Abri meus olhos enquanto a claridade pegava em meu rosto. Bocejei sentindo um peso pular nas minhas pernas e logo o culpado aparecer perto do meu rosto. Sorri passando a mão na cabeça de Milk que miou dando bom dia, mas não se engane, ele não dava bom dia ele tinha era hora para comer!

Gato mimado!

Se eu não levantasse antes das 10 horas, ele jogava tudo do meu criado mudo no chão e pulava em cima de mim. Como eu disse, gato mimado.

Milk era um gato companheiro e fofinho, tirando quando estava com fome. Sua pelagem era cinza com algumas listras negras, parecia um tigre muito fofinho por sinal, seus bigodes faziam cócegas quando esfregava sua face em meu corpo.

Olhei para o teto do meu quarto branco pensando na noite passada e suas revelações. Claro, gostei depois que saímos da praia, Bruce veio até aqui em casa e ficou quase toda noite junto comigo, comendo pipoca e vendo filme, porém, Milk não se agradou muito dele, queria ficar arranhando suas pernas, e quando ele foi embora tive que pegar esse gato mimado no colo por que não largava das calças de Bruce.

Suspirei lembrando-se da cena com um sorriso nos lábios, foi engraçado, mas o mesmo deveria ter ficado com arranhões nas pernas, bom, uma calça jeans contra garras afiadas de Milk, quem ganharia?

Sai da cama cambaleando, estava frio e queria voltar para lá de volta, mas se eu fizesse isso Milk não permitiria, por sorte meu expediente começava a hora da tarde.

Coloquei comida no potinho azul de Milk e fui para a geladeira procurar alguma coisa para mim!

Pego um bote e iogurte e olho para Milk em cima do balcão de madeira. Meu apartamento é muito pequeno, entretanto, aconchegante para uma pessoa, a cozinha não é muito grande, tem um balcão grande onde tem o prato de Milk e um micro-ondas, a pia ao lado. O fogão fica do outro lado da cozinha ao lado da geladeira. As paredes de todo o apartamento eram brancas, e seu assoalho era marrom.

A campainha toca e me viro para a porta de madeira estreitando os olhos, quem poderia ser a essas horas da manhã! Bom, teoricamente eu era que não trabalha de manhã então falava como uma adolescente no seu sábado que não estava a fim de levantar da cama.

Olho para meu pijama fazendo cara feia então antes de abrir à porta e peguei a manta verde abacate que deixei noite passada no sofá.

Ao abrir a porta o que esperava atrás dela era uma surpresa para mim. Pisquei vendo se estava vendo direito o que tinha a minha frente.

— Oi Katy.

A pessoa que eu pensei em nunca mais ver desde que segui o conselho daquele tritão pervertido. O homem que dias atrás era meu namorado e chefe. Um cara extremamente lindo, tinha o corpo bem definido e os cabelos loiros natural até a nuca, seus olhos eram verdes, um verdadeiro astro que encantaria qualquer mulher, porém, agora eu não babava mais por ele como antigamente.

— O que faz aqui Kev.

O mesmo sorriu maliciosamente, antigamente adorava todos os sorrisos dele, mas agora? Descobri a falsidade dele... De todos! O mesmo adentrou meu apartamento sem ser convidado, suspirei me virando e deixando a porta aberta.

— Por que saiu da empresa? Quero que você volte, você é a melhor lá... – Ele dizia analisando meu corpo enrolando naquela manta.

Só de pensar que fazia quase um mês que quase fui para cama com ele, me deixava inquieta. Ele saciaria todo meu desejo, no entanto, agora? Eu não o queria nem um metro de mim. Revirei os olhos e voltei a encara-lo enquanto se escorava na parede.

— Não estou a fim de volta, obrigada agora pode sair. — falei ríspida.

Ele não se abalou por minha resposta, talvez me ver furiosa fosse mais divertida que a garota bobinha e apaixonada que sua amiga te jogou em cima do cara que sempre babava. Kev apenas sorriu e se aproximou de mim.

— Você fica linda furiosa. — dizia se aproximando dos meus lábios. — Você deveria ficar mais vezes furiosa.

Cerrei os dentes não gostando de sua aproximação, o mesmo me puxou para mais perto dele, bloqueei com meus braços, não queria ficar grudada nele, não queria sentir seu cheiro ou me lembrar dos abraços que ele me dava. Mesmo eu me afastando dele, o mesmo continuava a segurar meu pulso.

— Por que está assim? Você a menos de duas semanas me amava.

— Aí está, enquanto eu estava ignorando-o essas duas semanas o que você estava fazendo?

O mesmo deu de ombros colocando o dedo indicador nos lábios.

— Você me dispensou, daí fui até minha irmã perguntar o que tinha acontecido, mas soube que você também não falava com ela, então recebi sua demissão e fiquei mais curioso ainda, mas você continuava a me ignorar.

Revirei os olhos escutando tudo aquilo...

— Então fui atrás de outra, porém, nenhuma era como você, nenhuma me divertia como você, não vou perder minha garota especial.

Certo antigamente ficaria corada e pularia em seus braços ao escutar isso dele, todavia, agora não, apenas queria que Milk pulasse nele com as garras fazendo ele ir embora, maldito dia que escolher pegar um gato ao invés de um cachorro!

Me afastei mais dele quando Kev deu um passo à frente.

— Você ainda me ama, me chama pelo meu apelido que você e minha irmã me deram, por que está me ignorando? Por que tanto ódio? — Não o respondi e nem era obrigada a fazer isso. —Você tem outro? Por isso que desistiu de tudo? Está sendo perseguida? Algo do tipo.

Bufei.

Tudo bem, estava sendo fofo o fato dele se preocupar comigo, mas ele mentiu para mim, todos a minha volta me enganaram e mentira, quando eu vi me davam as costas, sinceramente ele foi o único que não virou as costas, devo admitir, todavia, não conseguia mais pensar no fato de voltar a trás.

— Eu não estou sendo perseguida ou algo do tipo. — Resmunguei. — Não quero falar disso.

Virei-me para fugir dele e ir para a cozinha, sendo pega e presa entre a parede e o corpo dele. Seus olhos verdes me analisaram calmamente meu corpo enquanto lutava para ele me soltar, o mesmo suspirou e se aproximou de meus lábios enquanto mandava-o me soltar.

Maldito Milk! Por que ele não fazia nada! Aquele gato iria me pagar! Eu iria troca-lo por um cachorro isso sim! Ou um ganso!

Kev sorriu enquanto aproximava do meu pescoço.

Eu continuava a afasta-lo sem sucesso. Fechei meus olhos enquanto sentia o espaço se fechar mais ainda.

O espaço entre nós sumiu fazendo-me abrir os olhos. Kev foi jogado rumo a parede perto do corredor do meu quarto. Olhei para Kev que se levantava com dificuldade com os olhos arregalados. Eu também não acreditava no que via.

Bruce conseguiu jogar numa distância grande e forte, nunca pensei que um tritão seria tão forte assim. O mesmo olhou por cima do ombro confirmando se eu estava bem, apenas sorri para ele.

— Desculpe, ela é minha agora. – Kev rosnou enquanto encarava Bruce estralar os dedos. —Se não quiser ser jogado em algum lugar mais forte, sugiro que saia.

— Não sei o que você, seu monstro, mas Katy é minha eu estava com ela antes de você aparecer!

Bruce sorriu divertidamente enquanto via Kev arquear a sobrancelha.

— Você falou tudo certinho, sua gramática é ótima pelo visto; Estava! No passado! Eu estou com ela, sou seu presente e futuro, não você.

Kev cerrou os punhos querendo avançar contra Bruce, porém, só não avançou talvez pelo que acontecera antes. Bruce era muito mais forte mesmo os dois tento um corpo cheio de músculos.

Apenas vi seu olhar e depois Kev sumiu pela porta. Me senti mau, não queria que ele levasse a pior, ele sempre me fez bem, todavia, seria o melhor agora.

— Você esta bem?

Levantei o olhar sorrindo para Bruce que se aproximava de mim e tocava em meu rosto, e agora o Milk aparece grudando-se em suas calças fazendo o mesmo cerrar os dentes para não gritar de dor.

— Desculpe. — disse tentando afastar aquele gato impostor.

O mesmo apenas deu um sorriso torto e olhou para seu “amigo”.

— Acho que ele pensa que você é comida. – Ri.

Bruce riu junto olhando para Milk que quase escalava sua perna fincando as unhas nas calças negras dele.

— Sou um tritão, sou meio peixe acho que é por isso. — Riu ele.

— Obrigada... — sussurrei

Ele apenas sorriu e voltou a tocar no meu rosto.

— Sou seu tritão. — sussurrou ele no meu ouvido. – Apenas seu.