Abriu os olhos, olhou em volta. Estava no seu quarto, Elena estava sentada ao seu lado.

– O que aconteceu? – perguntou

Teve sua resposta alguns minutos depois quando Elena parou de abraça-lo e beija-lo dizendo o quando tinha ficado preocupada e angustiada achando que o perderia mais uma vez.

– E a Bonnie? Ela está bem?

– Não sei – respondeu Elena – Aquela bruxa louca de cabelos laranja não me deixou ficar com ela, então vim ficar do seu lado.

Mina havia ameaçado transformar Elena em um morcego banguela se ela continuasse chorando e pedindo desculpas á Bonnie por ter insistido para ela tentar recuperar os poderes de Damon. Elena se sentiu ofendida e ameaçou a bruxa que lhe causou um aneurisma, fora Stefan quem pediu que Elena se retirasse da sala onde Mina tentava ajudar Bonnie.

Damon desceu para onde estavam todos reunidos, ignorando os protestos de Elena que achava que o namorado devia ficar em repouso por mais tempo. Caroline falava ao celular, Stefan conversava com Mina e Enzo estava sentado olhando Bonnie inconsciente.

– É estranho ouvir o coração dela bater e saber que ela está morta – Enzo comentou.

– Ela não está morta – grunhiu Caroline desligando o celular – Vão mandar uma ambulância, terei que hipnotizar alguns médicos e enfermeiros para não fazerem perguntas.

– Ambulância? O que aconteceu com a Bonnie? – perguntou Elena

– Morte encefálica.

Damon olhou para Caroline que encarava Bonnie com a testa enrugada, como fazia sempre que estava pensando em algo realmente complicado.

– Como assim morte encefálica?

– Quer dizer que o cérebro dela parou de funcionar – explicou Elena ao seu lado – Está em coma.

– Por quanto tempo uma pessoa pode ficar em coma? – Caroline perguntou á Elena.

– Dias, meses, anos. Ela pode nunca mais acordar.

– Ou pode acordar amanha – concluiu a vampira loira.

– Caroline, isso é quase impossível de se acontecer. São muitos raros os casos de alguém que se recupera de morte cerebral.

– Só por que a Mina não conseguiu acordar a Bonnie não significa que ela esteja morta. Talvez só tenha ido para outra dimensão, como nos sonhos. Deve ter alguma explicação que os médicos e as bruxas não conheçam ainda. Alguém já deve ter pesquisado isso e escrito um livro...

Caroline começou a falar sobre livros de psicologia e sobre os mistérios da mente humana. Em resumo ela ia devorar livros e mais livros até achar um modo de acordar a Bonnie.

– Eu iria sugerir que achasse um príncipe encantado – disse Mina voltando para pegar sua bolsa que estava sobre a mesa de centro – Mas o ultimo que conheci teve o coração devorado pela bruxa má. Não devia ter interrompido o feitiço, vampiro.

Damon desviou o olhar para Bonnie.

– Você interrompeu o feitiço da Bonnie? Por que fez isso, Damon? – questionou Elena ficando frente a frente com Damon

– Por que a bruxinha estava morrendo – respondeu ele calmo

– O que? Damon, podíamos trazer a Bonnie do outro lado caso ela morresse. Agora ela está em coma e você ainda não tem seus poderes.

– Acontece Elena que não existe mais o outro lado sobrenatural para podermos tirar a Bonnie. E se não fossem capaz de trazê-la do mundo dos mortos?

– É mais agora você ainda é meio-vampiro e não temos uma bruxa para fazer o feitiço.

– Uma bruxa? – Damon olhou para a namorada, irritado – Elena, a Bonnie é uma chata tagarela irritante, mas é a Bonnie. Não um livro de magia ambulante, não uma varinha mágica e muito menos nossa bruxa de estimação invulnerável com poder ilimitado. É a Bonnie.

Ele virou-se saindo da mansão.

– Essa eu não entendi – comentou Enzo olhando questionador para Caroline e Stefan que também não haviam entendido a reação de Damon.

– Até um dia, Bonnie – Mina se despediu da bruxa humana saindo da mansão.

Ela ouvia ainda o carro de Damon se distanciando, ouvia Elena choramingando por Bonnie e Stefan consolando a cunhada-vampira. Não fora muito longe antes de sentir uma corrente elétrica percorrer seu corpo, se curvou fraca e com dores quase insuportáveis pelo corpo todo, como alguém que é eletrocutado. Sentiu as pernas vacilarem e caiu de joelhos.

Alguém riu. Então ele se tornou visível. Q’rey se aproximou dela com as mãos nos bolsos da jaqueta. Parou ao lado dela enquanto Mina se debatia eletrocutada pelas fortes ondas de energia que ele emanava. Ela teria gritado por socorro, mas sabia que ninguém ouviria.

– Él-Lir

– Sério, Lumina, tanto tempo sem me ver e a primeira coisa que me diz é meu nome? Você já foi mais criativa.

Mina se colocou em pé cambaleante, mas antes que erguesse a cabeça outra onda forte de energia tomou conta do seu corpo e ela caiu novamente. Q’rey se agachou ao lado dela e pausou a mão centímetros do peito dela.

– Me diga. Onde escondeu meu coração?

– În flăcări – ela murmurou

Q’rey fechou a mão e ela se contorceu sentindo o coração sendo apertando por garras cruéis.

– Não tente usar sua bruxaria contra mim, criança, ainda sou mais forte e mais poderoso que toda sua maldita raça. Onde está meu coração.

– Destruí – ela gritou novamente com outro aperto

– Mentirosa. Eu pensei muito desde nosso ultimo encontro, Lumina, se você realmente tivesse destruído meu coração teria me matado, mas você nem mesmo tentou, apenas fugiu. Então pare de lutar e me diga, onde está meu coração.

– În flăcări – arriscou ela mais uma vez, nada aconteceu.

Q’rey inspirou, sentia-se fraco. Talvez fosse apenas parte da maldição de se usar magia do livro da luz contra uma descendente da luz. Depois ele encontraria uma saída para essa fraqueza que sentia sempre que começava matar a ruiva.

– Intrigante. Eu te procurei pela cidade toda quando achei seu rastro e veja só onde é que fui te encontrar, na casa dos mortos-vivos. Resolveu se aliar á essas criaturas agora, Lumina?

Ela virou o rosto para o lado e se concentrando nas chamas.

– Ah! Uma pena, não é? A rainha dos elfos não tem menor influencia na natureza quando não está em contato com seu precioso sol, a noite é uma aliada poderosa daqueles que vivem da escuridão. Seja inteligente, me diga onde está meu coração e eu te liberto de uma morte lenta e dolorosa.

– Para quê? Matar meu povo e condenar os mortais á um inferno onde você impera? Nunca.

Ela gritou novamente sentindo o coração se apertar mais.

– Onde está meu coração?

– În flăcări – gritou ela se incendiando e desaparecendo nas cinzas.

Q’rey inspirou zangado. Se levantou olhando para a mansão, podia incendiar a casa e matar todos eles, afinal Mina já tinha o visto agora e não ia o deixar em paz, por outro lado se os matasse... Ele ainda precisava de Bonnie e ela infelizmente era amiga dos vampiros, precisava que ela se apaixonasse por ele e não que tivesse medo. Aborrecido ele desapareceu em chamas, agora tinha que recuperar o seu coração, matar Mina, se casar com a bruxa humana e então começar a viver sua eternidade.

Quatro dias depois...

Damon pegou outro livro sobre neurologia, já tinha lido quase todos os livros que Caroline conseguira achar sobre funcionamento cerebral e não achou nenhum que fosse útil, não que ele esperasse que a Bonnie saísse do coma.

“Eu disse que não devia ser tão boazinha o tempo todo” – ouviu Enzo dizendo

– Como se alguém tivesse perguntado algo – Damon respondeu se virando, mas não havia ninguém atrás dele – Enzo? Tem alguém ai?

O vampiro procurou pelo amigo na sala, na adega, na cozinha e depois de achar que estava ouvindo coisas voltou para a biblioteca. Nos últimos quatro dias ele e Elena estavam enfrentando uma crise – mais uma – devido á situação da Bonnie, enquanto Elena achava que a amiga nunca mais ia acordar e que estavam alimentando esperança a toa, ele e Caroline se agarravam aos livros como se fossem boias salva-vidas e que iam achar um modo de despertar a morena.

“Não que eu vá sentir sua falta”

– Ok, Enzo, é melhor parar de brincar com minha paciência. Onde está?

Damon procurou por Enzo novamente. Começou a planejar uma longa tortura á Enzo quando o achasse, então ouviu a voz do outro novamente em sua mente:

“Adeus, Bonnie Bennett”

– Bonnie?

Damon parou na porta e fez a volta, subiu a escada correndo. Quando o médico e enfermeiros chegaram para levarem a Bonnie para o hospital, Damon pediu para que deixassem a bruxa na casa deles.

– O que está fazendo aqui? – perguntou ele á Enzo que fechava a porta do quarto de hospedes onde Bonnie estava

Antes que Enzo respondesse, Damon já estava analisando os aparelhos. O coração de Bonnie pulsava no mesmo ritmo de antes, os aparelhos de respiração estavam como das ultimas cinquenta vezes que ele olhara e todo parecia normal. Atrás dele Enzo pigarreou.

– O que estava fazendo aqui? – perguntou em tom acusador

– Vim me despedir da bruxa, o que acha que vim fazer aqui? Matá-la?

Damon olhou desconfiado para o amigo.

– Se despedir? Vai para onde?

– Eu lugar nenhum – Enzo fez uma careta e perguntou – Você não sabe?

– Sei o que?

– Estava no Grill quando ouvi Matt e o lobisomem combinando de virem se despedir da Bonnie hoje, por que a Elena os informou que iam desligar os aparelhos da Bonnie.

– Quem disse que vão fazer isso? Ninguém me disse nada sobre desligar os aparelhos.

– Hum, então sua garota resolveu desligar a bruxa sem informar a ninguém. Quando estava dando adeus á ela notei que não havia nenhuma cachinhos dourados raivosa tagarelando sobre ninguém estar tentando matar de vez a amiga.

Damon ignorou a parte que Enzo praticamente disse que a Elena havia decidido matar a Bonnie. Por mais estranha que Elena estava se comportando nos últimos quatro dias, desde que Bonnie entrou em coma, ela nunca faria mal contra a bruxa, não Elena.

– Deve ter ouvido errado – disse – Elena nunca desligaria as maquinas que mantém a bruxinha viva, talvez vão apenas manda-la para o hospital.

Enzo resmungou que Damon era um babaca cego e se aproximou de Bonnie, segurou o pulso dela, mais por intuito que para saber se tinha pulsação, já que ele ouvia o coração dela batendo.

– Não ouvi errado coisa alguma, Elena realmente pretende desligar as maquinas então é melhor dar adeus á bruxa.

Ele olhou para Damon que estava olhando para seu próprio pulso de modo intrigado.

– Perdeu o relógio? – provocou Enzo

– Isso foi muito estranho – Damon falou para si mesmo se virando em seguida para Enzo – Por acaso disse á Bonnie, não que eu vá sentir sua falta?

Enzo franziu o cenho.

– Ouviu o que eu disse á ela?

– Mais ou menos – respondeu cutucando a perna de Bonnie – Senti quando segurou o pulso dela e ouvi sua voz lá de baixo, como se estivesse falando comigo.

– Reflexo dos poderes voltando?

Damon negou com a cabeça.

– Bonnie disse que ia se ligar a mim antes de entrar na minha mente, acho que ela não interrompeu a ligação.

– Que ligação? – perguntou Stefan entrando no quarto

– Acho que Bonnie ainda está ligada á...

Damon começou a rir sentindo o pé formigando. Enzo estava fazendo cócegas no pé de Bonnie.

– Com certeza ainda estão ligados – concluiu ele parando as cócegas – Boa noticia, a mente da Bonnie está ligada á sua. Má noticia, sua namorada vai desligar a vida dela e você vai junto.

Damon encarou o amigo e se voltou para o irmão.

– Precisamos achar a Mina – concluiu Stefan dando voz ao pensamento de Damon.

– Enquanto isso Enzo fica aqui e não deixa ninguém colocar um dedo na bruxa.

– Você é meio-vampiro – contradisse – Posso achar a ruivinha mais rápido que você naquele carro velho.

– É clássico e eu vou atrás da ruiva.

Meia hora depois Enzo já tinha bebido, comido, dormido, remexido na casa toda dos Salvatore e ainda não havia nem sinal de onde a ruiva estava. Ligou para Damon de novo. Fazia isso a cada dez minutos e o Salvatore já tinha perdido a paciência com o amigo. Já tinham procurado em todos os lugares, ligado para todos na cidade e perguntado para todos que não usavam verbena, mas ninguém havia visto nenhuma ruiva de olhos verdes com roupas marrons pela cidade nos últimos quatro dias. Ela havia realmente desaparecido.

Enzo ouviu um carro se aproximar da mansão e foi abrir a porta. Eram Elena e um médico.

– Viemos para desligar os aparelhos – começou ela – Damon e o Stefan estão?

– Não e o doutor pode voltar de onde veio. Não vão desligar ninguém hoje.

– Saia da frente, Enzo.

Elena empurrou o vampiro.

– Calma aí. Damon e Bonnie ainda estão ligados e se ela morrer ele também morre.

Elena parou. Olhou para Enzo e deu de ombros.

– Venha doutor Turner, o quarto dela é por aqui.

Enzo usou sua velocidade e quebrou o pescoço da Elena. Depois se virou para o médico e mandou-o ir embora usando hipnose. Arrastou a vampira até o sofá e deixou-a ali. Ia voltar para o quarto da bruxa quando o celular de Elena tocou, era Caroline. O vampiro hesitou, mas atendeu.

“Até que fim, onde você está?” – perguntou Caroline

– Na sala da mansão Salvatore – respondeu o vampiro

“O que está fazendo com o celular da Elena? O que fez á ela? Se tiver a machucado eu te mato”

– As mesmas ameaças de sempre – disse ele bocejando – Vai me deixar explicar ou vai continuar fazendo ameaças e acusações?

Caroline ficou em silêncio.

– Melhor assim. Damon e Bonnie ainda estão ligados de alguma forma e a Elena quer desligar os aparelhos que mantém a bruxa viva, eu estou impedindo que ela faça isso enquanto os Salvatore procuram pela ruiva sinistra.

“Elena quer matar a Bonnie? Vou para ai” – Caroline desligou o celular antes que Enzo pudesse dizer mais alguma coisa.

...

Era noite quando Damon e Stefan voltaram para casa, procuraram por toda Mystic Falls e não havia nem sinal da ruiva, era como se ela tivesse desaparecido da noite para o dia, quatro noites atrás. Caroline, Elena, Enzo, Matt, Tyler, Liv e Luke estavam reunidos na sala da mansão.

– Quem morreu? – perguntou Damon por um segundo tão descontraído que se esqueceu do estado da bruxa, então – Cadê a Bonnie?

– Ainda lá em cima, em coma – respondeu Caroline

– O que os gêmeos inúteis fazem aqui?

– Eu os chamei – continuou a vampira loira – São bruxos e podem tentar alguma coisa para ajudar a Bonnie.

– Ótimo, comecem então desfazendo a ligação que ela fez comigo.

– Nem pensar. A Elena quase matou a Bonnie hoje e se ela não quiser que você morra terá que deixar a Bon se recuperar. Então vocês vão continuar ligados.

– Essa escolha não é sua, Car, o Damon não pode ficar ligado á Bonnie que está morta.

– A escolha disso também não é sua Elena. Você ia desligar a Bon sem nem mesmo nos consultar. Ela tem mãe sabia? Então quem decide se a nossa amiga vive ou não é a Abby e não você.

– Não diria isso se soubesse a verdade sobre o que aconteceu com a xeri...

Enzo se levantou rapidamente e quebrou o pescoço de Elena mais uma vez. Se virou para Damon com um olhar de “o que foi?” e disse:

– Essa discussão já estava chata antes de começar. Então, loirinha, o que dizia sobre fazer uma ponte de bruxos entre a mente de Damon e da Bonnie?

Caroline explicou á Damon e Stefan sobre como Liv e Luke iriam se conectar a mente dele e procurar por vestígios da Bonnie e quando a encontrassem iriam tentar refazer a ligação mental entre ela e o corpo novamente. Damon protestou contra a ideia de ter dois bruxos fuçando a mente dele á procura de Bonnie, o que significava provavelmente que iriam revirar as lembranças dele também.

– Acha que queremos entrar nessa sua cabeça oca? – provocou Luke – É provável que passemos a vida toda ai, vagando no vazio.

Matt, Caroline e Stefan tentaram segurar os risos, mas Tyler, Liv e Enzo riram abertamente.

– Está se achando engraçadinho não é Sabrina*? Ainda posso te matar sem menor dificuldade.

– Parem com isso – mandou Caroline – Damon pare de pensar que tudo gira em sua volta, eles estão fazendo isso pela Bonnie. Do contrario eu mesma já teria te matado, de novo.

– Ok, é pela Bonnie – se rendeu o vampiro – Mas fiquem longe de minhas memórias.

– Insistindo tanto dá até certa curiosidade de saber o que ele esconde – comentou Enzo á Matt que concordou.

Damon ia ameaça-los, mas Caroline o empurrou em direção ás escadas.