I'm a survivor: Haymitch Abernathy escrita por Alle White


Capítulo 11
Quarenta e Três


Notas iniciais do capítulo

Oi meus bombons, como vocês estão?
Gostaria de renovar meu pedido de desculpas por ter demorado para postar o novo capítulo. Acontece que ele estava quase pronto faz um bom tempo, mas como esse seria um pouco mais extenso, quis revisá-lo e deixar a escrita de uma maneira que não deixe a leitura cansativa. Espero que eu tenha conseguido isso!

ANTES DE COMEÇAREM A LER, QUEM NUNCA LEU O LIVRO, ASSISTA AQUI O VÍDEO DA CENA DO SEGUNDO MASSACRE QUATERNÁRIO: https://www.youtube.com/watch?v=W2_KnUU7DgU (o vídeo não é oficial e nem pertence a Lionsgate, mas é perfeito!)
Não falarei mais do que isso sobre o capítulo, porque qualquer coisa que eu disser aqui nas notas pode se tornar spoiler. A única coisa que poderei dizer é que, mais uma vez, explorei as lembranças de Haymitch!

É isso, boa leitura!



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Olho em volta e tudo o que vejo é um céu completamente azul, sem nuvens, um sol ardente refletindo seus raios em meus olhos, um penhasco a poucos metros e grama, muita grama... Mais nada. Não há flores, árvores, animais...

Ao olhar para baixo, me deparo com um corpo completamente inerte. Embora não consiga ver seu rosto, percebo que se trata de uma garota. Ela está com as duas mãos próximas ao pescoço, onde possui um corte profundo e está coberto de sangue. Seus cabelos são longos, de um loiro quase dourado. Algumas mechas estão avermelhadas devido ao sangue e, alguns fios, aparentemente arrancados a força, estão jogados de qualquer jeito próximo a ela.

Meus olhos se fecham por alguns instantes. Minhas mãos trêmulas estão grudadas a meu corpo estático e se negam a iniciar algum movimento. Respiro com dificuldade, tentando manter-me calmo.

Forço-me a abrir os olhos e, após analisar cuidadosamente cada detalhe, tanto do lugar onde estou, quanto do corpo estirado logo a frente, percebo que estou exatamente em uma das minhas piores lembranças.

A garota morta é Maysilee.

A paisagem em volta de mim é a arena da 50ª edição dos Jogos.

Meu coração está doendo exatamente da mesma forma como doeu naquele momento.

O que vejo pelo monitor, trás de volta toda a dor que senti naquele maldito dia, naquela maldita arena.

Ruínas por toda parte, o chão coberto por mato, sem árvores, flores ou animais. Um entardecer aparentemente abafado, com bastante fumaça e um corpo feminino caído, machucado, com as mãos no peito tentando impedir que mais sangue saia de dentro de si. Sua respiração é fraca e descompassada. Há sangue escorrendo pela sua boca e não é possível enxergar a presença de nenhum outro tributo.

De repente, focam em outro tributo, dessa vez um rapaz. Ele corre, incansavelmente. Sua expressão é de pânico e desespero. Mas não está sendo perseguido, pelo contrário, ele está em busca de algo. A forma como ele corre e olha para todos os lados, parando como se procurasse uma direção certa, denuncia isso.

Ao chegar em seu destino, ele se ajoelha e lágrimas começam a saltar de seus olhos e é notório o sofrimento contido em sua face.

Eu estou aqui, Emily. ele inicia, tentando conter os soluços Vai ficar tudo bem...

O olhar de Emily é sereno, mas significativo. Ela sabe que não tem mais chance.

Por alguns minutos, tudo o que ela faz é encará-lo, como se conversassem apenas pelo olhar.

Da-David sua voz sai fraca, quase inaudível tenta ganhar... Pela nossa... Família. Emily pronuncia a última palavra com dificuldade. Seus olhos começam a se fechar e uma lágrima silenciosa escorre de seu olho esquerdo.

Minha garganta fica seca, minhas mãos suam, minha respiração parece quase impossível de ser realizada e meu rosto torna-se completamente inexpressivo.

O canhão dispara.

O grito agonizante, seguido de soluços, expressam todo o sofrimento garoto.

A sala onde me encontro, juntamente com Effie, Luthor, Kraus e a estilista de David, Ivy, mantém um silêncio agonizante. Permito-me visualizar os rostos de cada um e percebo tristeza nos olhares de Ivy e Kraus. Já Effie se mantém firme, embora sua mania constante em apertar a barra de sua saia denuncie que ela está tão abalada quanto os outros.

Como se nunca tivéssemos visto outros do 12 morrerem antes. digo firme, tentando convencer mais a mim do que os outros. Vocês sabiam que ela ia morrer.

Saio do recinto sem me preocupar com o que os outros estão pensando de mim no momento, antes até de deixá-los pronunciarem-se sobre meu infeliz, porém verdadeiro, comentário. Agora, a única coisa que desejo é uma bela garrafa de licor e um banho frio.

xxx

– Olá, você é o Haymitch. Certo? – ela pergunta de forma suave – É uma honra conhecer você.

– Certo. Obrigado. – digo apenas isso, evitando qualquer tipo de pergunta sobre os jogos do qual participei. O silêncio retorna.

Após uns minutos, ela volta a perguntar:

– Como será daqui pra frente? O que irá acontecer com a gente? – quando olho para ela, percebo que ela me encarava.

– Daqui pra frente vocês serão treinados pra matar. – digo de forma direta. – Mas também serão treinados para falar em público. – fico em silêncio, mas percebo que ela espera mais respostas. Então continuo – Vocês serão treinados pra matar, mas na verdade... Irão morrer.

Acordo assustado e, devido a velocidade dos movimentos que me fizeram ficar de pé, sinto minha cabeça latejar com força, como se um prego estivesse sendo martelado dentro dela. Foi só uma lembrança... Mais uma lembrança ruim para a minha coleção. Eu não devia ter tradado ela de forma tão rude, ela é apenas uma criança. É não, era. Ela se foi, afinal de contas.

Caminho até o banheiro e, após me despir, ligo o chuveiro e entro debaixo da ducha fria. Não me dou o trabalho de alterar a temperatura, afinal, preciso de um choque de realidade. Ao terminar o banho, permaneço uns instantes parado, me recompondo dos atuais acontecimentos.

Saio do banheiro e termino de fazer minha rotina matinal. Pego a garrafa de licor que deixei no chão e, enquanto dirijo-me até a cozinha, encosto o gargalo em minha boca e viro-a, engolindo o líquido transparente que desce queimando pela minha garganta. Não que eu não me importe com a sensação, mas o dia hoje será difícil e aguentar tudo estando sóbrio não é uma boa ideia.

O silêncio continua o mesmo desde o acontecido de ontem. Ao passo que adentro a cozinha, observo Effie, que mantém seus olhos fixos em sua xícara de café; Kraus que, embora seja um homem aparentemente resistente a sentimentos pessoais, possui olhos inchados e uma expressão deprimente na face e Ivy, que apesar de não ter passado tantos momentos com Emily, está calada e abraçada a Kraus.

Me sirvo com uma xícara de café e, ao sentar à mesa, quebro o silêncio:

Que caras são essas? Quem morreu foi a garota ou foram vocês? ironizo.

Sem gracinhas, Haymitch. Effie responde. Sua voz possui uma tonalidade triste Não é o momento de fazer piadas.

E quem está fazendo piadas aqui, querida? questiono.

Haymitch, por favor... Kraus diz.

Não é hora pra isso Abernathy foi a vez de Ivy manifestar-se.

Muito bem. levanto-me e pego minha xícara de café Quando o nível de hipocrisia de vocês diminuir, conseguirei me juntar à mesa novamente. Enquanto isso, meus pêsames pela perda irreparável na vida de vocês. concluo ironizando, mais uma vez.

Como eles conseguem ser tão hipócritas? Nenhum deles realmente se importa com as crianças mortas nos Jogos. A única que talvez tenha algum sentimento verdadeiro por elas seja Effie, e mesmo assim não acredito que seja algo realmente forte.

Você nos chamou de hipócritas, Abernathy?

Sotaque capitólio, voz irritantemente fina, a procura de briga: Effie.

Chamei. Principalmente aqueles dois ali. respondo.

Quem você pensa que é para falar assim conosco? inicia A morte de Emily foi triste, nós gostávamos da garota... Ela era apenas uma criança e...

Chega! vocifero Não aguento mais essa falsidade, essa hipocrisia. Vocês tem noção do quanto é ridículo ouvir da boca de vocês que estão tristes ou que sentem muito pela morte de algum tributo? De que adianta falarem isso agora se, assim que voltarem a assistir aos Jogos, vão escolher um novo favorito e torcer para que ele mate os outros e saia vivo da arena? minha voz, embora embargada pela inesperada comoção, continua firme Vocês me dão nojo.

Effie, perplexa com o que acabou de ouvir, está com uma expressão diferente no rosto. Seu semblante está sério, mas seus olhos estão marejados.

Ela permanece calada, então dou as costas para ela.

Os Jogos não acabam quando você sai de lá. É apenas o começo. concluo.

O que quer dizer com isso? Effie não faz ideia do que estou falando. Também pudera, ela nunca precisou e nem precisará passar por isso.

Quarenta e três. digo simplesmente, mais para mim do que para ela.

Qua..quarenta e três o quê? pergunta.

Fecho meus olhos lentamente, buscando calma e autocontrole.

Inicio uma respiração lenta e pausada.

O número de pessoas que matei desde que sai daquela arena. abro meus olhos e me viro para ela - Quarenta e três.

A expressão de Effie não está mais séria, agora transmite dor. Seus olhos se fecham por um curto instante e é possível notar lágrimas silenciosas escorrendo em sua face.

Segundo Massacre Quaternário. 50ª edição dos Jogos Vorazes.

48 tributos na arena. O dobro de pessoas lutando até a morte.

47 mortos, 1 sobrevivente.

Vinte e um anos se passaram desde que sobrevivi a esses Jogos.

Vinte um anos se passaram e quarenta e quatro tributos contaram comigo como mentor deles.

Quarenta e três morreram.

Os Jogos não acabam quando você sai de lá. É apenas o começo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Comentários são sempre bem-vindos, isso me ajuda a melhorar e tornar a história cada vez melhor de ser lida!
Mas please, não me matem!
Todos estavam cientes de que eu teria que fazer isso uma hora ou outra... E esse foi o primeiro personagem que matei, confesso que não estou sabendo lidar.
Espero que tenham gostado... Aguardo vocês no próximo capítulo!!!



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