Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 13
Jardim fantasma


Notas iniciais do capítulo

Olá
Este capitulo se passa no periodo de quatro dias em que Bonnie não deu sinal de vida.



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Bonnie ficou completamente atordoada ao perceber que estava sendo interrompida no meio do seu feitiço, aliás, Damon estava á beijando?

Abriu os olhos e para seu nervosismo não estava no chão da adega-porão dos Salvatore, então percebeu onde estava. O jardim fantasma. Tentou acordar várias vezes, até que se cansou e começou a chutar folhas no seu caminho.

Por que tinha ido parar ali? Ouviu uma risada abafada.

– Klaus? Você está ai?

– Estou, mas pode continuar o surto, está divertido.

– Eu preciso acordar. Estava fazendo um ritual importante. Não posso ficar aqui.

– Então acorde.

Não dava para fazer isso, todas as outras vezes ela era acordada por algum barulho ou por alguém que a chamava. Precisava terminar o ritual e devolver as habilidades de Damon. Mas como ia acordar? Nunca teve menor controle dos próprios sonhos.

– Algum problema Bonnie? – ela ouviu a voz de Klaus mais próxima

– Sim, eu não consigo acordar.

– Talvez tenha desmaiado.

Não, ela tinha certeza que não havia desmaiado, mas era uma possibilidade. Caminhou até o banco de pedra e sentou-se apoiando o queixo na mão e o cotovelo na mesa. Suspirou.

– O que aconteceu? Parece preocupada.

– Eu estava tentando devolver as habilidades vampirescas de Damon. Mas ele me interrompeu e vim parar aqui.

– Damon... você disse que ele estava virando humano. Um vampiro... Damon Salvatore

Bonnie sentou-se reta tirando a mão do queixo.

– Se lembra do Damon?

– Um pouco, Mystic Falls. Protegia a duplicata da Katharine. Katharine...

Klaus se lembrou de Katharine e por longos minutos distraiu Bonnie, enquanto falava sobre a vampira que ele perseguira por mais de quinhentos anos. Se lembrou então dos Salvatore, dos Gilbert e dos problemas que ele e seus irmãos causaram por longos dos anos enquanto buscavam pela duplicata Petrova. Uma enxurrada de lembranças lhe viera á mente á cada detalhe que se lembrava da sua perseguição á vampira e o porquê de querer tanto o sangue mágico das copias da Amara.

Quando ele terminou de falar, Bonnie sentia-se dolorida, como se tivesse passado dias sentados na mesma posição. Olhou para cima o céu nublado era o mesmo. Imutável. O tempo em que Klaus passou relembrando sua vida fora longo o bastante para que o dia se tornasse longo – mesmo Bonnie tendo certeza que o hibrido não havia dito o que se lembrava, a versão dele sobre tudo o que acontecera foi leve demais para o caos e destruição que ele causara. Mas preferiu não fazer perguntas, se ele queria guardar para si as lembranças mais sombrias que tinha, era melhor assim. Afinal, Bonnie Bennet também tinha monstros guardados em suas lembranças.

Ela se levantou alongando-se. Estava dolorida e cansada, como se tivesse passado a noite dançando e ainda quisesse dançar mais, mesmo sabendo que seus pés não aguentariam dar mais nem um passo.

– Vamos dar uma volta? – perguntou olhando ao redor – Nunca tive tempo para visitar este lugar.

Não esperou uma reposta de Klaus, apenas seguiu andando. Alguns metros de caminhada silenciosa, a voz do hibrido perguntou:

– E o que aconteceu exatamente com Damon? Achei que a única cura que existia era a que Katharine tomou.

– Não foi uma cura. Alguém enfeitiçou ele para que perdesse as habilidades de vampiro, agora ele é um vampiro sem as coisas legais, como supervelocidade, superaudição, superforça e outras coisas boas de ser vampiro.

– Ficou com a sede de sangue e a insolação – concluiu Klaus.

Bonnie concordou com a cabeça percebendo a mesa de pedra idêntica á outra mesa. Olhou em volta era exatamente igual até as folhas remexidas que ela havia chutado horas antes.

– Andamos em círculos?

Klaus afirmou intrigado e duvidoso. Seguiram outro direção e depois outra e outra diferente, todas as direções que usavam os levavam para o mesmo lugar, a mesa de pedra.

– Este lugar existe mesmo? – perguntou cética á si mesma.

– Que lugar é este? – Klaus se perguntou, Bonnie também queria saber.

...

Bonnie e Klaus estavam á horas em completo silêncio. Ela havia voltado á andar em todas as direções batendo nas árvores e gritando feitiços, mas realmente não havia saída, estavam presos em um lugar onde todas direções levava ao mesmo ponto. Era ao mesmo tempo muito irritante e muito curioso. Havia voltado a se sentar á mesa mais entediada que antes.

Por que ela estava ali? De repente ficou temerosa. Seria outra prisão-dimensional? Uma onde o tempo não passava nem por um segundo, sem noites e sem dias, apenas o céu cinza-escuro que nunca chovia. Pior, desta vez ela estava presa com um hibrido invisível.

– O que aconteceu agora? – ouviu a voz de Klaus á sua frente.

Bonnie indecisa lhe contou sobre a prisão 1994 onde viveu por meses com Damon, Kai e depois sozinha. Também acabou contando sobre como saiu daquela dimensão e o que aconteceu depois. Depois precisou voltar aos fatos e explicar o que aconteceu para que ela e Damon fossem parar em outra dimensão. Fez um resumo sobre os acontecimentos sinistros de sua vida como ancora e como havia se tornado âncora. Quando terminou percebeu que tudo ficava mais estranho e complicado quando se falava em voz alta.

– E eu pensando que minha vida de mil anos era cheia de aventuras – não que ele se lembrasse de tudo – Mas o que isso tudo tem haver com estarmos presos... hã. Entendi.

– Mas se isso é uma prisão por que você pode voltar? Talvez seja apenas uma dimensão na qual entramos quando estamos dormindo.

– Mas você está morto, Klaus, e eu não. Espero.

Ambos teorizaram sobre como haviam ido parar naquele estranho jardim e por que apenas os dois pareciam estar ali. Por mais um tempo falaram e falaram. Cada teoria que criavam para explicar o jardim fantasma os deixavam ainda mais desacreditados sobre o seu real motivo de existência. Então Bonnie percebeu que como humana ela não estava sentindo fome, nem sono e sem sede. O que era ainda mais confuso. Pois, depois de falar tanto ela deveria estar sentindo no mínimo sede.

...

– Este é o lugar mais chato que existe – concluiu Bonnie deitada sobre a mesa com os dois braços abertos – E nem chove.

– Eu gosto daqui, é calmo – disse a voz de Klaus distante.

Ela se levantou intrigada, normalmente se assustava com a voz dele ao seu lado. Ficou surpresa.

– Klaus?

Ele se virou para ela, estava sentado em um galho retorcido e seco de uma árvore. Estava entediado, também. Vestia jeans e jaqueta preta, parecia abatido e cansado, parecia estar saindo de uma briga na qual estava perdendo.

Bonnie se levantou e foi até ele com os olhos bem abertos. Estava o vendo. Depois de ter se acostumado com a ideia de que ele era um fantasma em sua cabeça, era estranho vê-lo. Embora que um pouco transparente, quase invisível.

– Algum problema?

Ela balançou a cabeça negativamente, estava começando a se irritar com o fato dele perguntar se havia um problema todo instante que ela estranhava ou percebia algo estranho.

– Estou te vendo – disse

– Me vendo? – Klaus se surpreendeu o bastante para cair da árvore e faz Bonnie rir

– Queria ter uma câmera para filmar esse momento desastrado de Niklaus Mikaelson.

Depois ele se irritar por ela estar rindo e dela parar de rir. Os dois comemoraram a novidade. Klaus não era mais invisível, embora não mudasse o fato dele estar morto e de ainda estarem naquele lugar, mas agora Bonnie podia ver com quem falava e isso era menos complicado e menos solitário.

– Por que pode me ver agora?

– Sei lá – respondeu ela depois de pensar na melhor resposta possível – Talvez seja por que estou aqui á tempo bastante. Mas isso não muda o fato de ainda estarmos aqui.

...

– Não se lembra de mais nada, ainda? – Bonnie perguntou desistindo de fazer algumas folhas pegar fogo.

Klaus que agora estava mais visível e deitado sobre algumas folhas que a bruxa tentava em vão fazer-se incendiar – ele ainda acreditava que ela estava tentando acordar, mas Bonnie tinha desistido de tentar e de repente queria apenas colocar fogo em Klaus.

O hibrido ia dizer não, mas se deu conta que se lembrava. Lembrava de coisas que não sabia cinco minutos antes quando Bonnie lhe perguntara pela trigésima vez se ele não lembrava de nada. Se sentou, alerta.

– A Hope estava em perigo – disse

Niklaus não conseguira se lembrar de mais nada que não estivesse diretamente ligado á Katharine. Bonnie já estava cheia de ouvi-lo falar sobre as copias de Elena. Katharine e Tatia pareciam uma estranha obcessão do hibrido. Então ela se arriscou em falar de Caroline e se arrependeu disso. Por horas ela teve que falar sobre a vida de Caroline, pois dela sim o Klaus se lembrava e muito bem. Outra obcessão, concluiu Bonnie.

– Quem é Hope, mesmo? – Bonnie perguntou

– Minha filha – sussurrou ele – Hope. O nome dela é Hope.

Isso sim interessava á Bonnie, ela se inclinou para frente mantendo-se atenta á cada palavra dita.

– Sua filha com quem? Como ela é?

Klaus fechou os olhos tentando focalizar o rosto da mãe da sua filha, respondeu surpreso com a facilidade com que a lembrança lhe veio:

– Hayley – então ele lhe contou a lembrança mais recente que tinha sobre sua filha – Dahlia veio atrás da Hope. Precisávamos protegê-la.

– Desculpe – Bonnie o interrompeu novamente – Dália é quem mesmo?

– Dahlia é minha tia morta á mais de mil anos. Irmã de Ester. Ela havia feito um pacto para que Ester tivesse filhos e a condição era que o primogênito de cada geração dos descendentes Mikaelson fosse entregue em pagamento. Minha irmã Freya, a mais velha, fora levada antes de meu nascimento. Por mil anos nenhum dos filhos de minha mãe se reproduziu devido á maldição dos vampiros. Mas eu não sou apenas vampiro.

Bonnie se ajeitou no chão, finalmente estavam tendo uma conversa importante. Em alguns pontos da história Klaus ficava em silêncio tentando recordar algum detalhe, mas então desistia ou apenas preferia guardar para si. Mas logo ele continuava:

– Ester havia tentado impedir o nascimento da Hope, para que Dahlia não retornasse. Mas a enganamos, simulamos a perda da Hope e por um longo tempo tivemos sucesso. Então algo aconteceu e a sobrevivência da Hope não era mais segredo. Dahlia voltou dos mortos e escondemos a Hope. Mas não funcionou, ela ergueu os mortos contra nós, todos que cruzavam o caminho dela ou tentavam proteger a Hope se voltavam contra nós e em pouco tempo Nova Orleans era um inferno de sangue, lobos, vampiros, bruxas e fantasmas.

“Havia poucos que não estavam tentando matar a Hope e esses poucos não sobreviveram por tempo bastante. Hayley, Jackson e seus lobos estavam tentando tirar a Hope da cidade enquanto nós mantínhamos Dahlia ocupada. Mas eles foram atacados por Finn e alguns traidores que se aliaram a ele e nossa tia. Uma bruxa os salvou. De algum modo ela havia deixado a matilha da Hayley invisível e intocável”.

Klaus ficou em silêncio que deixou Bonnie impaciente. Então voltou a lembrar o que queria, e disse:

– Ela havia aparecido na cidade algumas semanas antes, procurava por algo no pântano. Causou problemas na cidade fazendo perguntas sobre coisas que não deviam serem remexidas. Era uma bruxa poderosa e estranha. Ninguém podia tocar nela sem sofrer dores insuportáveis. Eu queria essa proteção para a Hope, fui atrás dela. Não foi difícil acha-la, ela estava cavando no pântano quando á achei. Ela disse que não me ajudaria por que não se envolvia nos assuntos dos mortos, mas ia ajudar a Hope. Ela protegeria minha filha, ninguém que pudesse ou quisesse lhe fazer mal seria capaz de toca-la, vê-la, senti-la ou acha-la. Seria. Mas custaria caro. Eu disse que pagaria o que ela quisesse. Então ela estendeu a mão quando apertei a mão ela os cabelos ruivos dela pegaram fogo e não consegui me soltar e de repente estava aqui e você apareceu andando pensando se tinha voltado ao mundo dos mortos. O resto já sabe. Sem lembranças.

Bonnie olhou intrigada. Em teoria Klaus estava morto muito tempo antes ela ter entrado naquele lugar como ele podia ter morrido e ido parar ali. Pior. Uma bruxa ruiva intocável cujos cabelos pegavam fogo só existia uma:

– Essa bruxa por acaso se chamava Mina?

Klaus pensou um pouco.

– Não me lembro.

– Olhos verdes estranhos e um modo de falar indiferente?

Ele assentiu.

– Mina.

– Conhece essa bruxa?

– Um pouco e do pouco que a conheço informo que você está realmente morto.

– Mas a Hope está segura? Alias o que foi que ela fez, que lugar é este?

– Não sei que lugar é este. Hope provavelmente está segura e o feitiço que ela fez é um contrato. Não muito diferente do pacto que Ester fez com essa Dália. A diferença é que em vez de matar uma criança á cada geração, Mina apenas te matou.

Klaus se sentiu aliviado, como se estivesse aguardando aquela afirmação por muitos anos. Mas algo na expressão de Bonnie o intrigou:

– Algum outro problema?

Bonnie mordeu o interior da bochecha para não xingar Klaus e sua pergunta irritante: algum problema?Se controlou e respondeu:

– Mina não gosta de vampiros. Mas não é ela o problema. É o que você fez.

– Protegi a Hope.

– A que preço?

Klaus abriu os braços

– Ficar neste jardim, morto no mundo real e tendo sua companhia, embora eu preferisse um livro.

Agora sim ele estava lembrando á Bonnie o antigo Klaus. Ela se levantou:

– Eu estou falando das pessoas lá fora, no mundo real. Quando apertou a mão de Mina assinou um contrato perpetuo.

– Eu morro e Hope vive – Klaus também se levantou – Não é tão ruim, vivi por centenas de anos. Fico satisfeito se a Hope tiver uma vida de lobisomem longa e tranquila ao lado da mãe e dos tios.

– Não Klaus. A vida dela será terrível...

O hibrido encarou a bruxa.

–... Quando Dália perceber que não pode fazer nada contra a Hope ela vai se voltar contra todos os outros. Condenou sua filha á uma vida onde a família será caçada até serem exterminados, uma vida onde não poderá ter um amigo sem que esse pague pelo Contrato que você fez, Hope vai ter que viver isolada para sempre e era sorte se não enlouquecer com o fato de que uma tia morta á um século destruiu tudo apenas por que não é capaz de mata-la.

Klaus ficou em silêncio observando Bonnie que se afastou. Ela desapareceu entre as árvores. Depois de pensar muito, ele foi atrás dela. Era estranho ter que concordar com a bruxa, mas ela estava certa. Ninguém que pudesse ou quisesse lhe fazer mal seria capaz de toca-la, vê-la, senti-la ou acha-la, isso não impediria que as pessoas á quem Hope amava ou que a amassem não sofressem a fúria da Dahlia.

Bonnie estava sentada em posição de flor de lótus, tentava acordar e sair daquele jardim. Klaus se aproximou e sentou-se diante dela. Sem abrir os olhos Bonnie perguntou irritante:

– Algum problema, Klaus?

– Estive pensando. Á alguma chance de desfazer o pacto que fiz com a bruxa?

– Não foi um pacto, um pacto é irreversível. Ela fez um contrato. E não sei se pode ser desfeito.

– Não sabe ou não quer dizer?

Bonnie sorriu.

– Não fui eu quem fiz o contrato, Klaus, apenas quem fez pode desfazer e considerando que Mina acha que os vampiros são parasitas e que devem ser exterminados, duvido muito que ela desfaça o contrato. Fora que pode existir clausuras que impeçam seu retorno a vida sem consequências.

– Não me lembro de nenhuma clausura...

– Assim como não se lembrava do próprio nome quando veio parar aqui.

– Eu sei, mas pode quebrar um contrato, não pode?

Bonnie riu

– Um contrato mágico? Vejamos, ela podia ter simplesmente te matado sem lhe dever nada, mas ela prometeu a proteção de sua filha. Há uma bruxa renascida dos mortos que está tentando matar a Hope. Você volta a viver, o contrato é quebrado e o que acontece com sua filhinha?

Ela abriu os olhos novamente, estava se divertindo com aquela versão confusa de Klaus. Sem a maldade, a obcessão, o perigo, a autoconfiança e petulância exalando de sua pessoa até que ele era uma boa companhia. Disse:

– Se eu conseguir acordar vou tentar conversar com ela e perguntar sobre esse contrato.

Klaus sorriu parecendo menos preocupado.

– Só espero que seus irmãos não consigam te ressuscitar antes que eu fale com ela. Sei que tentaram sem sucesso.

Klaus concordou. Bonnie voltou a tentar acordar, mas não conseguiu.

– Tente dormir – Klaus sugeriu – Talvez se dormir aqui acorde lá.

– Não sinto sono

– Quer que eu cante?

Bonnie o olhou, uma pancada na cabeça dele o traria de volta ao que era?

– Olá teimosa - ela ouviu a voz de Enzo - Eu disse que não devia ser tão boazinha o tempo todo. Agora está ai, por causa daquela dupla de patetas...

Enzo estava falando com ela, mas Bonnie não foi capaz de responder. Era como se estivesse atrás de uma porta que não era capaz de abrir.


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Notas finais do capítulo

Explicarei essa personalidade estranha do Klaus em breve



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