Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 33
A bruxa




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Taan

Estava tudo acabado, em fim. A criatura com enormes asas de morcego e garras afiadas olhava para a cidade-mestra petrificada quilômetros abaixo dele. Aquilo se espalhava tão rapidamente que em menos de um dia o mundo inteiro estava petrificado e como um dominó ele precisou apenas derrubar uma peça para que tudo fosse abaixo. Os humanos tinham razão, a vingança era um prato para se comer frio. A espera de dezenas de anos valeu muito.

— Abra os olhos Tári Anaryeldë, veja o fim do seu povo e de seu mundo.

Mina entreabriu os olhos, mas aquele movimento doía tanto quando ter os ossos quebrados, conseguiu vislumbrar o mundo que tanto lutara para proteger. Seu povo era guerreiro, lutaram, mas não foram páreos para El-Lir. Estava tudo branco, ela sabia, podia sentir que não havia mais vida além da sua naquele mundo, tudo havia virado cristal branco e puro. Milhares de vida, milhões de histórias tudo acabado. Ela perdera, eles perderam.

— Eles vão matar você, El-Lir. Não importa o que me faça hoje, quando voltar para o mundo dos humanos, eles te matarão.

— Eles? Se refere ás crianças vampiros? – o homem riu sem humor – Podem me matar o quanto quiserem, voltarei a viver enquanto tiver o coração da bruxa. Eles a amam demais para machucá-la. Somos imortais, Lumina, minha esposa e eu viveremos por todo o sempre e eu destruirei tudo o que ficar no meu caminho, incluindo suas crianças vampiros.

— Te desejaria boa sorte com isso, mas não quero que minhas últimas palavras para você sejam mentiras.

Q’rey sorriu mostrando os dentes afiados antes de colar os lábios nos da rainha cuja vida fora absorvida por ele, e ela se desintegrou em cinzas.

Mystic Falls

— Klaus! – o hibrido freou o carro quase batendo contra o vampiro moreno que estava parado no meio da rua.

— Enlouqueceu foi? – o tom de Klaus soou tão irritado que Damon estranhou, o loiro de mau humor e sendo ameaçador não era novidade, mas aquele tom irritado era o mesmo que Stefan usava com ele quando fazia algo muito estúpido – O que quer? Entre logo não tenho tempo para perder com mais um idiota suicida.

— Preciso saber o que sabe sobre a Bonnie – informou Damon entrando no carro – Recebi péssimas noticias sobre a saúde dela.

Klaus bufou debochado, fazendo uma curva fechada em uma esquina.

— Péssimas noticias, ela está morrendo e não está nem ai para isso. Por que foi que não tirou ela desta cidade amaldiçoada? Devia tê-la levado para longe de vampiros e lobisomens e bruxas e magia.

Damon tentou não entrar em pânico, Klaus estava demonstrando toda aquela preocupação por sua Bonnie? Então a situação devia ser pior do que Enzo sugeriu que fosse.

— O quão grave é?

— Não sei, estou indo perguntar para meu irmão que se acha bruxo para saber o que ela está escondendo.

— Kol? Acha que ele sabe de alguma coisa?

— Se Bonnie não está me dizendo toda a verdade e está mentindo para você, então ela contou a verdade para alguém com quem ela não se importa em magoar ou que ela sabe que vai ajudá-la em troca de alguma coisa. E Kol está determinado em mantê-la viva por mais um dia.

Poucos segundos depois estavam no quarto onde Kol e uma bruxa de cabelos castanhos estava ocupados com raízes e ervas e trecos para um feitiço poderoso. O evidente desagrado de vê-los ali não passou despercebido por Damon que no momento estava preocupado demais para fazer troça do vampiro original preso no corpo de um bruxo sem muitos poderes.

— O que ela faz aqui? – perguntou Klaus apontando para Davina Claire.

— Veio me ajudar com os feitiços mais poderosos para ajudar nossa amiga Bennett e vocês o que fazem aqui?

— Queremos saber o que estão nos escondendo – disse Damon direto ao que lhe interessava – Sobre a Bonnie.

Kol fez um gesto de descaso com a mão enquanto voltava sua atenção para o feitiço que Davina fazia. Mas Klaus o segurou pelo braço mandando que respondesse a pergunta de Damon, para surpresa dos dois bruxos – principalmente o de Davina que até agora tinha ouvido apenas a versão de Kol sobre a relação da família Mikaelson com os Salvatore/Bennett/ e não esperava aquele tom ameaçador que Klaus usava apenas ao se referir á proteção da própria pele ou recentemente à filha, isso segundo Marcel. O namorado bufou irritado empurrando o irmão para longe e alisando a camisa preta, então se sentou na mesa ignorando o protesto da bruxa por causa de um frasco de âmbar-gris que caiu derramando o conteúdo e deixando ar impregnado pelo perfume almiscarado.

— O que vocês acham que estamos escondendo de vocês? – questionou Kol dando um sorriso afável.

— Sabemos que a Bonnie está morrendo – disse Klaus no mesmo tom ameno do irmão – E que seja lá o que vocês estão fazendo não é para matar Q’rey. Que acordo fez com ela para que esteja tão dedicado á mantê-la viva?

— Por que acha que fiz algum acordo com a Bonnie? Se você que já esteve entre os inimigos dela, se tornou amigo por que não posso estar a ajudando apenas por gentileza?

— Por que você não sou eu, não tem os meus motivos e por que com a Bonnie sempre há um plano B, nunca uma rota de fuga.

Kol riu.

— Ela me mostrou seus motivos para ajudá-la. Sempre e para sempre. Nem Marcel que foi criado como sendo da família, nem Hayley que é mãe de sua filha e nem eu que sou seu irmão fomos dignos de ser incluído nessa promessa, mas Bonnie Bennett. É claro, ela é mortal um juramento eterno não tem o mesmo valor para uma bruxa do que tenha para um vampiro. Ainda assim, por quê? Por que uma bruxa ganhou o direito de sua confiança. O que ela fez para se tornar de repente o alvo de tanta atenção? Então eu entendi, já vi você dedicar essa mesma atenção para uma jovem da nobreza há nove séculos quando ainda estávamos nos habituando a sermos monstros. Quando foi que se apaixonou pela bruxa Bennett, Nik?

Klaus fez-se de desentendido, e para a surpresa dos originais quem respondeu em um tom muito do irritado, foi Damon:

— Eles ficaram amigos em um lugar cujo céu está sempre nublado, se apaixonou por ela sem perceber e quando ela sacrificou o próprio coração para que ele pudesse voltar e salvar a família, foi que descobriu que amava a Bonnie. Agora conte logo qual o plano de vocês para salvar a minha bruxa.

Um silêncio tenso tomou conta do aposento. Três pares de olhos fitavam o vampiro moreno com evidente espanto, não apenas pela ênfase que ele usou ao declarar que Bonnie pertencia á ele, mas também por ser de seu conhecimento o inesperado sentimento de Klaus pela bruxa de olhos verdes. Mas ele estava tranquilo, sabia que Bonnie o amava, mesmo ela estando presa em algum feitiço hipnótico causado por Q’rey, assim como tinha certeza de que fosse o que fosse que Klaus pensava sentir pela bruxa não afetaria a relação deles. O híbrido estava disposto á ajudar e toda ajuda era mais do que bem vinda naquela situação. Kol pareceu conformado com a falta de detalhes, então buscou no bolso uma pequena caixinha preta de veludo e jogou para o irmão.

— Vai pedir alguém em casamento? – Klaus perguntou, olhando sorrateiro para Davina que reirou os olhos com impaciência.

Dentro da caixa tinha apenas um anel da luz do sol, nada de mais na opinião do loiro até que o irmão explicou:

— Quando eu pronunciar uma palavra encantada que Bonnie ainda não me disse qual é, voltarei para meu corpo original ao mesmo tempo em que Bonnie morrerá. E então poderemos matar o marido dela definitivamente. E depois trazê-la á vida de volta.

Damon olhou desconfiado para o bruxo.

— E o que mais?

— Não tem mais nada, só isso.

— Kol, conte para eles – murmurou Davina que parecia distraída com o celular.

— Bonnie já teve o corpo muito danificado por uso inadequado de magias diferentes e excesso de mortes. Ela não pode virar vampira por causa da cura, não posso colocá-la em outro corpo por que nenhum corpo sobreviveria mais que algumas horas se exposto ao poder que ela possui. Quando morrer toda magia será drenado do corpo de Bonnie junto com a memória.

— Vai apagar a memória dela?

— Se conseguirmos trazê-la de volta? Sim.

— Como ela pôde concordar com isso? Se esquecer de tudo.

— Não concordou. Na verdade ela não sabe que isso vai acontecer. Disse á Bonnie apenas que quando ela voltar talvez haja algumas mudanças na personalidade dela, ela ficou perturbada com a possibilidade de morrer de vez. A bruxa não precisa saber que vai esquecer do próprio nome.

Damon se aproximou de Kol e o ergueu pelo pescoço, deixando suas pernas pendendo no ar enquanto tentava sorver ar para os pulmões frágeis.

— Seja lá o que estiver fazendo com a Bonnie, parem. É melhor ela ficar bem.

O moreno foi jogado contra uma parede por Klaus. Damon se levantou, mas foi levado ao chão por um feitiço de Davina que falou impaciente.

— Kol me contou sobre essa sua namorada, a poderosa Bennett, com o histórico dela acha que ela vai preferir o que? Deixar de ser quem é ou deixar que o inimigo transforme tudo o que conhecem no inferno?

Damon levantou os olhos para a bruxa de cabelos castanhos, ela tinha razão. Bonnie se sacrificaria por qualquer coisa se achasse que era o certo, já havia sacrificado á memória uma vez para que ele vivesse, agora o faria novamente para que Mystic Falls não queimasse. Era a escolha dela, não importaria o que ele ou qualquer pessoa dissesse, não mudaria a decisão dela.

— Tem certeza que pode trazê-la de volta?

— Não – informou Kol, objetivo, tomando da mão de Klaus o anel de pedra azul com brasão da família – Quando ela morrer, toda a magia dela mesmo o que ela guardou em objetos mágicos serão absorvidos por isto. Bonnie desligou a conexão que Q’rey tinha com ela, então quando ela morrer ele se torna mortal. E quando vocês matarem ele eu devo usar o anel para trazê-la de volta e esse é o problema que temos no momento.

— Que seria?

— Humanos não voltam á viver sem consequências quando isso acontece por meio de magia. Um elo sobrenatural é sempre criado, ver gente morta, ouvir vozes, virar algum tipo de morto-vivo. E essa ligação pode coloca-lá em perigo.

Damon e Klaus trocaram um olhar, simplesmente não estavam entendendo nada. Davina revirou os olhos.

— Conhecem tantas bruxas e não sabem nada sobre a gente. A memória dela vai sumir quando ela morrer, quando a trazermos de volta ela deve permanecer sem as lembranças, um simples toque de realidade pode fazê-la entrar em colapso. Ela enlouquece, começa a se definhar e puft! Lembrança do passado é igual morte.

— Não podem fazer nada?

— O que acham que estamos fazendo com todos esses grimórios? Encontrar uma solução para isso é simplesmente impossível.

Damon se levantou e sem dizer nada, foi embora. Ele encontraria um modo de manter Bonnie viva quando tudo terminasse. Encontraria sim.

— O que é que não contaram?  - Klaus quis saber. 

— Bonnie vai reiniciar,  como um computador - Davina explicou - Ela está colocando as memórias em um objeto mágico, depois que voltar ela será como uma criança que terá que reaprender tudo é quando estiver pronta vai absorver as memórias com a magia. 

— É um  processo lento, ela pode passar bons anos se regenerando - Kol completou com maldade - Não queremos dar esperança para Damon, vai que quando a bruxa recuperar a memória ela perceba que o namorado é um idiota. 

Klaus sorriu. Quando Bonnie voltasse Damon poderia já estar morto.

...

Bonnie abriu os olhos focando o teto, ela estava morta. Sentiu o momento exato da morte dela e agora não tinha mais tempo. Ele estava voltando para ela, Q’rey tinha se livrado de sua maior inimiga e agora teria tempo para fazer sabe-se lá quais atrocidades contra os vampiros, os lobisomens, os bruxos e os humanos. Ela não tinha mais tempo.


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