Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 4
Capítulo 4 - A Guardiã


Notas iniciais do capítulo

Eaaiii, galeraaah o/ o/
Olha eu ai de nvo para postar mais um capítulo de FDS!! Enfim, houve uma confusãozinha entre os leitores, que estão confundindo a Hime com a Yuuki... bem, ela não é a Yuuki, está bem?
Enfim, no cap. de hj temos mais Zero para todas hehe :3
*Boa Leitura*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/585443/chapter/4

Lembrar meu nome animou Kaien tremendamente, pois além de saber como me chamar ao invés de “mocinha”, havia a possibilidade de eu recordar o que havia acontecido com a aldeia Lunier. Porém, para a tristeza de todos, depois da tão esperada revelação, minha mente resolveu que já havia me dado informações demais – ou seja, não recordei mais nada desde aquela noite fatídica, sequer um pesadelo apavorante e estranho que pudesse me acordar gritando constrangedoramente no meio da noite ou que me informasse no mínimo meu sobrenome.

Foram dois dias frustrantes, sentindo-me solitária naquela mansão, pois Kaien tinha suas ocupações com o Colégio, e Zero não era a pessoa mais receptiva que eu conhecia – e a lista de conhecidos se resumia ao albino rabugento e Kaien.

Nesse período, Kaien aproveitou seu tempo livre para se dedicar a tarefa de me informar sobre suas ações pacifistas, como dividir seu Colégio em dois turnos, sendo que o do dia era composto apenas por humanos e o da noite apenas por vampiros, sendo Kaname Kuran o líder do dormitório. Eu reconheci o nome do rapaz instantaneamente, pois estava naquele livro sobre os Sangues-Puros, e eu fiquei admirada que ele estivesse disposto a ajudar Kaien em suas tentativas de provar que as duas raças podiam coexistir.

Mas de certa maneira, eu discordava de que a proposta apresentada por Kaien pudesse ser chamada de “coexistência”, afinal as duas espécies continuavam separadas e ninguém da Day Class podia sequer pensar em invadir o perímetro do dormitório da Night Class.

Era um domingo ensolarado, eu acordara de bom-humor, algo que eu não fazia desde os tempos que eu me lembrava, que se resumiam a sete dias.

Vesti minha saia azul pregada e uma blusa lilás, prendendo meu cabelo em um rabo-de-cavalo alto, a franja cobrindo minha testa. Havia me livrado da atadura, e onde estivera tanto sangue incrustado agora jazia uma fina linha avermelhada a cicatrizar.

Caminhei para fora do quarto e Zero saiu do seu no mesmo instante, sacudindo seu cabelo prateado e liso (e divino) com a mão. Ele usava uma camisa cinza de tecido leve e gola em V, revelando a pele pálida e a curva graciosa de sua clavícula, uma calça jeans escura e um tênis surrado. Ele parecia cansado, como se não tivesse dormido bem a noite inteira, as olheiras ao redor dos olhos estavam escuras, e o cansaço parecia estimular seu mau-humor.

Ele me olhou com desinteresse e quando eu sorri simpaticamente, ele revirou os olhos e caminhou para as escadas, me ignorando – mas precisaria muito mais que isso para acabar com meu dia.

Eu o segui cantarolando animadamente a música da Dona Aranha e pulando de degrau em degrau, fazendo barulho para ver se ajudava na minha missão de esquentar seu sangue frio.

Zero parou subitamente, e eu quase esbarrei nele. Ele me olhou por sobre os ombros, um olhar homicida que faria uma garota sã se encolher de medo, mas acho que eu não era muito sã.

– Você realmente tem que ser irritante esta manhã? – questionou.

– E você tem realmente que ser grosso? – rebati.

Ele não me respondeu, sequer pareceu me ouvir, continuou andando até chegar à cozinha, onde Kaien nos esperava lendo um jornal.

Zero se jogou em uma cadeira e começou a massagear as têmporas com os olhos fechados, parecendo que estava com uma baita dor de cabeça – ou irritado. Eu me sentei ao lado de Kaien e de frente para o albino, que se mantinha afastado e aparentemente alheio a tudo ao seu redor. Cumprimentei o loiro de óculos, servindo-me com um chá, pois recentemente descobri que eu odiava café, e coloquei um pedaço do bolo em meu pratinho.

– Booom diiiiiia, Hime! – cumprimentou Kaien, deixando o jornal de lado.

– Bom dia, Kaien – e sorri afetuosa.

No pouco tempo que estivera ali, havia criado uma enorme estima por aquele louco diretor de colégio; ele era simplesmente uma pessoa muito prestativa e simpática que havia me acolhido e estava me ajudando até que eu pudesse recuperar minha memória.

– Estava pensando ontem à noite... – ele disse, empolgado – Talvez você devesse voltar a estudar.

Zero riu amargamente ainda com os olhos fechados.

– Acho que ela não deve se lembrar como se soma e subtrai, então duvido que ela gostaria de retornar ao primário.

Lancei um olhar fulminante para ele, que nem pareceu notar, já que estava de olhos fechados, concentrado em suas têmporas.

– Eu lembro sim! – protestei exasperada – Só não consigo me lembrar da minha vida.

Bem, quando ele citou sobre as operações matemáticas, eu lembrei... Mas aquele albino mal-humorado não precisava saber disso.

Os olhos dele se abriram e ele se ocupou em se servir com tortinhas de morango e um café preto feito piche.

– Sabe, Hime, – falou sem me olhar – às vezes eu acho que você está apenas fingindo ter perdido a memória.

Ri com escárnio. Eu mesma não entendia minha amnésia. Eu podia recordar fatos e imagens do mundo, lembranças e detalhes de como as coisas funcionavam, e mesmo assim não me lembrava de nada sobre minhas origens, apenas que eu estava fugindo de alguma coisa.

– Para que? Apreciar sua presença doce e relaxante todas as manhãs?

Ele deu de ombros.

– Não sei. Esta é a minha maior dúvida. – apontou para mim com a faca prateada que ele cortava um pão. – E então, por que você ainda está aqui?

– Zero! – repreendeu Kaien – Não seja mal-educado.

– Nem sei por que você ainda tenta, Kaien, – provoquei – esta criatura é um caso perdido. Tão delicado quanto um touro insano.

Kaien recostou as costas na cadeira e suspirou, esgotado, esfregando a nuca.

– Então, o que você tem a dizer sobre a minha proposta? – desviou o assunto.

– Eu não sei meu sobrenome. – argumentei.

Do pouco que me lembrava sobre burocracia, ou talvez aquilo fosse apenas o que eu sabia, levando em conta que eu não gostava de política; para minha inscrição na Academia Cross ser legal era preciso, além de um sobrenome, meu histórico escolar, autorização de um responsável, certidão de nascimento...

– Já inventei uma história para resolver isto. – anunciou, muito empolgado novamente – Contarei que você é uma sobrinha distante que veio morar comigo; Hime Kurosu.

Zero, que remexia com muita atenção o café em sua xicara com uma colherzinha, inqueriu indiferente:

– Você tem mesmo que adotar qualquer criatura vivente necessitada?

Ignorei o comentário, ou melhor, ignorei sua existência naquele momento, não desejando gastar minha saliva com aquela criatura insolente.

– Mas ainda faltam documentos...

– Não se preocupe, – interrompeu-me – eu me certifico de arrumar todo o necessário. E entããããão? – olhinhos esperançosos.

Dei uma breve risada nasal, revirando os olhos.

– Está certo.

Kaien ergueu-se da cadeira subitamente com um punho erguido e exclamando um “iuuupii” – e eu achei estranha essa alegria apenas por eu concordar em estudar na Academia Cross.

– Fico muito contente! – voltou a se sentar.

– Percebi. – ri baixinho e beberiquei do chá.

O sorriso do diretor desvaneceu lentamente, e eu sabia que algo o preocupava naquele instante e ele queria me dizer; os lábios entreabrindo para falar, e logo após desistindo. Mantive-me quieta a esperar, comendo meu bolo de chocolate – que por sinal, estava delicioso... Deus abençoe Kaien e seus talentos culinários!

Arrisquei um olhar para Zero, em dúvida se ele iria intervir Kaien em sua tentativa de nos contar algo ou se continuaria a fingir que era uma ilha, e confirmando que seria a última. O albino mastigava as tortinhas pacientemente, o olhar distante, parecendo perdido em seus próprios pensamentos, alheio/indiferente a tudo que ocorria ao seu redor.

Aproveitei o instante para analisar seus traços frios e sérios, as linhas suaves de seu rosto marmóreo, frio e inexpressivo, e fiquei me questionando se suas atitudes tinham alguma razão profunda ou se aquilo era apenas Zero, sem qualquer justificativa que pudesse salvá-lo.

– Hime – chamou Kaien, atraindo minha atenção.

Minhas bochechas coraram suavemente quando voltei meu olhar para ele, percebendo que eu havia me distraído com as estranhezas de Zero. Do que importava se ele tinha motivos para ser tão rabugento? Devia estar preocupada com Kaien ter me visto fitando o filho tão descaradamente, e não...

– Gostaria que você fosse Guardiã do colégio...

Franzi o cenho, confusa, pois não fazia ideia do que aquilo significava.

Zero desviou sua atenção para o pai subitamente, parecendo incrédulo com as palavras que ouvira. Bem, aparentemente ele estava prestando atenção na conversa, sabia o que aquele título significava e não aprovava a ideia.

– Você não pode estar falando sério, Kaien...

– Estou falando muito sério. – voltou seus olhos dourados para mim – Desde que comecei meus projetos com a Night Class, as jovenzinhas deste colégio tem tido… dificuldade – um sorriso de divertimento apareceu em seus lábios – de se manterem distantes do dormitório. Preciso de alguém para se certificar que elas não ultrapassem os limites.

Meu queixo estava sobre o meu colo. Era impressão minha ou Kaien estava pedindo para ser monitora? E não qualquer monitora... Estive prestes a imitar a comemoração de Kaien ao imaginar a série de rapazes lindos e pálidos da Night Class que eu teria que manter as jovens distantes – todas, menos eu.

– Isso significa que eu poderia ultrapassar esse limite? – questionei, tentando conter minha animação.

Meu Deus, será que sou algum tipo de tiete de vampiros?

Kaien apenas assentiu, apreensivo.

– E por que eu? – quis saber.

– É, por que ela? – inqueriu Zero, desgostoso – Ela é tão treinada quanto às outras garotas.

Ignorei Zero, mais concentrada na resposta do diretor.

Eu tinha todos os motivos para morrer de medo daquelas criaturas, Kaien devia desconfiar que eu tivesse motivos para me sentir enojada e tudo mais – mesmo que eu estivesse muito longe disso. Talvez ele conseguisse enxergar além da minha aparência imparcial quando tratávamos do assunto, que tudo que eu tinha era uma curiosidade insana e ardente de ver por meus próprios olhos – vai que eu encontro um Lestat de Lioncourt! Nunca se sabe...

Minha mente começou a inventar situações inusitadas, como estar fazendo meu trabalho de manter as adolescentes enlouquecidas distantes enquanto os vampiros famosos que eu conhecia (eu sei, não lembro minha vida, mas lembro de vampiros famosos...), como os irmãos Salvatore e os Cullen passavam uniformizados para as suas salas – e o professor podia ser o Lestat e o Louis, tenho certeza que ia rolar muito yaoi entre esses dois pelos corredores para me matar de hemorragia nasal.

Fiquei imaginando o que eles deviam aprender em suas aulas, as matérias estudadas e poderia começar a rir se não fossem questionar minha sanidade.

– Por que ninguém seria melhor que você. – explicou calmamente, tirando-me de meus devaneios – Você conhece o segredo deles, Hime, então sabe a importância de seu trabalho.

Eu assenti, percebendo que fazia sentido.

– E então? – perguntou ansioso – Você aceita? – e fez um biquinho para me coagir.

Eu ri, revirando os olhos, e então balancei a cabeça afirmativamente, deixando Kaien em júbilo.

– Então você começa a estudar amanhã e a ser guardiã também. – avisou-me.

– Também vou ser guardião. – falou Zero casualmente, e apontou um dedo pra mim, sem me olhar – E você vai ficar do meu lado.

As palavras sobressaltaram a mim e ao diretor, fitando o albino com olhos esbugalhados, as sobrancelhas quase tocando o teto.

Não entendia a reação de Zero, mas eu devia parar de tentar encontrar razões para tudo o que ele fazia. Talvez não houvesse o que descobrir, e eu estivesse cansando meus neurônios por nada.

– Mas Zero... – Kaien começou a argumentar.

– Está decidido. – foi tudo que disse.

Kaien suspirou e então balançou a cabeça em resignação, mas dava para ver uma centelha de felicidade no fundo daqueles olhos pela atitude do albino, que parecia não notar. Eu não sabia o que havia de tão especial em Zero decidir se tornar Guardião também, afinal ele conhecia o segredo e era treinado, então podia ser fácil para ele conter as “jovenzinhas” – talvez até fosse para manter-se próximo a essas garotas.

Após comermos, eu segui para meu quarto para ler um dos livros comuns que eu havia pegado na biblioteca, chamado “As Vantagens de Ser Invisível”, e levei-o para a sala. Sentei-me confortavelmente no sofá, as pernas dobradas abaixo do meu corpo e pus-me a ler.

Podia ouvir Kaien cantando “YMCA” do Village People, e sentindo o cheiro de tempero – ele já estava fazendo o almoço.

Zero devia estar no seu quarto planejando ficar mal-humorado a tarde inteira e não desejando a companhia de ninguém.

Após algumas páginas, cheguei à conclusão que Charlie, o protagonista do livro, era um alguém estranho, ele via as coisas de um ângulo que eu sequer cogitara nestes dias... Mas não podia deixar de notar que sua perspectiva era plausível.

“[...] Eu via as pessoas de mãos dadas nos corredores e tentava entender como isso funciona. Nos bailes da escola, eu sento no fundo, fico tamborilando os dedos e imagino como muitos casais dançarão a ‘sua música’. Nos corredores, vejo as garotas vestindo as jaquetas dos rapazes e penso no conceito de propriedade. E me pergunto se alguém é realmente feliz. Espero que sejam. Realmente espero que sejam”.

Eu parei por um instante e fitei o teto, imersa em meus próprios questionamentos. Será que eu era feliz na minha vida esquecida? Poderia ter eu uma família que estaria preocupada comigo naquele instante? Ou eles poderiam ter morrido naquele ataque dos Nível-E? Sendo assim, foi melhor para mim esquece-los para evitar a dor? Fiquei imaginando os rostos naquele cubículo e me questionando se algum deles era um parente, e me senti mal por não sentir nada além de pena e enjoo.

Provavelmente eu os conhecia, cada um deles. Podiam ser vizinhos, amigos ou colegas; certamente alguns deles fizeram parte da minha vida, e infelizmente eu não me lembrava de nenhum deles, sequer um rosto familiar.

Voltei-me para o livro com um dar de ombros, muito absorta na estória que sequer previ o tabefe que acertou o livro em minhas mãos e o fez saltar para o meu rosto. Joguei-o para o lado e fulminei a figura pálida a me observar com indiferença, uma sombra de sorriso nos lábios.

– Qual o seu problema, criatura? – questionei, exasperada.

Zero suspirou, parecendo desconfortável, e esfregou a testa, bagunçando a frente do cabelo.

– Já que você vai se tornar Guardiã amanhã, talvez você deva aprender a se defender um pouco. – ele falou sem me olhar nos olhos.

Lutei para que o sorriso incrédulo e debochado não me repuxasse os lábios.

– Uau, Zero Kiryuu me fazendo uma gentileza? – não aguentei, tive que caçoar.

Seus olhos lilases se voltaram para mim, inexpressivos.

– Não irá considerar uma gentileza quando começarmos. – falou – Não vou pegar leve só porque você é uma garotinha magrela.

Foi como levar um maldito tabefe agora na bochecha. Meus olhos semicerraram com a indignação.

– Eu não sou magrela!

Na verdade, eu era magrela, sim, mas só EU tinha o direito de dizer isso.

Ele deu de ombros.

– Não me importo com seu tipo físico, Hime, só estou te fazendo uma proposta. Discordo plenamente de Kaien em escolher você como Guardiã, mas já que você é tão suicida a ponto de concordar com essa insanidade...

– Não sou suicida! – protestei – Só não vi perigo se o trabalho é afastar as menininhas dos morceguinhos... Quer dizer, não é como se os vampiros fossem me machucar... Certo?

Zero sacudiu a cabeça lentamente, seu olhar perscrutando meu rosto como se buscasse a fonte de minha estupidez.

– Você confia demais em Kaien e suas teorias pacifistas. Por que motivo Kaien iria querer que as alunas se mantivessem distantes do dormitório? É claro que eles podem machuca-la, Hime! Você não se lembra da aldeia de Lunier?

Balancei a cabeça lentamente, afirmando, enquanto Zero pulava as costas do sofá para se sentar ao meu lado.

– Mas aqueles eram os Nível-E... – argumentei – Quer dizer, aqui só existem os comuns e os nobres… e Sangues-Puros. E os últimos ajudam a manter a ordem.

Ele sacode a cabeça lentamente para os lados, como se me contatasse mais burra do que havia suposto que era – bem, mas eu não tinha culpa se não era muito informada.

– Os Nível-E não brotam do chão, Hime, – ele parece zangado agora – alguém os transforma.

Minha boca se abriu brevemente, surpresa, percebendo só naquele instante este detalhe tão óbvio.

– Tem razão... – minha cabeça tomba para o lado – Quem os transforma?

– Só um Sangue-Puro tem esse dom. – ele fala a voz parecendo mel derramando em brasa quente – Eles parecem tão confiáveis agora?

Meu coração falhou uma batida, minha mente, mostrando-se mais pessimista do que eu esperava, apresentando cenas horripilantes de minha futura carreira de guardiã – e ela não aparentava ser muito longa em minha imaginação.

– Certo, quando começamos?

Ele me fitou por um longo segundo, a expressão ilegível, e eu fiquei curiosa para saber o que se passava por trás daqueles orbes lilases.

– Me siga. – foi tudo que disse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entããão?? Quem está ansiosa pra ver esse treino com o LIN-DO do Zero levanta a mão o/
Tenho uma suuper certeza de que vcs vão gostar desse treino (eu sei, porque já escrevi kkk)
Então?? Mereço um review? Comentem!!! :3
Inté a próxima :3