Comédia Romântica Qualquer escrita por Thaís Romes


Capítulo 18
O momento que tudo está bem, até alguém fazer merda.


Notas iniciais do capítulo

Então galera, espero que curtam o capítulo.



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OLIVER

Não sei mais quanto tempo esse remédio vai demorar para fazer efeito, tento controlar minha respiração para tornar a dor mais suportável. Estou sentado em uma mesa próxima a janela a espera do meu convidado. Não demora muito e vejo Tommy passar pela porta, ele sorri incerto quando me avista, e caminha em minha direção se sentando a minha frente.

–Oi. –cumprimenta um pouco desconfortável e eu retribuo o sorriso.

–Oi.

–Você está bem Ollie? Parece desconfortável.

–Acredite ou não, isso não é mérito seu. –digo em tom de brincadeira, respirando fundo e apertando de leve a perna. –Só acho que meu corpo não está reagindo mais ao remédio como deveria.

–Como remédio? –ele parece preocupado.

–Uma lesão na perna, mas não foi por isso que te chamei, não é importante.

–Ah, claro. –Tommy parece decepcionado. –Do que quer falar?

–Não foi isso que eu quis dizer. –tento explicar. –Eu fui baleado e agora tem essa lesão, os médicos disseram que depois de alguns meses de fisioterapia eu recuperaria os movimentos normais, mas agora eles dizem que é psicológico, sabe, a dor... Que é uma forma que eu encontrei de me punir, por ter sobrevivido. –detesto assumir cada uma das palavras que saíram por meus lábios agora, desvio meus olhos dos dele envergonhado.

–Isso... É bem sua cara. –murmura com sorriso na voz, que me surpreende fazendo com que surja um em minha face também, pela primeira vez alguém me faz sentir bem com isso.

–Obrigado. –agradeço com sinceridade, por ele não ter agregado mais drama a história.

–Diminuir seus méritos costumava ser o meu trabalho cara. –responde descontraído me fazendo dar risada.

–Acho que tenho uma vaga nesse departamento, tem interesse?

–Só se puder ficar com meu antigo escritório. –entra na brincadeira.

–Feito. -Almoçamos resolvendo nossas diferenças, que se resumia a apenas Laurel na verdade. –Eu não fui justo com você. –assumo.

–Ollie eu não deveria ter começado um relacionamento com Laurel, no dia seguinte que ela te enviou uma carta de término, que eu nem sabia da existência, até Thea entrar em minha casa como um furacão... Literalmente. –conta o fim em meio ao riso, ficando sério em seguida. –Eu nunca faria nada para te trair...

–Eu sempre soube. –interrompo olhando nos olhos dele. –Como não saberia? Era seu melhor amigo. E mesmo assim comecei a namorar a garota que você amava. –Tommy engole em seco. –Não acho que seu relacionamento com ela foi o que me machucou, eu não amava Laurel, hoje sei que aquilo nem se parecia com amor. Eu fui egoísta ao ir para guerra e a deixar aqui com um relacionamento falido nas mãos. Quer saber um segredo?

–Claro.

–Às vezes acho que fui para guerra a primeira vez para fugir dela, da voz dela. –Tommy dá risada com a minha declaração e a cara de nojo que fazia. –Nunca foi para mim. Sei que ela é ótima, mas chegou a um ponto que eu apenas não sabia mais como dizer chega.

–Por isso não fez o mesmo com a outra garota?

–Eu a amo Tommy, não sou importante diante da felicidade dela.

–Isso tudo é muito bonito Ollie, é sim, mas a verdade é que você apenas escolheu a garota errada para deixar te esperando da primeira vez, e puniu a garota certa terminando com ela. A Srta. Smoak não encararia isso como um sacrifício, não seria difícil para ela. –diz sabiamente, quase me fazendo engasgar com a comida.

–Soube que vocês brigaram. –comento bebendo um pouco de água.

–Ela brigou comigo. –corrige com seu sorriso debochado. -Virou uma onça quando eu disse que você sabota a própria felicidade. Mas nós estávamos até indo bem antes disso.

–Eu faço isso. –concordo. –Não me considero merecedor.

–Eu sei! Foi o que eu estava tentando dizer, mas ela não gostou, nem um pouco. –sorri divertido. –Me chamou de engomadinho egoísta. E disse que só por que cresci com você, não tenho o direito de te julgar. –dou risada imaginando a cena.

–Ela é péssima com xingamentos, às vezes acredito que nunca saiu um palavrão da boca dela antes. –comento em meio ao riso.

–Não se engane Oliver, eu fiquei com medo daquela criatura pequena e adorável, com uma fúria assassina nos olhos. –nesse momento eu estou gargalhando em frente à ele, percebendo como esse idiota me faz falta.

FELICITY

Estava esparramada no tapete da minha sala com as pernas apoiadas na poltrona e Ray com a cabecinha sobre minha barriga enquanto eu o acariciava. Thea estava sentada ao lado de Roy, nos já estávamos na segunda temporada de New Girl, e minha barriga já doía a essa altura de tanto dar risada. Onze horas da noite, me assusto a perceber que isso foi meu sábado. Nos assustamos com o celular de Thea tocando.

–Oi Clair, tudo bem na boate? –ela atende sonolenta. –Ollie está ai? -como qualquer garota apaixonada que sou, imediatamente o romance estranho de Jess e Nick não tem mais importância para mim. –Como? –faz silencio e Roy e eu nos olhamos assustados pela preocupação no rosto de Thea.

Prevendo o que aconteceria eu imediatamente me levanto, pegando nossos casacos. Eu vestia calça de moletom e camiseta, mas nesse momento minhas roupas eram o que preocupava menos. Coloco minha carteira e chaves no casaco. Quando Thea diz estar a caminho para buscá-lo tudo já estava pronto. Chegamos na Verdant em menos de dez minutos e vejo Oliver estirado em uma cadeira ao lado de Tommy, os dois bêbados até não poder mais. Thea corre em direção ao irmão que sorri abobado para ela.

–Que merda toda é essa Ollie? –grita brava, eu permaneço estática, nunca imaginei o ver nesse estado.

–Só queria me divertir com meu velho amigo aqui. –responde com a voz arrastada apontando para Tommy que ergue o copo para ela como se estivesse brindando. –Nós estamos bem agora Thea...

–Precisamos os levar para casa. –murmuro entre a tristeza e a decepção, só então Oliver me enxerga no local.

–Felicity, você veio! –ele tenta se levantar, mas não tem forças e acaba caindo sentado com as mãos na perna esquerda. –Eu não vou embora mais meu amor, não consigo mais ficar longe. Todo mundo sabe disso, só você que não.

–Ollie agora não é a hora. –Thea exclama tentando fazer com que ele se cale.

–Eu te disse que ela viria. –Tommy fala.

–Thea leva o Oliver. –digo segurando o choro, eu não conseguiria e me odeio por isso, mas algo estava errado demais. –Roy ajuda ela. –peço.

–Mas e o Tommy? –Roy pergunta preocupado.

–Vamos levar os dois. –Thea diz convicta. –Deixamos Tommy e depois levamos Ollie, só temos o seu carro Fel, o meu ficou na sua casa, sinto muito.

–Tudo bem, eu consigo fazer isso. –digo mais para mim do que para ela.

Tommy e Oliver adormeceram a caminho do apartamento que o Merlin divide com Laurel. Assim que estacionamos os dois acordam, Thea faz que vai subir com Roy para levá-lo, mas eu a impeço, não queria ficar sozinha com Oliver. Não quando eu estava tão confusa entre uma preocupação absurda e uma raiva irracional.

–Droga! –Tommy exclama quando entramos no elevador, com um braço sobre meus ombros e o outro sobre os de Roy. –Agora sim você me odeia não é?

–Não preciso gostar de você. –respondo seca apertando o botão do andar dele.

–Nós só queríamos comemorar à volta da nossa amizade, e eu acabei estragando tudo entre vocês. –choraminga.

–Esse cara se acha. –comento com Roy que prende o riso. –Pega a chave dele. –peço a Roy quando o elevador se abre.

–Não sei onde ela está... –murmura nos fazendo suspirar frustrados.

–Agora é torcer para que a Laurel esteja em casa. –Roy sussurra para mim.

–Se não estiver, você acabou de ganhar um colega de quarto. –brinco nervosa o vendo revirar os olhos antes de tocar a campainha.

–Oi. –Laurel diz confusa ao abrir a porta, até que seus olhos param no engomadinho. –Oh meu Deus, Tommy!

–Não vai ficar brava comigo, vai? –murmura sonolento e Laurel nos dá passagem para colocá-lo no sofá. –Eu estava com Ollie, nós somos amigos... –A voz dele se perde quando se acomoda de uma forma confortável.

–Vamos. –Roy pega minha mão ao notar meu desconforto.

–Esperem! –Laurel chama quando nos direcionamos para a saída e nos viramos ainda de mãos dadas. –É Felicity não é? –questiona tímida entrelaçando uma mão na outra. Balanço a cabeça concordando, cansada demais até para falar naquele momento, só queria ver Oliver em sua casa e fingir que esse dia não aconteceu. –Obrigada, a vocês dois.

–Não por isso. –Roy responde por mim. –Vem Fel, vou te levar. –sinto seu braço passar por meus ombros de forma protetora.

–Felicity! –Ah paciência que me falta! Me viro novamente em direção a ela. –Me desculpe. –vejo sinceridade em seu rosto.

–Por quê? –pergunto confusa dando um passo em sua direção.

–Soube de você e Ollie. –diz tímida.

–E por que está se desculpando? -não entendo mais o que acontecia ali. -não é sua culpa...

–No dia em que Ollie se alistou, quando ele iria voltar. –começa a contar. –Eu o encontrei por acaso em uma cafeteria, ele parecia torturado. Me perguntou como contaria a você que ele estava voltando. –vejo seus olhos se encherem de lágrimas. –na verdade ele perguntou como contaria para mulher que ele ama, que estava caminhando para uma possível morte. Eu disse para ele ser justo com você.

–Bom, agora tenho certeza que não é sua culpa, por que ele foi tudo, menos justo comigo. –minha voz sai sem emoção.

–Ele me perguntou como. Como faço isso? –agora uma lágrima escorre por sua face e ela se apressa em secar. –Eu disse para não te fazer passar pelo que eu passei, para não te fazer esperar... –eu a olho sem reação, incapaz de escutar o que ela dizia depois disso.

–Vamos Roy. –é tudo o que eu consigo dizer, e nós saímos a deixando sozinha.

Aquilo fez o buraco em meu peito se abrir mais uma vez. Me fez pensar em todo o tempo que me foi tirado. Entro no carro mais uma vez, passo a chave para Roy e me sento ao lado de Oliver no banco de trás, Thea se surpreende, mas não diz nada a respeito. Oliver coloca a cabeça em meu colo e vamos assim para a mansão dos Queens.

–Ele está bem? –Escuto Moira que vinha em nossa direção a passadas largas.

–Está bêbado, mas vivo. –Thea conta impaciente com o irmão.

Oliver que tinha um de seus braços sobre meus ombros se agarra um pouco mais a meu corpo, quase me fazendo cair por não suportar seu peso. –Você não vai embora, vai? –pergunta quase em desespero quando um dos seguranças vem em nossa direção para ajudar a o levar para seu quarto no segundo andar.

–Posso ficar? –me viro para Moira que abre um pequeno sorriso em seu rosto preocupado.

–Claro.

Os sigo até o quarto de Oliver, eles o colocam deitado na cama. –Vai ficar bem? –Roy pergunta preocupado.

–Vou sim, obrigada. –respondo ele sorri antes de sair.

Thea me oferece uma roupa para dormir, mas eu já estava de pijama, então ela acabou me emprestando um vestido para que eu pudesse usar para ir embora no dia seguinte. Apesar de todos os meus protestos. Ajudo Oliver a tirar a camisa que ele usava, Maria traz uma xícara de café forte que eu o ajudo a beber.

–Parece que você está exalando álcool por seus poros. –reclamo, o cheiro dele estava do tipo que embrulha o estomago.

–Você não está mais brava. –não era uma pergunta, ele sabia que eu não estava.

–Precisa tomar um banho Oliver. –ignoro o que ele disse e vejo um sorriso largo se abrir em seu rosto embriagado.

–Está com saudades do meu traseiro! –respiro fundo me segurando para não o socar. –Está sim!

–Duas coisas. –seguro seu rosto o encarando séria. –Primeira, eu não gosto de bêbados, me lembram meu pai...

–Seu pai não era bêbado. –me interrompe confuso.

–Isso não é importante, bêbados abandonam a família, gosto de pensar assim. –defendo meu ponto de vista e Oliver sorri abobado para mim, afastando uma mecha de cabelo do meu rosto. –Segunda coisa. –digo a afastando sua mão do meu rosto. –Hoje Oliver, nós somos amigos, como éramos no começo, vou cuidar de você, vou me certificar que esteja bem, mas se fizer isso mais uma vez no futuro Queen, eu acabo com você. –Oliver faz um péssimo trabalho prendendo o riso, o que só aumenta minha fúria.

–Tommy estava certo. –murmura me olhando.

–O que? –quase grito irada.

–Você é a coisa, mais... Pequena, e adorável, e assustadora que já vi em toda a minha vida. –tento permanecer séria, mas ele é fofo.

–Levanta Queen, vou te levar para o banheiro.

–Vai me dar banho?

–Não se anima não, pedi a Maria para colocar uma cadeira dentro do boxe do seu banheiro. Vai poder lavar todo o seu playground sozinho. –faço careta ao perceber como minha declaração soou. –Só... Levanta logo. –peço envergonhada, e ele se ergue com dificuldade, mas rindo.

–Vai tirar minha roupa?

–Bem que você queria. –respondo com esforço devido ao peso dele. –Caramba Oliver, você pesa muito! Isso é tudo músculo?

–Assume que quer ver meu traseiro amor, não ligo se quiser ver ele... –odeio bêbados. Penso entrando no banheiro. –Ele quer ver você.

–Espero ter te dado muito trabalho no dia que fiquei bêbada, por que você é um porre. Literalmente! – sento na cadeira, bem a baixo do chuveiro, de calça jeans e tudo, e ligo a ducha gelada em cima da cabeça dele que urra com a água fria, mas seguro seus ombros o fazendo ficar embaixo da ducha, infelizmente isso fez com que minha roupa e cabelos se molhassem no processo.

–Precisa mesmo disso? –sua voz já estava bem menos arrastada.

–Bem vindo a terra, senhor sóbrio. –debocho e ele pisca algumas vezes me olhando.

–Não costumo ter amnésia alcoólica Felicity. Vou me lembrar de tudo amanhã... Para minha completa vergonha. –murmura com a mão na cabeça.

–Vou esperar lá fora tudo bem? –digo quando ele começa a desabotoar a calça.

–Claro, pega uma roupa minha, seu pijama está ensopado. –ele me olha por um tempo, vejo seus olhos escurecerem antes de desviar propositalmente para a parede. –Se lembra de onde fica?

–Claro. –respondo sua pergunta tão sem graça quanto ele, já saindo do banheiro, coloco um roupão pendurado no boxe para ele e vou para seu closet.

Pego uma camisa branca e uma calça de moletom com cordinhas que eu poderia regular em meu quadril, escolho algo semelhante para ele, mas com uma blusa de manga longa, deixo tudo sobre a bancada do banheiro. Arrumo o sofá de seu quarto com travesseiros e um edredom extra que encontrei no armário, e arrumo a cama para ele. Quando acabo vou até a cozinha a procura de algo quente para ele, depois desse banho frio, um café, ou um chá o faria bem. Encontro Moira no meio do caminho e ela me ajuda com o que precisava e alguns minutos depois volto com uma xícara de chá para mim e café para o Oliver.

Entro no quarto e o vejo deitado no sofá, coloco a bandeja sobre a mesa de canto da cama dele, antes de voltar, pronta para a batalha que se seguiria. –Eu vou dormir ai Oliver, você vai para a cama.

–Não vou te deixar dormir no sofá. –ele nem se move ao me responder.

–Eu estou cuidando de você, se quisesse uma cama ficaria em um dos cinqüenta quartos de hospedes da mansão. Tem hidromassagem em algum deles? –não sei dizer em que pondo disso eu comecei a pensar alto, mas Oliver se senta no sofá e deixo meu corpo cair a seu lado. –Sou menor que você, vou ficar confortável aqui. –argumento. –E... Trouxe café. –me levanto pegando as duas xícaras e entrego uma para ele.

–Deveríamos usar esse tempo para conversar sobre nós? –pergunta tomando um gole.

–Definitivamente não! –digo sorrindo.

–Promete que vai ser sempre minha amiga? –me surpreende com a pergunta, eu deito minha cabeça em seu ombro, e Oliver passa seu braço sobre eles para que me aconchegue melhor em seu peito.

–Prometo que vou estar na sua vida Oliver, só não prometo a forma que vai ser. –sinto seus lábios no alto da minha cabeça.

–Só tenho medo que se não fizermos nada, acabarmos como estranhos um dia. –assume.

–Vamos falar sobre isso quando eu puder gritar com você, okay? –sinto seu riso fraco.

–Obrigado. –sussurra.

–Não agradece não, eu estou irada!


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Notas finais do capítulo

Não esqueça de comentar, preciso saber o que pensam.
Bjs