Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 28
Damon




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Oito anos antes...

Ele estava confuso, completamente atordoado, se sentia imundo apenas por saber que por um segundo pensara naquilo, mas não podia evitar aqueles olhos verdes não lhe saiam da lembrança. E agora ele estava ali, parado na frente da escola esperando para vê-la, sabia que não devia fazer aquilo que devia ir embora, ele viera apenas ver a tumba onde Katharine estava aprisionada, não devia ficar perseguindo garotinhas pela cidade, entretanto, ainda que sua mente o recriminasse por suas ações ele era incapaz de parar, seu corpo não o obedecia, suas pernas o levavam para onde ela estava seus ouvidos procuravam pela voz dela quando ouvia vozes de garotas e seus olhos a caçavam por todos os lados que ia, na vã esperança de ver aqueles olhos verdes o fitando por um segundo á mais.

– Muito bem Damon, com tantas mulheres no mundo e você está obcecado por uma menina de 13 anos – disse a si mesmo com amargura.

Mas não adiantava se bater, xingar, embebedar. Ele agia contra a vontade, era como se estivesse enfeitiçado por aquela garota. Havia passado toda a noite de sábado do lado de fora de uma barraca protegendo a garota cujo nome ele ainda nem sabia, era um instinto de proteção que ele tivera apenas por seu irmão. No domingo fizera companhia á ela ainda em seu acampamento, ela confidenciara que era um desafio daquele jogo estúpido “verdade ou desafio”, ela tinha que passar vinte e quatro horas na floresta, ou seja, até o por do sol ela não podia ir para a cidade. Damon achou aquele desafio um pouco cruel, mas ela não tinha medo, não da floresta. Conversaram durante horas e por duas vezes ele tivera que se ausentar quando ouviu vozes dos amigos dela a caçando pela floresta, eles foram verificar se ela estava bem e se queria desistir do desafio, com certo orgulho e prazer ele a ouviu negando á desistir. Somente quando eles se separaram – ela fora para a casa da avó enquanto ele foi se alimentar – compreendeu que tinha algo especial naquela garota, algo que fazia seu lado mais obscuro se sentir iluminado.

Estava se perdendo nas lembranças dos poucos momentos que passou junto da “Garota da Floresta” quando ouviu a voz dela. A garota equilibrava os livros na cabeça enquanto ouvia a amiga e cabelos loiros tagarelando sobre um professor que devia sofrer de alguma “bizarrice masculina” que o deixava mais idiota que os outros homens, do lado oposto da loira vinha uma garota estranhamente familiar, talvez ele tivesse á visto pela cidade. De repente quem ele tanto queria ver se virou o encarando, estava á uma distancia considerável, era surpreendente que ela soubesse que ele estava exatamente naquele lugar, sorrindo ela se despediu das amigas e foi em sua direção.

– Olá Damon Salvatore, o que faz espiando os alunos?

– Não tem medo de saber que estou te espiando?

Ela sorriu. Damon percebeu o que tinha dito e fechou os olhos, nervoso. Mas o que era aquilo? Agora estava ficando nervoso por conversar com uma garota? Pior, uma criança?

– Tenho que ir para casa, me acompanha?

Damon sequer se deu ao trabalho de responder, a seguiu de boa vontade. A companhia daquela garota o acalmava, o deixava humano. Ela não falara nada até chegar próximo á casa de sua avó, então parou e o agradeceu pela companhia. Damon suspirou deixando um sorriso sincero refletir o que sentia, mas o que exatamente ele estava sentindo? Mais tarde naquele dia estava no Mystic Grill, queria manter sua cabeça ocupada já que não conseguia simplesmente ir embora, então a viu passando. Em um primeiro instante achou que estava comaçando a delirar, mas a curiosidade o fez ir verificar, reconheceu a garota de olhos verdes que caminha com as mãos nos bolsos do casaco, ela parou olhando para trás em sua direção, mas desta vez ele não se deixou ser visto, a morena entrou em uma casa cuja janela felizmente estava aberta, ele ouviu as vozes animadas e em seguida viu a xerife saindo e os mandando se comportar. Alguns minutos depois começaram a brincar de verdade ou consequência novamente, o vampiro descobriu o nome da “Garota da Floresta” por dedução, pelo menos aquilo compensava sua insanidade de ficar ouvindo jogos de crianças, depois de muitas verdades e desafios ele ouviu uma pergunta direcionada á Bonnie:

– Com quem foi se primeiro beijo. Verdade ou consequência? – morena escolheu consequência, então riram e vaiaram – Por favor, BonBon, todo mundo já te fez a mesma pergunta e você sempre escolhe desafio, só diga as iniciais.

– O jogo se chama verdade ou consequência, Elena, não vou mentir então escolho consequência.

O vampiro ouviu sussurros rápidos, então Elena a desafiou á ir pegar uma flor no cemitério naquele momento, ainda deu-lhe a escolha de dizer a verdade.

– Ir á escola vestida de garoto. Andar descalça o dia todo. Ficar na floresta sozinha e agora um cemitério? Vocês estão ficando sem criatividade – disse saindo da casa da xerife.

Damon revirou os olhos, Bonnie era corajosa demais ou sabia guardar seus segredos muito bem. Seguiu a garota até o cemitério onde ela pegou a flor de um tumulo e disse que já ia mandar alguém devolvê-la.

– Estou começando a sentir medo de sua presença, senhor Salvatore – disse quando passou próxima á ele – Me segue pela cidade toda e pensa que não o vejo.

– Como consegue me ver?

– Não sei, tem algo em você que me... chama. É estranho. Não sei explicar, mas acho que posso sentir sua presença. Sei quando não está por perto e quando me observa.

Ela cobriu a cabeça com o capuz escondendo o rosto, o vampiro sorriu aliviado, ele não era o único que se sentia estranhamente atraído, ainda que ela parecesse confusa com aquela sensação de necessidade que sentia em estar próxima dele – ou talvez fosse apenas ele que se sentisse assim e ela o sabia, simplesmente.

– Por que não respondeu a pergunta de sua amiga? Seria melhor que andar tudo isso para pegar uma flor qualquer.

– Não foi melhor por que farei com que ela venha até aqui sozinha devolver a flor, e por que... nunca beijei nenhum garoto.

Damon não disse nada, gostava de saber daquilo ou não? Quando estava chegando á casa da xerife ele segurou a mão da garota que o fitou confusa, disse:

– Posso te pedir uma coisa? – perguntou em voz baixa, ela assentiu – Me dá permissão para te beijar.

Ele ouviu o coração dela acelerar, os olhos verdes estavam arregalados e os lábios entreabertos. Ambos estavam surpresos, ela com o pedido e ele por pedir.

Damon abriu os olhos, ofegante com aquilo, antes achara que era algum sonho autoinduzido, mas agora tinha certeza, eram lembranças. Ele estava começando á se lembrar de coisas que lhe aconteceram em Mystic Falls quando ainda achava que Katharine estava presa na tumba, mas por que ele havia esquecido? Ele e Bonnie já se conheciam, mas por que não se lembravam? O que teria acontecido para que ambos perdessem lembranças de algo que lhe pareceu tão importante? O vampiro olhou janela a fora, a noite naquela cidade parecia nunca terminar.

Estava em Nova Orleans com Stefan e Enzo, foram Caroline e Bonnie que praticamente os expulsaram de Mystic Falls sobre pretexto de acompanharem Enzo na entrega da cura para Klaus, ele duvidava que o híbrido fosse usar aquilo para salvar alguém, mas a bruxa tinha certeza que Klaus não seria estúpido de desperdiçar aquela amostra de “poder”, se bem o conhecia ele matéria aquilo em segredo até que ser necessário usar, fosse com amigos ou fosse com os inimigos. Mas o principal motivo para mandarem eles para “um passeio” era distraí-los do luto. A morte de Elena havia afetados a todos, Matt estava focado em treinamentos e proteção dos humanos, Jô e Alaric voltaram para casa, arrasados com os acontecimentos em Mystic Falls, Tyler estava tentando manter Matt no mundo real, Caroline estava empenhada em manter Bonnie e os irmãos Salvatore bem, e Bonnie estava indiferente á tudo.

Ele estava preocupado com a namorada, ela não havia se permitido chorar pela perda de Elena, disse que lamentava, mas que tinha perdido antes daquilo acontecer, o monstro em que Elena se transformara quando desligou a humanidade não era sua amiga, era apenas uma marionete. Bonnie prometeu que ia espera-lo para tentarem recuperar o livro de Mina, depois planejariam a destruição de Q’rey e era essa a parte que ele temia, como matariam um imortal que sobrevive se alimentando de magia e fogo? Esse fora o seu motivo para ir á Nova Orleans, independente das vontades de Bonnie ele ia criar seus próprios planos para acabar com aquela criatura e para isso ele precisava conversar com o único imortal que conhecia que não queria o coração de sua amada. Ainda que o ciumes o corrompesse, ele faria o impossível para protegê-la.


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Notas finais do capítulo

Estava sem ideia, por isso foi tão chato!



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