Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 2
Não mexam com a desconhecida


Notas iniciais do capítulo

Até um dia qualquer e...
Boa Leitura



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Ela estava caminhando por um jardim enevoado, fazia frio e o farfalhar das árvores davam aquela sensação bizarra de estar sendo seguida, a cada passo que dava ela virava a cabeça em uma direção forçando a vista o máximo para ver qualquer coisa que não fosse aquela vegetação sombria. O vento hora ou outra mudava de direção soprando folhas secas para cima fazendo ela se virar rapidamente tentando distinguir um vulto humano, não que fosse se sentir segura na companhia de um desconhecido naquele lugar, fosse aquele lugar o que fosse.

A bruxa não conseguia reunir coragem para gritar, não sabia quem podia surgir das sombras, se é que tinha alguém ali. Aliás, onde era mesmo ali? Como ela tinha chegado naquele lugar? Seria um sonho? Não seria a primeira vez que ela sonhava com coisas que lhe pareciam reais demais para fazê-la sentir coisas como o frio que sentia naquele momento. Talvez fosse uma alucinação, ela já tivera alucinações e visões que a deixaram confusa até perceber o que estava acontecendo.

Mas ainda assim não ia se arriscar á gritar naquele lugar, os mortos podiam ouvi-la e caso estivesse novamente do outro lado não queria correr o risco que eles notassem sua presença.

– Isso aqui lá tem cara do mundo dos mortos?

Ela congelou diante daquela voz baixa, vibrante e de algum modo conhecida. Virou para trás com a mão preparada para um ataque, mas não tinha ninguém ali. Alguém riu e ela se virou mais uma vez, fosse quem fosse estava deixando-a irritada e nervosa.

– Q-quem está a-ai? – não perca a calma, se repreendeu mentalmente por ter gaguejado

– Ninguém que possa te fazer mal

Ela teve um sobressalto quando notou a voz incrivelmente perto. Se virou, mas não havia ninguém ali.

– Se acalme, já disse que não te farei mal. Respire e relaxe.

Não que ela achou que devesse ouvir o sussurro do vento ou o fantasma ou o cara das trevas ou o homem invisível ou quem seja que fosse o dono daquela voz, mas tinha que concordar que estava nervosa demais com aquela situação. Ficou parada tentando relaxar em vão, era difícil se acalmar quando estava em um lugar estranho com alguém que ela nem era capaz de ver. Agindo contra seu medo ela fechou os olhos, deixou todo o medo e insegurança se esvair, sentiu-se leve e tranquila como se sentia quando estava meditando ou se preparando para um feitiço poderoso.

Um tintilar incomodo e um cheiro forte e familiar interrompeu sua concentração, tentou ignorar, mas era difícil resistir aquele sensação de estar sendo observada.

Abriu os olhos.

Piscou um pouco erguendo o rosto que estava encostado no tampo frio da mesa. Havia adormecido enquanto estudava, de novo. Bocejou cobrindo a boca com a mão e esfregou os olhos com os nós dos dedos para espantar o cansaço.

– É melhor ir lavar o rosto

Ela se assustou cerrando a mão no peito – onde fica o coração – e suspirando profundamente antes de fitar as orbes azuis que pareciam sorrir.

Não.

Era Damon Salvatore, ele não estava sorrindo para ela, estava rindo dela. Sonolenta e confusa escorregou para fora do banco e foi para o banheiro feminino, preferia cair em uma banheira de água gelada, mas lavar o rosto serviria naquele momento.

Olhou-se no espelho acima da pia enquanto tentava se lembrar com que estivera sonhando, se lembrava de um jardim sombrio, da nevoa fria e de uma voz ronronante falando sobre relaxar, bem que ela gostaria de poder relaxar. Mas aquilo tinha virado apenas uma palavra inútil no dicionário desde que descobriu que era bruxa.

– Você precisa de férias – disse ao seu reflexo fechando os olhos mais uma vez.

Quando saiu do banheiro viu Stefan sentado com Damon. Revirou os olhos pensando quais as chances dela se tornar invisível e foi sentar-se ao lado de Stefan puxando os livros que estavam na mesa e colocando na bolsa. Tinha resolvido trocar o almoço pelos estudos naquele dia, e ao visto nem estudar ela seria capaz.

– O que querem agora? – perguntou azeda

– Hiii, alguém acordou com TPM hoje – disse Damon

– Se quiser acordar entre os vivos amanhã cale a boca – resmungou a bruxa se virando para Stefan – Então, o que quer comigo?

– Preciso que faça um feitiço de localização...

A atenção de Bonnie foi desviada para a garota ruiva que entrara no Grill. Bonnie se lembrava vagamente dela, tinha a procurado quando ela saiu do restaurante á uns quatro meses, mas não a encontrou. Ela havia tentado aquele feitiço de tempo algumas vezes sem sucesso e acabara se esquecendo completamente do que a levara a pensar em viagens no tempo. Até aquele exato momento.

– Acorda – Damon falou jogando um papel amassado na bruxa que o olhou distraída

– Disse algo? – perguntou

– Bonnie, você está bem? – Stefan a olhou preocupado

– Estou bem sim, só um pouco cansada – virou-se para a ruiva que agora remexia na mochila.

A ruiva piscou algumas vezes abrindo a mochila que carregava, pegou um livro e voltou a sua leitura interrompida uma semana antes por aquele vampiro chato, como era mesmo o nome dele? Nicolau? Ele era rápido, forte, esperto e um pouco autoconfiante demais, ia ter se livrado daquele outro que a seguia, mas preferiu sumir antes. Em sua opinião os vampiros eram metidos demais, sempre se colocando no caminho dos vivos e causando problemas. Mas se eles insistam em viver que o fizessem fora do seu caminho.

Sou imortal, não pode me matar.

Foi isso que o loiro disse antes dela arrancar fora o coração dele, observar sua cabeça rolando para longe do corpo que se consumia em chamas negras. Imortalidade, o termo errado para usar quando é existente, afinal para ser imortal ele precisou morrer antes.

– Por que estou pensando nisso? – murmurou voltando ao livro

Mal chegou ao fim da primeira linha e sua atenção foi chamada por aquela sensação incomoda de estar sendo observada. Deixou-se entrar em contato com todas as energias e sensações das pessoas no bar. Se fizesse um gráfico, tensão e desejo sexual ficariam empatados como maior parte da energia daquele lugar depois vinha insegurança, inveja, tédio e... ela se virou olhando direto para a garota que a olhava de modo distraído.

– Magia. Vrăjitoare – murmurou.

Por que não tinha sentido ela antes? Era capaz de sentir a energia dos vampiros com ela, dos que estavam espalhados pela cidade, dos lobisomens, das outras bruxas e até de objetos muitos antigos enterrados naquela cidade. Mas não sentia a bruxa, como se ela não estivesse ali. Fechou o livro e saiu.

– Sua amiga? – perguntou Damon olhando a ruiva saindo do Grill

Bonnie que tinha parado de olha-la tentado focar no que Stefan falava encarou o vampiro sem entender o que ele falava. Então acompanhou o olhar dele. A garota lançou um olhar intrigado á ela antes de atravessar a porta.

– Não, vi ela apenas uma vez. Á muito tempo.

Damon inclinou a cabeça. Deixou o copo e saiu. A ruiva estava andando com a atenção no livro, não tinha desligado sua visibilidade.

– Olá – disse Damon ao lado dela

– Não devo falar com os mortos – informou sem o olhar e sem diminuir o ritmo dos passos

Por um momento o vampiro ficou parado olhando a ruiva com ar de desacreditado, então se aproximou segurando o braço dela fazendo-a cambalear um pouco. No mesmo instante os cabelos dela se incendiaram e Damon caiu se contorcendo de dor e gritando.

– Solta ele – gritou alguém atrás dela socando-a com força o bastante para joga-la metros de distancia

Entretanto ela nem mesmo se moveu. Por sua vez quem a socou sentiu o impacto e gritou se curvando de dores na mão, como se seus ossos tivessem sido quebrado.

Dentro do Grill, todos ouviram os gritos e se colocaram em alertas. Ninguém se atreveu á sair imaginando ser ataque de algum vampiro ou lobisomem ou ambos. Stefan olhou para Bonnie e os dois saíram prontos para um possível ataque. Mas o que viram foi totalmente diferente, Elena gritando de dor e Damon caído.

– O que aconteceu? – perguntou Bonnie segurando a mão de Elena que sangrava e estava toda torta com alguns ossos á mostra.

Damon por sua vez tinha perdido a consciência, e Stefan o erguia nos braços. Os dois levaram o casal á mansão Salvatore. Bonnie usou um feitiço para ajudar Elena a se curar já que a vampira não estava conseguindo fazer aquilo sozinha. Quanto á Damon, o irmão resolveu o acordar jogando água em cima dele, funcionou.

– Seu filho da...

– O que aconteceu? – interrompeu o Salvatore mais jovem – Achamos você inconsciente e a Elena com os ossos para fora da mão.

– Foi aquela ruiva estranha. Sua amiguinha desconhecida, mesmo – disse acusador olhando para Bonnie que tinha se virado á menção da ruiva

– O que vocês fizeram para ela os atacarem? – defendeu Bonnie olhando de Damon para Elena e de volta para ele – Aposto que foi mexer com a estranha.

– O que fez com ela para ela te atacar? – perguntou Stefan á Damon

– Não fiz nada – respondeu ele com ar inocente – Fui me apresentar, os cabelos dela pegou fogo e de repente senti meus ossos querendo sair do meu corpo e apaguei.

– Fogo? – perguntaram Stefan e Bonnie

– Tentei ajudar o Damon – murmurou Elena olhando as mãos regeneradas – Mas ela nem se moveu quando bati nela, então senti muita dor e...

– Bem feito! – exclamou Bonnie de repente calando Elena com o susto – Isso é para que os dois aprendam a não mexer com estranhos. Da próxima vez tentem conversar sem tocar nas pessoas. Quem sabe quando não estaremos por perto para ajuda-los.

Pegou sua bolsa e saiu zangada. Sempre tinham que se meter em problemas. Sempre. Por que tinham que mexer com aquela garota que exalava magia? Magia antiga. Na porta se virou encarando o trio, séria:

– Não brinquem com a desconhecida.


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