que eu achava humanamente impossível. Só que não éramos humanos então... Deixa passar.

– Você deu a ideia não foi?- perguntei.

– Talvez.- franzi as sobrancelhas diante da resposta de tio Kol.- O.k, eu dei.

– É exatamente o fato de termos algumas coisas em comum que me faz amar você, tio.- falei, e ele sorriu.- Legal, mas agora chispem por que eu não vou pra fogueira com essa roupa.- falei, eles riram e saíram. Respirei fundo, e abri meu closet. Peguei uma muda de roupa e cuidei de me vestir (Look da Hope). Pensei em colocar o anel de lobo que Eric me dera, mas decidi que a pulseira de pena da tia Care já bastava, fiz um penteado até bem fácil colocando uma simples tiara meio esquisita que eu amava.

Sai correndo e pulei dentro do carro.

– Que demora Hope.- tio Kol reclamou. Revirei os olhos.

– Pisa fundo, pai.- falei, eu e tio Kol estávamos animados igual duas crianças quando vão ao parque de diversões. E como a animação era de mais... Logo começamos a implicância.

– O Klaus não teria de pisar fundo se você não tivesse demorado. Caramba Hope, tava fazendo o que? Se tivéssemos ido sem você já estaríamos fazendo a fogueira.- ele disse.

– Ah, vê se cala a boca, tio chato, ou vou deixar a marca da minha mão na tua cara.

– Ah, tá, só em sonho né? Aff, na boa, que que você tava fazendo, escondendo as espinhas ou fazendo maquiagem de Bozo?- ele disse, minha mão coçou pra dar um tapa na cara dele naquele exato instante, mas me segurei.

– Tio Kol, só fale assim comigo, quando tiver certeza que pode viver sem a sua língua.- falei, semicerrando os olhos.

– Tá me ameaçando, criatura?- ele perguntou, senti minha pele formigar.

– To, vai fazer o que?- mau as palavras saíram da minha boca, papai virou o carro com tudo. Minha cabeça bateu contra o vidro com força, minha visão começou a escurecer. Mas eu vi, uma linha de fogo bem no meio da estrada que atravessaríamos para chegar a casa de campo, aonde faríamos a fogueira...

Bom, pensei comigo mesma, acho que a fogueira já se fez sozinha. E aí eu desmaiei...